Samuil perguntava-se quando ele tinha se apaixonado por Xavier.

Obviamente, isso não estava nos planos dele – nem sonhava com tal possibilidade, quanto mais.

Amor – algo que parecia desnecessário para ele, afinal, Samuil não precisava de sentir tal coisa quando o seu trabalho era eliminar os podres da sociedade. O governo mandava-o aniquilar qualquer um que pudesse em causa a segurança nacional e ele cumpre como o mordomo serve ao seu senhor.

Xavier era considerado como um perigo. Líder de uma organização criminosa, escondida graças ao dinheiro corrupto, Xavier Janssen era um grande negociador, muito carismático, porém, tinha em sua posse informações valiosas e secretas sobre o governo; se fossem espalhadas, seria o fim.

Por isso, Samuil foi mandado matar Xavier.

O búlgaro passaria a ser o guarda-costas de Xavier – o quanto mais próximo ele estiver, mais fácil o aniquilar.

Mas tal estratégia fora como um punhal de duas foices – nunca esperara que acabaria por cair nas graças de Xavier.

Tudo nele fazia-o perder a razão: o sorriso, tão bonito (mas talvez enganador), que deixava Samuil sem reação… os seus olhos verdes, as ditas portas para a sua alma que, em momentos de intimidade, estaria desnuda – aquele Xavier que segredava verdades nunca contadas sobre ele ao ouvido de Samuil… os cabelos loiros como o ouro, aqueles que Samuil afagava quando o outro precisava de consolo... a forma de como ele usava o seu fato branco, impecável (salvo algumas manchas de sangue ocasionais de seus rivais).

Se fosse por Xavier, Samuil estaria disposto a trair o governo.

Matar pela pátria ou matar pelo seu amor – não importava. O seu fato era negro como a morte e era isso que importa.