Depois de prontos os dois saíram de casa e foram para a cafeteria perto dali, mas o café que era para ser doce ficou logo amargo antes mesmo de ser pedido, com a presença de Bernarda ali, ela sorriu em completo deboche e levou um dedo ao centro de sua testa.

— Victória...

— Bernarda... - trincou os dentes ao dizer o nome dela.

Era tanto ressentimento contra aquela mulher que somente em olhá-la seu sangue fervia, tinha passado o pão que o diabo amassou na mão dela depois que descobriu de sua até que perdeu sua menina. Heriberto observou as duas e ficou em silêncio, mas se precisasse entrar no meio ele o faria sem pensar duas vezes porque ela era seu bem mais precioso e não permitiria que aquela senhora a destratasse.

— Vejo que não mudou muita coisa! - disse com desdém.

— Pois eu tenho certeza que deve ter tudo de mim em sua casa para olhar e admirar o quanto eu sou perfeita e triunfadora! - sorriu vitoriosa. - Deve ser muito difícil pra você me ver em todos os lugares como a rainha da moda!

— Não passa de uma cafetina que vende o corpo dessas pobres moças! - atacou como sempre sabia fazer.

Victória sorriu não se abalando por seu comentário.

— Eu não irei cair em suas provocações e se a senhora me der licença, eu quero terminar o meu café com o meu marido sem precisar ver essa sua cara amarga!

Bernarda então dedicou seu olhar a Heriberto, já o tinha visto algumas vezes mais assim tão perto podia constatar que de fato ele era maravilhoso, sorriu de lado para ele sem se preocupar com o olhar matador de Victória. Ela tinha que concordar que quando se tratava de homens, Victória sabia muito bem como escolher e a prova estava ali naquele homem lindo a sua frente.

— Comprou um homem ideal para as suas orgias em pecadora! - voltou seus olhos para Victória novamente e quando foi responder, Heriberto ficou de pé e a puxou pelo braço.

— Não me faça ser mal educado e por gentileza saia daqui! - foi firme. - Eu não vou permitir que fale assim de mim e muito menos de minha mulher, eu posso ser um cavalheiro com a senhora ou te arrastar como um saco de lixo até a saída!

Ela soltou de seu braço e bufou, não iria permitir ser humilhada por aqueles dois e mesmo querendo ficar, apenas olhou Victória e dali se foi. Ela sorriu para seu amor e se aproximou dele o beijando na boca.

— Você com toda certeza é o homem mais maravilhoso do mundo!

Ele sorriu estufando o peito e a beijou mais uma vez antes de soltá-la por completo e fazê-la sentar em sua cadeira.

— Essa mulher não vai estragar o nosso café da manhã e muito menos deixar nosso dia amargo! - beijou o ombro dela e foi sentar em sua cadeira.

— Eu não sei o que seria de mim sem você! - falou toda apaixonada enquanto segurava sua mão.

— Meu amor, eu que não posso imaginar como seria a minha vida se tivesse te perdido naquele acidente! - se arrepiou somente em lembrar.

— Eu não quero me lembrar desse momento porque sei que te machuca. - falou compreensiva.

— Meu amor, você está aqui comigo e eu não sinto mais medo! - beijou a mão dela. - Eu só quero te amar e ser feliz sem pensar naquela tragédia.

— Eu também só quero olhar pra frente porque tudo que eu preciso está junto a mim e por vocês dois, eu luto até o fim da vida!

Heriberto sorriu e como pode a beijou, estava tão feliz ao lado de seu amor, mas sabia que por trás do sorriso dela tinha a tristeza de mais uma vez não estar grávida. Ele também sentia frustração, mas sabia que se ela continuasse como estava iria demorar mais ainda e por isso faria de tudo para que seu amor esquecesse seu único objetivo e apenas vivesse o momento.

Depois do café Heriberto a levou para a casa de modas e ele foi para o hospital. O dia estava lindo e Victória por mais que estivesse frustrada por lembrar-se do teste, mas não podia seguir pensando naquilo e seu amor tinha razão quando dizia que ela estava ansiosa demais e iria apenas viver os momentos e que seu bebê viesse quando tivesse que ser.

Ela entrou em sua sala e ali sobre a mesa viu tudo que tinha que fazer, sentou e começou seu trabalho. No hospital não foi diferente e Heriberto começou seu trabalho, fez suas visitas, sorriu para muitos pacientes que estava dando alta e por fim chegou a emergência. Ali tinha muitos pacientes com diferentes problemas, mas o que lhe chamou a atenção foi a maca que adentrou as portas da emergência e ele de imediato foi até eles.

— O que aconteceu?

— Acidente de carro, ele bateu em dois carros e ainda capotou por duas vezes!

Heriberto pegou a ficha e logo o olhou e seus olhos arregalaram com a pessoa que estava deitada ali, João estava desacordado e com o rosto do lado direito banhado em sangue e ele gritou para que o levassem para fazer exames e outra ambulância parou na porta e seu coração gelou com medo de quem poderia ser. Ele não demorou muito a constatar quem era e ele correu até a maca, Maria estava com consciente, mas parecia em choque e ele ordenou que dissessem o quadro dela já que ali não poderia interferir. 

— Ela está com hemorragia interna e precisa ir para a sala de cirurgia com urgência! - o enfermeiro falou. 

Maria olhou para ele e apertou sua mão.

— Fique calma que vai dar tudo certo! - beijou a testa dela e os paramédicos a levaram.

Heriberto passou as mãos no cabelo e respirou profundamente, como daria aquela noticia a Victória? Sabia que seu amor iria ficar desesperado, mas não tinha jeito ele precisava falar com ela. Ele pegou o telefone e discou o numero de seu amor e no segundo toque ela atendeu com a voz toda apaixonada.

— Oi meu amor! - sorriu rabiscando um desenho. - Já sentiu minha falta? - brincou. 

— Amor, eu preciso que você venha até aqui! - o sorriso dela sumiu no mesmo momento. - Eu não vou te dar informação nenhuma pelo telefone e preciso que venha o mais rápido que puder!

Victória não precisou ouvir mais nada e pegando suas coisas ela foi "voando" para o hospital, quando adentrou as portas ele já a esperava e Victória caminhou até ele.

— É a minha filha? - encheu os olhos de lágrimas. 

— Eu sinto muito em ter que te dar essa noticia! - tocou o rosto dela.

— O que aconteceu com minha filha? - respirou pesado.

— Maria está em cirurgia, ela está com uma pequena hemorragia interna pelo impacto da batida!

— Que batida? Minha filha era para estar na faculdade! - falou em completo desespero. 

Ele suspirou e a trouxe para seus braços. 

— Ela estava no carro com João e ele também está em exames, mas parece que não teve nada grave!

Victória no mesmo momento se soltou dele e os olhos ficaram negros de raiva e ela sentenciou. 

— Se algo acontecer com a minha filha, João vai se arrepender de um dia ter cruzado o meu caminho! - era algo tão forte que até Heriberto se arrepiou com aquelas palavras...