Prólogo: apenas um bilhete, sem floreios. 

Você acorda cedo esta manhã com um estrondo em sua janela. Está frio, por isso você não quer sair de suas cobertas, mas sabe que deve ver o que está batendo contra o vidro. 

Levanta-se devagar enrolado em seu cobertor, seguindo até sua janela. As cortinas fechadas o impedem de ver através, entretanto, você sabe que ainda não amanheceu. Sem soltar a manta que lhe cobre, você abre o blackout e vê um pequeno bilhete pendurado do lado de fora de seu vidro:

"Minha escola tem um espelho.
Um espelho mágico.
Toda vez que alguém o alimenta com verdades,
ele come uma mentira."

Confuso, você abre a janela e pega o papel, examinando a caligrafia redonda e decorada. O bilhete cheira bem, mas isso pouco lhe importa. Você procura por alguém do lado de fora: não há uma alma acordada. A luz no poste ilumina a rua coberta pela neve, sem nenhuma pegada. Você vira o papel: 

“No espelho, vive um mágico.
Um humano mágico.
Toda vez que alguém o alimenta com mentiras,
um pedaço dele... Morre.” 

Um calafrio percorre sua espinha. Assustado, você tranca sua janela e resolve voltar a dormir, esperando que aquilo não passasse de um horrível pesadelo.