– Anda logo, Marco! Senão a gente vai se atrasar – apressei, porque ele já estava se arrumando há muito tempo.

— Calma, já falei que tô quase pronto! – gritou ele lá do banheiro.

Nós íamos encontrar Tom para um evento de Mewni, e como ele não mora com a gente e precisou resolver umas coisas no caminho, foi primeiro e está nos esperando lá.

— Pronto, aqui estou eu – disse Marco uns dez minutos depois entrando na sala, onde eu estava sentada, pronta há muito tempo. Levantei e admirei meu namorado, que também me admirou.

— Uau, hein, você tá maravilhoso ­– exclamei.

— Você também tá muito linda ­– retribuiu ele. – Viu, eu preciso demorar me arrumando, pra ter esse resultado!

— Claro que não, você poderia se arrumar em menos tempo e ainda ficaria lindo – retruquei.

— Você diz isso porque usa sua varinha para se arrumar, senhorita Princesa Mágica. Desse jeito é muito fácil, não é?

— É verdade, e eu usaria em você também se você deixasse. – Coloquei meus braços em torno do pescoço de Marco e dei um beijo em sua bochecha. – Mas você é muito chato.

— Você também – disse ele.

Sorrimos um para o outro e encostamos nossos lábios em um beijo rápido. Em seguida, peguei minha varinha no sofá.

— Agora vamos logo, porque já tá quase em cima da hora, e Tom deve estar impaciente lá.

Chegamos ao evento e avistamos nosso namorado de longe. Fomos até ele e o abraçamos por trás, colocando a cabeça em seus ombros.

— Até que enfim! Nossa, vocês estão fantásticos – exclamou ele ao se virar para nós. O visual dele também estava deslumbrante.

— Desculpa o atraso! Foi culpa dele. – Apontei para Marco, que fez uma cara feia. Tom deu risada.

Tom e eu nos abraçamos e demos um beijo de cumprimento, e depois ele e Marco também deram um abraço e se beijaram. O evento não demorou muito a começar.

Meu nome é Star Butterfly, e eu sou a princesa do Castelo Butterfly, localizado em outra dimensão, Mewni; tenho uma varinha mágica com a qual faço muitas coisas e luto contra vilões durante uma boa parte do meu tempo. Mas não estou aqui para falar só de mim, e sim de nós três: eu e meus dois namorados. Sim, eu tenho dois namorados, que também namoram um com o outro. Um deles se chama Marco Diaz e é um humano que se tornou meu melhor amigo quando fui morar na Terra. O outro é Tom Lucitor, um demônio príncipe do Submundo aqui em Mewni, que eu já conhecia há mais tempo.

Os dois são as coisas mais fofas e incríveis desse mundo (e dos outros mundos também), e eu os amo muito. Mas a gente nem sempre esteve nesse relacionamento a três; na verdade, o caminho foi um pouco longo até chegar aqui.

Tom e eu fomos namorados há muito tempo, mas eu terminei com ele na época por causa de uns problemas que nós tínhamos. Quando fui para a Terra e conheci Marco, comecei a gostar dele, e esse sentimento foi crescendo cada vez mais; mas eu achava que não era recíproco, e quando ele arranjou uma namorada, tive certeza disso, mas depois ele terminou com ela e voltei a ter esperanças.

Então, Tom apareceu nas nossas vidas – no caso, reapareceu na minha –, ainda problemático e com um temperamento instável; ficou sendo inconveniente por um tempo, mas decidiu que queria mudar e ser alguém melhor, e de fato conseguiu, se tornando bastante amigável e gentil (um amor de pessoa), e se arrependendo das babaquices de antes. Nesse meio tempo, entre lutas contra o mal e viagens a Mewni e à Terra, eu confessei a Marco que gostava dele, e a resposta (da qual não gostei muito) foi que ele estava confuso e não sabia o que sentia por mim. Depois disso, como Tom passou a conviver bastante com a gente, em vários momentos houve um clima entre nós dois, assim como eu percebia que rolava um clima entre ele e Marco também.

Um dia, eu e Tom estávamos conversando e pensamos em voltar a namorar, mas eu disse a ele que não tinha superado meu crush por Marco; para minha não tão surpresa, Tom me disse que gostava de Marco também. Ficamos de conversar com ele depois, mas nem precisamos, porque Marco veio falar com a gente no outro dia e revelou, muito envergonhado (ele fica muito fofo quanto está assim), que estava gostando de nós dois.

Nós passamos um tempo em silêncio, nos entreolhando; acredito que estávamos pensando a mesma coisa. Mas foi Tom quem deu a ideia:

— Ah, então por que não namoramos os três? É a melhor solução, já que todo mundo se gosta.

Nenhum de nós tinha passado pela experiência de um poliamor antes, então hesitamos; mas resolvemos dar uma chance para esse namoro. E foi a melhor coisa que fizemos, estamos super felizes.

Quanto a nossas famílias, bem, os pais de Marco ficaram chocados e incomodados no começo, mas depois foram se acostumando, os pais de Tom sempre foram super tranquilos (até porque o pai é humano e a mãe é uma demônia, então eles não são um casal convencional) e meus pais, apesar de não entenderem (“Mas como alguém consegue namorar duas pessoas ao mesmo tempo? E depois você vai casar com os dois também?”), não falam nada de ruim.

 A noite do evento foi sensacional, nos divertimos muito, assim como todas as vezes que a gente sai junto. Nem sempre saímos os três, às vezes fazemos coisas em duplas, e também é divertido. Nossa relação é só amor e carinho na maior parte do tempo – e claro que as piadas e xingamentozinhos de brincadeira estão incluídos nessas duas palavras. Acontecem umas brigas de vez em quando, o que é normal, e elas logo são resolvidas. Nós estamos sempre experimentando coisas a cada dia. E assim seguimos, entre beijos e lutas contra vilões.

 Marco, Tom e eu temos uma relação que não pode ser expressa completamente em palavras. Nosso amor ultrapassou as dimensões.