A CHAVE SECRETA - '' A Garota É A Chave '' escrita por Ntã Dias


Capítulo 1
Despedidas


Notas iniciais do capítulo

Esse é um capito, '' Piloto '' Podendo então mudar algumas coizinhas...



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Já parou para pensar como tudo na vida é passageiro? Amigos, família e até os animais tem um propósito; eles estão com a gente agora, e depois não estão mais.
De pé em seu quarto, Kaiãn virou-se para o espelho e se autoquestionou, com a bagunça para a iminente mudança entre ele o mesmo.
Pensamentos confusos dominavam sua cabeça, fazendo-o buscar o porquê disso tudo que estava acontecendo consigo.
Hoje partiria para uma nova cidade, uma nova casa... Uma nova vida.
‘Deixarei a escola, meus poucos amigos e meu cachorro, Rex, que deve ficar com a mamãe, por ser muito apegado a ela’, pensou.
Por que isso aconteceu...? Bem... Seus pais resolveram brincar de gente grande, se é que me entende.
Viviam brigando, até que chegaram a um acordo de divórcio, mas dessa vez quem saiu foi seu pai, já que a dona Rozy preferiu seu trabalho como repórter ao invés do filho.
‘Embora não goste da cidade de Clivehell, sentirei falta de algumas coisas daqui’, mentalizava ao embalar seus últimos itens nas caixas.
Tudo estava muito silencioso... Até que pequenos cochichos começaram a surgir do outro lado da porta, entre seu quarto e a cozinha.
Eram duas pessoas conversando baixinho, deixando-o curioso a ponto de se aproximar para escutar sorrateiramente do que se tratava; a única certeza era a presença de seus pais, é claro.
Pressionando sua cabeça sobre a superfície de madeira polida, cinzenta e escura, captou algo sobre uma “Cidade Amaldiçoada”... E também, sobre uma garota que estava desaparecida há um tempo por lá.
Não percebendo que a maçaneta só estava encostada, na distração daqueles dados tão inusitados, o jovem rapaz acaba caindo com a pressão que fazia o próprio corpo para ouvir melhor.
... Puff. – Era o som de suas palmas indo de encontro ao chão para proteger-lhe o rosto da queda.
A conversa parou na hora.
E os olhares dos pais do garoto recaíram de imediato sobre ele, agravando a vermelhidão em seu rosto branquelo, que de certo se encheu de constrangimento.
“... Já foi dar um ‘até logo’ para os seus amigos, Kaiãn?” Seu pai, Freddy, perguntou primeiro, intimidador, com uma sobrancelha arqueada.
Ele respirou fundo e, com um sorriso de canto meio debochado, respondeu:
“Hm... ‘Até logo’? Seria mais fácil um adeus né, já que nunca mais os verei de novo.”
“Aproveite e leve o Rex pra passear, deixa que eu termino a sua mala.” Emendou Rozy.
“Claro... Aposto que enfim terá o sossego que sempre quis ter, não é mesmo?” Bufou Kaiãn, pensando alto ao recompor-se.
“... O que disse?!” A voz feminina, porém ainda grave da mulher indagou, atravessando-lhe como uma lâmina.
“Nada, até daqui a pouco.” Desconversou o menor, tratando de se afastar com passos apertados.
“Não demore, temos que ir antes das cinco!” Denotou Freddy, imutável.
Sem opções, obedeceu, mas ainda muito intrigado. Tinha certeza que só o deram a chance de umas últimas voltas assim para terminarem o assunto em particular; não havia muito o que fazer pela vizinhança, apesar de tudo.
“Poxa, ainda bem que você falou... Quase que não dá tempo, essas horas todas pra me despedir dos meus dois únicos amigos.” Ironizava pela segunda vez naquele dia, enterrando as mãos nos bolsos. Freddy apenas revirou os olhos enquanto jogava os pacotes pra dentro do carro.
Foi nesse momento que Kaiãn percebeu como seu cachorro parecia quieto demais, deitado ali na calçada, observando-os com uns olhinhos recaídos... Parecia aflito com algo.
Desconfiando que o motivo fosse a sua mudança, não deu muita importância. O que poderia fazer, afinal?
“Ei... Vai ficar tudo bem, amigão.” Passava as mãos sobre ele até que começasse a balançar o rabinho, colocando então a coleira e deixando o local.
Havia marcado de encontrar Alan e Lilly (Emilly) no Parque de Clivehell; era o seu lugar preferido da cidade, além de fácil para eles, por estarem sempre andando juntos.
O trio havia crescido de maneira inseparável – pelo menos até hoje – e compartilhado de vários momentos especiais na vida, melhores amigos desde o jardim de infância.
Alan era alto, bonito e sempre vivia muito bem arrumado. Tinha olhos castanhos encantadores, cabelos crespos hidratados, e também alguns segredos... Inclusive não fazia muito tempo que haviam descoberto sua bissexualidade ao encontrá-lo aos beijos com Hoger Miguel, o ‘valentão’ da escola.
Já a Lilly era um pouco mais ‘alternativa’, e usava preto todos os dias da semana: seu batom era preto, seu vestido era preto, seus sapatos eram pretos... ‘Talvez, por dentro, sua alma fosse preta também’.
Nunca soube dela se envolvendo com ninguém da escola, e por isso chegou achar que ela fosse lésbica – o que não faria diferença nenhuma na sua amizade –, mas não tinha certeza.
Foi a mesma coisa com o Alan, mas podia se lembrar que durante a festa de Halloween do ano passado acabou mudando de ideia quanto a isso; quando ela o fez uma confissão, aquilo o pegou de surpresa. Afinal, cresceram juntos, ela era como se fosse uma irmã mais nova, não tinha ter algo mais sério que a aquela amizade.
... Nunca mais tocaram no assunto depois daquele dia.
Lilly parecia ter encontrando um jeito de apagar aquilo de sua memória, e entre idas e vindas, permaneceram fortes como amigos e irmãos.
Será que continuariam assim quando abrisse a boca para revelar que estava de partida...?
Ah, a incerteza...
Mas sentia que era o certo a se fazer, afinal faz parte da vida, e já estava na hora de dizer adeus a tudo aquilo que formou o passado para se entregar de vez ao presente.
... Kaiãn respirou fundo.
“Pessoal... É hoje.”
“H-Hoje...? Como assim? Você tinha dito que era só daqui a nove messes! Logo após a formatura...” retrucava Alan, inconformado.
“Meu pai encontrou um novo emprego em Newcrest, então ele quer ir logo para não perder a oportunidade... E-Eu sinto muito mesmo, gente.”
... Silêncio.
O vento soprou, agitando os seus cachecóis e as trilhas de figueiras secas que carregava em suas correntes, enfeitando as os arredores com o seu degradê desde o pálido amarelo até o rubro mais intenso.
“Ah... Ahahahaha... Você... Você sente muito...? C-Como pode fazer isso COMIGO?! DIGO, com a GENTE...?! POR ACASO ESQUECEU UM DOS LEMAS DO NOSSO GRUPO?” Estourou-se Lilly, com pontadas de fúria e pranto simultâneos em sua fala, que saí-lhe aos quatro ventos, arranhando os pulmões.
“E-Eu–”
“NUNCA ABANDONAR OU CORRER, NUNCA CORRER OU ABANDONAR!”
Fazia tempo que não a via naquele estado, então o jeito era tentar acalmá-la...
“Ai, quanto drama Lilly, Newcrest nem é tão longe assim, vocês podem ir lá me visitar a qualquer hora depois da aula.” Disparou sob a pressão, sem pensar direito.
“Claro, até porque 300km daqui até Newcrest é bem pouquinho, né Kaiãn...? Que mancada.” Exortou Alan, coçando a parte anterior de sua cabeça.
Kaiãn deu uma breve recuada, percebendo a besteira.
Lilly estava ofegante. Mirava-o com olhos afiados, de julgamento; mais do que uns breves instantes. Pouco se passou até seus ombros sossegarem e que retomasse a postura:
“Deixa Alan, parando para pensar, a culpa não é dele... Temos que aprender a encarar os fatos... Que agora somos só você, eu e a cidade estranha...”
“Não diga isso, Emilly. Mesmo eu estando longe, eu jamais, JAMAIS esquecerei vocês dois, ouviu?! Nós nos falaremos todos os dias e sempre seremos o três da parada dura, okay?” o rapaz filho de pais recém-separados cavou com as palavras, comprimindo os punhos.
“... Você promete?” Bambeou Lilly.
“Sim, eu prometo! E-Eu... Eu amo vocês, pessoal.” Declarou já sentindo a perfuração da saudade em seu peito, não resistindo a algumas lágrimas prematuras.
Sua fraqueza se espalhou na roda feito um vírus contagioso, e então um grande é ultimo abraço em trio veio como medida de combate, selando a promessa de amizade eterna.
Estava seguro de que iria falar com seus amigos todos os dias enquanto pudesse, porém mal sabia o que estava por vir.
Depois de uma longa despedia, Kaiãn volta para casa enxugando os olhos e encontra já tudo pronto para a partida; o carro estava cheio, e exatamente como mais cedo, seus pais estavam à entrada, conversando com extrema discrição... Bem como suspeitou que fariam.
A essa altura, tantos sussurros inaudíveis já estavam lhe incomodando.
“Do que estão falando?” Inquiriu abordando-lhes de supetão.
“Isso não é conversa para crianças, mas já que quer tanto saber, estamos falando que a casa em que a gente vai ficar será onde morava uma garota desaparecida há algumas semanas. Os pais dela resolveram mudar de casa e então venderam pra mim pela metade do preço.” Cedeu Freddy.
As feições de Kaiãn então distorceram-se numa mistura de choque, curiosidade e também um pouquinho de questionamento interno sobre a sanidade mental de seu pai.
“Que garota...? Desaparecida? Como assim?!”
“Tudo que eu sei eu já te disse, o resto é com a polícia, filho.”
“Viu o que você está plantando na cabeça do nosso filho? Você não aprende nunca!” Repreendia Rozy.
“Ele não tem mais cinco anos de idade Rozy, você que devia parar com essa sua paranoia e aceitar que a casa está em perfeito estado e a pechincha foi ótima. Aliás, quer saber a verdade mesmo? Já perdemos tempo demais aqui. Meu filho, pega suas coisas, é hora de irmos.” Cortava o mais velho, já sacando as chaves do carro do bolso de trás das calças.
“Calma! Preciso me despedir da mamãe...” Advertia o fruto do casal.
Os dois se aproximaram então com olhares tristes, carregados de frases prontas, porém sinceras em seus traços. Coisas como ‘eu te amo meu filho, não vá embora’ e ‘eu também mãe, não me deixe ir’.
Porém Rozy era muito forte emocionalmente para admitir que o queria por perto.
Recolheu-se a um simples abraço e um ‘até logo’.
... Depois disso, entramos no carro e então pegamos a estrada até Newcrest.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, lembrando que ainda está em faze de desenvolvimento :)



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