Problemas no Paraíso escrita por Carol McGarrett


Capítulo 2
Capítulo 02


Notas iniciais do capítulo

Tive que dividir a oneshot em dois capítulos para facilitar a leitura! Aproveitem! E espero que vocês gostem do final!!



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 - Se você pensar em me bater, Coronel Mann, saiba que imediatamente a sua unidade do Exército será notificada. Então, é melhor abaixar o tom e se manter composta. – Jenny respondia friamente aos avanços de Hollis, algo que não esperava de quem, até poucas horas atrás estava soltando fumaça pela cabeça.

— Você não é mais Diretora da NCIS, é uma mera agente especial, acha que tem algum poder? Você é nada!

— Não preciso ser Diretora ou ter algum poder, basta um relatório bem feito, as imagens das câmeras de segurança deste andar e a notificação ao Diretor da Agência para que você seja afastada da investigação. E, se eu ainda bem me lembro de todos os protocolos de investigações internas, você será imediatamente suspensa da investigação, sendo que outra pessoa será designada para o cargo. Assim, se você quiser avançar e bater em uma Agente Federal sem motivo, quem vai ter problema será você.

Tony sibilou do meu lado, ele parecia gostar do que ouvia.

— Ela não vai entrar no joguinho da Mann. Essa é a minha Diretora! Quer dizer, ex-Diretora! – Abby comemorava.

— Você está se achando só porque é casada com o líder da equipe? Isso não vai durar para sempre. Quantas vezes ele foi casado? Você será mais uma na longa lista de ex-esposas de Jethro. – Mann avançava perigosamente para mais perto de Jenny. As duas estando separadas apenas pela estação de trabalho da segunda. Fiz menção de entrar e separar a confusão, mas Jenny apenas me lançou um olhar e se voltou friamente para a rival.

— A Senhora, Coronel Mann, perdeu completamente o foco da investigação. Estamos em busca de uma Comandante da Marinha e seus dois filhos, inclusive, um bebê de apenas seis meses. Se você quer ficar apenas focando na vida pessoal dos agentes da NCIS, isso é problema seu. Mas saiba que não é assim que esta equipe e esta Agência trabalham. Temos nossas prioridades, e, neste exato momento, são as três vidas que citei. Se isto não é o seu foco, sugiro que não atrapalhe o nosso. E se você achar que estou sendo privilegiada em algum aspecto, favor comunicar diretamente ao líder da equipe que ele o Diretor Vance se posicionarão quanto ao assunto, decidindo qual é a melhor opção para um resultado favorável da investigação. E agora, mais uma vez, peço licença, pois um dos alertas lançados por este time acaba de retornar com uma identificação. – Jen em hora nenhuma deixou de respeitar a posição de Mann, ou seja, manteve-se no seu posto e soube como aproveitar o seu conhecimento das regras e da politicagem para ganhar a briga sem precisar se humilhar. Era a Jen que eu conhecia.

Ao final da resposta de Shepard, reparei que todo o andar se preparava para filmar uma briga, mas isso não aconteceu. Leon interveio antes que uma muito humilhada Hollis pudesse ter a ideia de bater em Jenny.

— Coronel Mann, não pude deixar dei notar que você parece ter alguns problemas com a Agente Shepard, ficaria muito grato se estes problemas fossem comunicados a mim ao invés de serem espalhados dessa maneira por este local de trabalho. Então, sugiro que me siga até meu escritório e, juntamente com o Agente Gibbs, resolveremos a questão.

Mas Hollis estava tão sem graça e fora humilhada tal ponto que disse que retornaria mais tarde, pois precisava ver se a sua equipe havia encontrado alguma pista que nos fosse útil. E, rumou para o elevador de cabeça baixa o mais rápido que conseguiu.

Nessa hora, todos os presentes dirigiram seu olhar para Jenny, que apenas se ajeitou na sua mesa e passou a olhar o resultado recém recebido. Mas, conhecendo-a como eu conhecia, tinha certeza que internamente, ela comemorava essa vitória. Jennifer Shepard não leva desaforo para casa, muito menos de alguém que se proclamou sua rival. Por fora, era a imagem da calma e frieza necessárias para qualquer Agente Federal, mas por dentro, eu sabia que minha esposa estava furiosa com a intromissão da Coronel, e faria qualquer coisa para afastá-la o mais rápido possível daqui.

Antes de me dirigir a Leon, que me chamou até a sua sala, vi Ziva sorrir vitoriosamente para si mesma, assim como McGee respirar aliviado. Ao meu lado Abby comemorava baixinho:

— Eu não gosto de violência, mas é muito bem feito para a Coronel. Ela devia respeitar a Jenny como a agente federal que ela é, e focar no caso. Isso que ela vem fazendo é um absurdo! Tá vendo porque a Jenny tinha que ter continuado como Diretora? Ela sabe usar as palavras como uma arma, sem precisar se rebaixar! E isso, Vance não sabe fazer!!

Tony apenas observara o confronto, certo de que em algum momento uma das duas voaria no pescoço da outra.

— Não vá achando, DiNozzo, que a Jenny vai bater na Coronel. Não é assim que ela age. Você já deveria ter aprendido.

— Não, Chefe, isso nem passou pela minha cabeça. Ao contrário, fiquei me perguntando se a Mann tivesse voado na Shepard, quem iria separar as duas? – E ele me lançou um olhar inquisitivo.

— E você acha que a sua namorada não iria tentar matar a Mann, Tony? – Palmer respondeu.

— Todos nós iríamos defender a Jenny. Todos nós! Porque somos uma família. – Abby disse.

— E eu não me importaria de fazer a autopsia da Coronel. Vamos, senhor Palmer, ainda temos que terminar o relatório da autopsia do Sargento Williams. E você, Senhorita Abigail, também tem alguns testes para fazer, se não me engano, mandei algumas balas para análise. Vamos deixar a equipe fazer o que eles sabem. – E os três voltaram para o elevador.

Quando passei pela mesa dos três vi que Ziva e Tim me olharam um pouco receosos, já Jenny não levantou o olhar, não por vergonha, até porque ela agira muito bem, mas porque estava se recompondo. Aposto que ela precisou de muito alto controle para não soltar certas coisas.

— Então, qual é o resultado do alerta?

— Um sedan passou por um pedágio da M-10, em direção à zona rural. Claramente nas imagens é a Comandante Williams no banco de trás. – Shepard me respondeu, colocando as imagens na tela.

— Ótimo. McGee tente localizar o carro pelas câmeras de tráfego. Se não conseguir nada, pode usar imagens de satélite da área. A prioridade é a locação imediata da Comandante. Assim que tiverem novidades, me liguem, estou na sala do Diretor.

— Sim, Chefe.

E subi para ter uma conversa nada agradável com Leon. Sabia muito bem o que ele iria falar.

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Me custou todo o meu alto controle. Mas eu não voei no pescoço daquela loira. Quem ela achava que eu era? Alguma recruta da sua turma? Ela deve respeitar todos os agentes federais. Não é porque ela é militar e esta afim do meu marido que ela pode se achar no direito de dizer o que bem quer, quando quer, onde quer. Aqui, acima de tudo é o meu local de trabalho. E deve ser respeitado.

Quando Jethro fez menção de entrar para apartar o que poderia ser uma briga, eu tive que impedi-lo, por dois motivos: o primeiro, eu sempre soube me defender. E não seria uma Coronel do Exército que me colocaria medo. Já coloquei muitos políticos, secretários e bandidos nos seus devidos lugares; e segundo, se ele fizesse isso, seria mais um motivo para que Mann aumentasse seu ego e a perseguição a ele. E tínhamos outro foco. As crianças e a marinheira desaparecidas.

Quando a vi ir embora, pude enfim respirar. Mas ainda tive que permanecer com a fachada de calma e controlada para que ninguém ousasse tentar fazer algo parecido com isso futuramente. Eu estou bem ciente das fofocas que alguns trocam até hoje. Acham que só fiquei aqui por conta do meu relacionamento com Gibbs. Às vezes, não basta fazer o seu melhor, você tem que provar que merece o seu posto pelo o que você faz, pelo o que e capaz de fazer e por quem você é. E estas pessoas estavam merecendo ouvir isso também. Assim, eles notaram que, apesar do meu “rebaixamento” na hierarquia, eu ainda sabia perfeitamente como me defender e atacá-los da maneira que os fariam temer por seus empregos. Eu atuei junto com a política, então fazer chantagem era uma das minhas estratégias favoritas quando vinham me atacar. E, modéstia à parte, sempre fui boa em politicagem. E agora todos viram isso. Provaram bem de perto o que eu fazia quando era Diretora. E me deixariam em paz.

Então Gibbs entrou no seu modo chefe nos mandou fazer o que já sabíamos que teríamos que fazer. Nada de novo. E se foi para o andar superior. Estava ciente que eu seria o assunto da conversa. Eu e Mann. Que alegria! Dois marmanjos falando de mim pelas costas. Paciência é a pedida do dia.

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Não sabia o que Leon queria com essa reunião fora de hora. Caramba, ele vira que tudo fora resolvido lá embaixo sem maiores danos. O ego e a autoestima da Mann não contavam como danos.

Entrei logo atrás dele e já fui soltando:

— Se você quer evitar que outra situação como a que acabou de acontecer lá embaixo ocorra novamente, peça que a ECDI mande outro responsável pelo caso. Mann tem sido inconveniente durante todo o dia! – disparei.

 - Gibbs, você tem certeza que manter Shepard na equipe foi um bom negócio? Olha o que aconteceu hoje!

— Por favor, Leon! Eu acabei de te dizer, a Jenny não teve culpa de nada. A Mann foi quem se achou no direito de tentar voltar comigo.

— Jethro, se todas as suas ex-namoradas aparecerem por aqui e resolverem tirar satisfação, a situação vai ficar insustentável. Controle suas exs!

Por um momento eu achei que ele iria me mandar controlar a Jen, mas ele não seria maluco.

— Não tenho nada que posso fazer. Além do mais, creio que a Mann não será mais problema. Shepard cuidou dela muito bem.

Vance apenas suspirou e me lançou uma olhar cansado. Quando virei para sair de seu escritório, ele apenas me disse.

— Espero que mais nenhuma ex sua apareça por aqui. Hoje Jenny foi controlada, mas nós dois sabemos que ela não tem essa calma toda.

— Eu conheço a Jen, Vance. Ela não vai jogar tudo pro alto por conta de pouca coisa. Não tenha esperanças de que vai mandá-la para outro lugar por conta de escândalos, porque não vai. – E fechei a porta com força.

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Estávamos à espera de Gibbs. Ele até pedira que quando algo fosse encontrado, era para ligar, mas ninguém teve essa coragem. A única pessoa que poderia fazer isso, – Jenny – tinha dado uma saída. Ficamos ali, com tudo pronto para poder ir à cabana onde o carro do suspeito foi localizado.

Antes que Gibbs voltasse, Jenny chegou, e trouxe café para todos nós. Não poderíamos ficar mais felizes. Esse caso estava acabando com as nossas energias.

Então Gibbs voltou e vendo que tínhamos tudo pronto, apenas esperou pela informação.

— Uma cabana no meio do parque. A uns cinco quilômetros à leste da rodovia. – Respondi.

Pegamos nossos cafés e rumamos para os carros.

Quando chegamos ao estacionamento, notei que Shepard havia jogado o café na lixeira. Estranhei, logo ela que sempre fora viciada em cafeína, jogando fora um café fresco?

— Já acabou com aquele café, Jenny?

— Não. Mas ele está com um gosto estranho, Ziva. Acho que erraram na mão quando o fizeram. – Ela me respondeu com uma cara esquisita.

— Ah, adorei o que você falou para a Mann. – Continuei enquanto entramos no carro, junto com Tony que já estava no banco do motorista.

—  Não fiz nada demais. Ela só precisava ser colocada no lugar dela. – Ela deu de ombros.

— É, mas por um momento e achei que ela fosse te bater. – Tony se intrometeu.

— Ela não seria doida, DiNozzo. Quem tem a perder é ela.

— Tem certeza?

— Não. Mas também não quero pagar para ver. Porque tenho certeza de que, se ela me atacar, eu não vou deixar barato.

— Depois do que você fez, eu duvido que ela apareça por aqui mais uma vez.

— AHAHA! Não duvide dela Tony. Creio que ela vá voltar sim! – Eu respondi.

Jenny ficou calada. Acho que ela não aguentaria outra rodada de insultos sem esganar a Coronel, não!

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Quando chegamos à cabana, eu tive um verdadeiro deja vú. Aquele lugar parecia em muito com a cabana onde eu encurralara Zukov. Ainda bem que as circunstâncias eram outras.

O mais estranho de tudo, era que, quando fizemos a batida, não tinha nenhum dos sequestradores lá dentro. Apenas a Comandante, amarrada e amordaçada. A Libertamos e a primeira pergunta que ela fez foi sobre sua família.

— Meu marido? Meus Filhos? Onde eles estão? Estão bem?

— Comandante Williams, calma. Ainda não temos informações quanto aos seus filhos, mas saiba que tudo o possível está sendo feito. Preciso que mantenha a calma e nos conte o que aconteceu. Mas primeiro vamos te levar para um hospital. – Eu tentei controlar a Comandante.

— Sem hospitais. Eu estou bem! Já passei por coisa pior do que isso. Darei todas das informações que possuo.

O restante da equipe voltou. Sem nenhum sinal dos suspeitos. Apenas outra marca de pneu na entrada, que era muito diferente da do carro que fora abandonado ali.

Levamos a Comandante para o NCIS, onde ela seria interrogada e contaria o que estava por trás do crime.

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Um pouco mais calma, a Comandante contou que é da inteligência naval. Os três sequestradores eram membros de uma célula que queria o posicionamento dos navios da Marinha no Golfo, com o intuito de bombardeá-los. E, como ela sabia de antemão tudo o que acontecia e quando acontecia a mudança dos navios, eles foram atrás dela. Chegaram na sua casa de madrugada. Seu marido ouviu o barulho de algo ser quebrado na parte de baixo da casa e desceu para averiguar. Como ele não voltou, ela foi atrás e o localizou morto, logo no hall de entrada. Contudo, antes que ela pudesse reagir, ela foi atacada por trás e amordaçada, e quando deu por si, estava no banco traseiro de um carro com mais uma pessoa. Seus filhos estavam no carro que os seguiam.

Ela estava tão determinada em ajudar que guardou o máximo de detalhes do automóvel. Uma van, verde, placa TA25Y7. Só com isso ela nos ajudaria muito.

Agradeci sua força e ajuda e fui passar os detalhes à equipe. Quando cheguei no alto da escada, me deparo com a presença da Coronel. Espero que não seja o início do round 2. Mas seria.

Ela voltara pior do antes. Estava soltando piadinhas e descaradamente apoiando sua mão no ombro de Jethro, que tentava a todo custo afastá-la, chegando ao ponto de colocar o McGee no meio deles.

Quando fiz-me presente, ela fingiu me ignorar. E eu fiz a mesma coisa. Ela estava no meio de alguma piada ou tirada de duplo sentido, quando comecei a passar as informações.

Ao mesmo tempo, McGee abriu um novo alerta para o veículo e começou um novo jogo de espera. Só que desta vez que não ficaria perto da Coronel. Meu autocontrole já fora testado demais.

Então, dei a desculpa que precisava de um café, e por incrível que se pareça, todos resolveram que era uma ótima hora para uma pausa. E deixamos Hollis sozinha para trás.

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Pouco tempo depois, voltamos do nosso lanche. E vimos que o alerta para o carro que a comandante descreveu tinha dado resultado. E, notamos que não havia nenhum sinal da presença de Mann. Mas somente Vance, que muito calmamente nos informou que o ECDI havia deixado a investigação, depois que um incidente de má conduta fora reportado.

Todos nos olhamos confusos. Por mais que a presença da Comandante tenha sido irritante e inconveniente, nenhum dos presentes ali teria reportado algo. Então olhamos para VAnce, que desconversou e rumou para a sua sala, não sem antes dizer:

— O fato de que a investigação deste caso nos pertence, não significa que não teremos que mandar ao Exército o relatório final, portanto, assim que a presente investigação for finalizada, quero todos os relatórios completos em minha mesa dentro de doze horas, fui claro?

Todos balançamos as cabeças em claro sinal de concordância.

— Foi ele, não foi? Foi o Diretor quem reportou a confusão que Hollis fez, não foi? – Tony disse.

— Não sei, mas mais uma vez, você teve a “Casa de Apostas DiNozzo” fechada. – Ziva replicou.

— Já não era sem tempo. – McGee suspirou do meu lado.

Tony olhou desolado para algo em seu computador... e sussurrou um “de novo”.

Eu e Jethro apenas trocamos olhares. A reação de Vance fora inesperada.

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A van estava indo para o norte. Não muito longe de onde estávamos. Era uma operação de risco. Afinal, não sabíamos dizer se os terroristas estavam ou não armados, mas tínhamos uma certeza, a presença de crianças dificultava todo o resgate.

Não preciso dizer que Jethro e Ziva foram os responsáveis por dirigir. E, em menos de vinte minutos, estávamos bloqueando a estrada, bem em frente ao veículo. Um carro na frente e o outro atrás.

Já descemos com as armas em punho e gritando para que o carro fosse desligado. Tony, por ser quem estava mais perto do furgão, ainda tentou um acordo, dizendo que, se eles descessem e libertassem as crianças, poderiam evitar a perpétua.

Mas nada adiantou. A porta lateral foi aberta de repente os três começaram a atirar. A primeira bala acertou em cheio Tony. Na mesma hora todos revidamos.

— Me cobre, vou até o Tony! – McGee gritou.

— Pode deixar! – Eu e Ziva que estávamos mais atrás respondemos.

— Como está a situação? – Ouvimos Jethro gritar em meio aos tiros.

— Nada boa, Chefe, tem muito sangue! – MCGee respondeu  - Fica firme, Tony! Já tem paramédicos à caminho.

Ele conseguiu levar Tony para a parte de trás de nosso carro, e Ziva trocou de posição com ele, ficando responsável por cuidar do namorado até a ambulância chegar.  

Foi quando ouvimos dois gritos vindos da van. Pegaram a garotinha e estavam usando-a de colete. Covardes! Minha fúria cresceu e quando tive a oportunidade, atirei sem dó. No meio da testa.

Um já era. Faltavam dois.

Corri para pegar a garota. E me certifiquei de que ela estava bem. Meredith me garantiu que estava bem, mas estava preocupada com o irmãozinho, Sean.

— Vamos resgatá-lo, está bem? Mas preciso que você me ajude. Pode ficar bem quietinha e de cabeça baixa?

Nesse meio tempo, McGee acertou mais um dos bandidos. Só um agora tinha ficado. Mas era o pior deles. Quando viu que iria perder, resolveu atirar no bebê. Contudo ao tentar mirar, não viu que ficara na mira de Jethro. Ele puxou o gatinho, Gibbs também. O bandido caiu, mas não sem antes atingir o bebê.

— O bebê! – Gritei, correndo em direção à van.

Mas não o encontrei, o desgraçado caíra bem em cima do pequeno. Jethro me ajudou a tirar aquele ser dali e quando finalmente vimos o garotinho...

Era muito sangue e ele tinha um ferimento à bala. Não pude acreditar! Aquele ser inocente não poderia morrer ali. Não daquele jeito. Ele era tão novinho. Tão pequeno. Tive vontade de chorar e ao mesmo tempo ressuscitar o bastardo que o acertou só para poder matá-lo de novo!

Escutei Jethro perguntar do resgate. Ouvi McGee responder que eles iriam demorar mais de vinte minutos porque a estrada estava congestionada.

— Vinte minutos? O bebê não tem vinte minutos! E Tony também não!! – Gritei exasperada.

Olhei para Jethro e ele me entendeu. Ou era isso, ou perderíamos Tony e a criança.

— McGee, leve Meredith para a base, ela não está ferida. Dê as atualizações necessárias para a Comandante e peça para Ducky aparecer. Coordene com a policia local.- Jethro deu as ordens.

Eu estava aflita, o bebezinho começava a ficar com os batimentos lentos.

— Jethro, por favor, ele não tem muito tempo!! – Vi-o correr em direção ao carro – Dirija do jeito que você sabe!

Voamos depressa pela contramão, durante essa corrida alucinada, liguei para o hospital mais próximo e os mandei ficar em alerta, chegamos em tempo recorde, e levaram Tony e o menininho para os devidos cuidados.

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A espera era angustiante, eu andava de um lado para outro. Verificava o relógio em meu pulso a cada trinta segundos. E ninguém aparecia para dar a menor das notícias.

Enquanto eu me desesperava indo e vindo pelo corredor, vi Ziva sentar quieta com as mãos em seu rosto, muito provavelmente fazendo uma prece por Tony e repassando os acontecimentos daquela madrugada. Jethro, por sua vez, estava ao telefone, tentando explicar todas as nossas ações e por sua vez, recebendo as atualizações vindas da base.

Após o que pareceram horas. Finalmente alguém vestido com aquelas horrendas roupas de sala cirúrgica apareceu. Trazia notícias de Tony. A esta altura, McGee já estava de volta e tinha trago Abby e Ducky com ele. O caso estava oficialmente fechado, sendo que matamos os três responsáveis. Todos nos levantamos e aguardamos, a expectativa era tamanha que podia ser sentida por todos.

— O Sr. DiNozzo está bem, O ferimento parecia pior do realmente era. Por ser uma área muito irrigada, é normal que se tenha a presença de muito sangue e, consequentemente a perda de grande volume. Ele está na sala de recuperação agora, onde a transfusão está sendo finalizada. Em poucas horas poderão vê-lo.  – ele finalizou.

— Tempo de recuperação? – Jethro perguntou.

— Não será longo. Ele logo estará apto para voltar ao serviço burocrático, contudo ir a campo não será aconselhável pelos próximos meses.

— Muito obrigado, Doutor.

Todos respiramos aliviados, Tony estava bem e logo sairia do hospital, porém ainda não tínhamos nenhuma notícia de Sean.

— Com licença, mas, e o bebezinho que deu entrada junto com o Agente DiNozzo, alguma notícia? – Eu estava realmente preocupada com o pequeno.

— Sinto muito, senhora, ainda sem atualizações.

Eu assenti em acordo e voltei para a minha caminhada pelo corredor. Assim que completei a segunda volta, encontrei a Comandante, ela trazia Meredith junto a si, ela demonstrada uma força que eu não sabia de onde ela tirava, e se mostrava calma, mesmo após todo o ocorrido.

— Comandante Williams. – a cumprimentei.

— Alguma notícia do meu bebê, Agente Shepard? – Seus olhos demonstravam o nervosismo que suas atitudes escondiam tão bem.   

— Sinto muito, nenhuma, ainda. A equipe está na sala de espera. Junte-se a eles.

— Você não vem? – Meredith me perguntou.

Me abaixei para ficar da sua altura e disse.

— Por enquanto não. Mas fique com sua mãe agora, está bem? Ela precisa da sua força.

— Eu não vou soltar a mão dela! – A garotinha me confirmou e pude notar que ela era tão forte quanto a mãe.

Mais um tempo se passou e não tinha nada que podíamos fazer do que esperar. Foi então que apareceu uma médica e ela trazia notícias. Boas notícias.

— Apesar de ser um ferimento em um local difícil, Sean é um garoto forte, passou bem pela cirurgia e ficará bem, mas terá um longo tratamento fisioterápico pela frente. Contudo a pouca idade, apesar de assustar e dar a impressão de fragilidade, ajuda na cicatrização e recuperação. Seu bebê ficará saudável, Comandante. O fato dele ter sido trago para o hospital em um curto tempo após a lesão contribuiu para isso também!– a simpática médica disse com um sorriso e um afago no braço da mãe.

Tínhamos conseguido. Salvamos os três. Sofremos danos, mas ficaríamos bem. E, enfim, pude respirar.

Fiz o que precisava fazer a um bom tempo. Deixei que as lágrimas de desespero e aflição que eu segurara por todo este tempo escapassem. Chorar nunca fora natural para mim. Mas toda a situação me levara ao limite. Eu precisava desse tempo para desabafar a sós.

Porém não fiquei sozinha por muito tempo. Ou talvez eu tenha demorado além do normal para alguém que só precisava se recompor. Quando dei por mim, alguém chamava por meu nome do lado de fora. Claramente meu marido não me deixaria á sós.

— Jen, está tudo bem? Está precisando de algo? – Ouvi-o perguntar do lado de fora.

Limpei as últimas e teimosas lágrimas que ainda estavam em meu rosto e saí, antes que ele entrasse no banheiro feminino. Porém, acho que não fiz um bom trabalho limpando as lágrimas, pois ele se assustou e deu um passo em minha direção.

— Tem algo que eu possa fazer? Qualquer coisa?

— Não mais, Jethro, juro, estou bem, eu precisava colocar para fora tudo o que senti. Foi um dia desgastante. Em todos os sentidos.

— Eu sei que sim. Mas acabou. E teve um final feliz.  – Ele me abraçou

— Às vezes eu gostaria que todos terminassem assim. – eu sussurrei contra a sua camisa e senti que uma nova onda de lágrimas tentavam irromper pelos meus olhos. Malditos hormônios.

— Jen, seu te perguntar algo, prometa-me que irá ser sincera?

Não o olhei, apenas assenti.

— Tem certeza que está tudo bem? Você não é uma pessoa que leva o caso para o lado pessoal, mas mesmo assim, esse, esse te abalou mais do que qualquer outro que você já enfrentou.

Suas palavras ficaram pelo ar durante algum tempo. Eu tentava juntar as palavras certas para dizer a ele.

Ele me cutucou com o queixo, como se estivesse checando que eu o ouvira. Desfiz o abraço, olhei em seus olhos e suspirei.

— Não era para ser assim.

— O que? Jenny...

— Eu queria que o nosso primeiro aniversário de casamento fosse um dia especial, mas...

Ele me olhava com a sobrancelha erguida e uma cara de confuso. E isso era raro.

— Sei que estou te confundindo... me desculpe – eu disse em meio a um pequeno sorriso – Mas eu queria te dar um dia especial, Jethro. Eu realmente queria. Mas esse caso. A presença da Mann. Como tudo isso acabou. O susto com o que aconteceu com Tony. Aquele bebê, tão novinho, e já tendo que lutar para sobreviver. Não temos clima para mais nada.

— Queria? O que você iria me dar?

Eu suspirei. Malditos hormônios, outra vez!

— Eu queria te entregar isso. – estendi a ele o papel que estava guardado no bolso da minha calça desde manhã – Queria que fosse o seu presente de aniversário de um ano. Contudo...

Ele pegou o papel com cuidado e com uma curiosidade que não lhe era normal o abriu.

A medida que ia passando os olhos sobre todas aquelas palavras, eles iam se enchendo de lágrimas, e um sorriso se formou em seu lábios. Não consegui não sorrir de volta. Em meio a toda aquela tristeza, toda a confusão, seu sorriso me fez crer que algumas notícias são motivo para a maior das alegrias.

— Isso aqui está certo? Digo, o médico confirmou? – ele tinha um sorriso bobo.

 - Sim! Há duas semanas. – Eu disse sorrindo.

— Você está me dando de presente de aniversário de casamento a notícia de que eu vou ser pai? Você está esperando um filho meu, Jenny?

— Sim. Feliz aniversário de casamento, atrasado, Jethro!

Ele não me disse mais nada. Apenas me beijou! No nosso próximo aniversário comemoraríamos com nossa filha, ou filho, ou quem sabe, ambos? Vai saber o que o destino nos reservou! Mas, até lá, a única imagem que eu quero guardar deste dia é a feição dele quando leu o papel e compreendeu o que estava acontecendo. Porque aquele sorriso, a forma que ele me olhou, foi de um pai que já estava apaixonado pelo seu bebê que nem conhecia. E aquilo me encheu de amor.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso! Espero que tenha valido à pena!
E um agradecimento especial à Thaís Costa pela ideia! Não sei se era isso que você esperava, mas espero que tenha gostado!
Muito obrigada a quem leu!
Bjs e até a próxima!



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