Ao ver Jon, ela abandona completamente o semblante composto que parecia não sair de seu rosto e corre para os braços do irmão que não imaginava que veria de novo, ele a abraça forte e bagunça seus cabelos como costumava fazer a um milhão de anos atrás, as lágrimas se acumulam em seu rosto e mesmo que tentasse as palavras estavam sufocadas em sua garganta enquanto ambos tentavam manter a compostura na frente da corte, então apenas se abraçaram em silêncio um longo tempo antes de se afastarem para realmente olhar a diferença no rosto de ambos.

— Tão bom te ver em casa irmãzinha.

— Igualmente. — Arya sufocava com as palavras, e Jon segue para dar um abraço igualmente longo em Bran, e em seguida se recompôs para cumprimentar Sansa.

— Vejo que trouxe companhia, sua graça. — Sansa usa o título propositalmente para ver a reação do irmão, porém Jon não reage e segue com as apresentações.

— Rainha Daenerys, esses são meus irmãos Sansa — Ele gesticula na direção da mais velha — Bran e Arya.

Enquanto Sansa trocava formalidades com rainha e sua corte os olhos de Arya seguiram para a companhia de Daenerys, o que Arya não esperava era encontrar cão de caça em meio aos homens da rainha.

— Achei que estava morto, cão.

— O nome é Sandor Clegane, o cão está morto. — Ambos acenam com a cabeça em compreensão.

Então os olhos de Arya se encontram com um azul familiar na retaguarda da companhia que acompanha seu irmão, ela não acredita no que está vendo, seus pés a levando em meio aos rostos desfocados dos soldados, ao chegar ao seu alcance ela teve a confirmação que precisava, seus pulmões se enchem como se estivesse se preparando para gritar, ela pode dizer que ele se prepara para dizer algo, seu nome provavelmente, mas não teve tempo pois sua palma estralou em seu rosto fazendo todos que estavam em conversas paralelas pararem e procurar a origem do barulho. O rosto dele incandesceu instantaneamente assim como a força do tapa quase o fez perder o equilíbrio, mas o jovem não pareceu surpreso nem por um minuto, quando ele se vira para encarar Arya novamente seu rosto já carrega um pequeno sorriso, tímido, envergonhado, ou culpado, mas em seguida a envolve com seus braços, ela retorna o abraço depois de um momento de hesitação.

— Me desculpa — o pedido é murmurado em seus cabelos.

Com Jon limpando a garganta e Sansa repetindo as cordialidades sobre as acomodações de toda companhia e pátio foi esvaziando lentamente.

* * *

Gendry tem passado a maior parte de seus dias na forja, com os carregamentos de vidro de dragão chegando todos os dias, ele mal para de trabalhar, Arya passou a passar parte da manhã na forja para lhe fazer companhia, ou não deixar que ele morra de tédio segundo ela mesma, depois de terminar seu treinamento matinal ela adentra a sala estufada, afasta as ferramentas na mesa de trabalho e se senta para conversar com seu amigo, ela passou tanto tempo sozinha não imaginava a facilidade que teve para voltar a termos de amizade com Gendry, deuses sabem que nem com seus irmãos é fácil manter uma conversa, exceto Jon é claro, ela sabe que sempre pode contar com Jon. Eles conversavam sobre tudo e nada, Gendry explicou como era difícil lidar com vidro de dragão, como moldar para que não quebre com facilidade, ela falava sobre o que Jon planejava para batalha, o que aconteceu durante a sua sessão de treinamento, conversavam animadamente quando Jon entrou na forja.

— Oh você está aqui irmãzinha, que surpresa! — O sorriso em seu rosto indicava que não era surpresa nenhuma. — Vocês nunca me contaram como se conhecem se bem me lembro.

— Nós viajamos juntos com a patrulha da noite, majestade. Eu não mencionei porque achava que a Arya estava morta.

— Vamos esquecer os títulos Gendry, não acho que sou rei de algo depois de ajoelhar para Daenerys e gostaria de pensar em nós como amigos, porque não me contam como vocês ficaram amigos?

— Gendry me ajudou com uns garotos pegando no meu pé quando viajávamos.

— Se bem me lembro, você estava lidando bem com eles.

— Verdade. Depois ele descobriu que eu era uma menina — Jon olha divertido para Gendry.

— Ela estava vestida de menino, para viajar. — Ele explica antes de virar para Arya novamente — E depois você me salvou dos mantos dourados, dizendo que eu era o Lommy. E nos deu fuga de Harrenhal

Jon sorria enquanto ouvia a pequena disputa.

— Fico feliz que tenham se reencontrado, isso é quase um milagre em um reino assolado pela guerra. — Arya percebeu uma mudança leve no semblante do irmão, podia perceber que ele havia colocar o “rosto de rei”

 —Mas não foi por isso que vim aqui, Gendry quero que você mostre aos soldados, imaculados, e qualquer um que queira ajudar, como lidar com vidro de dragão, sei que os carregamentos não param de chegar e os ferreiros de Winterfell não estão dando conta.

— Sim, sua graça... Jon. — Jon ri levemente.

— Obrigada Gendry. E até mais tarde Arya. — Com isso Jon se retira.

— Agora você vai ter mais tempo — Arya sorria brilhantemente.

— Ah é? E o que eu faço com isso?

* * *

— Vem comigo Gedry! — Era fim do dia, o sol estava se preparando para se pôr e Arya puxava seu braço para fora da forja.

— Pra onde?

— Você vai ver!

Eles entraram em um pedaço de floresta dentro das muralhas de Winterfell que ele sabia que era o bosque sagrado que Arya tanto falava, não tinha tido a chance de ver ainda, e era o lugar mais lindo que já tinha visto, estava coberto de neve e folhas, as arvores ao redor perdendo suas últimas folhas para o inverno, o represeiro com suas folhas vermelhas contrastando com a neve e seu rosto assustador olhando para sua alma, a admiração em seu rosto não passou desapercebida por Arya.

— É lindo não é. — Ela mesma olha em volta e enche os pulmões com o ar gelado e puro, Arya desamarra seu manto e começa a desatar suas vestes de couro.

— Hum Arya? O que você está fazendo? — a moça segue desatando suas calças, deixando apenas as roupas de baixo feitas de linho branco que pouco faziam contra o vento frio de inverno que os cercavam. Gendry lhe dá as costas assustado.

— Você enlouqueceu?! — Ele escuta um “splash” de água e vira para ver Arya sorrindo como louca no meio do lago.

— Venha Gendry, não seja estúpido!

— Você vai congelar! Estamos cercados de neve se você não percebeu! — Ela revira os olhos

— Isso são termas Gendry! A água está ótima, só se joga! — Ele olha desconfiado, da alguns passos à frente.

— É muito fundo?

— Você não sabe nadar? — Gendry nega com a cabeça tímido

— É raso na beirada, entra logo! — Ele começa a desatar as próprias vestes, sentia o rosto quente e sabia que devia estar vermelho como pimentão, além de começar a tremer imediatamente assim que começou a tirar as peles, quando estava também só com as roupas de baixo e o torso nu testou a agua com o pé antes de sentar na beira e entrar completamente no lago morno.

— Então? — Arya se aproxima — A água está boa o suficiente para você sor?

— Sim, está ótima, m’lady — Responde debochado.

Arya espirra água direto na sua cara como recompensa, nisso ambos entram em uma brincadeira, e anos Arya não se permitia rir tanto.

— Mova os braços e as pernas estupido! — Com isso ela segue tentando derrubá-lo, eles ainda estavam no raso então não havia nenhum risco, ela sobe de cavalinho nas costas de Gendry.

— Arya! — Grita antes de finalmente se desequilibrar levando ambos pra trás. Arya se recupera rapidamente, Gendry leva mais tempo pois além de não sabe se movimentar na água fora pego de surpresa, assim que ele se levanta Arya já está pronta para lhe dar outro empurrão, porém dessa vez ele é capaz de capturar seus pulsos, e de repente a distância entre eles some e Gendry Se sente sobrecarregado com a mera presença dela, eles pareciam ser incapazes de desviar o olhar um do outro, foi Arya que finalmente tomou a iniciativa e o beijou, e o que era apenas uma brincadeira inocente se transformou em um dos mais libidinosos dos beijos, Gendry desliza uma mão em sua cintura que parecia mais quente que a água se isso fosse possível, sua outra mão se perdeu em meio aos seus cabelos quase que automaticamente enquanto Arya envolve seu torso firmemente, enquanto continuavam a emaranhar a temperatura parecia subir cada vez mais porém nada tinha a ver com as termas e sim com ambos hiper conscientes de seus corpos roçando um no outro com tão pouco os separando, é Gendry que com muita relutância interrompe o beijo, ela percebe que ele iria falar algo mas é cortado por um chamado.

— Arya! — Era a voz de Jon que surgiu em meio as árvores, inconscientemente Arya coloca mais espaço entre ela e Gendry.

— O que você está fazendo aqui? — Jon pergunta finalmente saindo de trás das árvores, acompanhado de Daenerys, ambos rindo de alguma piada entre eles.

— Eu queria mostrar as termas para o Gendry. Estava ensinando ele a nadar.

— Claro. Eu também ia mostrar as termas para rainha Daenerys, mas como você chegou primeiro...

— Não, nós já estávamos indo não é Gendry? — Ela o empurra para a beirada indicando para que saia.

Ela assiste Gendry se atrapalhando com as roupas, completamente vermelho, vestindo rapidamente as calças enquanto ela sai.

Os dois vão cruzando o bosque sagrado rapidamente.

— O que você acha que eles estão fazendo?

— Praticamente a mesma coisa que nós estávamos fazendo. Talvez até mais — Arya para de caminhar de repente e o encara séria.

— O que? Você acha que eles estão discutindo planos de batalha? — Ela parece melancólica e cai em um silêncio pesado.

— O que foi? Não acha que é uma boa ideia?

— Ela é uma rainha, eu tenho certeza que não é uma boa ideia.

— Talvez não seja nada.

— Ela é uma rainha! É grande coisa! Se ele se casarem Jon seria rei dos sete reinos! Ele iria embora de novo! — Finalmente Gendry entende o problema dela, mas não havia nada que ele pudesse fazer além de abraça-la.

* * *

— Deuses Arya, onde vocês estavam? Vocês estão ensopados.

— A gente estava nas termas...

— Bom... vão se trocar o jantar já vai ser servido.

— Jon está atrasado para o jantar... e a rainha Daenerys também — Arya se mexe desconfortável na cadeira.

— Eles estão juntos, nas termas, eu e Gendry encontramos eles quando estávamos voltando.

— Hum...

— Você acha que eles estão juntos, juntos?

— Bem, certamente tem alguma coisa entre eles — Arya deixa o olhar cair para seu prato — Não se preocupe, o Jon já é homem feito e sabe lidar com a rainha dragão.

— Não é isso, é que... você acha que eles vão se casar?

— É uma possibilidade, e seria uma forte aliança política também. Eu sei que você está pensando que acabamos de nos reunir e a “rainha má” já quer roubar seu irmão.

— Eu não estou...

— Tudo bem Arya. Se acontecer, e é um grande “se” já que ainda temos os caminhantes brancos e Cersei para considerar. Aconteceria só depois da guerra.

* * *

Arya entra na forja, Sansa tinha acabado de lhe contar que Jon e Gedry passaram boa parte da manhã conversando.

— O que Jon queria com você? — Gendry para de trabalhar para olhar para ela, sabia que a notícia a surpreenderia.

— Ele ofereceu me legitimar depois da guerra. — Levou alguns segundos para que ela processasse a informação.

— Legitimar? Então você seria Baratheon?

— É... lorde Baratheon, ele também disse que vai precisar de alguém de confiança para governar as terras da tempestade.

— Então você vai ser lorde...

— Eu ainda não dei uma resposta, eu queria falar com você antes.

— Porque? Essa é uma oportunidade única! Você merece isso, depois de ter crescido na baixada das pulgas...

— Sim, sim, eu nunca iria passar fome ou frio de novo, mas eu não sei governar Arya! Eu não sei o que um lorde deve fazer! Eu não sei ler! Eu nem sei onde fica ponta tempestade! Eu só sei que fica longe daqui, longe de você.

— Não coloque essa responsabilidade em cima de mim! — Ela bate a porta quando sai.

* * *

— Porque você faria isso?! Não bastava você ir embora depois da guerra e agora você quer mandar Gendry embora também?!

— Calma Arya. — Jon se mantinha sentado à mesa, sem ser afetado pela fúria da irmã mais nova.

— Você sabe que se eu pedir ele fica!

— Mas você nunca faria isso com ele. — Com isso ela desaba na cadeira e deixa as lágrimas rolarem de seu rosto, porque ela sabe que Jon tem razão, e ela quis odiá-lo por isso.

— Existe uma solução para isso Arya, e eu confio em você para encontrá-la. — Ele segura sua mão sobre a mesa — Nós temos duas guerras a nossa frente, se morremos, morremos, mas primeiro vivemos.

* * *

Arya entra novamente na forja, já é calada da noite então os fogos estavam apagados exceto o que Gendry deixava para aquecê-lo durante a noite, ele dormia em uma pequena sala no fundo da forja apesar de lhe ter sido oferecido um quarto no castelo, em um colchonete de palha, ela contempla o grande lorde Baratheon e ri, e de repente entende a solução que seu irmão se referiu.

— O que você está fazendo aqui? — Ele se levanta esquecendo que ainda usava apenas a roupa de baixo ainda meio zonzo de sono.

Arya apenas se joga em seus braços e o beija como se quisesse esquecer de tudo a sua volta, as mãos dele foram para sua cintura instantaneamente, Gendry queria perguntar o que havia de errado, mas não foi capar de interromper o beijo, Arya sempre ditava quando começavam e quando paravam, como em todo resto.

— Você vai aceitar a oferta do Jon.

— Mas...

— Você vai para as terras da tempestade, e eu vou com você... como sua esposa.

Gendry a ergue pela cintura e gira enquanto o mais belo dos sorrisos desabrocha em seu rosto e tenta beija-la novamente, mas ela o para com uma mão no peito.

— Mas se você pensa que eu vou ficar costurando enquanto você brinca de ser lorde... — A rizada dele a interrompe e Gendry a aconchega em um abraço.

— Eu nunca pediria para você ser nada além de Arya Stark.