Ela me Diz... escrita por Sensei Arê


Capítulo 1
Elle me dit: c'est ta vie...


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores, como estão?

Segue a primeira parte da nossa história! Quem quiser um fundinho musical, pode acompanhar aí:

https://listenonrepeat.com/watch/?v=NiHWwKC8WjU#Mika_-_Elle_Me_Dit_(clip_officiel)

Espero que gostem! Boa leitura!



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Ela me Diz...

Ela me diz: Não se tranque no quarto...

Vai, balance seu corpo e dance!

Me diga: qual é o seu problema?

"... Elle me dit: c'est ta vie, fais ce que tu veux tant pis. Un jour tu comprendras, un jour tu t'en voudras..."

Embalando-se com as próprias palavras e com o champanhe que beirava transbordar de sua taça, o jovem loiro concentrava-se em andar em linha reta... pelo guarda-corpo do terraço.

Naruto Uzumaki sempre foi considerado como um jovem destemido e intrépido, e o álcool só lhe dava um pouco a mais de coragem. Naquele momento, ele apreciava o simples fato de estar sozinho, mesmo que estivesse numa festa esplendorosa na mansão Hyuuga.

— Naruto-kun, não seria melhor dançar aqui embaixo?

O Uzumaki não precisou virar para reconhecer a voz serena que lhe tentava lhe trazer a sobriedade. Hinata Hyuuga sempre fora a âncora que amarrava seus sonhos inflamados, o porto seguro no qual ele se refugiava quando a pressão o atormentava.

Um sorriso debochado se delineou em seu rosto avermelhado pelo álcool.

— Hein, Hina-chan... Tem coisas pelas quais vale se matar, sabia? — Naruto declarou, mal reconhecendo sua voz embargada.

— Oh, sim. Um dia você vai me matar de susto. — A morena respondeu com um sorriso amarelo. Embora sua voz fosse calma, seu coração sentia que o amigo precisava de ajuda. — Por que decidiu vir cantar sozinho aqui em cima? Seu lugar é comigo, lá embaixo, comemorando o meu aniversário.

— Sim, o seu aniversário... — O Uzumaki murmurou e olhou para ela, como se lembrasse de algo importante. — Todos deveriam comemorar o seu aniversário, pois você é a pessoa mais especial do mundo!

— Então... — Hinata se aproximou devagar, estendendo a mão para o amigo. — Venha comemorar comigo...

— Todos deveriam comemorar, mas ele não está aqui! — A voz de Naruto soou um pouco mais rouca e magoada do que o usual. — Você é a pessoa mais especial do mundo, e ele não está aqui para dizer isso a você!

A expressão de Hinata mudou da preocupação para pena, pois sabia muito bem a quem o amigo se referia e o porquê o fazia.

— Não tem problema, Naruto-kun. Não estou chateada...

— Oh, sim... Não devemos ficar chateados. — O loiro olhou para a taça em sua mão e depois abriu um sorriso para a amiga, erguendo o champanhe. — Um brinde, à pessoa mais especial do mundo, e a sua inabalável confiança nos outros! Salut!

Dito isso, Naruto fechou os olhos e levou a taça à boca, vertendo o líquido espumante de uma só vez. Porém, conforme ele se inclinou para trás para beber, seu corpo pendeu e seu centro de equilíbrio — que antes já era instável — tornou-se completamente inexistente.

Os olhos lilás perolados de Hinata arregalaram-se junto com os do amigo, e seu coração foi á boca quando percebeu que não seria ágil o suficiente para ampará-lo em sua queda.

~*~*~*~

Ela me diz: Por que você está sempre reclamando?

Parece até que você tem oito anos!

Não é assim que você vai ser agradável...

Sakura bocejou pela quarta vez num período de dois minutos. Mais do que apenas o cansaço pelo longo turno no hospital, a monotonia dava-lhe a impressão de um eterno estava de sono.

Depois de sua pós-graduação em residência, todo o seu foco e energia se dissiparam pouco a pouco. Não que tivesse parado de estudar ou desgostasse de sua profissão, mas a falta de algo estimulante era o que lhe aborrecia. Uma nova alegria, um novo plano. Talvez, um novo amor.

— Pelo visto, a página 35 está sendo bem difícil de ler. — Uma conhecida voz debochada lhe tirou do devaneio. — Faz pelo menos meia hora que te vejo com o marcador no mesmo lugar.

Erguendo o olhar, a Haruno percebeu que o moreno ao seu lado carregava dois copos de café fumegantes, embora sua expressão continuasse gélida como sempre. Às vezes, ela se perguntava como havia se tornado amiga de Sasuke Uchiha.

Lindo, taciturno e misterioso; era assim que todos ao redor definiam o “Príncipe Negro da Medicina”. Desde quando se esbarraram na faculdade pela primeira vez, Sakura sabia que ele seria grande. Bem... Detestável, sarcástico e irritantemente perfeito no que quer que fizesse... Mas ainda assim, “grande”.

— Obrigada pelo lembrete, Sasuke-kun. — A rosada murmurou, aceitando um dos copos de café, enquanto fechava o livro e o punha na mesa a sua frente. — Estou tão entediada, que nem mesmo ler está funcionando.

— Posso dizer que sua tentativa é algo inovador, julgando o fato de que você nunca lê nada que não seja sobre medicina. — O Uchiha respondeu, reparando no título do livro que a outra lia. “Sob a Proteção do Escorpião”. — Bem, pode considerar como uma surpresa dupla, pois nunca imaginei você como a “louca dos signos”.

— Não tem nada a ver com signos! — Sakura riu da suposição, deslizando o livro para o amigo. — Conta a história de duas amigas, e uma delas se chama Scorpio. Uma faz de tudo para ajudar a outra, e esse carinho acaba fazendo com que uma sinta a necessidade extrema de defender a outra.

— Hmm... Diferente. — Sasuke murmurou, lendo a contracapa enquanto bebericava seu café. Então, ele franziu o cenho e pareceu reler uma frase específica. — “... por amor e ódio é que as piores coisas são feitas.”. Jura que você acredita nisso?

— E por que não? — A Haruno deu de ombros. — Ambos são sentimentos fortes e que movem a maioria dos seres vivos.

— Isso pra mim tem cheiro de desculpa pra quem faz algo errado por conta de relacionamento. — O moreno abriu um sorriso sarcástico enquanto devolvia o livro à amiga.

— Oras, atire a primeira pedra aquele que nunca perdeu a cabeça por conta de alguém. — A rosada pegou o livro novamente e o mirou longamente. — Certa vez namorei uma garota que disse que o amor dela por mim a fazia querer me bater e me abraçar ao mesmo tempo. Vai dizer que isso nunca aconteceu com você...?

— Mulheres são complicadas. E não, eu nunca namorei ninguém...

— Ok, mas você já se apaixonou não é mesmo? — Sakura encostou os cotovelos na mesa e apoiou o queixo com as mãos. — Nem mesmo você pode ser perfeito a todo momento, Uchiha, e eu aposto o meu diploma que existe alguém nesse mundo que faça sua pressão subir um pouco!

O moreno estreitou o olhar para a colega de profissão, porém preferiu levar seu café a boca antes de proferir o que lhe vinha a mente nesse exato momento. O silêncio envolveu os dois médicos como um bom e velho cobertor, enquanto Sakura pressentia que Sasuke tinha mais a dizer. Talvez tivesse pegado pesado...

Porém, antes que qualquer um dos dois tivesse a capacidade de proferir qualquer outra coisa, uma enfermeira intrépida cruzou o refeitório feito uma bala na direção deles.

— Com licença, Dr. Sasuke, mas estão precisando do senhor na emergência.

— Estou no meu horário de janta, Ino... — Sasuke a respondeu, sem nem ao menos erguer o olhar.

— Posso ver senhor, mas a diretora do hospital me pediu para chamá-lo. —  A loira murmurou, cruzando os braços em frente ao corpo. — Parece que o paciente que está vindo para cá é alguém importante e Tsunade-sama pediu que o senhor cuidasse disso pessoalmente.

Sakura e Sasuke se encararam por um instante, antes que a rosada abrisse um sorrisinho debochado e o moreno bufasse e levantasse de seu lugar, ainda que contrariado. Era tão divertido irritar o Príncipe...

— Bem, vamos ver quem é tão importante que deve ser tratado com toda pompa... — Sakura brincou, fazendo uma pequena mesura e indicando a saída do refeitório. — Depois de ti, ó, Majestade.

O Uchiha bufou novamente mas manteve-se em silêncio enquanto tinha Sakura e Ino em seu encalço. Por onde passavam ouviam alguns burburinhos sobre o tal paciente, no entanto, Sasuke permanecia impassível. Tomaram o elevador para o piso correspondente e seguiram por dois longos corredores até chegarem ao setor de emergência.

Conversando rapidamente com o chefe do setor que estava de plantão, o Uchiha pegou o breve histórico passado pelos paramédicos: homem, adulto, fratura exposta na perna esquerda e também no punho esquerdo provocadas por queda de uma altura de dois andares. Sakura deu uma olhada por cima do documento, depois abrindo um sorrisinho convencido como quem dizia: “parabéns amigo, pegou um caso besta, hein?!” e o outro a respondeu com um simples revirar de olhos.

E então várias vozes alteradas preencheram o lugar quando os dois paramédicos que atenderam o caso e mais quatro enfermeiros entraram no setor, carregando a maca com ninguém menos que Naruto Uzumaki, o novo ídolo pop em ascensão. Agora eles entendiam o motivo de Tsunade ter pedido que o moreno fosse tratar dele prontamente.

— Que porra você fez, Dobe?

Embora fosse um sussurro, Sakura pode ouvir o jeito ao qual seu amigo se referiu ao loiro e foi impossível não erguer uma sobrancelha em confusão. Foi a primeira vez que Sakura viu o inabalável Sasuke Uchiha empalidecer e arregalar seus belos olhos negros. Sem perder mais nenhum minuto, o ele se adiantou sobre o leito em que o Uzumaki seria colocado.

— Senhora, aqui é uma área restrita! — A voz de um dos enfermeiros soou um pouco mais alto. — Não pode ficar aqui!

— Eu sei, mas o Sasuke-kun... — A voz delicada parecia abalada.

E aquela foi a segunda surpresa da noite para Sakura. A voz combinava com o anjo que tentava chegar até o ídolo ferido, e o olhar aturdido em nada diminuía sua beleza. Se aquilo fosse uma animação, a Haruno poderia sentir o exato momento em que o Cupido lhe flecharia com maestria.

— Por favor, peço que se retire...

— Owah, calma Suiguetsu. Deixa que eu resolvo isso, vai lá dar uma mão ao Sasuke — A rosada se aproximou dos dois, com o semblante sério, embora borboletas voassem em seu estômago. — Desculpe, mas a senhorita é parente do paciente?

— Sou Hinata Hyuuga. — A morena lhe respondeu, ainda apreensiva. — Sou amiga do Naruto-kun, mas viemos para esse hospital porque meu primo trabalha aqui.

— Oh, mesmo? — Sakura abriu um sorriso. — Quem é seu primo?

— Ah, o Doutor Uchiha Sasu...

E então Hinata parou de falar e arregalou seus olhos, vendo algo que acontecia mais atrás. Sakura sempre achou que já havia visto de tudo naquela vida, mas aquela noite estava mais imprevisível do que se podia imaginar.

Afinal de contas, quando é que se pode imaginar em ver o médico com a maior fama do hospital debruçado sobre o mais novo ídolo musical...

Beijando-o. Ou sendo beijado.


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Notas finais do capítulo

Não me matem! Eu juro que a segunda parte vem logo!



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