“Te vejo mais tarde” Isso foi a ultima coisa que Cedrico Diggory disse a Cho Chang, e desde então é tudo que ela consegue pensar. Ela sequer se lembrava de ter respondido, apenas lembrava dele ter dito aquilo como uma promessa, garantindo que viria até ela assim que completasse a ultima prova do torneio tribruxo, mal conseguia lembrar da sensação dos lábios do lufano sobre o seu num rápido beijo antes dele se afastar, indo embora, sem ambos saberem que aquela seria a ultima vez que se veriam.

“Te vejo mais tarde” No começo, Cho sempre chorava ao relembrar do garoto de olhos cor de mel lhe dizendo isso. Merlin, ele havia dito que iria vê-la mais tarde, mas não foi isso que aconteceu. Ele não veio até ela, em vez disso, Harry Potter apareceu com seu corpo inerte, pálido, Cho lembrava de todos começarem a sussurrar e então a gritar assustados. Lembrava te tentar correr até onde Cedrico estava, mas se impedida por alguém, ela lembrava-se de ver Amos, o pai de Cedrico, abraçar o corpo sem vida do filho e ter uma das mais desoladas reações o que desencadeou em Cho um choro compulsivo e desesperado.

“Te vejo mais tarde”  Cho não sabia dizer quando parou de chorar ao relembrar sobre o garoto lufano prometendo volta. Mas, alguma hora, ela não chorava mais, apenas sentia uma solidão intensa.  Cedrico não era apenas seu namorado. Ele era seu primeiro amor. O que Cho sentia por ele não se encaixava em palavras, era forte e tornou-se doloroso depois que ele partiu. Ela sentia-se sozinha quando visitava Hogsmeade, quando ia a loja favorita de ambos, quando via a neve cair –Cedrico amava a neve – ou quando sentava-se na beirada do lago no entardecer; Todas as lembranças, tudo relacionado a Cedrico, era doloroso de se relembrar, mas Cho não conseguia parar. Relembrar os momentos, os beijos, as conversas, a promessa de vê-la mais tarde, foi tudo que restou. Era tudo que Cho tinha de Cedrico!

“Te vejo mais tarde”  Era irônico o quanto as coisas mudam num segundo. Cedrico, numa hora, estava parado a sua frente, com o vento balançando seus cabelos encaracolados e com o cachecol amarelo e preto balançando, prometendo vê-la, sorrindo animado com a possível vitoria sobre o torneio, e na hora seguinte, estava inerte sobre a grama da escola, sendo segurado por um Harry apavorado, diante de uma plateia chocada. Os olhos cheios de gentilezas apagados, o sorriso que ele sempre trazia tinha sumido, e o brilho que ele carregava fora arrancado.  

“Te vejo mais tarde”  Cho gostava de imaginar como as coisas teriam sido diferentes se ela tivesse, pelo menos, respondido ou tido alguma reação além de vê-lo se afastar. Ela podia ter dito que esperava ansiosamente por sua vitoria, isso faria Cedrico rir –Cho amava a risada dele. Poderia tê-lo puxado pelo cachecol e lhe beijado, marcando o rosto dele com seu batom rosa, gravando seu gosto na memória. Poderia ter acompanhado-o até a tenda, aproveitando cada segundo ao seu lado e de como Cedrico tinha o melhor abraço do mundo.  Era a isso que Cho se agarrava, a imaginar cenas onde ela tinha alguma reação além de vê-lo se afastar para sempre!

“Te vejo mais tarde”   Cho queria que aquela promessa tivesse vindo junto com uma despedida. Talvez doeria menos se Cedrico tivesse se despedido em vez de fazer uma promessa. Ela não conseguia esquecer a promessa, tanto quanto não conseguia perdoa-lo por partir sem se despedir. Isso não era justo! Cedrico, assim como todos a volta dele, mereciam ter dito a chance de se despedir. Cho merecia a chance de dizer a ele o quanto o amava, mesmo nunca tendo dito em voz alta, mesmo balançando com os sentimentos de Harry, ela desejava ter dito que agradecia a Cedrico por cada bom momento que ele lhe deu, que guardaria isso em sua memória até sua morte, e gostaria de ter falado que ele seria sempre seu primeiro e único amor. Sempre e para sempre.

“Te vejo mais tarde”  Cedrico disse atraindo a atenção de Cho,que despertou dos seus pensamentos, focando sua atenção no garoto a sua frente.

— Eu te amo, Cedrico –Cho declarou ganhando um sorriso gigante do garoto e um abraço apertado

—Eu também te amo, mãe.

Cedrico Chang, seu filho e o motivo pelo qual Cho vivia cada dia, havia ganhado o nome do único homem que Cho realmente amou neste mundo, e ele havia se mostrado digno de tal honra; Ele era gentil, atencioso, um garoto corajoso e leal.

Cho sabia que, mesmo quando as lembranças falhassem, ou se embaralhassem, quando a idade lhe atingisse, quando as coisas ficarem turvas e confusas, ela ainda teria Cedrico –de certa forma.