Exílio do Amor escrita por Funny Hathaway


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amoreeees.

Tudo bem com vocês?

Foi uma maratona pra terminar esse capítulo a tempo, mas consegui. Aproveitem haha

Comentem o que vocês acharam, por favor!!! Tô me esforçando real pra fazer capítulos bons e longos para vocês.



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Houve um momento de silêncio entre Duque e Elizabeth após aquele inesperada pergunta. A mão de Duque continuava estendida e a dama olhava para o cavalheiro completamente estupefata. A última coisa que ela esperava daquela noite era ser convidada para dançar. Aquilo parecia uma ironia cruel do destino, na única noite em que precisava ficar atenta ao salão, sentada como sempre, recebia um convite. E ainda um convite extremamente difícil de se recusar.

Ethan havia interrompido a conversa com Natalia e olhava atônito para Duque. Aparentemente Elizabeth não era a única a estranhar aquela situação. A maneira como Ethan estava reagindo, parecia que Duque havia perguntado se Elizabeth gostaria de ter um encontro às escuras no jardim da mansão. A única pessoa que não entendia todo o impacto daquela frase era Natalia, a ruiva olhava de um lado para o outro. E foi exatamente por isso que ela respondeu da maneira mais espontânea:

—Vai ficar com cara de taxo, Beth?! Aceite logo o convite do senhor Irving- Elizabeth virou a cabeça para sua melhor amiga. Natalia arregalou os olhos e acenou com a cabeça para o salão. Elizabeth engoliu em seco.

—Senhorita Johnson acabou de ganhar meu respeito sincero- Ethan exclamou, com um sorriso travesso no rosto, recebendo em troca olhares de Duque e Elizabeth.

Neste momento, a moça olhou para aquele belo homem que a encarava em expectativa. Seus olhos castanhos claros pela primeira vez demonstravam uma certa vulnerabilidade. Como ela poderia recusar? Mesmo que o destino de todos estivesse em jogo, ela decidiu deixar o cuidado um pouco de lado e se deixar levar pela emoção. Acenou com a cabeça e pegou no braço de Duque, caminhando suavemente para o salão.

A música começou a tocar, uma valsa suave. Elizabeth colocou uma mão sobre o ombro de Duque e ela sentiu o toque quente dele sob as suas costas. Ele guiou-a pelo salão, seus movimentos inesperadamente suaves. As saias de seu vestido eram leves e rodopiavam, enroscando-se nas pernas de Duque. Eles estavam tão próximos que para Elizabeth olhar para o rosto dele, tinha que inclinar a cabeça levemente para cima.

—Que motivo especial levou o senhor a me convidar para uma dança?- os olhos dela demonstravam uma certa expectativa pela resposta.
Duque se sentiu culpado pelo real motivo que o levou a convidar Elizabeth para dançar. Era óbvio que comparecendo a um dos maiores da temporada social londrina, encontraria seu meio-irmão. Adam adorava frequentar esse tipo de evento. Por ser um futuro duque, todas as damas faziam tudo ao seu alcance para chamarem atenção do herdeiro. A intenção do cavalheiro não era se casar com nenhuma daquelas moças, mas adorava ser bajulado, e ter o poder concentrado nas suas mãos.

Duque viu o momento em que Adam avistou o irmão do outro lado do salão, e se encaminhava na direção dele. A última coisa que o dono do Royale gostaria de fazer naquela noite era lidar com dramas familiares, já havia tido o suficiente nos últimos dias com Elizabeth e June. Por isso que convidou a Clark mais velha para dançar.

Não era como se ele não quisesse convidá-la. A proximidade entre os dois era muito agradável. Duque ficava deslumbrado com aqueles olhos castanhos brilhantes. Mas não teria tido coragem, vários olhos maldosos fixaram-se sobre ele quando entrou no salão. Agora, então o número de observadores havia duplicado. Atenção totalmente indesejada por Duque.

—Duque?- Elizabeth chamou. Ele se perdeu nos seus pensamentos e esqueceu de responder à pergunta. Engoliu em seco, sentindo-se obrigado a dar uma resposta sincera.

—Meu meio-irmão, Adam, está aqui. Ele me avistou e provavelmente estava vindo em nossa direção. Eu quis evitar uma conversa indesejada. Não é o foco de agora- ele admitiu, relutante. Quando Elizabeth pareceu visivelmente decepcionada, Duque sentiu uma pedra gigantesca em seu estômago.

—Ah, entendo- ela respondeu simplesmente. Seu olhar parecia um pouco magoado. Ele sabia que a resposta esperada era porque ele simplesmente teve a necessidade de dançar com ela, o que também era verdade. Queria continuar a conversa, explicar o que estava passando pela sua cabeça naquele momento, mas Elizabeth o interrompeu.

— Você está certo.Acho melhor nos concentrarmos no nosso plano. Há muita coisa em risco para ficarmos pensando em dramas paralelos- em questão de segundos seu rosto estava firme, seu olhar determinado. Ela era muito boa em esconder seus sentimentos, o que somente aumentou a culpa de Duque.

A valsa chegou ao fim e Elizabeth viu pelo canto do olho June se encaminhando para fora do salão. A saída dela era discreta, mas o suficiente para atrair a atenção de um certo nobre falhido. A segunda parte do plano estava em ação. June dançou com James para se colocar no centro da atenção de todos, inclusive do chantagista.

A segunda carta havia chegado na mansão Clark e os valores exigidos eram exorbitantes. Assim que a carta foi recebida, June e Elizabeth correram para o Royale, contar as novidades, sem saber como reagir diante de tanto dinheiro exigido. Foi neste momento que Ethan havia tido uma ideia deveras arriscada: provocar o chantagista. A carta foi respondida com um pequeno envelope contendo apenas um penny.

“Esse cretino claramente precisa de muito dinheiro e não vai largar o osso tão cedo. Se conseguirmos irritá-lo, pode ser que ele se revele. E aí talvez conseguiremos procurar alguma mácula do passado dele e reverter a nossa situação. O chantagista se torna o chantagiado” era o que Ethan disse quando James e Duque questionaram o quão arriscado seria. Todos acabaram concordando relutantemente. Enquanto Elizabeth procurava pelo salão algum conhecido da família Clark que pudesse parecer com o cavalheiro mascarado, June tentava atraí-lo para uma conversa.

O problema era que Elizabeth não estava reconhecendo muitas pessoas. Não via ninguém conhecido saindo apressadamente pelo salão, todos pareciam engajados em alguma conversa, com uma postura distraída. Seu nervosismo começou a aumentar, olhando de um lado para o outro agitadamente.
Duque a levava para fora do salão e ela evitava olhar para o cavalheiro. Caso o fizesse, todos aqueles sentimentos de decepção e mágoa voltariam à tona. Duque a usando para evitar dramas familiares. Que cretinice.

Os dois regressaram para o mesmo lugar em que Ethan e Natalia continuavam conversando. A atuação do loiro era praticamente nula no plano, ele podia dar-se o luxo de flertar com qualquer dama que achasse interessante. “Eu já tive o trabalho de pensar em uma estratégia. Minha beleza já está suficientemente cansada”, era a justificativa alegada pelo dono do Royale.

Pela visão periférica, Elizabeth notou um cavalheiro loiro aproximando-se de Duque. Sentiu o moreno ficar tenso e na hora ela imaginou que aquele seria o meio irmão de seu amigo. Ele era pelo menos dez centímetro mais baixo que Duque, sua pele era bem mais clara, seu cabelo era amarelo trigo. Havia uma certa arrogância na postura dele, andando com um nariz empinado. Elizabeth antipatizou com ele no mesmo momento.

—Vejo que decidiu dar as caras, irmãozinho- Adam se aproximou e Elizabeth não pode deixar de notar que Duque e ele tinham a mesma tonalidade marrom nos olhos. Tirando esse pequeno detalhe, os dois eram completamente diferentes.

—Não fique animado, Adam. Definitivamente não foi por sua causa- Elizabeth arregalou os olhos, aparentemente os dois não se davam muito bem.

—Ai. Assim você machuca meus sentimentos- o loiro disse, irônico, enquanto colocava a mão no peito.

Ethan, ao ver o conflito, aproximou-se, tenso. Seu maxilar estava travado e seu olhar azul estava gélido. Elizabeth pensou que estava observando um confronto entre anjos. Todos poderosos, com posturas fortes. Ela observava, admirada.

—É mesmo? Achei que você não conseguia sentir nada nesta pedra que chama de coração- Adam arregalou ligeiramente os olhos, surpreso com a resposta. Elizabeth teve que segurar os lábios para não deixar escapar uma risada. As pessoas em volta já percebiam o conflito e olhavam, nervosas.

Foi neste momento que Elizabeth viu pelo canto do olho, alguém conhecido se esgueirando no canto do salão. O barão Thompson. Um conhecido antigo da família, era amigo de Phillip há anos. Elizabeth havia visto o cavalheiro no salão. Só não esperava que ele fosse capaz de chantagear os Clark. Mas as feições eram parecidas com o cavalheiro mascarado. Ela ficou completamente estupefata. Precisava confrontá-lo naquele exato momento.

Elizabeth olhou para Duque e seu irmão tendo um confronto verbal e Ethan atrás de seu amigo, prestes a entrar em ação. Ela não conseguiria sair despercebida com todo aquela muvuca. Com certeza levantaria suspeitas. Revirou os olhos e entrou no meio dos dois irmãos e disse:

—Eu não sei exatamente qual o conflito que o senhor tem com Duque. Mas não viemos até aqui para arranjar confusão. Então, eu peço encarecidamente que o senhor dê meio volta e tire seu traseiro pomposo daqui- aquele baile realmente estava dando nos nervos dela.

Adam arregalou os olhos, completamente estupefato. Elizabeth imaginou que ele nunca esperaria que uma dama falaria daquela maneira com ele. Duque estava completamente maravilhado, um sorriso de canto no rosto, tentando ser discreto. Já Ethan tinha um sorriso gigante no rosto, ela não se surpreenderia caso ele a congratulasse bem na frente de Adam.

O meio-irmão de Duque passou pelos três e caminhou até a saída do salão. Seus ombros pareciam pesados. Elizabeth se virou para Duque e simplesmente disse, seca:

—Precisamos sair daqui o mais discretamente possível. Acho que sei quem é o mascarado- as feições de Duque ficaram sérias, voltando-se ao plano- Eu vou sair primeiro e vocês dois vêm logo depois.

Elizabeth passou apressadamente por sua melhor amiga. Natalia olhava perdida para tudo que havia acontecido nos últimos minutos. Ela precisava ser atualizada urgentemente.

—Prometo que amanhã vou lhe explicar tudo que anda acontecendo. Mas agora não vou conseguir- Natalia acenou com a cabeça, conhecia sua amiga o suficiente para saber quando o assunto era sério e não poderia ser questionado.
Elizabeth pelo salão o mais rápido e mais discretamente possível. Sua irmão já deveria estar conversando com o barão naquele momento. A única coisa que estava a fazendo manter a calma era o fato de James estar por perto, caso algo de ruim acontecesse. Subiu as escadas da mansão Edgell. Rezou para que tudo desse certo e a família Clark poderia se livrar daquele mal.
***

Elizabeth já havia vagado muito pela mansão, quando finalmente conseguiu achar sua irmã. June estava na esquina de um corredor. Suas feições estavam assustadas, falava com alguém. Mas do ponto em que Elizabeth se encontravam, não conseguia ver a figura, somente uma sombra projetando-se sobre a parede atrás dos dois. Ela tentou se aproximar silenciosamente:

—Que tipo de brincadeira foi aquela? Me mandando um envelope com uma mixaria daquelas? Você e sua irmã não estão entendendo a gravidade da situação. Eu posso arruinar a reputação das duas em questão de segundos- Elizabeth escutou uma voz masculina, a raiva era evidente no seu tom.

—Os valores que o senhor pediu são muito altos. Sabe muito bem que a minha família não é capaz de pagar pelo seu silêncio- June argumentou com a voz trêmula.

—Mas o seu querido James tem. Sugiro que se apresse em juntar a quantia necessária.

Elizabeth sentiu um toque em seu braço, virou para trás e viu Duque e Ethan juntos. Eles conseguiram achá-la.

—E caso nós não nos apressemos?- James saiu de um ponto das sombras.

Elizabeth continuou andando até estar lado a lado com sua irmã e de frente com o chantagista. De fato era o barão Thompson. Ele estava com os olhos levemente arregalados, não esperava encontrar todos de uma vez só. Era muito mais fácil ameaçar June do que três cavalheiros intimidadores. O barão parecia visivelmente encurralado, por isso ele jogou sua carta mais intimidadora:

—Então, talvez eu conte para Phillip o que suas garotas andam aprontando- Elizabeth viu June arregalando os olhos. Isso era uma carta fora do baralho. Essa notícia não poderia chegar aos ouvidos do pai delas de maneira alguma- Ah vejo que finalmente entenderam o meu ponto. Entreguem-me de vez o dinheiro. Ou a saúde do papai vai ladeira abaixo.

Phillip tivera uma parada cardíaca há alguns anos atrás. Desde então sua saúde vem se debilitando cada vez mais. A recomendação do médico era evitar estressar o pai o máximo possível. A notícia que a reputação de suas duas filhas estarem em jogo não era algo que faria exatamente bem. A alta sociedade toda soubera do infarto, mas poucos sabiam que Phillip não havia se recuperado completamente. E claro que seu pai havia confiado na pessoa errada com essa informação. O coração dele era bom demais para enxergar o mal nos outros.

—Por que o senhor está sendo tão cretino? Nunca fazemos nada de mal para você ou sua família?- Elizabeth chacoalhou a cabeça, indignada.
O barão riu seco. Ele era um homem de grandes proporções nos seus quarenta anos. Já havia constituído uma família. Por que motivo precisaria de dinheiro?

—A senhorita tem noção quanto custa uma temporada social em Londres para uma dama? Ainda mais três? As minhas três filhas são solteiras. Uma delas eu até desisti de tentar casá-la, nenhum cavalheiro se aproxima dela por conta de sua gagueira- Elizabeth começou a sentir o sangue correr pelas suas veias. Quando o assunto era damas solteiras, algo dentro dela se acendia.

—Claro. Esse poderia ser um fator contribuinte. Mas as suas visitas frequentes ao Royale contribuíram e muito para sua falência. Não é mesmo, lorde Thompson?- Ethan comentou, distraidamente.

—As terras foram herdadas por mim. Não vejo motivo de eu não poder gastar uma parte da minha renda numa diversão para mim. Foi frequentando o Royale que eu acabei descobrindo do lado feminino dele- Lorde Thompson deu de ombros, não se sentindo culpado.

—O senhor gasta o dinheiro, mesmo que sua família dependa dele para viver- June comentou horrorizada.

O barão fechou a cara e olhou para os cinco.

—Nenhum dos senhores tem direito de me julgar aqui. Todos têm seus pecados. Eu não estaria fazendo, se não estivesse desesperado. Vocês têm uma semana para me entregar o dinheiro- o cavalheiro saiu andando tranquilamente.

O plano havia funcionado como planejado, mas agora o jogo ficava cada vez mais arriscado. A saúde do pai das duas irmãs Clark estava em risco. Elizabeth suspirou, cansada. Ela e sua irmã meteram-se numa enrascada das grandes e ela não fazia a menor como sair.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?

Até quarta

Beeeeeijos



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