Anti-clichê: porque sempre haverá um chichê

Achar um presente sempre é algo que requer cuidado, ainda mais quando esse “alguém” é a sua melhor amiga, pela qual está apaixonado e pretende se declarar.  Situação complicada? Então imagina que esse presente vale por dois, visto que essa pessoa resolveu nascer no dia do Natal! Sério!? Quem nasce no dia de Natal?! Claro que tem que ser essa maldita, irritante e linda rata de biblioteca pelo qual estou apaixonado. A minha vida não é fácil, o que pode ser considerado um paradigma, visto que bom, sou um Malfoy, e se você é um bruxo, um nascido trouxa ou até mesmo um trouxa, você conhece o peso desse nome. Logo, acredite, para EU, Draco Malfoy, o sonserino mais bonito que Hogwarts já viu, estar me declarando para uma grifinória é porque realmente fui flechado por esse tal de cúpido. Por Salazar, se minha mãe descobre que estou indo me declarar para uma nascida trouxa ela me deserda, e não haverá nada que papai possa fazer para convencer ela do contrário, afinal, quem veste as calças lá em casa é Narcisa Malfoy, descendente de uma família de sangues-puro, os Blacks, que devido a um acordo, fizeram-na casar com meu pai, Lucio Malfoy, que apesar de também vir de uma família de “puro sangues”, não herdou o preconceito com os nascidos trouxas que a família de minha mãe apresenta. Segundo papai, anteriormente a família Malfoy era, assim como os Blacks, preconceituosos, mas a situação mudou desde que meu avô, Abraxas Malfoy, virou melhor amigo de um mestiço, o qual é descendente de Salazar, o professor de poções e vice-diretor de Hogwarts, Tom Ridlle.

Por ter sido sempre mais próximo do meu pai, visto que ele sempre foi mais amoroso, foi fácil contar para ele de minha amizade com a Granger, e consequentemente dos meus sentimentos por ela. Ele me ajudou a esconder de minha mãe a minha relação extremamente próxima com a Hermione, visto que por ela, eu nunca teria a conhecido. Bom, Narcisa Malfoy é uma pessoa difícil, vem de uma família extremamente difícil, a qual, sinceramente, prefiro nem ter contato, a não ser pelo Sirius e por Andrômeda, a qual só os conheço devido a insistência de meu pai, e dou graças a Deus por isso, porque se não tivesse conhecido Sirius, nunca conheceria seu afilhado, Harry Potter, que é tanto meu melhor amigo, como é do meu docinho de coco, e responsável por nos apresentar. Graças a Merlin, Harry! Claro, que, como nem tudo são flores,  Harry também é o responsável por apresentá-la a Ronald Wesley, ou como prefiro chamar, cabeça de cenoura, não é que eu tenha nada contra ele, pelo contrário, no início até ia com a sua cara, achava que ele era até um cara presença e tal, mas aí ele começou a dar em cima da “minha mina”, e, rapaz, aí já acabou a qualquer possibilidade de uma amizade entre nós dois, afinal de contas, não dá para ser amigo do namorado da garota que você gosta.

Eu já estava acostumado com a minha má sorte, já tinha até desistido de andar com os amuletos da sorte. Quer um conselho? Eles são só superstição, já andei com pé de coelho, com ferradura de cavalo, com trevo de 4 folhas que meu bebê me deu para melhorar meu humor, mas nada deu certo. Por outro lado, um gato preto passou na minha frente e, sinceramente, foi no melhor dia da minha vida, pois quando foi do nada Hermione e Ronald se separaram. Tá, que não assim do nada, visto que eles já andavam brigando desde que o grifo entrou para o time de Quadribol e virou popular na escola, e apesar de essa ser uma expressão que as meninas usam, eu não vou cansar de repetir: “Obrigado, Santo Quadribol”, afinal, apesar de não ser fã desse esporte, ele que me ajudou a separar os dois.

Bom, voltando ao assunto principal, o presente da Hermione, afinal eu já divaguei muito. Blásio sempre fala que eu vivo divagando e exagerando, ah, por falar nele, acredita que o sortudo finalmente conseguiu namorar a Luna?! Ele fez um pedido espetacular, com direito a milhares, opa, melhor voltar ao presente da Hermione. Como disse, já pensei muito no que dar para ela, afinal, é mais fácil ela não gostar do presente do que gostar, e creia no que falo, não é bom presenciar o que Hermione Granger faz após receber um presente que não gosta. Lembro que, no primeiro Natal da Herms com o cenoura, ele deu uma Nimbus 2000 para ela. Sério?! Se tem uma pessoa que odeia voar mais do que eu, essa pessoa é Hermione Granger, logo dá para imaginar que a reação dela não foi muito boa.

Enfim, continuo com minha busca pelo presente ideal aqui. Não é que não tenha tido nenhuma ideia, afinal eu a conheço e observo ela desde sempre, sei tudo que gosta e o que não gosta. Creio que o problema é exatamente esse. Já pensei em dar um livro para ela, mas qual o livro da biblioteca de Hogwarts ela não leu? Qual livro que não seja acadêmico é profundo o suficiente para despertar a curiosidade de Hermione? Não poderia ser qualquer livro, teria que ser um livro que permitisse ela conhecer o pensamento de cada personagem, de se identificar, afinal, Hermione é uma leitora exigente. Logo, descartei essa opção. Zabini e Nott até insistiram nessa opção, mas sério, eles estão loucos, esse não é o presente ideal para ela.

Pensei também em um vira-tempo, para ela poder assistir as aulas, mas aí lembrei que Minerva já teve essa brilhante ideia. Eu fiquei em uma enrascada. O que poderia dar à Granger? Ela gosta de livros, do FALE, de estudar, de neve, do Natal, entre tantas outras coisas. Bom, talvez seja melhor eu escrever uma carta para meu pai, quem sabe ele pode me ajudar, já que Blásio e Theodore só deram ideias de Jerico, como um elfo doméstico. Ah minha vontade de matar eles. Bom melhor eu ir, mais tarde volto a escrever em você, diário.

~DH~

            Bom, já mandei a carta para meu pai, agora só falta esperar sua resposta, enquanto isso vou aproveitar para ficar no dormitório.

“E aí, Blásio. Theo”

“Fala cara, achou o presente ideal para teu bombom de côco?” – Encarna Blásio, desde que ele “acidentalmente” leu meu diário encontrou uma página que imagino declarar meus sentimentos por ela. Viu só como sou azarado? Só seria pior se quem lesse o diário fosse ela.

“Vai a merda, Zabini” – Hoje meu humor não está dos melhores, afinal, amanhã já o grande dia e nada de encontrar o presente de Natal/aniversário da Hermione.

“Relaxa, Draco, vai dar tudo certo, basta falar teus sentimentos para o seu coração” – Dessa vez Theodore que me encarna, mas por sorte dele, não dá nem tempo de o esganar, porque a coruja de meu pai acabou de chegar.

“Já falei com o professor Riddle, ele vai liberar o uso da lareira. Tenho a ideia perfeita. Me encontra no Whitehall”

            “É meninos, acho que tudo dará certo. Vejo vocês depois”

~DH~

            Realmente posso contar com meu pai para tudo. Ele teve uma ideia que eu nem poderia imaginar, e graças ao poder e riqueza que vem junto ao sobrenome Malfoy, acabamos de fazer algo inimaginável. Hermione vai amar. Só não sei se é o ideal para fazer minha declaração. Na verdade, tenho certeza de que não é. Melhor deixar para outra oportunidade.

            “Ei cara, deu tudo certo?” – Theo manifesta assim que me vê entrando no dormitório.

            “Sim. Consegui o presente ideal para ela.”

            “Então agora vai começar a ensaiar a tua declaração? Se quiser, eu posso fazer o papel da Hermione” – Fala Zabine zombeteiro.

            “Na verdade, creio que esse não é o momento certo. Vou esperar uma próxima oportunidade para me declarar”

            “Cara. Para com isso. Toda vez é a mesma coisa”

            “Theo está certo, Draco, dá última vez ela inclusive começou a namorar o cabeça de cenoura. Vai deixar ela seguir em frente com outra pessoa que nem é você?! Já faz mais de um ano que ela terminou com o Wesley e nada da tua declaração. Esse é o nosso penúltimo ano em Hogwarts. E depois, sabe-se lá o que vai acontecer. Vai e se declara, sério. Tem pelo menos uma vez na vida a coragem grifinória”

            “A coragem grifinória não é estupidez disfarçada de coragem?! Vocês sempre falam isso, e sinceramente, eu não sou estupido. Prefiro continuar a ser apenas amigo dela do que me declarar e me afastar de vez”

            “Cara, para com isso, sério, está na cara que vocês dois se amam mais do que como amigos. É recíproco.”

            “Isso mesmo, Theo. Só esses dois cegos que não percebem isso e preferem não se declarar”

            “Chega vocês dois, eu vou até sair daqui. Não tem nada que vocês falem que possa mudar minha opinião”

~DH~

            “Cara, eles estão sendo burros. Se pudesse eu colocava um de frente para o outro e fazia declararem seus sentimentos.”

            “Não adiantaria nada, Theo, eles iam acabar ficando calados. Só daria certo se tivesse uma forma deles se declararem sem perceber que estão se declarando um para o outro”

            “Nem que déssemos veritaserum”

            “Aí, queria tanto que Draco deixasse o diário mais uma vez solto por aí e Hermione lesse. Só assim, Theo, só assim”

            “Bom, e porque não fazemos o diário cair da bolsa dele?!”

            “Isso mesmo cara. Draco está precisando de uma ajudinha da Sonserina”

~DH~

            “Entendeu o plano, Luninha ?!”

            “Entendi, amor, não se preocupe”

            “Certo, então vai lá. Draco e Theo estão vindo”

            “Oi, Draco. Oi, Theo. Como vocês estão? Eu queria falar com vocês. Estava pensando no presente do Blásio, e queria a opinião de vocês. Primeiramente, eu pensei em comprar óculos como os meus, mas acho que não combinariam com ele. Aí resolvi comprar a nova Nimbus. Pensei que tu podia voar nela para vê se está tudo bem, Draco. O que acha?” 

            “Luna, de boa, eu não sou fã de vassouras. Acho que o Blásio deve gostar, mas é melhor o Theo experimentar”

            “Mas o Theo é bem menor que o Blásio. Você é mais parecido Draco, por favor”

            “Certo Luna, certo”

...

            “Pronto. Chegamos ao campo de treinamento. Vai lá, Draco”

            “Calma, Nott. Luna, segura minha coisas”

            “Uau, nunca imaginei que o Draco fosse tão ruim assim, Theo”

            “É Luna, Draco é terrível, mas se concentra em pegar o diário. Vamos entregar logo para a Hermione”

~DH~

            “Desde o primeiro ano. Ainda quando tinha os dentes tão grandes quanto o de Neville, quando o cabelo era pior do que do Bichento, eu te amei. Quando minha mãe disse que não deveria me aproximar de nascidos trouxas, meu coração praticamente sangrou. Eu te amo e sempre irei amar. Sei que parece clichê falar isso, mas é a pura verdade. Não me imagino amando outra pessoa. Quando te vejo é como se um milhão de reações surgissem, como se não tivesse espaço para que elas ocorressem. Parece que meu corpo todo vai entrar em combustão. Quando eu te vejo sorrir, sinto como se estivesse no meio do universo, cercado por inúmeras constelações, cometas, estrelas, planetas, mas só um importasse, só o teu sorriso. E acredite, eu não te amo porque és minha melhor amiga. És minha melhor amiga porque eu te amo. Sempre te observei, comecei a me interessar e resolvi me aproximar, foi assim que acabamos virando melhores amigos, mas meu amor por você sempre foi mais do que isso. Já cheguei a falar que te amo mais do que como uma amiga, mas você entendeu como se fosse amor de irmão. Quis me matar nesse dia.

Sei que nunca me olhará como mais do que um amigo, mas me contento em apenas estar ao seu lado. Meu desejo é que como a música, caminhássemos lado a lado, letra e melodia, até que nos tornássemos um: a mais bela música. Provavelmente nunca terei coragem para me declarar, então é melhor desabafar usando meu diário, mas o que mais desejo é conseguir me declarar”

“Hermione?”

“É reciproco, Blásio”

“Então, você irá se declarar?”

“É melhor você ir e devolver o diário, ele pode desconfiar”

“Hermio...”

“É melhor ir logo, Zabine”

~DH~

Finalmente chegou. Hoje é o dia do aniversário dela.

“Hermione”

“Draco”

“Feliz aniversário” – Ah como é bom abraçá-la

“Obrigada”

“Esse aqui é o seu presente. Espero que você goste”

“Não precisava, Draco”

“Claro que precisava”

“A partir deste ano, o Ministério de Magia declara que a aquisição de novos elfos domésticos está proibida e que o seu trabalho só será permitido seguindo as novas regras, incluindo pagamento de salário. Informamos também que em breve o Ministério irá tornar público um plano para libertação dos elfos, com indenização para aqueles que se sentirem prejudicados.”

                        - Ministro da Magia

“Draco, como assim? Como você conseguiu?”

“Meu pai me ajudou. Ele tem grande contatos no ministério, e a parte mais difícil era a questão da indenização, mas ele se responsabilizou, então...”

“Nossa, Draco, eu não acredito, muito obrigada” – Se for para ganhar esse abraço e quantidade de beijos na bochecha, acho que vou ajudar criaturas mágicas todos os dias

“Nada, Hermione. Ah, você me mandou uma coruja, dizendo que precisava falar comigo. O que era?”

“Ahhhh, não era nada, Draco. Pode ficar tranquilo” – Oh, o sorriso que me deixa nas nuvens

~DH~

“Cara, não acredito nisso. Nem assim para dar certo”

“Ela já sabe que ele a ama. Porque não se declarou?”

“Eu nunca vou entender esses dois, Theo”

“Dá próxima vez a gente poderia dar veritaserum ou quem sabe amortentia”

“Podíamos colocar eles embaixo do visgo e obrigar eles a se beijarem”

“Senhores”

“Professora Minerva!”

“O professor Dumbledore está chamando em sua sala”

~DH~

Juro que imaginei que ao chegar na sala levaríamos uma bronca. No caminho imaginei tudo que eu e Nott poderíamos ter feito para ir até a sala do diretor, mas nada vinha na minha mente. Mas qual a minha surpresa ao entrar na sala e ver nada mais nada menos do que o diretor, o vice-diretor e Lucius Malfoy? Certeza que Draco descobriu que roubamos o diário dele.

“Senhores, se me dão licença, acho que meu papel aqui já está feito” - Disse o diretor se retirando dessa sala

“Eu tenho um plano para juntar o Draco e a Granger” – Quando o Sr. Malfoy disse isso, percebi que eu e Theo tínhamos nos metido em um plano que não poderíamos voltar atrás

“E qual o plano?” – Vi Theo perguntar engolindo a seco, ah mas ao olhar para os sorrisos de lado dos dois outros homens na sala, tive certeza que esse seria O plano, e que apesar de provavelmente, no final, Eu e Theo acabaríamos enrascados, sei também que esses dois finalmente ficariam juntos.

~DH~