Internato Madraio bell escrita por Legendary


Capítulo 3
O Passeio no Bosque




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Bem-vindos ao mundo real, onde as cortinas se abrem e desabam em vermelho no palco. De globo em globo se multiplicam as esferas no embrião ao somar mais tarde a concorrência mundana e a felicidade ser seu objetivo. Bem-vindos ao mundo real. Onde as flores nascem ao lado das que apodrecem e o imperecível é elevado. Bem-vindos ao mundo em que gira não igual aos triciclos das crianças brincando na rua, mas as peças que se movem sob os ponteiros sob pressão e a corrida. O mundo real que faz seus habitantes enaltecerem a ilusão na consciência da realidade como um grão por vezes em que grão esse é rocha perfuradora de corações humanos.

Madre Artemísia finaliza a leitura erguendo os olhos para as meninas reunidas na varanda do castelo.

— Ótimo poema, Avilyn. Vejo que observou bem a filosofia da sociedade do Mundo Real.

A vampirinha se encostou na cadeira com um sorriso tímido.

— Era pra escrevermos poemas sobre o passeio hoje?! – Perguntou Cino atordoada.

— Não sadô! A Avilyn que escreveu por livre e espontânea vontade mesmo. – Riu Serine acalmando Brigit que assim como Cino ficou aflita.

No meio da conversa, a pequena Vital estava em seu cantinho inquieta com o dedo na boca.

— Tudo bem Vi..? – A suave voz de Artemísia preencheu seus ouvidos após percebê-la sutilmente em meio as risadas das meninas.

— Madre Artemísia, por... por que aqui se chama ‘’Mundo Real?’’

Brigit que ouvia a conversa fungando o nariz também entrou em dúvida.

— É... concordo com a Vital! Como assim ´´Real´´? Nossa casa também não era de verdade?

— Reino de Thamedal e todo o povoado era realidade também... – Ailsa comentou meditando.

— Sim, sim, somos todas de verdade! – Cino argumentou com o brilho de sua aura se estendendo.

A freira começou a rir gentilmente com a confusão, o que deixou todas mais confusas com os seus pensamentos matutando suas cabecinhas.

— Aqui, nessa dimensão, os humanos acreditam que criaturas como vocês são ilusão, uma história inventada.

Brigit inflou as bochechas rosadas ofendida.

— I-Ilusão?!

A freira fechou os olhos pensativa levando uma xícara de chá para si, provocando um silêncio pela varanda.

As meninas se calaram observando a quietude de Artemísia que agora cantarolava mansa.

— ...Lembram do primeiro amigo que fizeram hoje?

Avilyn calma foi a primeira a confirmar com a cabeça.

De repente as lembranças foram surgindo.

A tarde não teria acabado. Os uniformes eram vestidos azuis com detalhes claros e meia calças brancas.

As seis meninas enfileiradas atrás da freira passeavam pela primeira vez na rua, encantadas com cada cantinho que surgia na caminha.

As gêmeas Serine e Brigit estavam de mãos dadas com medo dos pombos no caminho. Vital saltitava e observava apontando em volta. Ailsa estava com um bloquinho tentando desenhar as flores e pedras. Cino andava debaixo da sombrinha com Avilyn para ocultar sua luz.

— Estamos chegando, só falta mais algumas trilhas e... – A madre explicava as garotas pelo caminho mas foi interrompida por uma voz amigável, uma voz familiar que já não escutava há anos.

``Se essa rua se essa rua fosse minha...´´

A freira sorriu virando para a pedra onde sentado estava:

— Senhor Gaia!

Um homem esguio e comprido comia uma maçã e sorria para a freira.

— Artemísia! Quantos anos não a vejo... – Em sua boca faltava alguns dentes.

As meninas observavam com curiosidade o homem franzino que possuía óculos redondos com uma das lentes faltando. Uma pequena cartola lhe fazia recordar ao Chapeleiro Maluco de Alice No País das Maravilhas.

— Fadinhas, vampirinha. Este é o Senhor Gaia. Um velho amigo.

As crianças se espantaram.

— GRIIAA!! SADÔ!! N-Não diga a verdade Madre!! – Serine gritou apavorada.

— E-Emain, v-vamos correr! – Brigit agarrou o braço da irmã.

— Não se preocupem meninas – Acalmou a Madre – Senhor Gaia também é thamedariano.

Ailsa arregalou os olhos multicor.

— E-Ele veio de Thamedal também?

O homem esguio de aparência peculiar levantou sua mão esguia cumprimentando a fada.

— Prazer em ver outros filhos de Thamedal. Sinto a mesma dor que vocês sentem pela destruição do nosso antigo lar.

Ambos suspiraram desanimados permitindo pairar um silêncio no ar.

— Elas pertenciam ao antigo orfanato do reino. Eu as acolhi para uma espécie de internato católico aqui no mundo dos humanos.

— Entendo, era a única dimensão em que o Portal Real conseguiu conjurar, estou certo? – Perguntou o homem.

Madre Artemísia abaixou seus olhos com o rosto tomado por uma expressão melancólica.

— O Portal Real... Foi o primeiro elemento a ser destruído...

Senhor Gaia engoliu em seco.

A essa altura as crianças já haviam se espalhado pelo bosque correndo pelos cantos e gargalhando com suas brincadeiras.

O medo sumiu do coração das meninas. Até Avilyn demonstrava menos preocupação com o sol enquanto pulava de pedra em pedra com sua sombrinha nas mãos.

Brigit, tinha seus cachos vermelhos confundidos com um ninho de passarinhos. Ela cantarolava baixinho ninando os filhotes com sua voz melodiosa e enfeitiçada ao passo que sua gêmea Serine se debruçava sobre a pequena poça d´água onde guardava diversos peixinhos em sua boca. Ailsa observava calma, nada mais natural assisti-la como nos tempos do orfanato em Thamedal.

Cino acordava um bando de corujas sonolentas com seu brilho forte.

Uns minutos depois após observar Serine, a fada Ailsa se levantou perguntando-se:

— Cadê a Vital?

As meninas cessaram suas brincadeiras olhando em volta procurando a fadinha sardenta.

Elas conheciam bem a caçula do grupo. Vital era de longe a criança mais imprevisível entre elas. A pequena possuía um senso destruidor digno de uma força que ultrapassava as de suas amigas. Sua aura negra transparecia os mistérios daquela menina.

— Vamos procura-la pelas rachaduras no chão! – Opinou Cino.

O gramado apresentava fendas lineares bem à frente delas.

Um pouco distante dali, a pequena observava encantada uma poça de lama rodeada por minúsculas pedrinhas entre flores.

Um prisma radiante refletia sobre a lama contra a luz.

Vital não desgrudava os olhos do pequeno arco-íris. Mal ouvia os gritos de suas amigas se aproximando.

— Vital! Vital! – Chegavam ofegantes, estavam desacostumadas a deixarem o voo de lado.

— O quê!? – Perguntou a menina ficando nervosa.

— P-Pensei que tinha se perdido!! N-Não suma desse jeito!! – Gaguejou Brigit.

— Temos que encontrar a Madre Artemísia também. Acho que nos p-perdemos... – Tremeu Serine.

Avilyn se encolheu atrás de Cino se ocultando em sua sombrinha. Ela ouvira de longe passos irreconhecíveis a ela.

Humanos visitavam o bosque naquele horário.

Pais soltavam seus filhos para jogarem bola e brincarem de casinha.

— BONECA! – Gritou Vital se atirando para uma turma de crianças brincando no gramado.

— Vital! Espera! – Ailsa correu tentando alcançar.

A pequena se sentou próxima as crianças. Ela encarou o rosto de cada uma bem curiosa. Depois estendeu suas mãos para um menino.

— Empresta boneca? Empresta boneca?!

— Err... Hm... E-Essa boneca é da minha irmã... – Respondeu tímido o menino que usava um boné azul segurando uma bela boneca russa.

— Ela pode brincar maninho! – Sorriu sua irmãzinha.

Serine e Brigit observavam os humanos em seu cantinho, era algo muito novo para as fadas.

Uma adolescente com uma bola nas mãos passou pelas gêmeas.

— Olá! – Cumprimentou ela com um aceno rápido.

— O-Oi... – Respondeu Serine. Em seus olhos azuis estava nadando um pequeno peixinho prateado.

— Hã... – A adolescente encarou surpresa.

Avilyn quietinha não tirava os olhos da ferida de um pequeno garoto que havia caído. Escorria sangue fresco do seu joelho.

Ailsa se encolhia tímida enquanto pessoas passavam a sua volta esbarrando. Do contrário de Cino que corria gritando ´´oi´´ para todo mundo.

Com o tempo foram se enturmando com as crianças. Os jovens humanos se davam facilmente com as criaturas acreditando facilmente que eram humanas como eles.

— Parece que se adaptaram mais rápido do que pensei. – Madre Artemísia sorria sentada numa mesa de picnic.

— Sim, como diz a lenda. – Ponderou Senhor Gaia com o seu violino celta nas mãos.

A freira sorriu silenciosa. Seu velho amigo a fazia lembrar inteiramente de Thamedal. Cada recordação do passado lhe dava um aperto no coração.  Ela se arrepende a cada minuto por não ter vivido um pouco mais no antigo reino.

A tarde prolongou calma para os amigos e barulhenta para as fadas que brincavam o dia inteiro.

Senhor Gaia reuniu as meninas ao redor da mesa depois do lanche. Ele queria mostra-las a sua canção.

— Esta, foi a primeira música que compus quando passei a morar no Mundo Real. – Sorriu ajustando os acordes.

— Oh, aquela música... Como pude me esquecer... – Madre Artemísia cantarolou nostálgica – Ela se encaixa perfeitamente com esta dimensão.

As crianças os observavam curiosas. Senhor Gaia passou a tocar seu violino. Sua voz era amigável e calorosa. As letras bem construídas faziam rodar as engrenagens dos pensamentos a quem escutasse. canção

´´E essa é a parte da história, que ninguém mais devia saber

E viveram um felizes pra sempre

Não vai mais me convencer

Se um conto de fadas atual passar no jornal nacional

Pode apostar meu amigo, deu tudo errado no final...´´

Todas ouviam a música com atenção. Exceto Vital, que caiu no sono no colo da freira.

A música narrava uma história metafórica relacionada ao mundo dos humanos.

Avilyn foi a primeira a ficar atenta aos sinais, e pensou consigo mais tarde, em escrever um poema sobre seu dia.

Madre Artemísia conteve sua felicidade em seu coração. Ouvir músicas encantadas era algo que não fazia há séculos. Naquele instante agora pensava no dia de amanhã.

O treino dos poderes de suas alunas.


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