Crescendo - Shirbert escrita por Sabrina


Capítulo 23
Casados




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/772441/chapter/23

 

***

Anne entrou na igreja acompanhada por Mattew e Marilla, um de cada lado. Ele sorria. Já Marilla que tinha a expressão endurecida, os lábios comprimidos... mas os olhos molhados de vontade de chorar. Seu vestido de noiva, de musseline e renda, tornava-a a mais linda noiva que Avonlea já viu. Gilbert a esperava próximo ao pastor. Ruby foi a dama de honra, acompanhada por Cole, e Minny May trouxe as alianças.

Eles se casaram numa tarde fria de janeiro, e a festa se estendeu até o anoitecer. Ganharam muitos presentes, como uma coleção de papéis de carta chique para Gilbert e uma coleção de canetas tinteiros para Anne, do casal McDavid. Tia Josephine deu-lhes uma carruagem, uma carruagem sem cavalos, mas ainda assim, foi o presente mais caro que ganharam, e mais do que poderiam esperar. Marilla fez compotas a beça, o doce favorito de Anne. Cole deu-lhe um quadro lindo no qual retratava Green Gables, para que sua amiga sempre pudesse olhar quando sentisse falta. Ruby presenteou-os com um jogo de xícaras de porcelana lindíssimo. Ganharam muitas coisas, que se fossem descritas aqui, deixariam este capítulo enorme.

Ao fim da noite, Anne tinha os pés doloridos de tanto dançar. Sua primeira dança foi, não com o noivo, como seguia a tradição, mas com Mattew. Ela deixou algumas lágrimas caírem em seu paletó novo, enquanto rodopiavam lentamente. Gilbert, longe de se abalar pela quebra de tradição, tirou Marilla para dançar, que a princípio recusou, mas se deixou ser conduzida.

— Estou tão feliz por ter ganhado essa carruagem – disse Anne. – Havia comentado com Gilbert que caminharia até aqui, se fosse preciso. Mas agora serão menos horas de viagem! E posso buscá-los para uma visita a nossa casa! Imagine, você e Marilla indo de carruagem me visitar!

— Pode ter certeza que estamos ansiosos – respondeu ele, com um sorriso bondoso, as rugas se formando ao redor dos olhos claros. Depois que ela voltou a deitar a cabeça em seu ombro, Mattew se permitiu parar de sorrir, melancólico. Anne não tinha ideia do quanto faria falta.

Dançaram lentamente, e depois, ela dançou com Cole, com Moody, Bash e o Sr. McDavid, ao passo que Gilbert dançava com Diana e as outras mulheres. Só conseguiram dançar um com o outro ao fim da noite. Sentir o braço de Gilbert contornando a sua cintura pareceu extremamente certo e reconfortante.

— Te encontrei – disse ele, sorrindo.

— Que bom que encontrou!

Mais tarde, quando reclamou de dor nos pés, Gilbert a pegou no colo e carregou até a carruagem, o que a fez corar e sorrir ao mesmo tempo. Os amigos da escola, comandados pela professora Stacy, faziam bolhas de sabão. Descobriram que tia Josephine havia alugado um garoto para guiar a carruagem até a casa nova, e usaram os cavalos emprestados de Green Gables para isso. Lá dentro, Anne passou os braços ao redor do pescoço de Gilbert e ele massageou seus pés cansados.

— Gilbert, será que vou me lembrar de responder quando me chamarem de Sra. Blythe?

Ele riu, mas ao invés de responder com palavras, inclinou-se e beijou seu tornozelo desnudo.

— Como iremos chamar nossa casa? – continuou Anne, arregalando os olhos. – E como mandaremos os cavalos de volta? Que aperitivos farei para receber as visitas?  Teremos visitas? Será que as pessoas irão nos visitar? E se não vierem?!

— É claro que vão nos visitar – disse ele. – Mas não pensemos nisso agora.

Dessa vez, ele beijou a mão de Anne, que sentiu o coração palpitar. De repente, ela se aproximou se aconchegou no corpo de Gilbert, cujos braços a receberam calorosamente. Permaneceram abraçados durante todo o trajeto. Após algumas horas, a carruagem finalmente parou em frente a casa sem nome. Guardaram-na no celeiro, junto com os cavalos. Anne deu-lhes água e um pouco de grama, enquanto Gilbert dava gorjeta ao garoto que, descobriu, morava há uma hora dali.

Entrou em casa primeiro, acendeu as lamparinas e tirou os sapatos. Era estranho entrar, ver os móveis, retirar a gravata. Não se sentia, de todo, em sua própria casa. Parecia a casa de estranhos.

— Aqui é tão mais quente— disse Anne, entrando e fechando a porta atrás de si. – É uma noite muito fria!

Todo o estranhamento dissipou-se ao vê-la entrar, em seu vestido de noiva, e tirar os saltos. Pela primeira vez na vida, Gilbert estava sozinho com Anne em uma casa, não em um passeio ou em qualquer outro lugar. E o melhor de tudo: não era a casa de nenhuma outra pessoa. Não tinha que se preocupar em ser incomodado, ou em estar incomodando.

— O que foi? – perguntou ela, sorrindo.

Gilbert balançou a cabeça, se aproximou de sua esposa e levou a mão ao seu rosto pálido de minúsculas sardas. Beijou-a empolgado, e foi correspondido por uma Anne apaixonada, ardente. Beijaram-se ao tropeções, cambaleando pela casa nova. Esbarraram no sofá, onde Gilbert acabou caindo e a levou consigo. Riram ambos, apesar da leve dor que a queda provocara. Mas depois de um longo momento, a risada deu lugar a sorrisos e troca de olhares da mais sincera e pura felicidade. O coração de Anne batia tão rápido que seu peito subia e descia quando levou seus lábios de encontro ao do marido. A boca dele tinha gosto de champanhe e glacê, e foi um beijo intenso e delicioso. Anne achava que seu coração não poderia bater mais rápido, mas aumentava a medida que os beijos se espalhavam por sua orelha, descendo por seu pescoço e decote. Estava completamente submersa em todas aquelas sensações quando as mãos de Gilbert encontraram o fecho de seu vestido e começaram a desabotoa-lo.

— Por que tantos botões?! – praguejou ele.

Anne não respondia. Pela primeira vez, não tinha palavras. Toda vez que ele abria um botão, seu corpo se arrepiava. Toda vez que os dedos dele esbarravam em sua pele, arregalava os olhos, ansiosa. E a medida em que ele ia chegando ao fim, seu coração palpitava de medo e desejo. Em algum momento, o último botão foi aberto, e Gilbert depositou um caloroso beijo em seu ombro desnudo que a arrepiou inteira.

Gilbert distraiu-a com beijos enquanto retirava seu vestido, e ela saboreava seus lábios quentes de olhos fechados, inebriada. Em algum momento, o caríssimo vestido, comprado com o salário de professora, caiu no chão de madeira, e a única peça a cobri-la era uma camisolinha fina de seda, do tipo vestidinho, branca e curta.

— Espera! – ela levantou-se, fugindo dos braços cada vez mais ansiosos dele. – Podemos ir para o quarto?

Gilbert parecia um tanto abobalhado, o rosto todo vermelho de tanto esfregá-lo contra a pele de Anne, as roupas amarrotadas por todo o contato, e o cabelo, uma bagunça!

— Sim – respondeu ele, aceitando a mão que ela lhe oferecia e deixando que ela o conduzisse até o quarto de casal que, estranhamente real, era deles.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Crescendo - Shirbert" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.