Get Mad, Ear. escrita por TMfa


Capítulo 23
Capítulo 23




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Quando Bakugou entrou na enfermaria com uma Kyouka encolhida em seus braços, Recovery Girl pensou que ele estava trazendo um amontoado de terra. A garota tinha folhas e pequenas raízes nos cabelos além de terra revirada por todo o corpo.

— Meu deus, o que aconteceu com ela dessa vez? – A velha senhora perguntou ao segurar um balde para que Jirou vomitasse. A garota ainda estava completamente tonta. Quando Recovery Girl tentou tirar sua jaqueta, o movimento piorou ainda mais sua vertigem.

— Ela abriu um buraco com mais de 10 metros no campus. – Bakugou respondeu retirando a jaqueta de Jirou e algumas folhas de seu cabelo.

— Oh, querida, você precisa aguentar mais um pouco, eu não posso te curar antes de ter certeza que não tem sujeira nos seus ferimentos. – Recovery Girl deitou Jirou em uma maca delicadamente.

— Tudo bem – Jirou suspirou cansada – Não dói, só... – Ela suspirou novamente e fechou os olhos – Gira...

Ao menos ela ainda estava consciente. Era algo bom, certo?

— Eu vou precisar trocar as roupas dela, saia – A senhora ordenou para Bakugou enquanto abria uma gaveta atrás de algumas batas limpas.

— Ele... – Jirou segurou o braço de Bakugou rapidamente e sentiu a vertigem piorar – Ele pode ficar?

— Uma porra que eu estou saindo – Bakugou estalou segurando Jirou cuidadosamente no rosto para deixa-la ciente que ficaria ali. – Eu viro de costas, velha. Só vai – Ele encarou Recovery Girl com determinação, não havia quem o tirasse dali.

Foi um processo trabalhoso. Jirou beirou a inconsciência duas vezes enquanto era jogada de um lado para o outro para ter sua roupa trocada, seu corpo limpo e examinado. Por fim, ela estava em uma cama limpinha, quieta, sem dor e nem vertigem.

Embora seus ouvidos não estivessem nas melhores condições, ela não precisaria de isolamento. Ainda assim, ela não poderia abusar, e Recovery Girl também não poderia curá-la rapidamente, por causa de seu tímpano. Então, desde que ela se mantivesse em volume baixo, tudo estaria bem.

Bakugou continuava ao seu lado, ele fez questão de segurar sua mão e não larga-la quando a consciência de Jirou rebaixou a segunda vez durante a avaliação de suas orelhas. Ele também fez questão de checar seu rosto duas vezes desde que ela recebeu o beijo de cura.

— Você pode pedir para eles discutirem em outro lugar? – Jirou pediu à Recovery Girl – Eles estão me dando dor de cabeça.

O “eles” a quem Jirou se referia eram todos da turma A, inclusive seu professor de sala, quem estava repreendendo All Might sensei por não conseguir dar uma aula sem destruir um dos campis.

Mal Jirou terminou de falar e Bakugou levantou-se na hora e abriu a porta da enfermaria.

— Calem a boca, seus idiotas! Ela pode ouvir toda a merda de vocês! – Ele gritou antes de bater a porta e volta para o lado dela, segurando sua mão carinhosamente.

Jirou estava tentando decidir se ficava surpresa ou se gargalhava do comportamento bipolar de seu namorado quando Aizawa entrou na sala o mais silenciosamente possível e caminhou até a Recovery Girl.

— Me dê alguma coisa, ou você vai ter uma turma inteira acampando na enfermaria – Ele pediu monotonamente.

— Ela precisa curar muitas coisas, vai ser um pouco lento, mas vai poder voltar em alguns dias – A velha senhora explicou com um suspiro cansado.

— Eu estou bem – Jirou respondeu, ainda que eles estivessem do outro lado da sala, ela ainda podia ouvi-los claramente – Diga a eles para irem embora, eu posso ouvir Mina gemendo daqui e ela consegue martelar um prego na minha cabeça - Ela esfregou as têmporas com a mão livre.

— Tira essa mão! – Bakugou a repreendeu estapeando sua mão para longe – Se dói é melhor você não apertar desse jeito – Ele resmungou acariciando onde ela tinha esfregado com tanta delicadeza que Jirou bufou.

— Eu odeio quando você é grosso e gentil ao mesmo tempo, eu nunca sei o que fazer com isso - Ela retrucou torcendo o nariz e corando as bochechas.

Ok, agora Aizawa tem total e absoluta certeza que eles são um casal. Não é que os professores não soubessem disso. Só que era uma informação extra-oficial, uma daquelas que todos desconfiam, mas ninguém tem absoluta certeza.

De repente eles ouvem a porta deslizando e observam enquanto Kaminari coloca somente o rosto para dentro.

— Jirou, você tá legal? – Ele sussurrou antes de ser subitamente puxado para trás.

— Cadê ela? Eu não estou vendo – Ashido tomou seu lugar, também só com a cabeça.

— Deixa eu ver, deixa eu ver – a voz de Hakagure é ouvida antes de Ashido sumir e nada aparecer, o que supõe-se ser o rosto de Hakagure – Kyou... – A garota não conseguiu terminar a frase porque Ashido jogou-se por cima dela, e Kaminari, e Sero.

A porta abriu e os quatro caíram no chão.

— Eu disse para esperarem lá fora - Aizawa se materializou na frente dos seus alunos, fazendo-os se encolhem.

— Desculpe, sensei, eles vão se comportar, eu prometo – Momo se desculpou com um sorriso doce e nervoso, literalmente catando seus amigos do chão, contudo olhando ao redor para saber como estava a Kyouka.

— Momo – Kyouka chamou e todos olharam – O que aconteceu com Tokoyami? – Ela perguntou um pouco corada.

 Ilusão ou não, o que aconteceu no campus foi assustador demais, Jirou ainda não estava cem por cento certa de que estava tudo bem. Bakugou e Tokoyami foram os únicos presos durante o acampamento. Bakugou estava ao seu lado, agora Tokoyami tinha sumido antes da neblina, ele era o único que Kyouka ainda não ouviu lá fora, embora ela soubesse que ele não era muito de falar, isso ainda era a deixava inquieta.

— Se preocupe com você, caramba – Bakugou reclamou, recebendo uma cotovela de Jirou – Tsk – Ele estalou esfregando as costelas.

— Ele está bem – Momo respondeu se aproximando.

Os outros tentaram ir também, contudo Aizawa não deixou.

— Por que não? - Mina gemendo contrariada.

— Vocês a estão dando dor de cabeça – Ele explicou imperativo.

— Todoroki-kun o deixou inconsciente, mas ele vai ficar bem. – Momo informou a amiga – E você?

— Bem, meu corpo está mais acostumado com as explosões, então o dano não é tão grande assim – Jirou a apaziguou com um sorriso leve.

— Não tão grande minha bunda - Bakugou resmungou ultrajado – Você literalmente chorou sangue.

— Eu não chorei – Ela contrariou fazendo beicinho. – Foi um sangramento, não lágrimas.

— Porque isso com certeza é melhor – Ele bufou revirando os olhos antes de repuxar as maçãs do rosto de Jirou com o polegar para ter uma visão das mucosas de seus olhos.

— Você checou meus olhos três vezes nos últimos cinco minutos - Kyouka segurou a mão dele e sorriu brincalhona para acalmá-lo.

— E as orelhas?

— Só duas

— Vamos deixar isso igual – Ele deslizou a mão para suas orelhas e afastou seu cabelo delicadamente para não machucá-la ainda mais. Kyouka riu baixinho da paranoia de Katsuki.

— Own, meu ship – Mina brotou no pé da cama e apoiou os cotovelos no metal.

— Mina! – Jirou repreendeu em um gemido olhando para os professores.

— Não é como se fosse um segredo, querida – Recovery Girl afirmou aproximando-se com algodão, uma seringa e uma cuba rim com água morna. – Vamos limpar suas orelhas de novo. Mais um beijinho e você vai poder voltar para o dormitório.

Aizawa conseguiu convencer a turma a voltar para o Heights Aliance antes de Jirou e Bakugou. Demorou um pouco mais de 40 minutos para que Kyouka fosse realmente liberada e chegasse ao dormitório.

Ela convenceu Katsuki a não ser terrivelmente assustador sobre todos fazendo barulho. Jirou não queria voltar aos tempos em que tudo que os outros faziam era sussurrar perto dela. Quando eles chegaram ao dormitório, a garota punk sentiu-se aliviada por ver Tokoyami inteiro no sofá.

Todos já haviam jantado, exceto por ela e Bakugou. Então as outras cinco garotas a rodearam. Katsuki lentamente se afastou, deixando que Jirou explicasse por si mesma que apesar das faixas nos fones, ela ainda podia ouvir tranquilamente e só precisava descansar um pouco, embora a aula de sexta ainda estivesse proibida para ela.

— Bakugou? – Ela perguntou aflita ao tentar segurá-lo e ver que ele não estava ali.

— Atrás de você – Ele respondeu reaproximando-se.

— Não some assim – Ela reclamou engolindo em seco.

E, por um segundo, seu rosto inexpressivo ficou angustiado antes de Jirou recolocar a máscara lisa de sempre, apenas o suficiente para Bakugou perceber que ela ainda não estava totalmente segura de que todos estavam bem.

Ele já deveria esperar por isso, o dia ainda não acabou, ela ainda tinha certeza que aconteceria um ataque de vilões. Porra, Katsuki não duvidaria se Jirou dissesse que quem ela viu foi realmente Dabi e não o Meio a Meio.

— Eu vou tomar banho – Ele informou apoiando a mão no ombro dela – Coma logo e vá para a cama.

Ela o segurou pelo braço. A tensão nos ombros e na mandíbula deixou claro para todos ao redor que ela não queria perdê-lo de vista. Kyouka corou um pouco ao perceber o que fez, contudo, não deixou o namorado ir.

— É só um banho, Orelha – Ele a abraçou de lado – Eu volto em menos de 20 minutos.

— Ok, eu também preciso de alguma coisa além de um banho de algodão – Ela brincou nervosamente.

— Não sozinha – Bakugou estalou – Façam alguma coisa, vocês idiotas – Ele apontou para as garotas – Não deixem ela sozinha, ela cai do nada – Katsuki resmungou puxando Uraraka para o lado de Jirou.

— O quê? Como assim cai? – Ashido perguntou preocupada.

— Enquanto meus ouvidos não estiverem totalmente curados, meu equilíbrio vacila às vezes – Jirou esfregou a ponta dos dedos na bochecha.

Pronto, isso foi o suficiente para ter 10 pares de mãos ao seu lado pelo resto da noite. As garotas a levaram para o quarto e esperaram enquanto Kyouka tomava banho, sempre se certificando de que estava tudo bem. Suas roupas foram entregues no banheiro e ela as vestiu sozinha com muito protesto das meninas.

Kyouka estava feliz que ao menos ninguém quis perguntar o que houve no campus. Tinha dedo de Yaoyorozu no meio, ela tinha certeza disso, e agradeceu secretamente por sua amiga ser tão compreensiva. Contudo, foi Jirou quem teve que tocar no assunto.

As meninas queriam uma festa do pijama de última hora, na verdade, só um motivo para que todas pudessem dormir vigiando Jirou. Quando ela recusou-se, elas ofereceram apenas uma delas dormir ali, ou Kyouka dormir com Yaomomo, já que a cama da morena era grande o suficiente para ambas.

Foi então que Jirou teve que explicar o motivo dela só querer descer o mais rápido possível e checar se Bakugou ainda estava lá. Porque ela perguntou por Tokoyami e porque ela segurou a mão de Hakagure e não a soltou por quase 10 minutos.

— Eu... eu só quero ter certeza que esse dia vai acabar e todo mundo vai estar bem.

— Kyouka-chan... – Momo suspirou e sentou-se ao lado da amiga e a segurando

— Por que você nunca falou nada disso com a gente? – Uraraka se juntou ao abraço e quando perceberam, as seis garotas estavam amontoadas.

— Por que é estúpido – Kyouka choramingou limpando umas lágrimas teimosas – Não tem motivo nenhum para eu surtar com tudo isso, e ainda assim eu não consigo deixar para lá.

— Nenhum de nós conseguiu, Kyo-chan – Asui confessou – Mas falar deixa tudo mais fácil.

— Só, por favor, pare de guardar tudo para si – Momo pediu aflita.

— É para isso que servem as festas do pijama - Ashido lembrou – Para nos divertir, para compartilhar as coisas boas e ruins.

— Você nos ouviu falando sobre isso no começo, tudo bem se você ainda não estava preparada para falar, mas você pode fazer isso à hora que quiser – Hakagure afirmou encolhendo-se ao lado da amiga.

— Isso vale para todas nos, Toru-chan – Ashido sorriu largamente passando um braço ao redor da amiga invisível. Fazendo todas rirem.

— Ok, mas agora nós podemos descer e checar aquela bola explosiva de mau-humor que eu chamo de namorado? – Jirou brincou se esgueirando para fora do círculo de garotas.


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