— O coração dela parou...

E os olhos dele arregalou quase saindo de sua face.

— O que? - a voz de Maria soou apavorada e ela se tremeu todinha.

— Eu... - Laerte ia falar, mas sem pensar duas vezes ela saiu correndo pelos corredores do hospital abrindo todas as portas que encontrou a procura de Victória.

Os olhos cheios de lágrimas e o coração quase saindo pela boca e mesmo que os enfermeiros dissessem que ela não podia estar ali, ela não deu ouvidos e seguiu a procura dela. Quando chegou ao fim do corredor e abriu a última porta a viu, ali estava Victória e seu coração se desesperou e ela chorou mais ainda.

O coração estava batendo em descompasso, as pernas bambas quase não deixaram que ela caminhasse até ela, os olhos em completo lagos de lágrimas e um sentimento de perda tão pesado em seu coração que ela soluçou seu choro e avançou sobre a cama deitando a cabeça no peito de Victória. Queria que as palavras do médico fossem mentira e que ela estivesse viva para ouvi-la.

— Mamãe... - chorou acariciando o braço dela. - Você não pode morrer!!! - falou em completo desespero em meio às lágrimas. - Não pode!!! - um grito desesperado ecoou de seus lábios fazendo com que sua garganta ardesse.

Heriberto que tinha vindo atrás dela parou na porta com lágrimas nos olhos e ficou a observar as duas depois de passar os olhos em todas as maquinas que estavam ligadas a ela e tendo a certeza de que Victória estava mesmo viva. Laerte foi para tirar Maria de cima de Victória, mas Heriberto o segurou pelo braço e com apenas um olhar pediu que ele deixasse aquele momento tão esperado acontecer.

Maria soluçava e acariciava seu braço rogando a Deus que ela ficasse bem, estava ali apenas para saber se ela estava bem, ela não pensava em entrar para vê-la, apenas iria pedir informação na recepção e ir embora, mas ao ouvir as palavras de Laerte se desesperou e tudo de ruim que pensava sobre sua mãe desapareceu. Às vezes nós seres humanos precisamos de um choque de realidade para que deixemos velhos hábitos, raiva, ódio e ressentimento por qualquer pessoa e possamos seguir em frente mesmo que não seja ao lado dessa pessoa.

O perdão é divino e somente as pessoas de bom coração conseguem perdoar verdadeiramente, perdão não se dá da boca para fora e sim com o coração, não adianta se perdoar hoje e amanhã jogar em sua cara tudo que aconteceu, isso não é perdoar, mas perdoar não significa esquecer e sim seguir em frente com o coração em paz deixando tudo de ruim para trás para ter uma vida melhor, sentimentos ruins atraem coisas ruins e Maria se arrependia de um dia ter pensando que era melhor ter a mãe morta do que ali tentando e lutando por seu perdão.

— Mamãe me perdoe... - a apertou entre seus braços e pode sentir a mão de Victória em seus cabelos e de imediato levantou seu corpo para olhá-la nos olhos. - Mamãe...

Victória já derramava suas lágrimas e soluçou com aquela palavra que sempre sonhou em ouvir e agora ela estava ali a chamando de "Mamãe", seu coração estava acelerado e as maquinas apitaram demonstrando sua agitação. Ela tocou em seu rosto com todo amor do mundo e com dificuldade disse:

— Minha filha... Minha pequena Maria!!! - soluçou mais forte e Laerte se aproximou mesmo Heriberto querendo o impedir mais uma vez.

— Victória, você precisa se acalmar!!! - disse com calma mais a voz era firme. - Você está muito debilitada e precisa de calma. - falou como medico e amigo e olhou para Maria.

— Me desculpe doutor!!! - Maria falou fungando e olhou a mãe. - Descansa que eu vou estar aqui!!! - segurou a mão dela passando confiança.

Heriberto deixou que uma lágrima escorresse por seu rosto e se aproximou indo para o outro lado da cama e sentou segurando a mão dela que o olhou e deu um meio sorriso estava fraca, mas somente em ouvir sua menina a chamar de mãe já li dava forças para seguir a diante e viver. Ela apertou a mão dele e disse com todo amor do mundo.

— Funcionou... - respirou fundo contendo o choro. - Eu as sinto... - apertou os olhos deixando mais lágrimas rolarem por seu rosto e naquele momento agradeceu por aquela chance de viver mais uma vez.

Heriberto deu o maior dos sorrisos e olhou para Laerte que deu um pequeno sorriso e assentiu a cirurgia tinha sido um sucesso mesmo que ao final dela Victória quase tivesse morrido com seu coração parando por alguns segundos. Ela tinha ido do céu ao inferno em uma fração de segundos enquanto via aquela luz branca a puxar, mas ela não queria ir. Ela tinha certeza que não queria ir a lugar algum, queria viver e ali estava ela provando mais uma vez que era forte o suficiente para seguir em frente diante das dificuldades.

— Meu amor... - ele se aproximou e beijou seus lábios e ela sorriu segurando o braço dele. - Eu te amo tanto!!!

— Eu também te amo!!! - respirou fundo.

Ele se afastou e olhou Maria com um lindo sorriso de pai orgulhoso e ela abaixou o olhar um tanto envergonhada de somente reconhecer a mãe naquele de desespero e ele levou sua a mão a dela e segurou todo amoroso juntando a de seu amor. Por fim seria uma família e seriam felizes. Laerte permitiu que eles ficassem mais um tempo ali com ela e depois que ela adormeceu, eles se retiraram para conversar.

— Qual o real estado dela? - Heriberto falou assim que saíram do quarto e Maria parou ao lado dele para ouvir.

— A cirurgia foi um sucesso, mas no final quando a viramos o coração parou de imediato e por alguns segundos a perdemos... - falou com a voz aflita. - Heriberto, ela é a sua mulher e eu entrei em completo desespero e paralisei quando isso aconteceu e outro medo a trouxe de volta!!! - falou verdadeiro.

Heriberto se sentiu estremecer e foi até seu amigo e o puxou para um abraço que foi totalmente correspondido por ele, eram amigos e parceiros no hospital a muito tempo e Heriberto queria que ele se sentisse bem.

— Você é um grande medico e eu a confiei a você e você não me decepcionou em momento algo!!! - o soltou.

— Ela morreu... - passou a mão nos cabelos e ele deu um leve riso.

— Não, ela está bem e vai andar novamente e tem o amor de Maria também!! - a olhou.

Maria deu um sorriso sem jeito e ele a puxou para seus braços e a abraçou forte beijando seus cabelos.

— Obrigada por estar aqui!!! - ele a olhou nos olhos e ela sentiu vontade de chorar. - Eu sei que vocês têm muito que conversar, mas as coisas vão se resolver no seu tempo e você deu um grande passo hoje!!! - estava tão feliz.

— Eu só a quero bem... - respirou fundo. - Eu preciso ir, mas volto mais tarde!!!

Ele assentiu e beijou seus cabelos novamente e ela se foi... Heriberto olhou o amigo e o chamou para um café já que Victória dormiria ainda por algumas horas. Tudo estava entrando em ordem e eles por fim teriam a felicidade completa!!!