~ Dear future husband
Here's a few things you'll need to know if
You wanna be my one and only
All my life ~

“Querido Futuro Marido,

Ontem você me fez uma pergunta que eu não pude responder. Ou não quis. Ou não tive coragem porque paralisei totalmente. Todas as afirmativas são verdadeiras. Mas não pude dormir pensando nas palavras que me disse e na falta de resposta com a qual te deixei, de forma que agora te escrevo uma longa resposta para compensar o atraso porque, primeiro, escrever é sempre mais fácil do que falar e, segundo, você fez eu me apaixonar por alguém completamente ocupado e cheios de assuntos do reino para resolver e que teve que viajar de última hora para Notthingam a trabalho, e nem se despediu da sua namorada temperalmental. Nada legal, Ben, nada legal.

Mas preciso, antes de entregar a resposta que te devo, te alertar sobre onde está prestes a embarcar. Acho engraçado que uma pergunta sobre assinar um contrato vitalício para dividir sua vida seja respondido com uma palavra tão banal de três letras. Eis aqui, portanto, algumas coisas que você precisa saber se quer mesmo dividir a sua comigo.

Pra começar, espero que esteja na cláusula do contrato que os encontros cheios de morangos nunca acabem porque, convenhamos, eu os mereço. E as estúpidas flores que você insiste em colher todo mês por aniversários que eu nem conto, também. Se fizer isso posso pensar em continuar te fazendo cookies, pois sei que precisa deles para adoçar os problemas reais de vez em quando. Lembre-se que a pergunta que me fez vem acoplada com um emprego na bagagem que me fará ficar tão atarefada quanto você, por isso não espere chegar em casa e me encontrar assando tortas. Eu nunca aprendi a cozinhar, na verdade, nada além de biscoitos. Banquetes feitos com magia não contam. Mas sei quais são seus pratos favoritos para poder mandar que sejam feitos, se ajudar.

Tenho tendência a ter reações exageradas por pequenas coisas, como já deve ter percebido, ou eu nem estaria escrevendo isso agora, e sei que não é fácil, mas precisará continuar sendo o cavalheiro que sempre foi mesmo quando eu estiver nos meus momentos mais loucos - que são frequentes - e basta me dizer que tudo vai ficar bem, porque eu acredito nisso quando é você quem me diz, pois você nunca mentiu sobre esse fato antes. Não mude e nunca me deixe sozinha. Se brigarmos, apenas se desculpe, mesmo que eu esteja errada - embora eu nunca erre - e te deixarei chegar perto novamente. Não há concessões quanto a isso.

Meus amigos são a minha família e vêm junto na bagagem, e isso significa que serão constantes em nossas vidas, espero que não seja um problema - absolutamente não foram eles que me obrigaram a escrever isso porque estão me encarando do outro lado da mesa pra não me deixar perder a coragem de enviar a carta, com toda certeza não.

Estou esquecendo de algo? Ah, o lado esquerdo da cama é meu.

O que eu quero dizer com tudo isso, Ben, é que eu ainda sou uma boboca assustada com um futuro que parece ser uma utopia, apesar de tudo, e por isso não fui capaz de te dar a resposta que você merecia na hora. Eu tive medo de que essa instituição popular chamada de casamento mudasse a leveza das coisas entre nós, que torne tudo enfadonho e que percamos o riso fácil e o prazer com a presença um do outro. Mas depois de passar uma noite inteira em claro pensando, cheguei à conclusão de que não corro esse risco com você. Você é o que há de menos entediante neste mundo, Benjamin Florian, e nenhuma rotina seria o suficiente me fazer enjoar de você.

A porta que você abriu ao fazer a pergunta não pode mais ser fechada e, se as informações que esclareci acima não o fizeram desistir ainda, deixe-me explicar o porquê percebi que quero sim usar o anel que você comprou. Gosto do seu jeito de me fazer rir quando, na verdade, estou no clima para cometer um assassinato. O seu efeito sobre mim já salvou muitas vidas, estou certa disso. Gosto de como me conhece e como sabe lidar comigo, e gosto da sincronia natural que flui quando estamos juntos. Funcionamos tão bem, e nem sabemos o porquê. Gosto das nossas viagens e de te ouvir cantando fora do tom no carro quando tenta me acompanhar. Gosto de como você sempre liga o ar condicionado, mesmo que odeie o frio, porque sabe que eu gosto da sensação. Gosto de tudo o que me ensinou, estou começando até a ver vantagens em ter aprendido a dançar. Até das nossas brigas, percebi na noite passada, eu gosto; suas explicações e como, certo ou errado, você é quem sempre corre atrás, e isso diz muito.

Gosto do seu abraço quando quer me proteger, ele me faz esquecer até que um dia senti dor. Gosto das mudanças que provocou em mim, desde quando te conheci, parece que foi de outras vidas. Ou de outros sonhos. Ou dos meus sonhos, na verdade. Literalmente. Gosto dos seus olhos, são mel ou amarelo, não decidi ainda. Gosto do seu cheiro que fica em mim após nos abraçarmos, do seu sorriso que me faz sorrir de volta, e gosto do seu nome, de pronunciá-lo. Gosto de você por inteiro. Gostos dos planos para o futuro que você faz, e até de como me assusta completamente quando deixa eles escaparem em voz alta.

Eu não sei se serei capaz de realizar todos eles com você, mas sei que gosto da ideia de tentar, e de como tudo soa menos assustador com a promessa de que estará comigo. Gosto de tudo o que me ensinou sobre as coisas errados e as coisas certas da vida e, Ben, você foi a coisa mais certa que aconteceu na minha vida. E eu quero que continue sendo, para sempre.

Desculpe se nada acima fez sentido, eu não estou acostumada a soar formal, você sabe. E nem muito menos romântica. Foi uma noite de desespero ao imaginar uma vida sem você que provocou tudo isso a saltar para fora. Talvez seja uma boa ideia queimar essa carta depois de lê-la. Eu mesma faria isso agora, mas Evie, Jay e Carlos me impediriam e dariam um jeito desse amontoado de melosidade chegar às suas mãos.

Espero que saiba também que a despeito de tudo isso, querido futuro marido, desde a dedicatória isso já significa um sim.

Sim.

Eu me caso com você, Benjamin.

Satisfeito agora?

Sua querida futura esposa,

Mal.”