A neve já cobria as ruas e respirar já se tornara dolorido sem um feitiço aquecedor, os passos se afundavam na neve fofa e os sons de sinos e risos se espalhavam pelas ruas conforme se andava.

Sirius se encolheu no casaco e soprou as mãos, resmungando que Godric’s Hollow não precisava ser tão fria, mas logo alcançou a varanda dos Potter e bateu à porta, ansioso.

James a abriu com um sorriso e deu um risinho, batendo a mão no ombro do amigo, espantando a neve.

― Está atrasado. ― provocou.

Sirius bufou, empurrando o outro e estremecendo ao receber o calor da casa.

― Olivia já chegou?

James assentiu, enquanto Sirius arrancava o casaco e o jogava no aparador, passando o amigo e indo para a sala. O outro observou o casaco e com um aceno, ele foi para o gancho livre do porta-casacos, porque Merlin sabia que se deixasse ali, Lily mataria ele e Sirius.

James foi preguiçosamente, depois, atrás do amigo que já abraçava e beijava Olivia, que ria em seus braços, os pés levantados e os cabelos loiros agitados.

― Snuffes, vamos... Já é quase meia-noite... ― Olivia murmurou só para o namorado.

Sirius a colocou sobre os próprios pés e beijou-lhe o topo da cabeça.

― Estou faminto mesmo.

― E quando não está? ― Remus murmurou da passagem para a sala de jantar, os braços cruzados, encostado no batente, despojado.

Sirius deu um sorriso brilhante para o amigo, sem responder propriamente, e piscou em seguida, ao que Remus apenas balançou a cabeça, sorrindo.

― Venham, já está na mesa.

Pouco depois, com todos acomodados, o casal Potter, recém-casado, em seu primeiro Natal, se colocou na posição de anfitrião: na cabeceira, James estava pronto para cortar o pernil.

Sirius e Olivia estavam um ao lado do outro, com Sirius lançando sorrisos maliciosos para Remus, do outro lado, que respondia com sorrisos de quem acha graça, os olhos brilhando, ao lado de Sofia.

Só quem não estava era Peter, que só passava o Natal com a mãe, mas prometera aparecer ali na manhã para dar os presentes.

Lily pigarreou, levantando a taça de Vermute.

― Bem, obrigada a todos por virem, mesmo aqueles que chegaram atrasados... ― Lily começou, e já lançou um olhar que fingia ser irritado para Sirius, mas ao pegar a piscadela dele, ela só pôde sorrir. Balançou a cabeça, lançando os cabelos vermelhos para trás. ― Que esse seja o primeiro de muitos Natais juntos! Da nossa família... ― Lily olhou para James, que agitou a cabeça ansioso. ― que agora vai ganhar mais um membro.

Por um momento, quando o relógio de carrilhão soou a meia-noite e fogos explodiram por perto, o silêncio caiu sobre a mesa dos amigos, enquanto absorviam a notícia.

Remus foi o primeiro a pular e abraçar Lily, dando um tapa no ombro de James sobre o ombro da mulher, que ria, enquanto ouvia as felicitações do amigo.

Então Olivia e Sofia também levantaram, parabenizando, rindo felizes.

O último a acordar foi Sirius, ainda com a taça de Vermute levantada, olhando para Lily com um sorriso congelado. James foi até ele e apertou seus ombros.

― Padie? ― chamou baixinho.

Sirius piscou e abaixou a taça, se virando para James.

― Ela... Ela está... grávida?

James encolheu os ombros, com um sorriso que, pela primeira vez, vencia o de Sirius em brilho.

― Está sim. Quase 3 meses. A gente... Resolveu fazer surpresa... Porque, sabe, estamos numa guerra e tudo mais... ― James riu-se. ― Oh, Padfoot, dá pra acreditar? ― murmurou baixo e encolheu os ombros.

Sirius riu pelo nariz, com aquela risada que mais parecia um latido e se levantou, abraçando o outro.

― Eu vou ganhar um sobrinho ou uma sobrinha! Oh, por Morgana, James Potter! Você vai ser pai! ― gritou, o afastando pelo ombro.

― E você padrinho, Sirius Black! ― James emendou, batendo nos braços do outro.

Sirius abriu o sorriso e olhou para Lily que assentiu e logo depois se viu rodando nos braços de Sirius.

― Sirius! ― Gritou entre risadas e ele a colocou no chão.

― Parabéns, sardenta, você vai ser a melhor mãe do mundo. E essa criança vai ser tão mimada!

Lily levantou as sobrancelhas.

― Com tios e padrinho como os que vai ter, eu vou precisar educar a criança com pau de sabugueiro, isso sim.

Todos caíram na gargalhada e depois, enfim, foram dividir a ceia.

Já estava quase amanhecendo, com James dormindo bêbado no colo de Lily, que assistia algo na TV trouxa e com Remus flertando corajosamente com Sofia, que, talvez por culpa do álcool, definitivamente estava correspondendo.

Sirius puxou Olivia pela cintura e começou a dançar com ela, sem nenhuma música além dos barulhos da madrugada e dos amigos.

― Olie?

― Sim, Snuffle?

― Aposto que o rebento Potter ia adorar ter uma amiguinha, sabe... Uma linda menininha loira como a mãe... Com estrelas nos olhos, como o pai.

Olivia franziu as sobrancelhas.

― Gostaria?

― Aposto que sim.

Olivia o deixou rodá-la, sem responder.

― Snuffles?

― Sim, Olie?

― Você quer ter uma... filha comigo?

Sirius parou, com o braço a apertando contra si e lhe beijou a testa.

― Nada me faria mais feliz do que ter uma família contigo, Olie.

Olivia apoiou a cabeça no ombro dele, fechando os olhos e abrindo um sorriso preguiçoso.