Num Ano Qualquer escrita por Sak Hokuto-chan


Capítulo 1
Num Ano-Novo Qualquer I


Notas iniciais do capítulo

Esta primeira história está dividida em três partes porque ficou enorme. Como o objetivo é englobar um ano da vida deles, nada melhor do que começar com o Ano-Novo :3

Ao meu carneiro-beta, Orphelin, obrigada pelas revisões~

Esta primeira história é dedicada a Chibi Haru-chan17, do FanFiction.Net, que é um amor e ainda me mantém firme por lá… ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/772245/chapter/1

Num Ano-Novo Qualquer

Parte I

O som de pancadas arrancou Mu da China antiga. Ele pestanejou, a história voltando a ser apenas letras em um livro, e ergueu a cabeça. Tinha algo errado. O horário era avançado demais para visitas.

As batidas assumiram um certo ritmo. Mu suspirou, deixou o livro sobre o sofá e abriu a porta.

— Aiolia? – Franziu a testa, dando espaço para que ele entrasse, e fechou a porta depressa por causa do vento. – Por que está fazendo um solo de bateria na porta?

As bochechas dele estavam coradas e encarava Mu com um olhar perdido, como se não o reconhecesse.

— Hum? Aio–

Aiolia levou as mãos ao rosto de Mu e retirou seus óculos de leitura. Os olhos dele se arregalaram, os lábios formando um oh silencioso.

— Mu! Você é muito lindo. Muito, muito, muito lindo mesmo.

Por algum motivo, Aiolia o admirava como se nunca tivesse encontrado nada nem ninguém tão espetacular na vida.

— Você é a pessoa mais linda entre todas as pessoas lindas. – Aiolia colocou os óculos na própria cabeça, feito uma tiara, e segurou seus ombros. – Vamos namorar?

— … Quê?

Namorar? Não fazia o menor sentido. Mu inspirou fundo. O cheiro de álcool fez seu nariz se franzir.

— Mu? – Aiolia o sacudiu de leve. – Diz que sim!

— Ehrm, nós estamos namorando.

Aiolia arqueou as sobrancelhas, soltando-o.

— Oh, já?

— Há três anos.

— Caramba, tudo isso?

— Uhum. – Mu espalmou as mãos nas costas dele e o guiou para a cozinha.

— Isso significa que você aceitou namorar!

— Pode-se dizer que sim. Você nunca me pediu em namoro.

— Pedi sim, acabei de pedir.

— Não agora. Digo… Enfim. – Mu encheu um copo enorme com água e entregou para ele. – Quanto você andou bebendo?

— Um pouquinho. – Aiolia engoliu tudo de uma vez e suspirou. – Tenho total controle sobre mim, se quer saber.

Mu cruzou os braços. Aiolia tinha avisado que iria dar uma volta com Milo, ao término do treino daquele dia. Pelo visto, eles tinham explorado – para não dizer saqueado – a adega de Camus.

— Não me diga que veio andando sozinho assim.

— O que quer dizer com assim? Estou ótimo. E o Camus me deu carona até aqui. De volta para seus braços! – Aiolia o abraçou com força, esfregando a bochecha na sua.

Mu comprimiu os lábios para não rir.

— Eu tenho taaanta sorte de ter um namorado incrível. E lindo e inteligente e fofo e…

— Pode parar. Foi-se a época em que eu caía nessa sua conversa. Se você está me elogiando tanto é porque quer algo.

— Injustiça. É assim que você reage a elogios? – Aiolia desfez o abraço e encarou um canto da cozinha.

Mu seguiu o olhar dele. Não havia nada de especial lá. Ele estava fazendo aquilo por pura birra? Teve que rir.

Aiolia fez careta.

— O que foi, Mu? Compartilhe a graça com o amor da sua vida.

— Apenas encontrei algo de adorável em seu estado de embriaguez, amor da minha vida.

— Aff… – Aiolia bufou e deu de ombros. – Se você duvida que estou sóbrio, okay. É um erro, mas tanto faz. Não é de hoje essa sua descrença em mim.

Era fascinante a capacidade do álcool de tornar as pessoas dramáticas. Aiolia fez beicinho e Mu quase riu de novo.

— Você acabou de pedir seu namorado, aquele que você namora há anos, em namoro.

— Você fala de si mesmo na terceira pessoa e eu que estou bêbado?

Mu deu um peteleco na testa dele.

Ouch.

— Eu estava lendo um livro bem interessante antes de você chegar. – Mu recuperou seus óculos da cabeça de Aiolia e os colocou em cima da mesa. – Seja bonzinho: deixe a argumentação sem sentido e a chantagem emocional de lado e vá para a parte em que você diz o que quer.

De maneira teatral, Aiolia abaixou-se e, apoiado sobre um joelho, segurou suas mãos.

Apesar da encenação ser evidente, o rosto de Mu esquentou.

— Não se atreva, engraçadinho.

— Ué, se a gente está namorando, este é o próximo passo natural.

— Uhum. Bom, desta vez vai ser um pedido oficial? Porque tivemos uma conversa parecida outro dia e continuo em dúvida se era um pedido oficial ou uma pergunta hipotética.

Pelo pau relampejante de Zeus! Por acaso a resposta vai mudar?

— A resposta, não. Minha reação emocional, sim. – Mu clareou a garganta e balançou a cabeça antes que caísse no loop do nonsense com ele. – Em todo caso, prefiro que me pergunte isso quando estiver sóbrio e sua vontade for verdadeira. Sei que, agora, você só está tentando me enrolar.

Aiolia estalou a língua e se levantou resmungando.

— Vamos, diga o que você quer.

Ele abriu aquele bendito sorriso torto, meio libertino e meio perigoso. Chegava a ser injusto o quanto esse sorriso abusado era fascinante. Mu desviou o olhar.

— Nem vem. Isso você sempre quer.

— É lógico. Você é supersexy.

Aiolia.

Okaaay. Huh, o que eu queria mesmo? – O olhar dele vagou pela cozinha como se tivesse algo diferente ali que não conseguisse identificar. – Lembrei! O Milo e eu vamos fazer uma festa.

Mu cruzou as mãos atrás das costas e aguardou. Aiolia espelhou seus movimentos. Pelo jeito, ele considerava ter dado uma resposta suficiente.

— Uma festa para quê?

— Celebrar o Réveillon, é claro.

— Ah, é claro.

— Aqui em casa.

Mu piscou devagar diante do rosto distraído de Aiolia. Tinha os traços tão harmoniosos. Mesmo ruborizado pelo álcool ele continuava belíssimo. Não, não era hora de admirá-lo.

— Espero que esteja brincando.

— Ahn, não?

— Vou reformular: por quê? Pensei que ficaríamos tranquilos no nosso primeiro Ano-Novo morando juntos. E por qual razão você não me consultou primeiro?

— Eu tentei te ligar, você que não me atendeu.

Mu voltou para a sala e pegou o celular perdido entre as almofadas. Descarregado. Ah, sim. Tinha esquecido de colocá-lo para carregar, o livro estava tão interessante.

— Em todo caso, tenho certeza de que você ligou depois de ter decidido fazer essa festa, ou seja, para me informar.

— Naquela hora eu já estava chapado, dá um desconto.

— Então, você admite que bebeu mais do que um pouquinho?

— Se isso te deixar menos aborrecido comigo. – Aiolia fez sua melhor cara de filhote esperançoso.

Mu deu outro peteleco nele.

Hey.

— Não estou aborrecido, embora você merecesse. Estou intrigado. O Réveillon é amanhã. Como vamos organizar uma festa a tempo?

— Não é uma festa, assim, feesta. Vai ser só a gente, o Milo e o Camus. Ele concordou pra fazer o Milo parar de tagarelar. Se você acha que estou bêbado, tinha que ver o Milo.

— Hum.

— Vai ser legal. – Aiolia o puxou pela cintura e beijou seu pescoço. – A gente mora junto há um mês e pouco, e ainda não teve nenhuma reunião com o pessoal aqui.

— O Aiolos veio aqui algumas vezes.

— Ele é meu irmão. Não conta.

— Ele é meu melhor amigo. Conta, sim.

— Ele é?

— …

— Oh, ele é. Verdade. Que estranho.

— Céus, beba mais água. A última coisa que vou precisar amanhã é você de ressaca, rosnando pelas sombras. Teremos muito a fazer.

— Ahá! Você concordou.

— Você estava tão dramático que pensei que tivesse matado alguém e quisesse a minha ajuda para esconder o corpo. Se é um encontro simples aqui, tudo bem. Porém, da próxima vez que tiver uma ideia dessas, faça a gentileza de me consultar primei–

Aiolia soltou uma exclamação de vitória incompreensível e ergueu Mu pelos quadris, girando-o pela sala.

— Pare, seu doido! – Mu apertou os ombros dele, seus cabelos compridos esvoaçando. – Você não está em condições de girar. Vai nos derrubar. Ou vomitar. Ou ambos.

— Opa. – Aiolia se deteve, oscilando, e aproveitou seus lábios entreabertos para roubar um beijo.

Ele era esperto demais. Incapaz de resistir, Mu o beijou de volta. Contudo, no instante em que Aiolia apertou seu traseiro, desvencilhou-se depressa e apontou para a cozinha.

— Água.

— Sim, água. Porque estou com sede, não bêbado.

Mu massageou as têmporas. Onde é que tinha se metido?

Continua… 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham tido um bom Natal :) Até o Ano-Novo eu volto com a segunda parte dessa história. Se houver interesse, claro. Portanto, deixe uma review dizendo o que achou :D

P.S.: Leia mais sobre a vida deles morando juntinhos em "Numa Manhã Qualquer" e "Numa Tarde Qualquer". Não compensa realocá-las para cá a essa altura, então vão continuar separadas, embora façam parte desse universo.

P.P.S.: Pra quem acompanha "Encounter", ela logo será atualizada.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Num Ano Qualquer" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.