A Última Rainha Persa ⚜ !camren escrita por thay


Capítulo 2
chapter two: نار (fogo) 1/2


Notas iniciais do capítulo

Olá! Eu voltei. Meio incerta, mas voltei...

Incerta porque não dei muita continuidade à essa fic, e embora eu goste muito de escrevê-la estou empacada numa situação em que eu sei o que eu quero escrever, mas não consigo escrever :( Espero passar por isso logo.

Aqui vai mais um capítulo! Dividido em duas partes, porque estava muito longo.
Espero que gostem ❤
Dependendo de como eu conseguir encaminhar a fic, volto aqui logo para postar!

(Perdoem qualquer erro, ainda vou revisar mais uma vez os capítulos logo logo)



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Ao descerem em Istambul, Lauren sentia-se estranhamente cansada, nem parecia que viajava na primeira classe da Turkish Airlines. Mas o que tinha mesmo deixado seu corpo inquieto e dolorido era a ansiedade de poder chegar logo ao destino. Ficou imaginando como seria o local onde ficariam, seu pai disse que fariam reservas em um hotel cinco estrelas no centro de Cairo, não devia ser nada menos que um belo hotel ostentando luxo.

Michael e Clara sempre faziam questão de acomodar-se e à sua equipe nos melhores hotéis da cidade onde se hospedariam para uma expedição, dinheiro não lhes faltava e todos os dias entrava mais do que saia.

Isso, em outra ocasião subiria à cabeça de uma pessoa de mente fraca, o que felizmente não acontecia com Lauren, ou mesmo Taylor que era madura e educada o bastante à sua idade para saber a diferença entre ser rico e ser arrogante e mesquinho com as pessoas. Jamais seriam assim. Tiveram uma educação exemplar desde o berço e ostentavam isso por onde quer que passassem.

Como a ideia de passear pelos arredores do aeroporto de Istambul foi facilmente descartada já que todos se sentiam exaustos, simplesmente atravessaram o saguão e deixaram o aeroporto com suas malas pessoais, reservaram dois quartos em um hotel três estrelas atravessando a avenida. Michael e Clara ficaram com o quarto de casal e Lauren e Taylor dividiriam o quarto duplo de solteiro.

Se permitiriam descansar nas próximas duas horas e então voltar para o aeroporto com pelo menos 45 minutos de antecedência.

Lauren aproveitou para tomar um banho e se livrar daquelas roupas que já usava há mais de 15 horas. Ali em Istambul o clima era ameno, mas sabia que no Cairo provavelmente o calor seria predominante e por isso tinha providenciado roupas mais leves e algumas até adequadas para climas muito quentes. Eles chegariam ao cair da noite na capital egípcia, Lauren sabia que as noites por ali podiam ser tão frias quanto os dias eram quentes, então separou para vestir um jeans skinny preto e um dri cropped igualmente escuro. Separou um scarpin branco de tiras e também um casaco swallow tail para caso esfriasse mais tarde.

Apesar de sua condição, isso nada a impedia de usar roupas mais justas e femininas. Quando era mais jovem, o impasse devido a sua intersexualidade foi uma das coisas que mais a deixou desesperada e a beira de uma depressão; Lauren sentia que era menina, mas seu corpo fazia questão de lembrá-la que nunca seria totalmente uma mulher. Chegou a ficar em profundo um estado de tristeza, sequer gostava de sair de casa, e seus pais estiveram por um fio de ceder e deixar que ela fizesse a cirurgia para remover seu órgão genital masculino. Mas tudo isso mudou quando conheceu uma garota, ainda no primeiro ano de ensino médio, em Jacksonville. Seu nome era Sarah.

Sarah talvez tenha sido a primeira garota por quem Lauren sentiu interesse daquela maneira. Desde o princípio ela foi amável e, mesmo sem perceber, a morena de olhos verdes acabou se deixando envolver. Foi quando descobriu aquela até então inexplorada atração por garotas, e esse foi o ponto alto de sua adolescência. Sarah foi a primeira garota que ela tocou, a primeira garota que a fez sentir-se, pela primeira vez em dezesseis anos, completa. Como se seu corpo realmente fosse uma dádiva. E hoje ela sabia que era.

Como passou a melhorar gradativamente, a ideia daquela cirurgia ficou no passado e Lauren finalmente conseguiu aceitar quem e o que ela era. Os desafios se tornaram mais complexos quando seu corpo começou a se desenvolver e levou algum tempo até que ela descobrisse formas de ocultar sua condição, principalmente porque gostava de calças justas e roupas femininas. Sempre tivera certo apreço por moda e vestia-se excepcionalmente bem, seguindo as tendências modernas; o dinheiro de seus pais podia comprar o que ela quisesse vestir.

Depois de descansar por mais ou menos duas horas, levantou-se, vestiu-se e acordou Taylor. Encontraram seu pai no lobby do hotel e então seguiram de volta ao aeroporto. No balcão, verificaram se suas bagagens já tinham sido devidamente encaminhadas à nova aeronave e então sentaram-se no salão de espera até que seu vôo fosse anunciado. Levou cerca de vinte minutos ali. De volta ao avião, Lauren já se sentia mais confiante e de energias renovadas. Mal podia esperar por finalmente pisar em solo egípcio.

Chegaram ao CAI por volta de oito horas da noite. Como já esperado, a noite estava razoavelmente fria e Lauren vestiu seu casaco ainda no saguão do aeroporto, enquanto esperavam a liberação da bagagem. Após feito o procedimento, reuniram-se com os demais membros da equipe deles no lobby, todos já com suas bagagens, e Michael adiantou-se para poder alugar quatro minivans para poder fazer o transporte do pessoal e de todas as malas e caixas. Ainda em Miami Clara já havia feito todas as reservas no Nile Plaza, um dos hotéis mais luxuosos da região com vista para o Rio Nilo.

Do lado de fora, Michael informava-se com o staff para resolver sobre o aluguel das vans, quando foi abordado por seis homens altos e fortes, todos vestidos com ternos e camisas escuras, usando o intimidador shemagh militar igualmente preto que era comum entre homens do exército. Mas eles não eram do exército; eram militares, de fato, mas pareciam mais pertencer à um serviço de segurança secreto ou pessoal.

Michael Jauregui?— Um dos homens o intimou, dando um passo à frente dos demais.

Michael virou-se e teve uma sensação estranha ao ver aqueles homens. Endireitou sua postura. Viu que ele tinha uma foto sua na mão, que em seguida enfiou no bolso interno do terno.

— Sim?

Como sabiam seu nome? Como sabiam quem ele era? E quem eram eles?

O homem assentiu em saudação.

— Meu nome é Samir Khaled. Estamos responsáveis por fazer sua escolta até o palácio real, como exige a princesa Karla Eztrariyabhaw I do Egito.

Seu sotaque era carregado e um pouco difícil de compreender, mas tinha certeza de que ele falara que estavam ali para escoltá-lo até a princesa do Egito. 

Me escoltar até a princesa? 

— Exato. Ao senhor e os demais que o acompanham. Queiram vir comigo, por favor.

— Ahn… – Michael estava perdido. O que significava aquilo? – Tudo bem, é claro. Mas nós podemos passar no Nile Plaza antes? Precisamos deixar nossas bagagens, acabamos de desembarcar e ainda não nos acomodamos, estava agora mesmo alugando algumas vans para fazer o serviço.

— Não é necessário. Temos seis vans à disposição. Suas reservas no Nile Plaza já foram canceladas e serão reembolsadas, a princesa exige a presença de todos no palácio real.

Ele engoliu em seco. Como assim?

— Ok… – Resolveu que não iria discutir com aquele homem, ele parecia impaciente. Todos eles, na verdade. – É por aqui, senhores.

Acenou com a cabeça e saiu na frente, sendo flanqueado pelos seis homens que atraíam a atenção imediata dos turistas no lobby.

Lauren foi a primeira a notar a movimentação estranha dos homens atrás de seu pai, e ficou ainda mais receosa quando percebeu que os seis homens vinham junto dele e pararam próximos quando ele se aproximou. Todos da equipe ficaram curiosos e num gesto automático, Lauren passou o braço nos ombros da irmã que estava ao seu lado.

— Aquela é nossa bagagem, senhores. – Apontou para o canto onde as malas e caixas estavam empilhadas. 

Era muita coisa, então Samir Khaled achou melhor começar logo. Assentiu e ditou a ordem em árabe aos seus homens, saindo em seguida para ajudá-los.

Clara deu um passo à frente.

— O que houve, Mike? – Perguntou, lançando um olhar para os homens que começavam pelas caixas maiores.

— Eu não sei. Parece que eles são da guarda privada da princesa, estão aqui para nos escoltar diretamente ao palácio real. 

Princesa?— Lauren perguntou surpresa.

Uau… — Taylor murmurou admirada. – Eles têm uma princesa?!

— Sim, Tay. – Ele respondeu pacientemente. – E parece que ela está exigindo a nossa presença.

Uau… — ela murmurou de novo. 

— O que acha que isso significa? – Clara perguntou.

— Eu não faço ideia.

— Eles vão nos deixar no hotel primeiro? – Lauren questionou.

— Não. Segundo eles, nossas reservas foram canceladas e o dinheiro será reembolsado em breve. Foi tudo o que disseram.

— Como assim? E onde iremos nos hospedar?

— Vamos com calma, ok? Deve ter alguma explicação lógica. Vamos com eles para ver o que possivelmente a princesa do Egito quer de nós, então lidamos com o resto depois. – Michael pediu, tentando manter a ordem. 

Chamou os rapazes da equipe e ofereceu-se para ajudar com a bagagem, ajudando-os a carregar as vans. Todo o processo levou cerca de vinte minutos. 

Nesses vinte minutos, Lauren ficou em seu iPad e fez uma pesquisa à fundo sobre a princesa do Egito. Quer dizer, podia-se dizer que foi uma pesquisa bem rasa, uma vez que não havia quase nada a seu respeito na internet. O que parecia um absurdo. Seu nome transcrito era Karla Eztrariyabhaw I, e era isso; não tinha nenhuma outra informação pessoal sobre ela. Fotos quase não existiam, conseguira acesso à apenas duas tiradas por algum paparazzi aleatório, mas eram fotos que não revelavam absolutamente nada, ela estava de perfil e meio distante, usando uma refinada roupa árabe preta com o hijab igualmente escuro cobrindo-lhe o cabelo e o rosto. Não havia um pedaço de pele seu à mostra, a não ser por seus olhos, os quais ela nem pode ver por conta da baixa qualidade da foto.

Estranho. Se ela era um membro da família real do Egito, deveria haver mais coisas sobre ela na internet. Mudou o foco e pesquisou sobre a família real em si, e foi então que descobriu um artigo que a deixou um pouco aterrorizada – cerca de três anos atrás, descobriu, o rei e a rainha Aliksandr e Sinawhaa Eztrariyabhaw I e sua filha mais nova, Sofiaan, haviam sido brutalmente assassinados em um atentado do qual o Estado Islâmico extremista orgulhosamente tomou partido. Os responsáveis nunca foram pegos, chamavam-os de Ashbah Iiran, ou Fantasmas do Irã. Aparentemente eram uma organização extremista secreta e esguia, sempre conseguiam se safar das punições das leis e muitos afirmavam que eles tinham alguma ligação indireta com o governo do Irã, que não nutria – por algum motivo secreto – nenhum apreço pela família real egípcia. 

Nesses últimos três anos, a princesa Karla Eztrariyabhaw I tornou-se regente, e mesmo que nunca tenha sido decretada rainha, ainda assim era respeitada como tal apesar de intitular-se princesa.

Ao final daquele artigo, Lauren sentiu-se estranha. Fechou tudo e guardou seu iPad, ficando com aquilo na cabeça durante toda a viagem, enquanto observava as casas e prédios modernos bem iluminados das ruas do centro de Cairo passarem como borrões luminosos através do vidro escuro da van. Quando chegaram ao palácio real, Taylor se jogou por cima de Lauren para poder olhar pela janela, maravilhada. Era uma enorme construção em branco e dourado que pegava facilmente um quarteirão inteiro, brilhando imponente e ostentando todo o luxo que o dinheiro deles possivelmente poderia comprar.

As vans adentraram o pátio e circundaram o grande chafariz no centro, parando em uma fileira bem alinhada. Antes que pudessem descer, Lauren notou o homem que seu pai disse se chamar Samir, conversar com alguém através da escuta em seu ouvido. Ela entendia pouco do idioma árabe, poderia até arriscar algumas palavras como bom dia, boa noite, obrigada, e outras básicas, mas não era capaz de compreender o que aquele homem dizia. Seus pais eram muito mais ensinados e falavam fluentemente, sabia que eles acabariam por assumir a frente.

— Parece que princesa Karla teve algum imprevisto e está em sua sala de reuniões para algo importante. – Samir anunciou em seu inglês enferrujado. – Meus homens hão de acomodá-los em seus quartos provisórios, todos os seus pertences serão alocados amanhã, levem apenas o que precisarem para esta noite.

— Nós vamos dormir aqui?! – Taylor disse empolgada, se pendurando no espaço entre os bancos, quase tocando o homem que a olhou com a testa vincada.

Lauren rapidamente a puxou de volta para o banco, repreendendo-a, que fez uma careta.

— Sim. – Samir respondeu apenas.

— Somente por esta noite, correto? – Michael quis se certificar.

— Estes assuntos serão tratados com a princesa. Ela há de recebê-los logo após o almoço. A refeição matinal é servida às 8h sem atrasos, estejam acordados.

Ele então abriu a porta e desceu, abrindo em seguida a porta lateral da van para que eles pudessem descer. Começou a movimentação de homens de um lado para o outro, descarregando as caixas. Cada uma das dez pessoas da equipe ficou apenas com suas malas necessárias e o restante foi levado para dentro. Samir voltou a aparecer depois de alguns instantes, enquanto eles esperavam do lado de fora.

— Dynah irá recebê-los e encaminhá-los aos seus aposentos, senhores. Ela é segurança pessoal da princesa Karla e irá explicar-lhes melhor. Queiram me acompanhar.

Ele falou e acenou, saindo na frente. O pessoal trocou um olhar meio receoso e então o seguiu de perto. Do lado de dentro, o palácio real era ainda mais incrível do que sua fachada já sugeria. Igualmente em branco em dourado, com cortinas de seda vermelha cobrindo as janelas, quadros e vasos de todos os tamanhos, esbanjando a riqueza na qual eles viviam ali. Foram guiados até uma sala excepcionalmente grande, onde duas cadeiras douradas de estofado vermelho estavam perfeitamente alinhadas sobre um palanque, com outras duas cadeiras um pouco menores ao lado.

De cada lado da ampla sala, formando um corredor, estavam duas fileiras de guardas reais trajando preto e dourado em suas posturas eretas com as lanças apoiadas em suas mãos. Eles nem pareciam respirar, pareciam perfeitas estátuas. Taylor não parava de cochichar, estava maravilhada com tudo aquilo e Lauren não ficava atrás; nunca havia realmente se imaginado em um lugar daqueles.

Antes que pudessem acessar o salão, dois guardas cruzaram as lanças para bloquear a passagem após duas moças vestidas em seus niqab pretos passarem e pararem diante deles com duas bandejas de prata, onde tinha alguns tecidos escuros dobrados.

— Por favor, senhoritas. – Samir fez um gesto. – Enquanto permanecerem dentro do palácio, precisam manter o rosto coberto.

Taylor prontamente fez uma careta, mas para Lauren aquilo já não era tão estranho assim. Fazia parte da cultura deles. O uso do hijab ou seus derivados não era necessariamente obrigatório no Egito, assim como em muitos países do Oriente; até onde Lauren estudara ela sabia que era obrigatório apenas no Talibã, Arábia Saudita e no Irã. Entretanto, se era de ordem da realeza que elas mantivessem o rosto coberto, certamente a princesa era adepta a esses preceitos. E nada elas podiam fazer se não aceitar. Após as quatro moças da equipe, junto a Clara, Taylor e Lauren pegarem seus hijab, Samir segurou as bandejas para que as duas moças se adiantassem para ajudá-las a vesti-lo. 

Lauren achava incrível a cultura do Oriente Médio. Por mais que o choque fosse grande, não podia negar o quanto se sentia extasiada por estar ali presenciando aquilo. A moça que se adiantou para ajudá-la tinha a mão coberta por uma luva escura, disse um “com licença” quase num sussurro – fazendo Lauren notar que seu inglês era quase limpo; elas deviam ser todas muito bem estudadas – e ajeitou o pano sobre seus cabelos, ajustou-o ao seu pescoço, cobrindo sua boca e nariz com o lenço para logo em seguida prendê-lo com um delicado broche.

Lauren aproveitou a distração dela para observar seus traços, por mais que pudesse apenas ver seus olhos. Estes eram castanhos, encimados por sobrancelhas bem feitas e algumas poucas sardas na região acima de seu nariz que estava coberto pelo véu. Ela parecia ser atraente. Seu olhar era firme e Lauren pôde sentir isso quando ele cruzou o seu, demorando-se apenas dois ou três segundos antes de desviar e ela se afastar um pouco.

— Precisa fechar o seu casaco. Por gentileza. – Sua voz rouca fez a morena de olhos verdes sentir um sutil arrepio, por não esperar que ela dissesse algo naquele momento.

Ela prontamente fez o que foi pedido, julgando ser por conta de seu cropped – muita pele exposta ali. A moça assentiu num gesto de agradecimento e deslocou-se para ajudar o restante das mulheres. Quando estavam prontas, finalmente foram todos liberados e entraram no enorme salão, onde Dynah J'hne Hassin os esperava. Lauren não pode deixar de reparar em sua postura, ela estava extremamente elegante vestindo um abaya verde esmeralda, com um véu branco de adornos dourados envolvendo seu cabelo, pescoço e rosto, deixando apenas seus intensos olhos cor de mel à mostra.

Diferente das serviçais, ela não usava luva, mas sim ostentava anéis e pulseiras de ouro e diamante e suas unhas longas bem pintadas em nude; sua pele parecia reluzir, bronzeada pelo intenso sol do oriente. Essa mulher poderia muito bem ser a própria rainha do Egito. Lauren pensava. Se a segurança pessoal da princesa já era assim, imagina a própria. Viu-se curiosa demais para conhecê-la.

A bela mulher os saudou em árabe, e seu pai como o perfeito poliglota que era foi quem respondeu. 

— Espero que tenham feito uma boa viagem. – Ela não teve problema algum para falar o inglês, soou claro como água. – Sintam-se em casa. Princesa Karla não pôde vir ao encontro de vocês devido à uma reunião de última hora, ela pede desculpas. Poderão conhecê-la amanhã pelo almoço, ela está ansiosa para recebê-los.

— Obrigada pela hospitalidade. – Lauren sentiu-se na obrigação de dizer. Nunca que estava esperando ser recepcionada pela princesa do Egito, aquilo parecia ficção.

Dynah fixou o olhar nela pela primeira vez, e algo em seu íntimo disse que aqueles extraordinários olhos verdes viriam a causar problemas futuramente. Nem precisava ver-lhe o rosto, conhecia bem demais sua princesa para ter certas convicções.

— Não precisa agradecer. – Disse amigavelmente, com um sorriso. – Ficaremos felizes em hospedá-los aqui durante sua estadia no Egito, a princesa fará questão de acomodá-los devidamente em seus quartos permanentes amanhã até o fim do dia.

— Durante nossa estadia? – Lauren foi mais rápida em perguntar, mesmo que todos tivessem pensado o mesmo. – Nós vamos ficar aqui?

— Certamente. Mas isso será discutido amanhã diretamente com a princesa, ela apenas pediu que eu já os deixasse avisados de antemão.

Lauren trocou um olhar com seus pais; não só eles, todos estavam confusos. Por que raios a princesa do Egito estaria hospedando-os em seu palácio? Isso não fazia sentido. Ainda. Talvez a conversa no dia seguinte viesse a esclarecer algumas coisas. Dynah então adiantou-se.

— Queiram me acompanhar, por gentileza. Vou levá-los aos seus quartos provisórios, onde passarão esta noite. – Ela acenou e saiu em direção à porta, guiando-os. Os guardas vinham atrás como perfeitas sombras silenciosas. – Suas bagagens serão devidamente alocadas em seus quartos ainda hoje durante a madrugada, só não vamos encaminhá-los à eles ainda porque queremos nos certificar de que estejam aptos para acomodá-los. Enquanto isso, vocês podem escolher qualquer um dos quartos de hóspedes – ela acenou para o longo corredor à frente, onde havia várias portas entreabertas de ambos os lados. – Imaginamos que pudessem estar com fome depois da viagem, então deixamos alguns petiscos, frutas e vinho fresco nos quartos. Podem ficar à vontade. Vou deixá-los agora, para que possam descansar. Nos vemos amanhã. Uma boa noite à todos.

Eles respondem em uníssono, agradecendo. Mesmo ainda um pouco tímidos, começaram a se espalhar e escolher um quarto aleatório. Lauren escolheu a segunda porta à sua direita. O quarto era razoavelmente grande, uma cama com dossel toda forrada em panos brancos e vermelhos de adornos dourados estava à sua esquerda, junto a uma mesa de cabeceira e um guarda-roupas em madeira imbuia envernizado. Próximo à janela larga, na outra extremidade do quarto, havia uma mesa junto a uma cadeira de escritório mais modernas, dando um toque sofisticado ao ambiente. E aquele era só um quarto de hóspedes. Notou o pequeno cômodo adjunto e após deixar sua mala próxima a cama, caminhou até lá. Era um pequeno mas confortável banheiro, decorado em tons de cinza e branco, com um box de vidro e uma ducha grande. 

Como já havia tomado banho no hotel em Istambul, apenas livrou-se daquelas roupas e colocou outras mais confortáveis para dormir. Deixou seu hijab sobre a mesa de cabeceira e deitou-se finalmente. Por mais que tivesse passado por um sono dentro do avião e tivesse tido aquelas duas horas de descanso no hotel, nada se comparava a deitar naquela cama. Ainda era estranho pensar que ficariam acomodados ali por tanto tempo, mas Lauren podia imaginar o tipo de estadia que teria num lugar daqueles – muito melhor do que o melhor hotel do país, sem dúvidas. 

Mas sua curiosidade maior era a princesa. Queria conhecê-la, tinha quase um anseio desesperado por isso. Certamente ela não deveria mostrar o rosto à estranhos, assim como exigia que eles mesmos tivessem seus rostos cobertos, mas mesmo assim não conseguia frear sua mente ao tentar imaginá-la. Será que ela era mais velha? Mais nova? Simpática ou arrogante? Loira, morena, ruiva? As duas fotos que vira não davam sequer uma pista de sua aparência física. E Lauren sempre fora muito curiosa, se tinha uma coisa que odiava era aquela expectativa toda vez que ela surgia. Ao que tudo indicava não conheceriam a princesa logo cedo, pois tanto Samir quanto Dynah haviam deixado claro que ela os receberia depois do almoço. Ela certamente deveria ser servida em seus aposentos, devia ter serviçais só para abaná-la em dias de calor. Lauren acabou sorrindo sozinha com seus pensamentos tolos; mesmo se ela fosse uma bruxa de tão feia, ainda seria rica para um caralho. Isso deveria valer.

Antes de dormir ainda respondeu sua irmã, que “gritava” através de mensagens, lhe mandando fotos em poses ridículas na cama, na mesa, segurando uma maçã, propondo um brinde com uma taça de vinho na mão – a qual Lauren mandou ela nem pensar em beber! – e esbanjando seu “novo quarto”. Taylor era uma maluca, mas Lauren gostava dela justamente por isso, nunca havia tempo ruim para sua irmã e ela geralmente fazia a diversão de todos. Mandou a pirralha ir dormir e fez o mesmo. 

Um aparente longo dia estava por vir com próximo o nascer do sol.

 

(to be continued...)

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

(#fixed): Eu vou estar postando algumas músicas temáticas para colocar vocês dentro desse universo maravilhoso que é a música do Oriente Médio, sua cultura e vestimentas, então sempre que virem qualquer coisa em NEGRITO/link no meio dos textos, cliquem. Não vão se arrepender!

Vejo vocês no próximo! ❤



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