Amigo Secreto escrita por Ero Hime


Capítulo 3
O dia seguinte, a ressaca e a aproximação


Notas iniciais do capítulo

TERCEIROOOOOO estão gostando???
GENTE A MOONBYUL POSTOU UMA FIC MARAVILHOSA CHAMADA NA TEIA DA ARANHA LEIAM PELO AMOR DE DEUS além do comentário super kdjdksj que eu já respondo juro



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Pareceu que ele tinha apenas piscado quando o despertador tocou. Em uma série de palavrões, tateou cegamente em busca do som irritante que martelava seus ouvidos. Desligou, vendo que estava ligeiramente atrasado para as horas complementares das férias. Afundou no travesseiro, aproveitando a ressaca incrível que o seguiria manhã adentro. Sua cabeça explodia, sentia gostos estranhos em sua boca, e tinha certeza que vomitaria a qualquer instante. Deixou as lembranças fragmentadas invadirem sua memória.

Naruto sempre foi fraco para bebidas. Ele ficava alegre e irritante, e, nos dias seguintes, sempre lidava com ressacas terríveis. Mas, se tinha uma coisa que ele não fazia era se esquecer da noite anterior. Lembrou-se, pouco a pouco, de cada detalhe. A música alta, os copos de cerveja, os barris de cerveja, os caras, as garotas, os trombos e arrastões. Hinata.

Sentou-se rapidamente, e gemeu de dor. E de vergonha. Remontou o diálogo com precisão, corando a cada frase. Idiota, idiota, idiota! No que ele estava pensando? Ela com certeza o achava um babaca completo agora. E aquelas cantadas ridículas? Ele era tão melhor naquilo.

Tudo que Naruto queria era se afundar na cama e nunca mais sair. Se antes ele tinha poucas chances com Hinata Hyuuga, agora estava abaixo de zero. Praguejou contra os deuses, arrastando seu corpo mole e as roupas fétidas para o banheiro do corredor. A luz, azulada por conta do frio, foi o suficiente para arder seus olhos, e ele nem queria ver o estado do seu cabelo. Enquanto escovava os dentes e se despia para tomar banho, continuou se martirizando com o vexame da noite anterior. Por sorte, ninguém do time tinha presenciado, ou aquele seria seu fim. Se tivesse sorte, só voltaria a ver Hinata no ano novo, quando lhe daria seu presente e agradeceria por ela nunca mais ter que olhar na sua cara de palerma novamente.

Saiu enrolado em duas toalhas, congelando. Colocou uma blusa de mangas e um agasalho. Depois, pegou a outra jaqueta do time – ele não seria idiota de só ter uma –. Calçou duas meias e suas botas militares, coçando os olhos e jogando a mochila vazia nos ombros. Desceria em silêncio, tomaria uma boa xícara de café e tiraria um longo cochilo.

Conseguiu escapar da mãe e dos vizinhos barulhentos. Correu para seu carro, entrando e fechando a capota. Abraçou o volante, com mais lembranças e o rosto mais corado. Nunca se perdoaria por estar bêbado e não ter aproveitado a visão de Hinata Hyuuga dirigindo o seu conversível. Dirigiu devagar, e até mesmo as rodas faziam suas têmporas doloridas. A escola não ficava longe da sua casa – nada ficava longe de nada; era impressionante como uma cidade tão pequena tinha tantas pessoas –. Estacionou do lado de fora, se arrastando como um zumbi igual os demais alunos que, como ele, tiraram uma nota medíocre na recuperação.

A sala, que costumava abarrotar alunos em todas as mesas, agora mal tinha dez pessoas. Naruto se aconchegou no fundo, seu habitat natural. Cumprimentou Kiba, com óculos escuros, e outros dois colegas, igualmente mortos. Ninguém falava uma palavra. Algumas líderes chegaram atrasadas, com olheiras e cabelo desgrenhado. O pós-festa estava realmente ótimo. A professora entrou com passos lentos e expressão divertida.

— Bom dia. – falou em alto e bom tom, recebendo resmungos de resposta – Olha, vamos ser sinceros. Eu não queria estar aqui. Vocês não queriam estar aqui. Se tivessem tirado dez minutos por dia para ler o maldito livro, poderíamos estar todos aproveitando nossas férias. – Naruto adorava aquela professora – Para o bem de todos nós, se esforcem. Estudem hoje e entreguem o relatório completo, tudo bem? Eu juro que quero passar vocês, atletas neandertais. – parecia que ela queria dizer outra coisa, mas Naruto estava tão distraído que sequer ligou. A professora se acomodou com sua bolsa e abriu o computador.

Doce hora do cochilo. Abaixou o rosto, apoiando contra o antebraço, e fechou os olhos. No entanto, não demorou trinta segundas. A porta foi novamente aberta, o som amplificado doendo sua cabeça. Levantou os olhos, xingando internamente, mas se perdeu entre um palavrão e outro.

— A senhorita Hyuuga gentilmente concordou em vir hoje e auxiliar todos aqueles que estejam com dificuldade.

Sem o uniforme das líderes, ela usava uma calça jeans justa e um casaco pesado, o cabelo coberto por uma touca rosa e botas com um pequeno salto. Linda, talentosa, inteligente e gentil. Será que ela tinha algum defeito?

Naruto, por outro lado, amaldiçoou a própria sorte. Escorregou na carteira, torcendo para que ela não o visse; ao mesmo tempo, esperou por isso. Um olhar, um sorriso. Quer dizer, eles dividiram um momento. Aquilo era suficiente para quebrar o gelo, não era? Contudo, nada daquilo veio. Hinata entrou com sua bolsa, sentou-se na primeira carteira, sem olhar para trás. Da mesma maneira que vinha fazendo há dois anos.

Suspirou, controlando a decepção. Aninhou-se novamente, envergonhado e irritado. Tentou cochilar e ignorar os batimentos acelerados. Se fosse corajoso – realmente corajoso –, poderia ir até ela, pedir ajuda, puxar assunto. Perguntar quais seus autores preferidos, pescar algumas dicas. Mas não, é claro que ele tinha que ser uma banana. Idiota.

Chegou a dormir por alguns minutos, talvez meia hora. Como não havia muitos alunos, o barulho não foi suficiente para acordá-lo. Kiba cutucou suas costelas na hora do intervalo, e, com um pulo, limpou o rosto amassado. Quase todo mundo já tinha saído, e ele precisava se apressar, se quisesse pegar café quente no refeitório. A dor de cabeça tinha amenizado, mas a claridade era de matar. Se levantou, e foi quando a viu, de relance, saindo pela porta. Em um ímpeto, correu pelo corredor de cadeiras, deslizando para fora. Ela andava um tanto rápido, distraída. Acompanhou seu ritmo, a poucos metros.

— Hinata! Oi! – chamou. Ela não se virou, mas pareceu diminuir o passo para esperá-lo. Naruto entendeu aquilo como uma abertura, e, um tanto ofegante, passou a segui-la – Bom dia.

— Bom. – respondeu monossilábica, e ele tentou não deixar que aquilo o desmotivasse.

— Sabe, obrigado por ontem. – suas bochechas ruborizaram estupidamente. Hinata quase parou, andando a passos lentos – Por não ter me deixado dirigir.

— Não foi nada. – deu de ombros, ainda sem se virar. Continuaram a caminhar juntos, em silêncio, por mais alguns metros.

— E então, você precisava de horas também? Estourou de falta ou algo assim? – puxou assunto, com as mãos na jaqueta e tentando sorrir da maneira que as garotas gostavam, para derretê-la.

— Não. – retrucou – Vim para ajudar. Já fechei todas as notas.

— Todas? – repetiu, levemente inconformado – Você sabe que está quebrando o equilíbrio desse jeito, não sabe? – como sempre, as palavras saíam sem que ele pudesse controlar sua língua grande e idiota – Você é uma líder de torcida, e é inteligente. Está fora dos padrões. – provocou, e Hinata parou subitamente, girando os calcanhares para ele. Naruto, achando graça do próprio comentário, continuou com seu melhor sorriso, cheio de dentes.

— Já você está exatamente dentro dos padrões. Atleta e burro.

Ela cruzou os braços sobre o peito, sustentando o olhar, a medida que ele desfazia o sorriso para uma careta. Tudo bem, ele poderia ter merecido essa. Se convenceu de que todas elas – todas, sem exceção – podiam ser muito cruéis quando queriam. Não se deixou abalar. Recuperou-se, abrindo um sorriso provocador.

— Então quer dizer que você vai me ajudar.

— Não, obrigada. – se virou e voltou a andar. Naruto ficou para trás, inconformado. Demorou alguns segundos até que voltasse a correr, tentando alcançá-la. Quando chegou perto, estavam quase perto do refeitório.

— Ei! Achei que você tivesse vindo hoje para ajudar que está com dificuldades. – argumentou, tentando ser lógico, mas ela não pareceu se convencer. Seu perfume era doce. Anotou mentalmente: procurar perfumes.

— Talvez não aqueles que estejam me perseguindo. – rebateu sem pestanejar, e Naruto amaldiçoou o ar.

— Sério, o que eu fiz para você? – soltou, exasperado. Não queria ter soado tão rude, mas foi impossível evitar.

Deve ter surtido algum efeito, porque Hinata parou, pela segunda vez. Soltou um suspiro audível e se virou, lentamente. Naruto percebeu como ela era mais baixa, talvez na altura de seu peitoral. Ainda assim, tinha uma aura marcante, presença. Cruzou os braços, parecendo cansada, como se tivesse que explicar a coisa mais óbvia para uma criança.

— Você não fez nada. – sua voz estava contida, quase suave, assim como as linhas de seu rosto – Eu só não gosto de você. – uau, direta.

— Não gosta de mim? – repetiu, mais inconformado. Naruto não conseguia entender como alguém poderia não gostar dele, ainda por cima uma líder de torcida, com quem convivia há meses.

— Não gosto da sua atitude. Do seu jeito. – ela se aproximou minimamente, sustentando seu olhar confuso e ligeiramente desesperado – Você anda pelos corredores como se fosse o rei desse lugar, com essa jaqueta idiota. Não se esforça, vive atrapalhando as aulas com piadas que não são engraçadas. – ok, Naruto admitiu que merecia aquilo – Você já saiu com metade das minhas amigas, provavelmente deve ter beijado as outras, e eu não vou nem contar quantas vezes tive que consolar elas por sua causa. E, olha só que irônico, está aqui dando em cima de mim! – subiu algumas oitavas, demonstrando um pouco de emoção – Não sou muito fã de cafajestes galinhas que cantam qualquer garota que tenha duas pernas, obrigada. – finalizou, e o garoto permaneceu fitando os próprios pés, disfarçando.

Definitivamente aquilo mudava as coisas. Ele não fazia ideia de que ela tinha aquela visão dele – provavelmente, muito mais gente pensava assim –. No fundo, não era aquilo que ele queria mostrar. Quer dizer, Naruto gostava de andar exibindo seu carro, exibindo sua jaqueta, exibindo as líderes bonitas que corriam atrás dele. Pensando bem, ele era um belo exibicionista.

Engoliu em seco, deixando os ombros caírem. Todo esse tempo, admirou Hinata de longe, com vergonha de conversar com ela – em partes, porque ela nunca tinha dado brecha, mas também porque ela parecia tão segura. Confiante. Ela nunca baixava os olhos, tinha a postura ereta e o rosto fechado. Era a mais inteligente do seu ano, e ele nem falaria como ela ficava maravilhosa com o uniforme das líderes, fazendo a coreografia para torcer por ele nos jogos. Sabia muito pouco sobre ela – do que ela gostava, o que ela defendia. No fundo, apenas se sentia intimidado por uma garota ser tão determinada.

— Olha, – começou, atraindo sua atenção. Voltou a encará-la, tentando ser sincero, e percebeu que ela desarmou um pouco – eu posso ser um pouco idiota. – não ajudou que ela erguesse as sobrancelhas como quem dizia “jura?” – Mas eu realmente preciso da sua ajuda. Se você me der uma chance, só uma, eu prometo que não vai se arrepender. Posso ser bem legal quando eu quero. – terminou, sem se conter em manifestar um sorriso cheio de dentes.

Hinata pareceu pensativa por um ou dois minutos. Analisou fixamente seu rosto, sem pudor, até que ele começasse a tremer, apreensivo. Por fim, ela suspirou pesadamente, desfazendo o aperto dos braços e amenizando o semblante.

— Tudo bem. – Naruto reprimiu um silvo de exultação – Ajudo você. Mas sem gracinhas. – alertou, e ele assentiu tão rápido quanto pôde – Agora, posso, por favor, ir tomar café? – pediu, e o loiro, sem perder tempo, prostrou-se ao seu lado como um cão fiel.

— Olha que coincidência, eu também estava indo tomar café. Vamos. – cortês, estendeu o braço para ela enlaçar, mas a garota limitou-se a ignorá-lo e seguir em frente, sozinha. Parecia um tanto masoquista, todavia, quanto mais tempo conversavam, mais Naruto se convencia de que ela era incrível.


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