Acorde... escrita por Aya


Capítulo 1
Capítulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/772877/chapter/1

Eu já estava prestes a, finalmente, adormecer, quando ouvi um barulho estranho vindo do corredor.

Morava sozinha e a única pessoa que possuía a chave de minha casa era minha mãe, mas não podia ser ela, a mesma teria me avisado sobre uma possível vinda.

Levantei-me vagarosamente da cama e caminhei cautelosamente até a porta de meu quarto. Ao tocar a maçaneta, um choque percorreu por meu braço, ao senti-la gélida sob meu toque aquecido.

Girei-a devagar e abri a porta. Naquela noite chovia e os corredores só eram iluminados pelos relâmpagos que eram seguidos por trovões altos. Nenhuma luz acesa. Nem das casas, nem das ruas.

Suspirei pesadamente. Estava sem luz. Porém, ao menos, o barulho havia parado, fazendo com que o silêncio fosse quebrado apenas pelos estrondos majestosos da tempestade e pela minha respiração.

Virei-me na intenção de retornar ao quarto, no entanto, graças a minha visão periférica, vi ao final do corredor uma sombra, quando o mesmo é banhado pela luz de um relâmpago.

Mesmo temerosa, andei dois passos. “Não se aproxime”. Minha consciência dizia. Mais três. “Por que continuas?”, “Não vá!”. Quatro. “Pare”. Sete passos. “Isso é suicídio”. Aproximo-me mais e mais. “Você morrerá!”. Dez passos... Essa era a distância... “Afaste-se!”. Meus olhos se focaram na figura. “Saia!”. Sem perceber, estiquei o braço, todavia, logo o retrai e dei um passo para trás. O que eu estava fazendo? Eu deveria me afastar. Ouvir minha consciência.

A figura olha para mim. Olhos brilhantes e intensos que exalavam frieza. Estremeci. “Afaste-se!”. Um raio. Claridade. “Agora!”. Dentes afiados. Face contorcida em agonia. Porém, seus lábios se curvavam em um sorriso assustador.  Sua pele era tão pálida e cheia de marcas escuras que variavam de hematomas a putrefação. Esquelética e alta. Com cabelos mais escuros que aquela noite, cheio de falhas e secos. Usando uma roupa de tecido envelhecido, branco, sujo e manchado de sangue.

Meu coração falhou uma batida e, no momento seguinte, pulsou tão forte em meu peito que achava que atravessaria minha caixa torácica, enquanto minha respiração se descompassava. “Corra!”.

E fora isso que fiz, corri tão rápido até meu quarto, que me atrapalhei com meus próprios pés. Assim que adentrei o cômodo, fechei a porta com certa força e a tranquei. Por que eu fui lá? Por quê? Por quê? POR QUÊ?

A passos apressados fui para cama, enquanto ouvia risadas diabólicas que estavam cada vez mais próximas. Pare! Pare! PARE!

Eu queria gritar, contudo nada saia. Eu queria chorar, entretanto parecia que não havia mais água em meu corpo. Eu queria fugir, mas para onde iria?

Talvez, se eu não tivesse saído do meu bendito quarto, poderia estar livre, apenas assustada. Se eu tivesse dado ouvidos a minha consciência desde o início e me afastado daquela figura horrenda, não estaria a beira da insanidade. O que deu em mim afinal?!

Sem escolha, Deitei-me na cama e me enrolei no cobertor, como se o mesmo fosse um escudo.

As risadas cessaram e, novamente, apenas os trovões e minha respiração corrompiam o silêncio. “Foi embora?”.

De repente, uma batida, demasiadamente alta pela força que fora imposta no toque, soou. “Não. Não foi...”. Outra batida. “Vá embora!”. Mais outra. “Me deixe em paz...”. Outra. “Por favor...”. Encolhia-me na cama, ainda sob o cobertor. Logo, as batidas já não podiam ser ouvidas, porém, senti uma presença no quarto, uma presença tenebrosa que fazia com que a atmosfera se tornasse tensa e pesada, sufocante. Ouvia passos próximos de mim e apertava meus olhos com força. “Por favor...”.

Senti o cobertor se remexer levemente e um hálito quente sobre minha orelha coberta, denunciando a aproximação da figura. “É... O meu fim?”

Trovão.

Desespero.

Eu... Acabaria assim? Ali que tudo terminava? Aquele seria o desfecho de minha história?

“Acorde...”

 

Subitamente levantei meu tronco de minha cama. Eu ofegava e as gotículas de suor encharcavam minhas têmporas, grudando meus fios enegrecidos sobre as mesmas. Minha respiração e meus batimentos estavam gradativamente descompassados e meus olhos estavam arregalados, enquanto processava o que havia acontecido.

A luz do sol atravessava as cortinas, banhando meu quarto claro em luz, os pássaros cantavam alegremente do lado de fora, denunciando o quão belo o dia estava.

Soltei um suspiro cansado, contudo, aliviado.

Fora só um sonho...

Fechei os olhos e me deitei novamente, permitindo-me relaxar.

Só um sonho...

Foi o sonho mais louco e assustador que já tive, nem me lembro de ter visto nada aterrorizante no dia.

Bom, de qualquer forma, creio que não me afetará, não deve ser um tipo de sinal, né? Aliás, me pergunto o por que de estar escrevendo isso agora, não é como se alguém fosse ler você, diário, pelo simples fato de ser meu. De qualquer forma, precisava desabafar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Acorde..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.