Um Amor De Natal escrita por Maremaid


Capítulo 5
Frazel - Como Hazel descobriu o (seu lugar no) Natal


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Tudo bem com vocês?

Desculpem pela demora! Eu fiquei alguns dias sem internet e também custei para terminar de escrever o capítulo. Mas o importante é que eu voltei, não é? Haha.

Enfim, vamos logo ao que interessa. Boa leitura!



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Tudo que Hazel Levesque mais queria de Natal era ver a sua família reunida e feliz novamente, igual quando ela era criança. Mas ela sabia que isso nunca mais iria acontecer.

Bianca, sua irmã mais velha, faleceu há 6 anos em um acidente; Nico, seu outro irmão, foi o que mais sofreu com a perda, então ele constantemente arrumava desculpas para não aparecer nos feriados. Marie, por mais que fosse mãe apenas de Hazel, sempre considerou os enteados como filhos e se sentia muito triste com a desunião da família. Hades, seu pai, se afundou no trabalho e na pequena vinícola que eles tinham em casa para tentar superar o ocorrido. Bianca era a cola que mantinha a família deles unida, sem ela, eles eram apenas pedaços soltos que não se encaixavam mais.

Depois que Bianca se fora, ela tentou ficar mais próxima do imão. Sem sucesso. Às vezes ele até se confundia e a chamava sem querer de Bianca, Hazel não reclamava, ela fingia que nem tinha escutado. Ela sabia como Nico estava sofrendo, como ele sentia falta da irmã mais velha.

Então, Hazel resolveu arrumar um emprego para mostrar aos pais que ela podia se virar sozinha, que eles não precisavam se preocupar com ela. Afinal, ela não queria ser um fardo para a família que já sofria tanto. Queria aprender a ser responsável e independente, pois estaria indo para a faculdade no próximo ano.

Os pais concordaram desde que ela não deixasse os estudos de lado. Hazel conseguiu um emprego de meio-período em uma cafeteria da região chamada Coffee 101. Era o seu primeiro emprego e era ótimo ganhar o próprio dinheiro.

Ela se dava bem com seus colegas: Gwen trabalhava no caixa; Frank e Dakota atendiam as mesas — assim como Hazel também fazia — e Octavian era o gerente. A dona era Afrodite, mas ela não aparecia com frequência por lá, pois precisava cuidar das outras franquias também.

— O pedido da mesa 8 está pronto, Hazel — Gwen avisou.

— Certo, obrigada! — ela pegou o café no balcão e colocou na sua bandeja, indo para a área externa, no qual era fechada com paredes de vidro e contava com um sistema de aquecedores para os dias frios.

A cafeteria estava mais cheia do que o normal. Parecia que várias pessoas haviam tido a mesma ideia: parar para beber algo quente após uma tarde fazendo compras de Natal.

Hazel se apressou em levar o pedido, sem prestar muita atenção nas outras mesas que estavam na sua passagem. De repente, sua bota topou contra o pé de ferro de uma das mesas. A bandeja balançou em sua mão. Ela sentiu vontade de gritar, mas se conteve, sabendo que isso chamaria ainda mais atenção.

De repente, ela sentiu uma mão envolvendo a sua cintura, a impedindo de cair de cara no chão. Ela olhou para a pessoa que acabara de salvar sua vida: Frank Zhang.

Ele ensinou tudo que Hazel sabia sobre o emprego. Ele era alto, musculoso, mas não de um jeito estranho, seu corpo era proporcional com a sua altura; olhos levemente puxados, devido a sua descendência chinesa, que o deixavam super fofo quando sorria; um pouco tímido, mas muito prestativo e gentil com os outros e… Talvez Hazel tivesse uma pequena quedinha por ele. Não que algum dia ele fosse nota-la, é claro. Afinal, ele já era um universitário, enquanto ela ainda estava no Ensino Médio.   

— Você está bem? — Frank perguntou. A bandeja com o café estava agora na outra mão dele.

“Como Frank conseguiu fazer isso? Hazel pensou, ainda um pouco atordoada com o que tinha acabado de acontecer.

— E-eu acho que sim. Obrigada.

— Essas mesas estão muito próximas, não é à toa que você quase caiu. Sinto muito, eu deveria ter percebido isso antes e arrumado.

Ele era sempre tão atencioso.

— Ah, não se preocupe. Essas coisas acontecem... — ela respondeu e olhou para a mão dele ainda pousada em seu quadril. Frank percebeu para onde ela estava olhando.

— Ah, desculpe — Frank a soltou, parecendo constrangido. Alguém pigarreou atrás deles. —Aqui está o seu pedido, senhor — ele colocou o café na mesa do cliente —, mais alguma coisa?

— Não. — O cara deu um pequeno gole no seu café, soltou um suspiro exagerado e murmurou: — Esses jovens de hoje em dia ficam se agarrando em todos os lugares, nem respeitam mais o próprio ambiente de trabalho.

Hazel sentiu seu rosto esquentar, mas ninguém percebia quando ela corava devido a sua pele negra que camuflava isso muito bem. Frank parecia um pouco sem jeito também, por mais que tentasse disfarçar. 

Eles pediram licença ao cliente e se afastaram da mesa.

— Hmm, eu estava indo pegar o pedido de um cliente, mas parece que eu acabei passando por aqui em na hora certa — ele comentou.

— Chegou sim. Muito obrigada, Frank! — ela o agradeceu com um sorriso. — Eu ia queimar um cliente com café quente se não fosse por você.

— Imagina, não foi nada demais. — ele sorriu, fazendo seus olhos ficarem apenas um risquinho. Hazel já dissera como ele ficava fofo assim? — Bem, melhor voltarmos ao trabalho antes que o Octavian volte.

— Ele saiu? — Hazel tentou não soar muito feliz com essa informação.

— Não, ele está na dispensa conferindo o estoque. Você teve sorte que ele não viu o incidente.

— É, eu tive mesmo. — Hazel sentiu uma onda de alívio

Ela já estava trabalhando no Coffee 101 há 6 meses, porém sentia como se ainda estivesse no período de experiência, porque Octavian não saía do seu pé. Parecia que ele estava louco para vê-la cometendo um pequeno deslize para enfim ter uma desculpa e demiti-la. Como Afrodite era muito atarefada, tudo acabava ficando a cargo da gerência de Octavian, que tinha como principais talentos: ser puxa-saco da chefe e carrasco dos colegas.

— Ah, preciso pegar o pedido de um cliente. Até depois, Hazel.

— Ok, tchau.

Hazel viu Frank voltar para dentro do café. Ela ainda conseguia sentir sua cintura formigando onde o braço dele estava apenas alguns minutos atrás.

***

O Coffee 101 sempre fazia uma pequena confraternização entre os funcionários para celebrar o fim de ano. Além da música e as comidas — no qual, cada um levava um prato — havia também um amigo-secreto. Hazel estava animada, era a primeira vez que ela participaria de uma troca de presentes fora do ambiente familiar.

Hazel foi a última a tirar o papel, então ela teve que pegar o único papel dobrado que ainda restava no saquinho. Ela suspirou e, torcendo para não estar escrito o nome do seu Gerente nele, abriu o papel.

Mal acreditara quando viu aquelas 5 letrinhas escritas no centro do papel. Frank. Ela teve que se controlar para não dar um grito de felicidade. Sim, parecia que o destino estava ao seu lado e finalmente algo bom estava acontecendo com ela neste Natal!  

Então, depois do seu turno, Hazel foi ao shopping para comprar o presente de Frank. O problema é que ela não fazia a mínima ideia do que comprar! Havia ficado tão feliz por ter retirado o nome dele que nem havia pensado no que lhe daria. E se ela comprasse algo que Frank não gostasse? E se ele achasse que ela tinha mau gosto para escolher presentes?

Hazel queria tanto pedir a ajuda de Nico neste momento, ele saberia dizer o que os garotos gostavam de ganhar. Mas seu irmão estava ignorando todas as mensagens que ela havia mandado, ele nem sequer as lia! E ela não tinha coragem de perguntar isso ao pai, muito menos à mãe... E se eles percebessem que Frank era mais do que um colega para a filha? Ah, não! De jeito nenhum! Era melhor Hazel se virar sozinha.

Hazel caminhava pelo shopping, olhando com atenção para as fachadas das lojas, pensando em qual deveria entrar. 

— Feliz Natal! — um Papai Noel, que estava em frente da loja de música, disse a ela. Além da tradicional roupa vermelha e branca, ele usava óculos de sol, um headphone pendurado no pescoço e uma guitarra em mãos. Uau, um bom velhinho moderno!

Isso a fez se lembrar do passado. Quando Hazel era criança, ela mandava cartinhas para o Papai Noel, sem saber que eram os seus pais que compravam os presentes que ela pedia.

A última carta que Hazel escreveu foi quando tinha 13 anos. Ela já estava bem grandinha e não acreditava mais em renas voadoras, elfos ou em magia. Porém, foi a forma que ela encontrou para botar para fora tudo o que estava sentindo e não podia compartilhar com os seus familiares que já estavam sofrendo tanto. Essa carta não foi enviada, claro. Na verdade, naquele dia, após chegar do hospital — onde recebeu a noticia que a sua irmã não havia resistido e faleceu —, ela apenas se trancou em seu quarto, arrancou uma folha de caderno e começou a escrever. Suas lágrimas borravam a tinta azul na folha. Quando terminou, botou dentro de um envelope vermelho e olhou para o local onde ficava o destinatário. Sem nem pensar duas vezes escreveu “Para o Papai Noel”, mesmo sabendo que o bom velhinho, ou qualquer outra pessoa, não poderia realizar o seu pedido de qualquer forma.

— Feliz Natal! — ela respondeu de volta. 

— Comprando presentes para a família? — Noel perguntou, puxando papo com ela.

— Não... — ela respondeu, meio sem jeito. — É para um colega que eu peguei no amigo-secreto do trabalho.

— Ah, entendo.

De repente, uma luz se acendeu na cabeça dela. 

— O que os garotos, digo... O que os homens gostam de ganhar de presente?

— Os homens? — Noel parecia confuso.

— Ah, é que eu não faço ideia do que comprar. Pensei que seria bom pedir uma opinião masculina e... — ela se interrompeu. — Esqueça! Eu não quero atrapalhar o senhor durante o expediente!

Ela acenou e voltou a andar.

— Você gosta dele? — Noel perguntou em algum lugar atrás dela.

— O quê?! — Hazel parou, totalmente pega de surpresa pela pergunta.

— O colega que você pegou no amigo-secreto… Você gosta dele?

Hazel deu uma risada forçada.

— Por que o senhor acha isso?

— Porque você parece um pouco nervosa, como se quisesse comprar algo que realmente o agradasse. O presente perfeito.

Ah, que ótimo! Hazel não pediu ajuda para seus pais com medo de ser descoberta, mas um desconhecido fantasiado de Papai Noel conseguiu perceber isso! Será que ela estava sendo tão óbvia assim?

— Bem, dar presentes para os homens é mais simples do que parece. — Noel continuou. — Apenas dê algo que seja útil. Pense em algo que você nunca o viu usando, mas que você ache que ele precise.

— Algo útil... — ela murmurou mais para si mesma, tentando pensar em algo.

— Bem, preciso voltar ao trabalho, mas espero que eu tenha te ajudado de alguma forma.

— Claro! Muito obrigada, Noel. — Ela sorriu e acenou para ele. — Feliz natal para o senhor.

— Obrigado. Feliz natal para você também, querida! — ele dedilhou “jingle bell” na sua guitarra”. 

Enquanto andava pelo shopping, Hazel ficou pensando no que o Papai Noel havia lhe dito. Foi então que ela soube exatamente o que comprar para Frank!

***

Finalmente chegou o dia da confraternização de fim de ano do Coffee 101! A festa seria dentro do café, pois era algo apenas para os funcionários.

Hazel foi uma das primeiras a chegar. Estava tão ansiosa que saiu de casa antes do previsto. Como era uma “festa americana”, cada um tinha que levar um prato. Então, Hazel levou um delicioso bolo de chocolate recheado que todo mundo adorou, até mesmo Octavian — que fez careta quando a viu chegando com o bolo — parecia ter gostado bastante já que chegou a repetir.

Ela escutou uma agitação perto da entrada, achou que era Frank chegando e olhou animada naquela direção. Octavian estava conversando com uma mulher alta, de cabelos castanhos que chegavam na cintura, usando um vestido rosa simples e um cinto que marcava bem a cintura, mas que deixava ela com aparência de uma atriz de Hollywood: Afrodite. Hazel nem sabia que a chefe viria!

Minutos se passaram. Hazel estava tomando mais um dose de suco quando ouviu a voz de Frank e quase engasgou. Só faltava ele! Ela olhou de soslaio na direção da porta onde ele e Dakota trocavam um cumprimento.

Oh, céus! Hazel estava tão acostumada a vê-lo sempre de avental e o boné do Café, mas usando suas roupas do dia-a-dia, Frank conseguia ficar ainda mais lindo e adorável.

Era um pouco estranho ver os colegas fora do expediente quando não estavam correndo para lá e para cá atendendo clientes. Eles pareciam pessoas comuns, comendo e bebendo em vez de estarem servindo, falando alto e dando risada. Pareciam felizes. 

Afrodite estava do outro lado do balcão, fazendo alguns drinques — do qual ela chamava de “drinque do amor”. Eles eram coloridos e pareciam deliciosos, mas continham álcool, então Hazel preferiu não provar por ainda ter 18. Frank, mesmo já tendo 20 e sendo quase maior de idade, também recusou. Os outros três aproveitaram. Dakota parecia o mais alegrinho deles, Hazel achou que deveriam proibir esse garoto de chegar perto de qualquer bebida alcoólica.

— Pessoal, hora do amigo-secreto! — Gwen anunciou.

Cada um pegou o seu presente, puxou uma cadeira e eles fizeram uma roda em frente ao balcão.

— Oh, se eu soubesse do amigo-secreto teria participado também! — Afrodite lamentou. 

Hazel estava até agradecida de que a Afrodite não estava participando. Com a sorte que ela tinha, era bem capaz de pegar o nome da Chefe. E aí sim teria dificuldades em comprar um presente. Ela mal a conhecia, o que uma mulher elegante como Afrodite gostaria de ganhar? Octavian com certeza saberia dar um bom presente a ela, afinal, era um tremendo de um puxa-saco; vivia sorrindo e sendo simpático quando ela estava por perto. Nos outros dias, ele vivia sempre mal-humorado e vendo defeito em um tudo que os colegas faziam.

— Então, quem quer começar? — Afrodite bateu palminhas, entusiasmada. Ela havia alegado que seria a Mestre de Cerimônia. Hazel imaginou que isso nem existia em uma revelação de amigo-secreto, mas achou melhor não contestá-la.  

Todos desviaram o olhar, olhando para o chão ou para os presentes em seus colos.

— Que tal a Hazel? — Octavian sugeriu.   

— E-eu? — ela gaguejou, incerta se tinha ouvido direito.

— Sim. Afinal, você foi a última a tirar o papel, então acho que seria justo ser a primeira agora, certo? — Octavian sorriu de uma forma simpática. Ah, esse cara deveria odiá-lo muito!

— Hm, ok... — ela se levantou e ficou no meio da roda.

Hazel estava um pouco nervosa, afinal, ela odiava começar e ficar a brincadeira toda apreensiva sem saber quem havia pegado o nome dela. E ter os olhares de todos em cima dela também não estava ajudando em nada naquele momento. 

— Bem, meu amigo-secreto... — Hazel começou, ficando envergonhada em ter que descrevê-lo agora. — Me ajudou muito quando comecei a trabalhar aqui.

Com certeza, não é o Octavian — Gwen murmurou enquanto fingia tossir.

— Ele é alto, gentil, um pouquinho estabanado — Hazel continuou, deixando escapar uma risadinha. Céus, por que ela disse que ele era “estabanado”?! — Mas uma ótima pessoa! — deixou claro.

— Acho que todo mundo já sabe quem é, querida. — Afrodite sorriu como se tivesse apresentando um programa. — Diga quem é!   

— Frank... — murmurou.

Todos aplaudiram. Frank levantou, os olhos pequenos meio arregalados, parecendo surpreso.

Hazel entregou o presente a ele meio sem jeito e se virou para voltar ao seu lugar.

— Espera, uma foto! — Afrodite disse com o celular já em mãos.

Ela assentiu e voltou para o lado de Frank devagar, sentindo suas pernas fraquejarem. Frank parecia meio sem jeito também, como se também não gostasse de bater fotos, mas passou o braço em volta do ombro dela. Hazel sentiu como se pudesse morrer agora de tão feliz.

Então, Hazel finamente pôde se sentar. Frank tentou abrir o embrulho devagar para não rasgar o papel, mas não conseguiu e desistiu, rasgando tudo de qualquer jeito e revelando um cachecol de lã vermelho.

Todos bateram palmas de novo e soltaram gritinhos.

— Obrigado, Hazel, eu adorei — ele deu um sorriso enorme, já enrolando o cachecol em volta do pescoço. 

Por que ele tinha que ficar tão fofo quando sorria? Hazel já deveria ter se acostumado com isso, mas seu coração sempre batia mais rápido ao ver isso. Principalmente agora que esse sorriso era direcionado a ela.

Frank colocou o papel rasgado em cima da sua cadeira e pegou uma sacola pequena de papel no chão, indo para o meio da roda.

— Então, meu amigo-secreto... É uma pessoa decidida, confiante, que sabe ouvir os outros e também dá bons conselhos. É extrovertida mas às vezes consegue ficar bem envergonhada. — Frank fez uma pausa, parecendo envergonhando também ao falar isso. — Hazel.

Todos bateram palmas. Ela só se levantou porque Afrodite a cutucou, fazendo a garota voltar aos seus sentidos.

O quê?! Hazel mal pudera acreditar. Frank havia pegado o nome dela também? Ok, esse era definitivamente o melhor dia da sua vida!

— Hazel e Frank se pegaram! — Dakota exclamou.

Eles ficaram envergonhados ao ouvir isso devido ao duplo sentido da frase. Gwen deu um soco nada leve no braço de Dakota, que olhou para ela sem entender porque tinha apanhado.

Hazel se levantou e pegou o presente. Ao abrir o embrulho viu que se tratava de um perfume, ela passou um pouco no punho e cheirou. Era delicioso! Definitivamente o tipo de perfume que ela mesma teria escolhido.

Depois de Afrodite obrigá-los a baterem mais uma foto, o amigo-secreto continuou. Como havia fechado com Hazel e Frank pegando o nome um do outro, Gwen se levantou e continuou, revelando que havia pegado o nome de Octavian. Ela teve que forçar um sorriso na hora de bater a foto com o Gerente, mas depois colocou a dedo na garganta fingindo vomitar sem que os outros vissem. Octavian pegou o nome de Dakota, que mal pudera acreditar no azar que teve. E, obviamente, Dakota pegou o nome de Gwen, finalizando assim a troca de presentes.

Eles tiram várias selfies em grupo — já que Afrodite também queria aparecer — e voltaram para a festa.

Ainda era bem cedo quando Afrodite avisou que precisava ir embora, pois tinha outro compromisso. Ela correu até o carro rapidinho e voltou carregada de presentes. Deu um para cada funcionário, desejou um “feliz natal” e disse que esperava que todos continuassem trabalhando ali no próximo ano. E, se dependesse de Hazel, ela com certeza continuaria trabalhando lá. Bem, pelo menos até as férias de verão antes da faculdade. Ou seja, mais uns 8 meses pela frente ainda.

A chefe se despediu de cada um com um abraço.

— Frank querido. — Afrodite disse, após dar um abraço caloroso nele. — Você vai querer uma carona?

— Hm, o quê? — ele parecia um pouco perdido.

Carona? Será que Afrodite morava perto da casa dele e por isso estava oferecendo uma carona?

— Para a casa do seu pai! — ela explicou dando uma risadinha. — Ares me convidou para passar com vocês o Natal, já que minhas filhas ingratas me abandonaram. — fungou.

Um pouco mais cedo, Afrodite ficou conversando com Hazel e Gwen. Ela começou a se empanturrar de salgadinhos e refrigerante — mesmo tendo dito antes que estava de dieta... Não que ela precisasse disso, é claro — e ficou se lamentando sobre a vida. Disse que as suas duas "filhas ingratas" não queriam passar o Natal com ela. A mais velha era casada e estava grávida e, por mais que Afrodite ainda se achasse muito nova para ser avó, queria poder passar esse momento com a filha, mas ela morava em Nova York e disse que não ia pegar um avião para L.A desta vez por já estar grávida de 7 meses. A filha mais nova era universitária e ia passar o Natal com a família do novo namorado em Nova York. Hazel ficou surpresa ao descobrir essas coisas sobre a chefe, não por causa do que ela falou em si, mas por achá-la nova para ser mãe de duas filhas já adultas. Ela não aparentava ter mais de 30 e poucos anos. Porém fazendo os cálculos agora, ela deveria ter 40, no mínimo.

— Hm, pode ser. Obrigado, Afrodite. — Frank não parecia muito confortável ao dividir o mesmo carro com a chefe, mas assentiu.

— Ótimo! Eu vou na segunda-feira à tarde, te ligo para marcarmos direitinho depois! — ela sorriu para Frank e então virou-se para Hazel, dando um abraço nela. — Tchau, querida!

— Tchau — a garota sorriu.

Eles acenaram e a viram entrar no carro. Frank se virou para Hazel.

— Hm, Ares é o meu pai. Afrodite está... Namorando com ele.  

— Ah, sim... — foi tudo que Hazel conseguiu dizer.

Uau, então Afrodite era praticamente madrasta dele?

— Mas eu não consegui um emprego aqui por causa disso! — ele deixou claro. — Meu pai veio passar o último Ano Novo em L.A comigo e apareceu aqui no Café para saber como era o lugar onde eu trabalhava. Justamente naquele dia, Afrodite estava aqui. Ele deu em cima dela descaradamente e eu jurei que seria demitido por justa causa. Mas ela acabou gostando dele, então meu emprego foi salvo — ele explicou. — Eles estão saindo desde fevereiro.

— Nossa, deve ser uma situação um pouco... — Hazel tentou pensar numa palavra adequada.

— Estranha? Constrangedora? — Frank sugeriu. — pois é. Tudo isso e mais um pouco. Com licença, eu preciso ir ao banheiro. Já volto.  

— Claro — ela forçou um sorriso, sabendo que Frank parecia apenas estar usando isso como uma desculpa para fugir do assunto “meu pai namora com a minha chefe”.  

Enquanto via Frank se afastar, ela ficou imaginando que realmente não deveria ser nada fácil o que ele estava passando... que a sua chefe poderia acabar se tornado a sua futura madrasta a qualquer momento.

 ***

Hazel ficou até a festa terminar, ou seja, um pouco depois das 11 da noite. Afinal, era uma sexta-feira e todos pareciam cansados após trabalharem uma semana inteira. Eles limparam tudo, colocaram as mesas e cadeiras novamente no lugar e fecharam o estabelecimento. Octavian foi embora de bicicleta, já que morava perto. Dakota e Gwen estavam discutindo na calçada, pois ele havia bebido demais e mal se aguentava em pé. Eles chamaram um táxi e Frank ajudou a colocar Dakota no banco de trás do veículo.

Quando Frank e Hazel iam entrar também, Gwen os impediu. Ela olhou de relance para o motorista, que esperava impaciente no seu banco, e falou baixinho aos colegas:

Dake com certeza vai passar mal e vocês não vão querer estar aí dentro, acreditem.

Enquanto isso, Dakota não parava de acenar alegremente pelo vidro, como se fosse uma criança feliz que estava indo ao zoológico pela primeira vez.

— Frank, você pode levar a Hazel em casa? — Gwen perguntou, mas nem esperou uma resposta. — Ótimo! Vejo vocês na segunda-feira! Tchau!

Ela entrou e o táxi deu partida, deixando os dois parados no meio da rua praticamente deserta.

— Hm, vamos? — Frank perguntou.

— Claro — ela assentiu.

Eles andaram em silêncio. A noite estava bem fria, Hazel cruzou os braços, tentando se aquecer. Droga, ela deveria ter botado uma roupa mais quente!

— Você está com frio? — ele perguntou.

— Um pouquinho só, mas tudo bem.

— Aqui — ele parou e rapidamente tirou o cachecol, enrolando no pescoço dela. — Tenho certeza que ele ficará muito melhor em você do que em mim e...

Frank parou de falar bruscamente ao perceber como eles estavam próximos. Apenas alguns centímetros afastavam Hazel do rosto dele.

— Hm... Sinto muito — ele de um passo para trás, parecendo tímido de repente.

— Tudo bem... — ela respondeu. Ela se sentia mais desapontada do que envergonhada com a situação.

Ele voltou a andar e Hazel teve que dar uma corridinha para alcançá-lo, já que suas pernas não eram tão longas como as dele.

— Obrigada, Frank, mas não é justo eu “pegar” o presente que eu te dei, enquanto você passa frio.

—... Mas também não seria legal eu deixar a garota que eu gosto passar frio — ele rebateu.

— O que... você disse? — Hazel perguntou, a voz mais alta do que o normal.

— Hm, eu quis dizer... Como uma amiga! — Ele tratou de se explicar. — Por que somos amigos, não é? E eu gosto dos meus amigos. Todos, sem exceção! Eu sou uma pessoa que não consegue odiar ninguém, eu gosto até do Octavian... Como amigo, claro!

— Ah, entendo — Hazel deu um sorriso forçado, tentando não demonstrar como aquilo havia doído nela.

Claro que Frank só a via como uma amiga. O que mais ela estava esperando? Uma confissão?

Eles voltaram a andar em silêncio. Hazel encarou o chão, incapaz de olhar para ele.

— Hazel... — Franke fechou os olhos por um segundo e fechou as mãos em punho, parecendo nervoso, como se estivesse travando uma batalha interna consigo mesmo. — Quer ouvir algo engraçado?

— Hm, quero — ela respondeu, ainda olhando para o chão. Talvez ouvir uma piada agora poderia ajudar.

— Eu roubei no amigo-secreto! — ele confessou.  

— Como assim? — ela finalmente olhou para ele.

— Na verdade, Dakota me disse que tinha pegado o seu nome e não sabia o que te dar de presente. Então, eu sugeri que nós trocássemos os papéis.

Então Frank havia pegado o nome de Gwen e trocou com Dakota?  

— Ah... Foi legal você ter ajudado o Dake... — ela disse.

— Não, foi ele quem acabou me ajudando. — Foi a vez de Frank desviar o olhar. — Porque eu queria pegar o seu nome.

— Queria? — ela perguntou ainda sem acreditar. — Por quê?

Frank ajeitou a touca na cabeça, ganhando tempo.

— Porque... Porque... — ele fechou os olhos e disse: — Wǒ ài shàng nǐ le.

— Hã?! Isso é... Chinês?

— Mandarim — ele corrigiu. — Desculpa, eu troco de idioma quando fico nervoso. “Wǒ ài shàng nǐ le” significa: Eu estou apaixonado por você.

— Você... O quê?! — ela praticamente gritou. Seu cérebro não estava conseguindo processar o que  havia acabado de ouvir.

— Por favor, não me faça repetir isso agora! — Frank pediu, parecendo ainda mais nervoso. — Eu acho que desmaiaria!

Ela teria dado risada do jeito dele se não estivesse tão chocada com a confissão.  

— Mas você disse antes que só gostava de mim como uma amiga... — Hazel lembrou.

— Eu menti! Porque eu deixei escapar daquele jeito, e não era assim que eu queria me confessar para você. — Ele exclamou, a voz saindo bem mais alta do que ele costumava usar. — Droga, eu estraguei tudo! Você deve estar achando que eu sou idiota e...

Hazel deu um sorriso enorme e ficou na ponta dos pés, puxando Frank pelo casaco, encostando seus lábios nos dele. Teria sido uma cena bem mais romântica se ela não fosse tão baixinha em comparação a ele. Hazel definitivamente precisava começar a usar mais salto-alto.

— Frank, eu não acho que você seja idiota. Na verdade, você é muito fofo. — Ela disse ao se afastar dele. — E eu também gosto de você.

— Gosta? É sério?

— Sim — ela assentiu. — Gosto muito.

— Nossa... Uau! — Frank estava boquiaberto, como se a ficha ainda não tivesse caído. — Ok. Certo. — balançou a cabeça.

Eles voltaram a andar, mas agora estavam de mãos dadas. E Frank que tomou a iniciativa em determinado momento! Hazel não conseguiu tirar o sorriso enorme do rosto o caminho inteiro até sua casa.

— Bem, é aqui que eu moro... — Hazel parou e apontou para o portão.    

— Oh, claro — Frank ficou encarando a casa enorme de dois andares à sua frente, como se quisesse decorar cada detalhe.

Hazel não queria soltar a mão dele, mas teve que fazer isso.

— Ah, seu cachecol — ela o tirou do pescoço.

— Pode ficar, depois você me devolve. Sem pressa.

— Eu acho que já o roubei tempo suficiente do seu verdadeiro dono — ela riu e subiu no primeiro degrau, fazendo sinal para ele se aproximar e enrolou o cachecol em seu pescoço. — A propósito, vermelho combina mais com você.

Frank corou, ficando quase da cor do cachecol.

— Eu queria muito te beijar agora. — Frank deixou escapar.

— E o que está te impedindo? — Hazel ergueu uma sobrancelha em desafio. Ela ainda estava segurando as pontas do cachecol e agora seus rostos estavam praticamente da mesma altura.

— Seus pais aparecerem...

— Eles não vão aparecer, fique tranquilo.   

— Tem certeza? — ele perguntou e olhou para cima, só para ter certeza que ninguém estava os espionando da janela do 2º andar.

— Tenho.

Afinal, seus pais deveriam pensar que a filha ainda estava na festa! Ela disse que chegaria em casa por volta da meia-noite.  

— Ok, sendo assim... — ele não terminou a frase e passou os braços em volta da cintura fina de Hazel, a puxando para mais perto. Ela ainda estava segurando o cachecol quando ele a beijou.

Ah, e que beijo! Não que Hazel tivesse muita experiência no assunto para comparar, mas tinha certeza que Frank era um bom beijador, pelo menos na opinião dela. Quando ele a beijou, seu coração bateu em um ritmo frenético, suas pernas se tornaram geleia e ela sentiu as famosas borboletas no estômago.

Era isso que significava estar apaixonada? Oh, então Hazel definitivamente estava!  

— Acho melhor eu ir — era a 4ª que Frank dizia aquilo, porque Hazel sempre dava um jeito de beijá-lo e ele esquecia o assunto por alguns minutos. — É sério agora.

— Tudo bem — ela fez biquinho e deu um passo para trás. Era melhor se afastar da tentação.

Frank ajeitou o cachecol em volta do seu pescoço e levou até o nariz.

— Tem o seu cheiro. O perfume que eu te dei.

— Ah, eu passei um pouco na hora. A propósito, você acertou em cheio, eu adorei!

— Sério? Que bom! Mas, na verdade, foi a moça da loja. Quer dizer, eu falei como era a sua personalidade e ela me recomendou esse. Eu achei que a flagrância realmente combinaria com você.

— Um perfume baseado na minha personalidade? — ela estava surpresa. — Interessante!

Eles ficam em silêncio por alguns segundos, apenas se encarando. Hazel não ficava mais envergonhada em fazer isso e, pelo jeito, nem Frank.

— Ah! Eu fiquei pensando... Você tem algum compromisso no final de semana? — Frank coçou a nuca. — A gente podia dar uma volta, sei lá.

— Tipo um encontro? — questionou.

— Hm, se você querer que seja um... — ele chutou uma pedrinha no chão.

— Claro que eu quero!  

— Sério? — ele quis ter certeza e Hazel assentiu. — Ok, é um encontro! Bem, eu tenho o seu número... então, eu te ligo.

— Certo.

— Ok... Eu estou indo agora. — ele anunciou.

— Ok, até mais — ela respondeu, se sentindo triste por ter que se separar dele agora. 

— Entre primeiro — ele pediu. Ela assentiu e pegou a chave, abrindo o portão, mas voltou e deu um beijinho rápido nele.

— Boa noite Frank.

— Boa noite, Hazel. — ele deu aquele sorriso fofo e a garota teve que se controlar para não beijá-lo de novo.

Eles acenaram um para o outro e Hazel entrou. Ela encostou-se ao portão e tocou os lábios.

Isso foi mesmo real? Ela mal podia acreditar!  

E, naquele momento, Hazel se sentiu a garota mais feliz e sortuda do mundo.

*** 

Como era Véspera de Natal e não havia mais aula, Hazel foi trabalhar no Café no período da manhã. Naquele dia, eles trabalhariam até meio-dia e depois só retornariam no dia 26, para que os funcionários pudessem descansar e visitar as suas famílias.

Hazel viu uma mão magricela estendida no meio da multidão. Era um garoto, mas ela não conseguia ver o seu rosto claramente já que estava com o menu em frente ao rosto.

 — Bom dia, bem-vindo ao Coffee 101! Já escolheu o que vai querer? — Hazel sacou o bloquinho, pronta para anotar o pedido.

O garoto abaixou o menu e deu um pequeno sorriso para ela.

— Nico?! — ela perguntou, como se ele fosse uma miragem. — Deuses! O que você está fazendo aqui?

— Nossa, que recepção gentil, maninha. Também estou feliz em te ver. — seu irmão ironizou.  

Hazel queria muito abraçá-lo agora, mas se conteve, porque 1) Sabia que Nico odiava isso e; 2) Estava trabalhando e não podia sair por aí abraçando clientes, mesmo que fosse seu irmão que ela não via há meses.

— Desculpa, é que achei que você viria só amanhã! — disse.

Hazel chegou tão cansada do trabalho naquela noite de sexta-feira que só comeu algo, tomou banho e caiu na cama ainda cedo. Apenas no outro dia pela manhã é que ela foi checar as notificações do celular. Achou que ainda estava sonhando quando viu uma nova mensagem do irmão, avisando que iria para casa do Natal. Ela saiu correndo pela casa, ainda de pijama, para avisar os pais sobre a boa notícia.

— Resolvi pegar um voo mais cedo. Sabe, só para garantir que uma tempestade de neve não me impedisse de vir novamente — ele deu uma piscadinha.

Como se esse fosse o real motivo dele não ter vindo antes... Hazel sabia que isso era só uma desculpa, ele apenas queria evitar a família e o clima estranho que rolava quando todos estavam reunidos. Ela entendia, de verdade.

Hazel deu uma rápida analisada no irmão. Nico continuava pálido, como sempre, mas aparentava estar mais saudável; talvez tivesse até engordado uns quilos desde a última vez que o viu.  O cabelo ondulado estava um pouco amassado de um lado, provavelmente por ele ter dormido no voo. Ele costumava se vestir todo de preto, mas hoje um detalhe em cinza chamou a atenção dela.  

— O que houve com o seu braço?

— Ah, isso? — ele olhou para o braço com a tala, como se agora tivesse se lembrado disso. — Longa história.

Sempre é uma “longa história”.

— Você ainda não passou em casa?

— Não. — Nico olhou para o lado. Só agora Hazel viu que suas malas estavam ao seu lado no chão. Octavian com certeza xingaria se visse isso, alegando que estavam atrapalhando a passagem dos outros clientes. — Eu acabei de vir do aeroporto e pensei em te ver primeiro.

— Ah, entendo. Mas como você sabia que eu trabalhava aqui?

Afinal, a última vez que viu o irmão pessoalmente ainda não estava trabalhando ali. Ela até havia mencionado em uma das mensagens que tinha arrumado um emprego de meio-período em uma cafeteria, mas seu irmão não era muito do tipo que gostava de bater papo e sempre respondia o mínimo possível.

— Papai me contou da última vez que falei com ele por mensagem. Então, bastou eu procurar na internet e achei o endereço facilmente.

Hazel assentiu e então viu Octavian parado na porta, olhando na direção deles. Ela sentiu um frio na espinha.

— Hm, eu não quero parecer grossa, mas o meu Gerente está olhando para cá de cara feia agora. Então eu agradeceria muito se você pedisse algo.  

— Claro, tudo bem! Me traga um Ice Americano e... — ele correu os olhos pelo menu rapidamente. — Um pedaço de cheesecake de chocolate.

— Mas você não gosta de coisas doces — Hazel o lembrou.

— Hm, bem, agora eu gosto... — Nico respondeu, desviando o olhar. Ele estava corando? Isso com certeza era uma novidade. — Quando você sai?

— Daqui a meia-hora. — ela respondeu. — Ok, eu vou trazer o seu pedido num minuto!

Ela foi até ao balcão e passou o pedido para Gwen.

— Ei — Frank cutucou de leve a sua cintura. A garota ainda sentia arrepios quando ele a tocava do nada. — Quem é aquele cara que você estava conversando de forma tão animada?

Já havia se passado um pouco mais de uma semana desde que a festa de fim de ano, na qual Hazel e Frank se beijaram pela primeira vez, aconteceu. O pessoal do Café sabia que eles estavam saindo, mas eles não gostavam de abusar. Afinal, tinha os clientes também. No trabalho, eles precisavam ser profissionais, não podiam misturar as coisas.

— Você está com ciúmes? — Hazel perguntou baixinho.

— Claro que não! — Frank respondeu imediatamente, mas então deu um suspiro. — Ok, talvez só um pouquinho.

— Mas não precisa. — ela tocou rapidamente da mão dele. — É o meu irmão.

— O Nico? Aquele que mora em Washington D.C? — Frank perguntou. Eles já haviam conversado sobre a família deles, mesmo que brevemente. Ela até mesmo conseguiu falar de Bianca sem chorar. Hazel assentiu. — Pensei que ele viria só amanhã.

— Eu também! — ela sorriu. — Você quer falar com ele?

— Hm, eu não sei. Talvez seja um pouco cedo ainda. — Ele coçou a nuca. — Além disso, ele parece ser um pouco... Hm...

— Assustador? — Hazel chutou, rindo. Frank assentiu, envergonhado. — É, eu sei. Mas te garanto que é só a aparência mesmo.  

— Hazel, pedido pronto! — Gwen avisou.

— Obrigada! — ela agradeceu e olhou para Frank. — Não se preocupe, você pode falar com ele na próxima vez.

— Claro... — ele forçou um sorriso, não parecendo totalmente confortável em conversar com o seu futuro cunhadinho mal-humorado.

Ela levou o pedido para Nico e voltou ao trabalho.  

Pela primeira vez, Hazel ficou contando os minutos para o expediente acabar.

— Você está diferente. — Foi a primeira coisa que Hazel disse quando eles saíram do Café.

Nico não quis pegar um táxi, alegando que a casa deles era perto. Então Hazel carregou uma das malas do irmão, enquanto ele carregava a outra com o braço bom e tinha uma mochila nas costas.

— Como assim? — ele franziu o cenho, confuso.

— Está feliz. Faz muito tempo que não te vejo assim.

— Ah... — Nico enrubesceu. Ele pareceu se encantar com o chão do nada, porque não tirava os olhos dali. — Nada demais.

Eles caminharam algum tempo em silêncio.

— Nico, eu posso te perguntar algo? — Hazel disse, tendo medo da resposta do irmão, mas ele apenas assentiu. — O que te fez mudar de ideia e vir para cá no Natal?

— Bem, digamos que alguém andou me dando uns conselhos... — ele deu de ombros.  

— Um garoto? — ela chutou, mas se arrependeu imediatamente de ter dito isso. — Desculpa.

— Tudo bem. E, sim, foi um garoto.

Oh, será que Nico estava saindo com alguém? Hazel havia ficado curiosa para saber mais!

— Você quer falar sobre isso?

Não. — Ele respondeu rapidamente. Nico e ela nunca foram de conversar sobre relacionamentos amorosos, ele sempre falava disso com Bianca. Claro que Hazel era nova na época, mas mesmo que fosse mais velha, apostaria que não seria diferente. — Quer dizer, não agora. Que tal depois do jantar?

— É claro! — ela sorriu.

Hazel sempre se sentiu um pouco deslocada dentro da sua família. Talvez por ela ser a caçula, talvez por não ser parecida fisicamente com os seus irmãos mais velhos. Ela sabia que Nico e Bianca tinham uma conexão especial, algo que ela pensou que nunca teria com nenhum deles. Até agora.

Parecia que Nico estava começando a se abrir com ela. Hazel não sabia se era por causa do tal garoto misterioso que o irmão mencionara, ou porque agora ela tinha idade suficiente para entender melhor as coisas da vida. Desde que Nico estivesse feliz, nada mais importava.

— Senti muito a sua falta. — Ela confessou baixinho.

Nico sorriu e bateu com o ombro bom no dela.

— Eu também senti a sua falta, maninha.  

Aquele Natal estava sendo diferente dos outros. Ela tinha Frank ao seu lado, Nico havia voltado para casa e seus pais pareciam um pouco melhores neste ano. Parecia que as coisas finalmente estavam dando certo para Hazel e sua família.

De repente, ela não se sentiu mais tão deslocada.

Hazel Levesque sentiu como se finalmente tivesse achado o seu lugar no mundo. 


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Espero que tenha gostado.

Teve aparição do Nico e teve até Afrodite falando das suas "filhas ingratas" kk (Uma já apareceu na fic, a outra vai ser mencionada no próximo cap. Mas tá fácil, porque digamos que são as filhas mais famosas dela nos livros).

Mereço comentários? :D

Ah! O próximo capítulo é o último cap da fic (Já está pronto! Fiquem tranquilos) :/

Ok, por hoje era isso. Até mais! õ/

Xoxo,
Mari



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