Exílio do Amor escrita por Funny Hathaway


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Olááá. Meu Deus, quanto tempo eu não abria a página do Nyah e escrevia nesse campozinho do Notas do capítulo.

Tanta coisa aconteceu em fevereiro e março. As coisas viraram de ponta de cabeça, se normalizam e depois voltaram a ficar de ponta cabeça com a quarentena. Mas ainda assim deveria ter vindo atualizar vocês com capítulos novos, peço mil desculpas.

Bem, meu foco agora é terminar essa história seguindo a ideia que eu tinha originalmente, mesmo que faça um ano que eu tenha começado a escrever Exílio do Amor, e eu tenha lido coisas novas que me inspiraram e geraram ideias diferentes e até maneiras diferentes de contar essa história. Ficará para uma segunda versão da história, quando eu consiga primeiro terminar essa daqui. Ainda mais porque eu gostaria muito escrever outra história, com esses personagens, eles me são tão queridos.

Enfim, leiam o capítulo dessa semana e fiquem traquilxs que eu já tenho o próximo encaminhado então semana que vem já haverá um post prontinho.

Espero que gostem



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Elizabeth sentiu uma leve pressão no estômago ao adentrar a mansão Smith. Sabia que o momento de conhecer seu sogro chegaria em algum dado momento, mas evitava o pensamento o máximo possível. Mas não havia escapatória, Gregory e Elizabeth já haviam regressado a França há uma semana e não havia como justificar mais tempo em Londres sem fazer uma visitar ao senhor e senhora Smith.

A viagem dentro da carruagem pareceu uma eternidade, mesmo sendo um trajeto de no máximo vinte minutos. Gregory permaneceu em silêncio o tempo inteiro, batendo o pé nervosamente e não parando de mexer as mãos. Em situações normais, Elizabeth tentaria acalmar o amigo a todo custo, mas ela própria estava imersa em seus próprios pensamentos.

Fazia dois dias que havia encontrado Duque no Royale e ainda não conseguia tirar aquele beijo da sua cabeça. Como ela poderia ter sido tola o suficiente para cair nos encantos dele novamente? Simplesmente ignorar todos aqueles sentimentos ruins que surgiram desde a maldita carta de June. Meia dúzia de palavras doces e ela se atirava nos braços do moreno, completamente vulnerável. Logo ela, que normalmente era sempre racional e deixava a lógica falar mais alto, deixava de lado todas as ressalvas por um cavalheiro.

Não conseguia forçar-se a esquecer todas as palavras doces, todos os sorrisos e olhares trocados repletos de significados ocultos. Quando se tratava dele, sempre voltava a ser uma tonta, pronta para receber todo o seu afeto. Mas não poderia permitir que aquela situação se alongasse. Ela estava noiva de Gregory e mesmo que os dois concordaram que a fidelidade não era necessária num matrimônio de fachada, envolver-se com Duque era muito perigoso para seu coração. Caso deixasse sua guarda baixar para o dono do Royale, não saberia onde toda aquela situação pararia.

Seus pensamentos foram interrompidos quando entrou no saguão de entrada da mansão Smith. Naquele momento, percebeu que estava entrando em uma realidade bem diferente da sua. Apesar de seu pai ter uma boa renda, capaz de sustentar os filhos, Phillip nunca fez questão de ostentar uma mansão repleta de luxos ou com roupas extravagantes. Mas a alta nobreza tinha o pensamento oposto ao da família Clark, e os pais de Gregory não seriam exceção.

O piso do saguão era feito do mais puro mármore e o corrimão da escada tão bem polido que chegava a brilhar. Elizabeth e Gregory trocaram um olhar de entendimento. O jovem sabia que a moça estava completamente desconfortável, fora de seu ambiente. Estendeu o braço e apertou a mão de Elizabeth, tentando passar alguma tranquilidade para a jovem. Eles foram levados pelo mordomo da casa até a sala de visitas, onde duas pessoas estavam esperando, sentadas ao sofá. Ao verem Gregory e Elizabeth entrar, o senhor e senhora Smith levantaram-se e cumprimentaram-nos.

— Você não sabe o quão ansiosos eu e o senhor Smith estávamos para recebê-la em nossa casa, Elizabeth. Gregory nunca teve uma pretendente séria até esse momento. Já estávamos ficando preocupados que nosso querido menino não nos daria a felicidade de vê-lo casado tão cedo- a senhora Smith era uma mulher de maneiras doces e sorrisos francos. Falava com uma tamanha intensidade, Elizabeth se sentia muito acolhida por ela.

Uma coisa não deixava a sua cabeça, no entanto. A senhora Smith parecia genuinamente sincera naquela fala. Então provavelmente não fazia a menor ideia de que seu filho tinha preferência pelos homens. Toda a confusão que Gregory havia comentado, passou somente entre ele e o pai, sem a mãe saber em momento algum o motivo da partida do filho para Paris. Ela olhou para Gregory, tentando pensar em alguma resposta para aquela observação, mas o jovem estava olhando diretamente para o pai. Os dois se encaravam, numa espécie de disputa silenciosa que somente a sra Smith não sabia.

— Bem, eu realmente não sei como Gregory ainda não foi laçado por alguma moça em Paris. Ele é realmente o jovem mais gentil e atencioso que conheci em toda minha vida - nisso ela estava sendo sincera. Sempre se sentia especial quando estava perto de Gregory, mesmo que não fosse no sentido romântico.

A sra Smith sorriu encantada e convidou todos a se sentarem. O chá chegaria em um instante. Ela continuou conversando sobre alguma amenidade, mas Elizabeth não conseguia prestar verdadeira atenção no que a mulher dizia, porque constantemente olhava para a troca de olhares silenciosa entre os dois homens da sala. Quanta mágoa e rancor aqueles dois pareciam guardar um com o outro. Ela segurou discretamente a mão de Gregory, tentando lhe passar uma mensagem de força. Sentiu-se um pouco egoísta por achar que seus problemas eram maiores que o dele. Não importava o que acontecia, ela sempre tinha o pai e os irmãos ao seu lado. Elizabeth sabia que Gregory não poderia dizer o mesmo.

— Sim, Margaret. É um prazer recebê-los aqui em nossa casa, porém vamos ao que interessa. Quando podemos marcar uma data para o casamento? Tenho certeza que conseguimos organizar uma festa em aproximadamente duas semanas.

Elizabeth se sentiu apreensiva com a fala do senhor Smith. Aquele ultimato a pegou desprevenida. Estava fazendo de tudo para manter suas emoções sobre controle, mas aquilo não facilitava. A sra Smith arregalou os olhos em completo choque pelo repentino corte do marido. E mais ainda pela data sugerida:

— Para que tanta pressa, Connor? Nós nem tivemos a chance de organizar uma festa de noivado, não podemos pular diretamente para o casamento. Os dois precisam de um tempo noivos antes de se casarem. Até mesmo para decidirem onde irão morar, se desejam regressar a Paris.

— Eu que não vejo tanto motivo para enrolação. Os dois já noivaram na França por um tempo. É melhor aproveitar o tempo que dois estão aqui em Londres para que se casem. Depois podem decidir o que fazer.

Elizabeth percebeu que o pai de Gregory estava tentando a todo custo ter a certeza de que aquele casamento seria realizado. Tinha medo de que a noiva descobrisse o segredo do filho e rompesse o noivado. Ou pior, que o próprio filho mudasse de ideia em relação ao casamento. A moça olhou para o noivo e pensou como ele parecia três vezes menor sentado naquela cadeira, esperando que os pais decidissem o seu destino. Ele parecia buscar desesperadamente a aprovação deles, sentir-se aceito. Elizabeth sabia que Gregory não levantaria a voz naquele momento. Por isso, ela interrompeu a conversa do casal e omitiu sua opinião:

— Eu tenho que concordar com a senhora Smith. Eu, pessoalmente, gostaria muito de ter uma festa de noivado. E se for causar muito incômodo para os senhores, podemos organizar no salão da mansão Clark. Não há problema algum- Elizabeth disse tranquilamente, porém sentiu Gregory mexer-se na cadeira, desconfortável.

O senhor Smith fechou a cara imediatamente com o pedido de Elizabeth. Porém a moça não se intimidou com aquele olhar fatal em sua direção. Não acataria ordens do pai de Gregory em momento algum, muito menos sobre quando ou onde o seu casamento deveria ser realizado. Empinou o queixo e olhou na outra direção, fingindo que não sentia a desaprovação. Focou a atenção na mãe de Gregory, a qual começou a falar sobre os preparativos para a festa de noivado.

Ficou decidido que a mansão Clark seria o local para a festa de noivado, enquanto a recepção do casamento seria realizada na mansão Smith. O casamento seria realizado daqui dois meses, um prazo que agradou a todos. Quando Elizabeth e Gregory estavam saindo da mansão, o jovem virou-se para ela, admirado:

— Você realmente não tem medo de absolutamente nada, senhorita Clark. Enfrentou meu pai sem o menor sinal de receio, o rosto completamente sereno. Estou impressionado. Aquele olhar normalmente consegue tudo que deseja das pessoas ao seu redor.

Elizabeth sorriu com um certo prazer. Se havia algo que gostava de ouvir, era exatamente isso. Que era uma mulher destemida, a qual enfrentava seus problemas de frente. Ajeitou a postura e arqueou uma sobrancelha, fazendo uma pose desafiadora.

— Meu querido Gregory, você sabe muito bem que a última coisa que eu faço é me amedrontar perante um homem que acredita comandar o mundo. Meu semblante não irá alterar-se nem por um segundo, faço questão disso.

Gregory deu risada e balançou a cabeça, ainda completamente fascinado pelo poder de Elizabeth. A moça tentava a todo custo tirar da sua cabeça que o fato de ter insistido tão firmemente para não fazer o casamento em duas semanas foi o fato de poder ter mais tempo para pensar melhor essa decisão.

                                                                    ***

Duque estava circulado pelo Royale, resolvendo o máximo de pendências que pudesse encontrar a fim de não deixar seus pensamentos tomarem conta de sua mente. Nas últimas semanas, encontrou-se extremamente agitado, não conseguindo pegar no sono. Principalmente depois de ter recebido o convite da festa de noivado de Elizabeth. Sentia-se exatamente da mesma maneira quando Elizabeth partiu para França. Inquieto, inseguro, desejoso e com uma sensação constante de falta. Como uma pessoa só conseguia despertar tantas emoções nele?

Aquelas farpas trocadas entre os dois ainda doía dentro de Duque, porém mas que isso, o beijo parecia ter causado um efeito ainda pior. A saudade aumentava ainda mais, mesmo que a tivesse visto fazia apenas dois dias. Sentia-se um cachorrinho abanando o rabinho, completamente encantado pela dona. Precisava recuperar o controle daquela situação. Não havia condição alguma seguir com aquela situação, ainda mais porque ela estava noiva de outro cavalheiro.

Passou pelas mesas de jogos, checando se estava tudo certo. Desde que James havia se afastado do Royale para ficar perto de June, Ethan e Duque ficaram mais atentos às mesas, fazendo  o máximo para manter o jogo o mais limpo possível e também sem jogadores muito habilidosos na contagem de cartas, esses eram os mais perigosos para a área financeira do Royale. Como Duque sabia disso!

— Duque!- o moreno escutou a voz esbaforida de Ethan à distância. Olhou para o seu sócio e ele percorria apressadamente o caminho entre as mesas até Duque. Ele tinha alguma coisa urgente para falar, isso era certeza.

— O que houve, Ethan? Você nunca está esbaforido. Aconteceu algo grave?

— Você precisa ir até o meu escritório agora. Preciso dividir uma notícia que escutei. Não irá acreditar no que vou dizer.

Ethan fechou a porta de seu escritório e encarou Duque com um olhar preocupado. O moreno começou a ficar inquieto e curioso com a tal notícia que Ethan havia escutado. Era muito difícil chocar o loiro. Basicamente tudo de escandaloso que chegava aos ouvidos da maioria das pessoas, Ethan já havia feito ou viu alguém fazer. A fofoca teria que ser deveras cabeluda para deixá-lo interessado.

— Prometa-me que você não irá surtar com o que estou prestes a dizer- Ethan levantou as mãos espalmadas, querendo acalmar Duque. Mas o moreno não sabia nem porque deveria estar surtando.

— Se você está me pedindo algo desse tipo, provavelmente não conseguirei cumprir com a minha promessa. Então, não. Mas mesmo assim quero você me diga

Ethan suspirou pesadamente e afrouxou o nó da gravata. Foi até o seu armário e pegou dois copos e serviu uma dose generosa de conhaque. Duque estava começando a ficar irritado com todo aquele mistério. Ethan sempre fora dramático, mas quando se tratava de uma notícia urgente, ele dava sem nenhuma hesitação.

— Ah pelo amor de Deus, Ethan! Diga qual é a notícia tão chocante! Esse suspense não adianta nada. Só está me deixando mais irritado.

— Está bem! Eu estava jogando no clube de jogatina vizinho e escutei uma conversa na mesa do lado na qual o assunto era o Gregory- Ethan olhou diretamente para Duque, esperando uma reação. Esperando para ver se o moreno adivinharia sobre o quanto se tratava

— O noivo de Elizabeth? - Duque perguntou ligeiramente confuso.

— Sim. Os cavalheiros estavam comentando sobre a má sorte da noiva de ter escolhido um noivo daqueles - Duque continuava sem entender onde Ethan queria chegar- Um jovem que prefere a companhia de homens a mulheres não poderia dar uma felicidade conjugal completa para sua esposa.

O moreno franziu as sobrancelhas, juntando as peças que Ethan estava jogando, mas sem realmente conseguir acreditar no que ele dizia. Elizabeth estava noiva de um homem que nunca poderia gostar dela como um marido deveria. A primeira coisa que passou pela sua cabeça foi que ela não sabia desse fato e estava entrando em um compromisso cegamente.

— É isso mesmo que eu entendi, Ethan?- Duque olhou desconfiado para o amigo, tentando não chegar a nenhuma conclusão precipitada. Ethan concordou com a cabeça, suas feições estavam sérias, muito difícil de compreender o que ele estava pensando naquele instante.

— Então, a Elizabeth precisa ser avisada do que está acontecendo. Ela não pode entrar dentro de um compromisso desses sem ter noção alguma do que está acontecendo. É injusto com ela.

Duque começou a andar pela sala apressadamente. Estava se sentindo ligeiramente esperançoso. Talvez quando ele contasse a notícia para Elizabeth, talvez ela pudesse reconsiderar o noivado e talvez… Talvez Duque pudesse dizer o que realmente sentia e eles pudessem ficar juntos. Ao mesmo tempo que sentia essa possibilidade se abrindo no seu horizonte, sentia também muito medo de deixar-se criar expectativas para depois, mais uma vez, se ver decepcionado. 

— É isso que mais está me preocupando na sua reação, meu amigo- Ethan comentou com um certo cuidado. Parecia escolher cada palavra que dizia- E se ela já firmou o compromisso com Gregory sabendo de toda essa questão. O que você faria nessa situação?

Os olhos azuis de Ethan continham tanta empatia naquele momento. Duque ficou sem saber o que responder àquela pergunta. Não sabia o que faria, caso Elizabeth escolhesse casar-se com Gregory. Mas ele sabia que não poderia deixar de conversar com a moça, tentar avisá-la. Não se perdoaria se deixasse ela ir fácil assim. Foi com aquele pensamento que Duque tomou uma decisão.

— Não faço a menor ideia se Elizabeth sabe dessa história. Mas caso não saiba, ela ficará sabendo neste exato momento. Pode confirmar a nossa presença no baile de noivado de Elizabeth, Ethan. Faço questão de ir.

— Deus do céu! Você consegue cada dia mais me convencer a fugir da ala feminina. As loucuras que as pessoas fazem quando estão apaixonadas. Não pode estar falando sério que vai fazer uma entrada dramática no baile de noivado de Elizabeth? Só me falta sair gritando enlouquecidamente a notícia. Maldito seja, Duque!

Duque cruzou os braços e levantou uma sobrancelha, completamente descrente:

— Senhor Lewis, tenho certeza absoluta que de tanto falar, vai acabar se apaixonando perdidamente e fazendo loucuras ainda piores pela mulher amada. Só espere e verá. Agora sobre a minha entrada triunfal no baile. Não pretendo gritar para ninguém, só gostaria de ter uma chance de conversar com Elizabeth e como bem sabe, a essa hora da noite ninguém me receberá na mansão Clark. A única chance que eu tenho é amanhã, antes que ela tome alguma atitude estúpida cegamente.

Ethan sentou-se na cadeira de sua escrivaninha, colocou os pés em cima de sua escrivaninha e esticou-se preguiçosamente. Sua feição guardava uma certa superioridade:

— E essa atitude estúpida seria se casar com Gregory ou não se casar com você?- Ethan perguntou com um olhar provocador.

Duque semicerrou os olhos e balançou a cabeça, enquanto amaldiçoava o amigo:

— Como eu desejo que uma dama faça você perder essa sua pose de arrogância aristocrática, sabe tudo, Ethan.

Ethan soltou uma risada espirituosa e levantou uma sobrancelha ao dizer:

— Impossível. Arrogância é parte do meu charme, querido Duque. Faz as mulheres se encantarem.

— Se você diz. De qualquer forma, prepare-se para amanhã- o moreno afirmou enquanto saia do escritório do amigo.


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