ABC Das flores escrita por ArianeLuize


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi galerous esse é um conto bem curtinho. Queria escrever alguma coisa inspirada em flores e saiu isso aí.
O narrador não tem sexo definido pra você imaginar o que achar mais adequado.
Espero que gostem^^



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Todos os dias de segunda a sexta eu passo em frente a uma delicada floricultura que fica próxima do ponto de ônibus que eu desço.

A floricultura é bela, detalhada em tons pasteis e muito cheirosa, um tanto óbvio, mas o que realmente enchem meus olhos não são as decorações ou as frágeis e delicadas flores. O que realmente me faz olhar aquele lugar todos os dias é o florista que trabalha no local. Seus cabelos castanhos atingem os ombros, leves ondulações, às vezes preso em um rabo de cavalo baixo, um charme, a coisa mais linda. Ele tem olhos castanhos quase negros que contrastam nas coloridas flores e um sorriso tão doce e gentil.

Às vezes quando ele está do lado de fora regando as flores e varrendo o pátio ele me cumprimenta, eu normalmente respondo com um sorriso singelo, sem mostrar os dentes.

Foi assim na segunda, na terça e na quarta. Apenas passar, olhar ou cumprimentar. Na outra semana se repetiu de novo e de novo sem eu nunca ter coragem o suficiente pra tomar alguma iniciativa.

Algumas vezes eu parava e observava o lado de dentro pelo vidro, vendo ele caminhar pra lá e pra cá, atendendo clientes, varrendo ou regando. Só ele trabalhava lá, talvez fosse o dono.

Na quinta-feira ele me surpreendeu.

— Oi!

Olhei com olhos perplexos, eu estava fingindo olhar algumas flores do lado de fora pra ter uma oportunidade de vê-lo um pouco aquele dia.

— Oi. —  respondi

— Você gosta de flores? —  ele perguntou borrifando água nas plantas que eu "olhava".

Acenei com a cabeça sem ter contato visual.

— Flores. É, gosto! Qual flor é essa aqui? —  apontei para algumas pétalas rosadas.

— Essa? É uma peônia. —  ele deu alguns passos mais perto borrifando água nas outras plantinhas.

— É muito bonita.

— Sim, muito! —  Ele me olhava com gentileza quando encarei por um segundo seus olhos, antes de desviar meu olhar novamente para as plantas.

— Bem, vou indo. Tchau! —  me despedi apressadamente

— Tchau! Volte sempre. —  acenou com a mão livre. Sorrindo animado.

Acenei com um pouco de timidez em retribuição.

Quando me virei senti que minhas orelhas estavam um pouco quentes. Ele me disse volte sempre, mas eu nem ao menos comprei nada. Bufei, soltando o ar dos pulmões.

Na sexta-feira eu resolvi entrar, eu apenas entrei e observei mas era vergonhoso sair de mãos vazias novamente tendo tantas vezes parado por ali e ontem mesmo ter conversado com ele e simplesmente ido embora sem levar nada. Peguei um ramo daquela flor que eu havia visto ontem e me dirigi até o caixa onde o atendente estava. Confesso era um pouco embaraçoso.

— Você realmente gostou delas, né?

Acenei com a cabeça que sim.

— Pff —  ele riu — Realmente combinam com você. Sabe o que elas significam?

— Não. Significam o quê?

— Timidez

Senti um impacto. Aquilo me deixou com vergonha, eu realmente sinto vergonha e constrangimento muito fácil. Ri sem jeito para ele.

O valor da flor era um pouco caro.
  
— Elas são mais raras do que as outras por isso o valor é meio salgado. São flores originárias da Ásia. —  Ele explicou meio envergonhado. Acho que viu meu leve espanto ou a minha cara de mão de vaca. Resolvi desembolsar o valor das flores, eu não iria falir nem nada do tipo.

Ele embrulhou as flores em papel muito belamente com uma fita adesiva colorida.

— Aqui! —  Estendeu elas para mim —  Volte sempre!

— Tchau! - Me fui porta afora.

Em casa coloquei elas em uma jarra de vidro que mamãe me deu mas nunca havia visto utilidade para a mesma. Como uma pessoa idiota eu me sentei em frente a flor e observei aquele pequeno buquê por muito tempo, passando meus dedos sobre a superfície delicada das pétalas rosadas. Timidez. Suspirei.

Mais tarde em minha cama alcancei o celular e busquei no Google o significado das flores. Rosas, margaridas, peônias, crisântemos brancos, amarelos...Vermelhos!

Arquitetei um plano, seria perfeito. O vendedor realmente entende de flores. Sim, pode funcionar!

Na semana seguinte eu apenas passei pela frente novamente acenando para ele ou retribuindo um sorriso. Eu cuidaria e esperaria a minha peônia até ela murchar antes de seguir o plano. Esperar que a minha timidez murche junto com ela.

Durante essa semana eu procurei me informar e pesquisar bastante sobre o crisântemo vermelho na internet.

Na semana seguinte eu novamente entrei na loja. Inspecionei cada flor, uma por uma em busca do crisântemo que eu queria. Não, não, não, essa, é essa! Agarrei um grande buquê daquelas flores e levei até o caixa novamente. Paguei e ele me deu elas bem embrulhadas com fitas bonitas.

— Volte sempre!  — seus lábios se curvavam em um sorriso doce.

Prensei os lábios e empurrei com força o buquê nos braços dele, virei as costas e sai rápido, quase correndo.

Constrangedor! Minhas orelhas queimando em chamas.

Em casa rolei e rolei de novo na cama.

— Ahhh! Que vergonha!

Me debati, me enrolei e desenrolei dentro do edredom. Como será amanhã? Ah! Eu realmente estou com muita vergonha.

No dia seguinte era muito constrangedor passar em frente a floricultura, resolvi atravessar a rua.

— Ei! Ei! Espera!

Ah! Era ele. Me virei mecanicamente. Suas mãos agarraram meus pulsos com cuidado para não machucar me conduzindo para dentro da loja. Ele me pôs para sentar em um banquinho de madeira. Se virou e foi buscar algumas flores, retornou em alguns minutos com um maço de pequenas flores vermelhas vibrantes nos braços.

Meu rosto entregava que eu não entendia nada do que estava acontecendo.

— Essas são tulipas. São pra você! - Disse às estendendo para mim.

— Oh! —  com as sobrancelhas franzidas eu demonstrava ainda não estar entendendo.

— Ainda não entende? —  ele estava confuso.

Recusei com a cabeça. O que aquelas flores querem dizer? Eu não me aprofundei na pesquisa de outras flores se não o crisântemo.

Ele puxou outro banquinho e sentou ao meu lado.

— Você me deu crisântemos vermelhos. Que significam estar apaixonado. Ou eu me enganei e você não quis dizer isso? —  Sua expressão era abatida, meio triste.

— Não, eu, eu. Elas eram pra você! Ah! —  tampei meus olhos aquilo era demais para mim, minha boca tremia.

Escutei ele rir anasalado.

— Pega —  empurrou as tulipas em meus braços. —  Elas significam um amor duradouro e dedicado. São pra você

Ele estava com as bochechas coradas.

Aquilo era uma declaração. Uma resposta da minha declaração com outra declaração.

Eu não acredito! Estava nas nuvens!

Com meu peito inflado alcancei sua mão e apertei com força, ele retribuiu o aperto.

— Eu achei que teria que fugir pra outra cidade —  ri de modo aliviado — Agradeço por aceitar as minhas flores.

  Ele passou a mão na minha bochecha direita

— Vou me dedicar bastante em amar você.

— Sim!



FIM.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem.



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