Kepler-452 escrita por Doutor


Capítulo 8
Vênus que não é Vênus!




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Mary acordou em sua cabine. Seus cabelos estavam bagunçados. A garota levantou e caminhou até o local aonde guardava as suas roupas. Ela havia comprado várias roupas de vários planetas diferentes, mas continuava convencida de que preferia usar as roupas da Terra.

Ela levantou e foi até a sala de comando. Vincent estava acordado, focado em um holograma projetado a sua frente, aonde havia várias equações de desenvolvimentos matemáticos. Mary tentou entender que área da matemática era aquela,  mas não conseguiu. 

—Você é... - disse ela, mas foi interrompida pelo susto que Vincent levou ao notar a existência da garota na sala.

—Oi! Você já acordou? Mas foi dormir há pouco tempo!  -  disse ele. Mary olhou para o relógio da nave, que cronometrava o tempo que se passou desde o último salto.

—Não! Tem umas nove horas que eu fui dormir. - disse ela.

—Nove? O tempo passou rápido. Aliás,  belo cabelo.  - disse ele, apontando para os cabelos bagunçados da garota.

—Ei! Não faça piadas. A culpa é dessa gravidade artificial da nave. - reclamou ela. Vincent olhou para Mary com uma expressão de confuso. 

—Não foi uma piada. - respondeu ele, mas Mary nem prestava mais atenção,  pois caminhou até a cadeira giratória e se sentou.

—Maquina do tempo... - Mary pensou alto. Haviam cinco dias desde que conversaram sobre a maquina do tempo, mas a garota continuava perplexa com aquilo. - O que mais vocês sabem? 

—Depende...

—Vocês devem saber uma resposta para vida, o universo e tudo mais. - disse ela.

—Quarenta e dois. - respondeu Vincent, surpreendendo a garota.

—Quarenta e dois? De onde tirou isso?

—Li em um livro da Terra uma vez... Pensei que estivesse fazendo referência a ele. - disse Vincent, ainda focado nas variáveis e números de todo seu desenvolvimento matemático.

—Você deveria dormir. Não dorme desde a última vez que a nave deu um salto, e isso foi mais de vinte horas atrás. 

—É... - Vincent claramente não prestava mais atenção no que a garota estava dizendo. 

—Ei! - ela levantou da cadeira e caminhou até o garoto, puxando o rosto dele para que olhasse nos olhos dela.

—Eu tô ocupado, Mary.

—Deu pra ver... Mas você tem até um dormir. 

—Minha espécie consegue passar uma semana acordada sem sofrer efeitos colaterais. - disse ele, voltando a olhar para as anotações. Mary fez uma expressão de irritada, mas no fim concordou em não ficar enchendo o garoto. Ela olhou para as anotações e tentou entender algo,  mas estava muito além de seu conhecimento, então decidiu quebrar o silêncio. 

—Sabe, você é legal...- disse ela.

—Sou?

—Sim... Na Terra você parecia ser só um nerd chato... -  disse ela.

—Mas eu continuo sendo o mesmo que eu era na Terra. - Vincent não tirou os olhos das anotações. 

—Sim. - concordou Mary. - Mas eu nunca tinha me focado em você... Digo,  nunca tinha tentado te conhecer. - ela se sentou no chão.

—Verdade. - disse Vincent, ainda extremamente focado.

—Foi necessário perceber que a Terra não é o centro do universo ptá... - ela respirou profundamente. 

—Pra...? - Vincent olhou pra ela.

—Pra eu começar a parar de me importar com cabelos bonitos, garotos bonitos, roupas, festas,  ganhar dinheiro... Essas coisas.

—Você queria se tornar engenheira só pra ganhar dinheiro... Isso não é novidade. Em todos os planetas existem pessoas querendo ganhar dinheiro. - Vincent voltou a olhar para os cálculos. 

—Sim, eu sei. Mas percebi que há coisas mais importantes do que dinheiro e aparência... - disse ela, e olhou para Vin. -Tipo a sua personalidade e... a de todo mundo. Só comecei a te conhecer verdadeiramente depois de perceber como sou pequena. - após dizer isso, Vincent olhou para cima, refletindo sobre as palavras de Mary. 

De repente,  o computador soltou umas palavras.

—Já estamos nos aproximando de Vênus. - disse a voz.

—Vênus? - disse Mary, surpresa. - Estamos no sistema solar? 

—Não. É um outro Vênus. Devem existir uns vinte planetas com esse nome na galáxia, eu acho. - disse ele. -Ele chegou a entrar na lista dos nomes de planeta mais comuns. 

—Mas... Vênus é um nome de uma deusa de uma mitologia da Terra! - exclamou Mary.

—Mas vênus também significa garrafa no idioma marnenziano. - disse Vincent. 

—Mas... Quais são as chances disso acontecer? - questionou ela, sem entender o porquê daquela coincidência não afetar Vin.

—Talvez seja uma coincidência muito improvável pra você. Você vivia em um planeta com apenas sete bilhões de pessoas e alguns milhares de idiomas. - disse ele. - Mas na galáxia, aonde existem milhões de espécies, bilhões de planetas e, se não me engano, uns cinquenta e sete bilhões de idiomas, as coincidênciaa são mais frequentes do que imagina. Você conhece a lei dos grandes números, sabe do que estou falando. - o argumento de Vincent fazia sentido, então Mary apenas concordou.

—Então o que vamos fazer em Vênus que não é Vênus? 

—Vamos conversar e beber umas bebidas. - disse ele, desligando o holograma , sentando na cadeira e começando a coordenar o pouso da nave.

***

Vincent e Mary entraram em um local que, aparentemente, era um bar alienígena. Seres de várias espécies conversando, bebendo, jogando jogos de azar. Mary ficou encantada com o local, mas percebeu que Vincent parecia estar procurando por algo.

—Então,  vamos nos sentar aonde? - perguntou. 

—Ali! - Vincent apontou para uma mesa, então os dois se sentaram lá. Vincent continuava olhando para todos os lados, enquanto Mary se perguntava como fazia para pedir algo. 

—Vin, posso pegar algo ora beber? - perguntou ela. Vincent olhou para a garota e fez uma expressão que demonstrou que ela havia feito ele se lembrar de algo. 

—É mesmo. Desculpe. Dá sua mão.  - disse Vincent,  estendendo a mão para ela. Mary também estendeu, hesitante. Vincent pegou o que parecia ser um palito de vidro e colocou na mão dela. 

—O que é isso?

—Passe na sua boca. Precisa de uma amostra de saliva. - respondeu ele.

—Mas... Pra que? 

—Isso vai analisar os tipos de bebidas que um terráqueo pode beber sem morrer. - ao escutar isso, Mary levou o palito de vidro até a língua e deu uma leve lambida. O palito irradiou um leve brilho amarelo, que parou em alguns segundos.

—E agora? - perguntou ela. Vincent pegou o palito e colocou naquele seu relógio que, aparentemente, servia para muitas coisas, exceto para ver as horas.

—Pronto,  já tenho sua amostra... Garçom! - gritou ele. Um robô surgiu, trazendo o que parecia ser um tablet nas mãos metálicas. 

—Menu, senhor? - perguntou o robô. 

—Sim, obrigado. - Vin pegou o "tablet" e aproximou seu relógio dele. Logo, uma tela brilhou, revelando um menu cheio de bebidas e comidas. Ele entregou para Mary.

—O que...

—É o menu. Eu dei as nossas informações para ele e ele nos revelou as comidas e bebidas que não são fatais para a nossa espécie.  Como os humanos e os habitantes de Norzoon são...

—Norzoonianos, no caso. - interrompeu Mary.

—Não exatamente. Nós nos chamamos de habitantes de Norzoon. - respondeu Vincent. - Mas enfim, nossos sistemas digestivos são parecidos. Mas minha espécie consegue ingerir coisas que a sua não consegue.  Tá vendo que algumas bebidas possuem o nome com letras azuis e outras com letras vermelhas? - ele indicou com o dedo dois exemplos no menu.

—Sim.

—Então,  você pode pedir as azuis e eu, as vermelhas.  Já as roxas são comidas e bebidas que nós dois podemos pedir. Perceba que a maioria está com letras roxas. - explicou.

—Isso é um tanto... legal. - disse Mary, dizendo pro garçom o que queria logo em seguida. 

Vincent continuou olhando para os lados, ainda procurando por algo. Quando a porta do bar se abriu pela quinta vez, um ser com aparência humana entrou. Era totalmente igual a um humano, com exceção dos quatro braços que possuía. 

O homem de quatro braços visualizou Vincent e caminhou até ele.

—Karvatorofopianassamos? - perguntou o homem de quatro braços, assustando Mary. 

—Qu..Quem é esse, Vincent?

—Esse é...

—Eu sou Venclir, e você,  madame? - Venclir interrompeu Vincent. Ele pegou uma mão de Mary e deu um beijo. 

—M-Mary. - respondeu ela.

—Encantado. Se esse norzooniano tivesse me conta do que você estaria aqui,  eu não teria me atrasado.

—Quem diabos é você? - perguntou Mary, tentando entender a situação.

—Venclir vai nos ajudar com a maquina do tempo. - disse Vincent. Mary olhou de Venclir para Vincent. Ela desejou poder falar através de telepatia com Vin naquele momento. 


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