(des)amor escrita por yasmin


Capítulo 3
Capítulo 3




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Na manhã seguinte eu fui pra casa o mais rápido que eu pude, antes mesmo de Cassie acordar, mas não pra ficar longe dela, e sim pra encaixar as peças e me livrar da agonia daquele ciúme. Fail, logo quando eu cheguei em casa, eu deitei na cama, e foi impossível não pensar.

Pensei em seu sorriso, seu jeito de me corrigir, seu humor sarcástico, sua voz rouca, seus lábios... Lembrei do beijo que vi e pensei em como eu gostaria que fosse eu ali, e não a Lizz. Pensei em como eu queria vê-la todos os dias, e comecei a sonhar acordada, sonhei que ela seria minha. Logo voltei a realidade. "Não Nicolle, ela não será sua nem em um milhão de anos." 

 

Estava viajando em meus pensamentos quando meu celular toca, “Cass”, eu não ia atender, deixei tocar até que parasse. Estava voltando com os meus pensamentos quando ela liga de novo, achei melhor atender.

 

  -Oi. – eu disse seca.

 

-Oi, porque você foi embora quando eu estava dormindo? Lizz não quis me explicar o que tinha acontecido. – ela disse meio que reclamando. Pronto, bastou ouvir a sua voz para eu ter certeza, eu estava realmente apaixonada por ela, por aquela menina que eu tanto odiara, e que agora estava se tornando uma de minhas melhores amigas. Paixão. Algo tão forte, que surgiu em tão pouco tempo, sem explicações. Minha vontade era falar pra ela ali, tudo o que eu estava pensando naquele momento, mas achei melhor guardar pra mim, pelo menos por enquanto.

 

-Nada, eu só fiquei com dor de cabeça e resolvi vir para casa. – eu respondi depois de um tempo em silêncio.

 

-Ata, e já está melhor?

 

-Dentro do possível, to com muita coisa na cabeça e nada pra pensar.

 

-Restart, eca! – ela disse e riu – Bom, qualquer coisa liga pra mim, ou vem aqui pra gente conversar, sei lá.

 

-Ta. – eu disse seca novamente, por impulso.

 

-Tchau, beijos.

 

Desliguei o celular sem me despedir.

 

...

 

Os dias passavam e quanto mais eu a via, mais difícil ficava guardar isso pra mim. Sem coragem pra falar, eu descontava isso em Lizz, que já não agüentava mais me ouvir falar sobre a Cass. Eu queria desabafar, então outros amigos ficaram sabendo, mas eu sabia que não adiantaria até que eu contasse pra ela. No fundo só eu sabia o que sentia e o quanto eu sentia, mas Cassie tinha que saber também. Por mais que eu tivesse medo de conta-la, era o certo a se fazer.

 

- Você vai se arrepender, Cassie nunca gostou de ninguém, isso vai mudar as coisas entre vocês! - Lizz tentava me fazer mudar de idéia, enquanto eu pegava o telefone.

 

 - Mas eu preciso, logo agora que estou com coragem, que droga. - Reclamei já impaciente.

 

- Nicolle, você não pensou direito. - Lizz tomou o telefone da minha mão. - Eu não quero que você se arrependa.

 

-Aham... Tudo bem Lizz, eu sei que você está com medo que eu conte pra Cassie, e vocês não poderem mais “se pegar’’. - Disse estressada de repente, fazendo ela ficar confusa. No mesmo momento eu percebi que fui idiota e sai dali.

 

Lizz foi atrás de mim enquanto eu saia de sua casa, eu disse que precisava ficar sozinha e ela não discutiu.

 

Caminhei alguns quarteirões até chegar a uma lanchonete. Coloquei meus fones de ouvido e me torturei ouvindo cada musica que me lembrava Cassie, eu estava sozinha até então. Não se passou muito tempo quando alguém me cutucou, por um segundo eu tive esperança de me deparar com Cassie, hesitei ao virar. Eu não reconhecia aquela face de criança, que não disfarçava sua timidez e sua hiperatividade.

 

-Oi – Ela disse sorrindo, usava aparelho.

 

-O-oi – Gaguejei futilmente, tentando lembrar de onde a conhecia.

 

- Então, eu estava ali com meu amigo, e reparamos quando você chegou. - Tentei aceitar isso como um elogio. - Aí ele duvidou que eu viria pegar seu MSN. Então para eu não quebrar a cara, você pode passar? Por favor. - Implorou ela, enquanto embolava as palavras. Eu então não contive meu riso, mas lhe passei meu MSN.

 

-Brigada.

 

-Adoro gente doida. – Eu disse sarcasticamente.

 

Ela deu um sorriso tímido, e saiu. Olhei para a mesa que ela se encontrava, havia um garoto ali, provavelmente o amigo dela, que era bem estranho por sinal. Então sem perceber, eu estava rindo. Ignorei isso e fui me concentrar novamente na música.

 

"You are so beautiful, You are the kind of girl”

 

"Droga" – pensei.

 

Estava terminando meu café quando vejo os dois se levantando, achei que iam embora, porém foram até a minha mesa.

 

-Posso? – Perguntou a menina, cujo nome eu não sabia ainda. Eu assenti com a cabeça, e ela se sentou.

 

-Senta logo idiota! – Ela disse pro menino. – Então, – Ela sorriu pra mim – qual é o seu nome mesmo?

 

-Acho que Nicolle. – Eu disse timidamente, nunca fui uma pessoa muito social. – E o seu?

 

-Acho que Emily. - Respondeu ela. Nós ignoramos o menino, cujo nome eu nem havia perguntado.

 

Progredimos muito com o assunto, nos demos bem já no inicio. Descobri que ela também gostava de meninas e descobri também que ela foi falar comigo porque eu tinha cara de gay, aquilo me deixou intrigada. Quando me dei conta, eu havia esquecido os meus problemas, pelo menos enquanto estive ali na companhia de Emily. Ao nos despedirmos peguei o seu telefone e disse que ligaria para combinarmos algo, eu estranhamente sentia como se ela fosse uma velha amiga.

 

  No dia seguinte, eu iria à sorveteria com Lizz e Cassie, me animei com a idéia. E resolvi chamar Emily.

 

- Nicolle, você mal conhece ela, na verdade você conheceu ela ontem, e já vai chamar ela para sair conosco? - Reclamou Lizz, demonstrando seu total ciúmes. Porque eu realmente havia falado bastante sobre Emily. – Não acha que vocês podiam se conhecer direito pelo menos antes de sair assim?

 

  Eu não soube dizer se Lizz tinha razão, mas eu não me importaria. Quando conversava com Emily, parecia que eu já a conhecia o suficiente. Então só me bastou pegar meu telefone para ligar, ela felizmente concordou em ir conosco.

 

Estávamos na sorveteria, todas menos Cassie.

 

-Liga pra Cassie, eu queria ver ela hoje. – Eu disse com a voz chorosa.

 

-E que dia você não quer ver ela? – Reclamou Lizz de cara fechada, pela presença de Emily eu supus, mas ela tinha razão, agora eu queria ver Cassie todos os dias. – Mas tudo bem, vou ligar... Quer dizer, não vou mais precisar. – Dizia Lizz pegando o celular, ignorando o que havia ali.

 

-Deixa eu ver! – Falei alto e tomei o celular de sua mão.

 

Era uma mensagem de texto.

 

“Não vai dar pra sair hoje, tenho que sair com a mamãe ): s2”

 

-Ah, tanto faz. – Menti sinicamente, enquanto joguei o celular de Lizz.

 

-Afinal, quem é Cassie? - Perguntou Emily, enquanto eu me tocava que havia esquecido a presença dela ali. Eu e Lizz chegamos a discutir para ver quem iria contar. Emily nos encarava concentrada enquanto explicávamos para ela. 

 

-Eu concordo com você, quanto antes você falar dos seus sentimentos melhor. Não vai adiantar nada você guardar isso. – Emily disse pra mim depois que terminamos de contar a história.

 

-Viu Lizz, eu sabia que eu estava certa, você é a unia que não concorda. – Eu disse contando vitória.

 

-Ta, faz o que você quiser, eu não vou dar mais minha opinião já que agora você tem a sua querida Emily pra te ajudar. – Lizz disse fechando a cara. Eu resolvi não falar nada, íamos acabar discutindo e não era o que eu queria.

 

-Estou decidida, amanhã eu conto pra Cassie. – Eu disse convicta de minha decisão.

 

-Isso, te dou todo apoio. – Emily disse enquanto Lizz a fuzilava com os olhos.

 

Depois que terminamos de tomar o sorvete nos despedimos e eu fui pra casa pensando em como contaria pra Cassie. Não tive certeza se iria ter coragem, mas alguma hora eu ia ter que fazer mesmo, então que fosse logo.

 

Eu não consegui dormir naquela noite, a ansiedade estava me matando. Fiquei pensando em como seria a reação de Cassie, se nossa amizade continuaria a mesma, até pensei se eu teria mesmo coragem de contar.

 

"Cassie, eu gosto de você mais como amiga, é isso, fim" 

 

-Não. 

 

  "Acabei me apaixonando por você, merda né, eu sei."

 

-Não.

 

  "Então Cassie, você acaba de ganhar um encosto pra sua vida, estou apaixonada por você."

 

-NÃO, droga, não existe maneira certa de contar. - Eu falei sozinha enquanto pensava na melhor maneira de conta-la.

 

O sol apareceu e lá estava eu, perdida em meus pensamentos, enfim eu iria contar. Passei o dia sem falar com a Lizz, não queria nada que pudesse tirar essa idéia da minha cabeça. No final da tarde liguei pra Cassie perguntando se poderíamos nos encontrar no parque perto de sua casa, ela concordou, mas achou estranho por Lizz não estar indo conosco, apenas disse que ela estava com outros amigos e ela aceitou essa desculpa.

 

Cheguei no parque e lá estava eu, a alguns minutos de falar tudo o que eu tanto havia ensaiado, com o coração na garganta, apenas esperando que ela chegasse.

 

Já estava ficando impaciente, 20 minutos depois do horário combinado e nada de Cassie, comecei a achar que ela não iria aparecer mais quando a vejo chegando.

 

-Oi – Ela disse sorrindo me fazendo perder todas as palavras que eu havia ensaiado.

 

Começamos a conversar, o tempo passou rápido e eu achei que não teria mais coragem de dizer.

 

“Não, agora você já está aqui, faz o que veio fazer, improvise.” Pensei.

 

-Cassie... Eu tenho que te falar um coisa. – Eu disse muito séria olhando pro chão.

 

-Aconteceu alguma coisa? Fala. – Ela disse um pouco preocupada.

 

-Não! Quer dizer, sim. Mas não quero que isso interfira na nossa amizade, é a única coisa que eu peço.

 

-Nada vai interferir na nossa amizade, você já é uma das minhas melhores amigas e isso não vai mudar. – Ela disse séria também, isso me deu uma certa confiança de contar, respirei fundo, pigarreei e comecei.

 

-Você já se sentiu como se de repente seu coração funcionasse contra a sua vontade? Você não quer, e tem muito medo que uma determinada coisa aconteça. Tenta correr para o mais longe possível, mas seu coração te arrasta. Você luta, mas é uma luta fraca, você não quer ganhar. Você só finge que quer. – Eu disse olhando em seus olhos, uma coisa que eu tinha muita dificuldade em fazer, mas que julguei necessário no momento. - Você já sentiu seu coração bater tão forte ao ver alguém? – Perguntei retoricamente. – Bom, eu tenho me sentido assim. Eu tenho sentido as pernas tremerem e o sorriso desmanchar sobre meus lábios. Eu não consigo mais controlar, é só fechar os olhos... fechar os olhos e me lembrar de você. Não consigo e não quero imaginar minha vida sem você. Meus minutos são contados esperando a próxima vez que eu vou te ver, ver seu sorriso, ouvir tua voz. – Dei uma pausa e ela não disse nada, apenas ficou esperando que eu continuasse.- Não queria me apaixonar, não agora, não por você. Mas desde quando existe um momento certo para nos apaixonar? A paixão simplesmente acontece. Te pega de surpresa. – Terminei depois de muito esforço. Pronto, aquela angustia havia chegado no fim, disse tudo o que eu sentia, tudo o que eu precisava. E ali estava eu, na frente da minha paixão, da minha amiga, esperando sua reação.

 

 

 

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos reviews O/ -q
E vou postar o próximo assim que eu terminar de escrever, eu já tinha esses prontos por isso postei rápido -q



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