Aquele era a primeira noite que James havia passado de volta em sua cama e não podia estar mais feliz. Ainda sentia algumas dores e Madame Pomfrey disse que ele teria que passar na enfermaria no fim do dia para ver como havia ficado pelo resto do dia, mas era uma sensação boa. Ele havia sentido falta de dormir no quarto com os amigos. Remus acordou os outros e chamou James, que resmungou.

—Por que você nunca perde a hora, Moony? –Sirius perguntou, se levantando.

—Porque eu sou um aluno responsável. Prongs, levanta.

—Tô com sono.

E Remus não disse mais nada, causando estranhamento nos outros dois. James bufou, se levantando depois de um tempo quando Peter havia saído do banho. Tomou as poções que Madame Pomfrey lhe deu e entrou no banheiro. Quando todos estavam terminando de se vestir, Sirius resolveu tirar uma dúvida com o amigo monitor.

—Ei, Moony, aconteceu alguma coisa antes de ontem?

—O quê? Por que tá perguntando isso?

—Acordei no meio da noite e você havia sumido.

—Ah... –Lupin parou por um momento, ficando com as bochechas vermelhas enquanto passava a gravata que iria usar. –Eu saí pra tomar um ar e encontrei a Narcisa. –Os três olharam para o amigo, que não disse mais nada, fazendo com que todos entendessem exatamente o que havia acontecido.

—Você transou com a minha prima?!

—Cala a boca, Black! –Disse, jogando uma almofada no amigo e todos riram. –Ninguém pode saber disso.

—E eu pensando que você era o garoto modelo. –James gargalhou.

—Como foi? –Peter questionou.

—Como acha que foi? É a Narcisa Black. –Remus respondeu como se fosse óbvio.

—Estou orgulhoso que tenha seguido o meu conselho e simplesmente ignorado a existência do Malfoy. Bem-vindo a família, primo! –O Black bagunçou os cabelos do amigo, que o empurrou.

—Que Merlin me livre.

—Sabe o que é estranho? É que eu entendo perfeitamente o motivo de ser ofensivo. –Sirius disse, pensativo.

—E ela ainda vai se casar. –Falou, soltando o ar.

—Você pediu que ela desistisse do casamento? –James arqueou as sobrancelhas, surpreso. Remus sempre afastara todas as pessoas que dessem o menor indício de romance. Sempre deixara claro que nunca teria nenhum relacionamento por medo do que era.

—Não por minha causa, pedi que desistisse por ela. O Malfoy é um imbecil.

—E ela ainda vai casar depois de ouvir o seu discurso de “você merece mais”? Ela é maluca? Ninguém resiste a esse discurso, nem mesmo eu! –Pettigrew se surpreendeu e ele revirou os olhos.

—Cala a boca, Wormtail. –Resmungou, jogando um livro nele.

Uma batida na porta fez com que os garotos se dispersassem. Sirius abriu e por ela entrou Lily Evans, com o cabelo preso em tranças e sem se importar nem um pouco com o fato de que não deveria estar ali. Já havia quebrado regras o suficiente naquele mês, mais uma não faria muita diferença.

—Bom dia, Marotos.

—Bom dia. –Eles responderam.

—Remus, a professora Minerva está te procurando. Acho que é pra falar sobre a monitoria.

—Encontro vocês depois. –Lupin disse aos amigos, saindo do quarto. Ela se sentou na cama dele, próxima a porta e Potter reparou que ela parecia um pouco aérea, mas não sabia se aquele era o momento para perguntar o que houve.

—Como você está, Potter?

—Com sono e você?

—Sentindo dores?

—As poções ajudam. –Ele deu um pequeno sorriso e ela balançou a cabeça.

—Agora que você está melhor e as coisas finalmente estão se acertando, acho que é o melhor momento pra perguntar: O que diabos vocês estavam pensando?! Por acaso são malucos?! –Ela se levantou gritando e os três que restaram arregalaram os olhos, surpresos com a explosão repentina. –Acharam mesmo que eu ia deixar pra lá? Não mesmo, vocês entendem que tudo poderia ter dado absurdamente errado?! Sem falar o risco de não terem se registrado, vocês podem ser presos!

—Na verdade nós não paramos pra pensar no que ia acontecer caso desse errado. –Sirius confessou e ela o fuzilou com o olhar, jogando a capa de Remus que estava em cima da cama no garoto.

—Como não pensaram?! Vocês simplesmente decidiram que iam passar as noites de lua cheia trancados com um lobisomem?!

—Também tentamos não pensar nessa parte. –James disse, percebendo que sim, tudo poderia ter dado muito errado e eles poderiam acabar mortos.

—Vocês são inacreditáveis, sabiam?! –Ela disse batendo nos três com a almofada. –Poderiam ter morrido, seus irresponsáveis! E Potter, sabia que só estou pegando leve com você porque você quase morreu!

—Isso é você pegando leve?

—Andem logo ou vão chegar atrasados. –Os três se entreolharam e ela indicou a porta. –Rápido!

Eles rapidamente se apressaram, obedecendo a ruiva e deixando o quarto. Ela ficou para trás e por um momento se sentou na cama de James, deixando que o cheiro dele a abraçasse por um momento. Só havia gritado com eles porque estava preocupada que eles tentassem algo igualmente irresponsável no futuro. Não poderia perdê-los. Nenhum deles.

...

—Ela é assustadora. –Peter disse ainda de olhos arregalados.

—Sua namorada nem me deixou arrumar o cabelo, Prongs. –Sirius resmungou.

—Ela não é minha namorada. –Respondeu.

Encontraram Remus no corredor e seguiram conversando sobre as novas regras de monitoria que Minerva havia contado ao garoto. Tudo aconteceu muito rápido. Em um minuto os quatro conversavam tranquilos e no seguinte Severus Snape vinha acompanhado de Avery e Mulciber. O Sonserino tirou sua varinha e disse rapidamente, surpreendendo todos no corredor:

—Estupefaça! –Gritou, acertando Lupin em cheio.

Os outros três se viraram para ver o que havia acontecido com o amigo e antes que puxassem a varinha, Snape empurrou Potter contra a parede, apontando a varinha para o pescoço dele e o prendendo ali. James soltou um gemido de dor devido as costelas quebradas e nem se esforçou para tirar sua varinha do bolso, nunca conseguiria com o braço quebrado. Sirius e Peter, assim que entenderam o que estava acontecendo, tiraram suas varinhas e apontaram para Severus, enquanto os outros Sonserinos mantinham as varinhas em suas direções.

—O que diabos você e os idiotas que te acompanham estão tentando fazer? Matá-la?! –Snape gritou enquanto o Potter o fuzilava com o olhar. –Ou estão tentando fazer com que ela se torne a mesma aberração que o seu amiguinho?

—Não chame ele assim! –James disse entredentes.

—Se ela tivesse se machucado, eu juro que... –Ameaçou, intensificando o aperto no pescoço de Potter.

—Senhor Snape! –Minerva McGonagall surgiu, afastando a multidão que se juntava ao redor para ver o que estava acontecendo. –Solte o senhor Potter imediatamente! –Mandou, mas ele ignorou totalmente.

—Vamos, me acerte com uma das suas magias negras. Eu sei que você conhece umas boas. -James provocou com um sorriso no rosto. -E eu mereço, não é? Eu quase matei ela.

—Eu não sei o que a Evans vê em você, Potter, mas eu juro que se ela se machucar por sua causa mais uma vez eu vou fazê-lo se arrepender, está entendendo?!

—O que está acontecendo aqui? –A voz de Lily surgiu e James conseguiu vê-la empurrando alguns Lufanos para conseguir passagem. –Solte-o! Severus, solte-o agora! –Gritou assim que viu a situação.

Severus obedeceu, olhando bem para a garota. Ela tinha o rosto vermelho de raiva e os braços cruzados. Não queria fazer com que ela o odiasse ainda mais, mas não conseguiu se conter. No momento em que soube que Potter estava na enfermaria e Lupin simplesmente havia desistido das aulas, ele soube. De início achou que o capitão do time da Grifinória havia conseguido o que merecia, até ver as marcas no braço de Evans e perceber o quanto ela parecia com medo.

—Em que século vocês dois acham que estão?! –Lily gritou. –Vocês dois deveriam se envergonhar e parar de se comportar feito duas crianças! Isso não é a droga de um duelo medieval pra decidir o destino da garota! Esse não é o papel de vocês! Esse é o meu papel e no momento eu não quero nem olhar pra nenhum de vocês!

Lily Evans empurrou os Sonserinos que haviam ali, voltando para o dormitório. Havia perdido a fome. Peter logo se apressou para ajudar Remus a se levantar e a professora McGonagall finalmente tomou o controle da situação.

—Senhores, na minha sala agora mesmo. –Minerva disse para os sonserinos. -Potter, sugiro que vá até a enfermaria.