O último Suspiro de Anne Ryan escrita por Paula C


Capítulo 12
Capítulo 12 - A morte é apenas o começo


Notas iniciais do capítulo

Antes de ler, encontre a música: "Explosion in the Sky - Inside It All Feels The Same".

Encontrei a música: http://bit.ly/9DO4gy



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Antwon... eu só queria ele. Mas eu o empurrei para longe de mim. Eu salvei o meu amor e destruí a minha existência. Estava me afogando de novo e de novo e de novo. Meu sofrimento parecia interminável até que talvez no meu centésimo afogamento, senti um braço me puxar e então eu abri meus olhos e me encontrei na beirada da praia. 

Estava sendo ressuscitada e aos poucos eu pude lembrar de quem pertenciam os lábios que tocavam os meus. 

A minha visão ainda estava embassada e a minha audição me fez perceber que havia muita gente ao redor, todos cochichando e aflitos.

Tossi e espirrei água. 

- Ah meu Deus ela está VIVA! - gritou alguém ao longe. 

A multidão começou a gritar feliz e meu corpo mole fora abraçado. E pelo que eu pude sentir, era ele. Antwon. 

A respiração dele estava incontrolada e ele chorava muito. 

- Antwon, ela está VIVA! Deu certo!!!! - ouvi a voz de Paul gritar feliz.

- Ant-twon. - eu disse com a voz rouca. - Eu estou viva? 

- Está. E está comigo. Nunca mais vou te perder! Eu te trouxe da escuridão... Eu te trouxe pra mim. - sussurrou ele no meu ouvido. 

 

Eu acho que sorri pra ele, não me lembro, porque logo depois eu fiquei inconsciente, eu tenho certeza. Pois quando abri meus olhos novamente, estava numa cama de hospital e ao meu lado, estava minha mãe. Era ela mesma. Minha mãe

Eu chorei em silêncio. Ela estava adormecida. Não queria acordá-la. Queria apenas aproveitar que ela estava ali. Minha mãe! 

Mas eu terminei por acordá-la com o meu fungado. 

- Anne, querida? Você está bem? - disse ela se levantando num pulo e sentando-se em cima da cama, ao meu lado. Seus olhos verdes logo se encheram de lágrimas. -  Eu não entendo, meu amor. Eu achei que você tivesse morrido. Mas... você está viva. Onde você esteve esse tempo todo? 

- Calma, senhora Ryan. - disse uma enfermeira que acabara de entrar. - Vim buscar a senhora para comer algo. Faz tempo que não se alimenta. Deixe-a acordar!

- Minha filha acordou! Precisa trazer algo para ela comer.

- Já vamos providenciar, senhora. - disse a enfermeira bondosa. 

- Não se preocupe, mãe. Eu não vou a lugar algum desta vez. - eu disse ainda chorando. 

Agora ela estava a chorar. 

- Eu estou tão feliz, minha filha. Pensei que tivesse te perdido. Eu não queria te perder jamais. 

- Mãe... não vai me perder. Não se preocupe. Eu estou bem agora. Eu estou... viva. 

- Seu namorado me disse que você se sentia culpada pelo que aconteceu com Julian e que achava que nós não falávamos mais com você. Não era que nós culpássemos você, mas nós sofríamos ao vê-la esquecer da existência de Julian, a quem você amava mais que tudo. 

- E-eu nunca vou esquecer d-dele, nunca mais. Ele esteve comigo sempre e alguém como ele não merece isso. Nunca. 

Ela acariciou meu rosto e me beijou na testa. Depois deixou que a enfermeira a levasse com ela. 

2 minutos depois que a porta fora fechada, Antwon aparece por ela, absolutamente lindo e com um sorriso radiante no rosto. 

Ele fechou a porta e não falou nada. Apenas sentou-se ao meu lado e me beijou na testa. Deitou-se ao meu lado e segurou minha mão.

- Eu nunca acreditei quando Paul me disse que se trouxesse o corpo, você pudesse voltar a habitá-lo. 

- Isso é muito para o meu estômago. 

Ele riu. Depois ficou ali, em silêncio. 

Eu não precisava que ele falasse mais nada. Já sabia tudo que ele tinha a dizer e me sentia a pessoa mais feliz do mundo. Estava viva e ao lado do amor da minha vida. A lembrança do meu irmão estava salva na minha mente e eu tive minha mãe de volta para mim. Tudo estava indo muito bem. 

 

Saí do hospital apenas depois de dois dias. Minha mãe e minha irmã tiveram de voltar para casa. Elas me perguntaram se eu não gostaria de voltar com elas. E eu tenho que dizer que era mesmo tentador, mas minha vida está aqui.

Antwon agora era minha vida. Eu entreguei toda a minha vida para ele. Não o deixaria jamais.

Viveria com ele aqui na cidade. Ele me convidou (obrigou) para morar na casa da mãe dele por uns tempos. Eu não sei se seria uma boa idéia, mas ele insistiu bastante. E quem era eu pra recusar um pedido dele?

Você deve estar se pergunta onde esta o Paul, acertei? Não vi Paul Slater desde que voltei a respirar. Antwon disse que ele fora passar uns tempos viajando. Que ele tinha acordado para alguma coisa, mas não dissera o quê. E eu queria agradecê-lo por ter feito tudo isso por nós. Mas acredito que Antwon tenha feito.

Agora? Antwon está estacionando seu carro na porta da casinha linda de sua mãe. Que não mudara nada depois de toda essa confusão. E olha, eu jamais teria me sentido infeliz morando naquela casa. Ela era a coisa mais linda que eu já vi em toda minha vida aqui, nessa cidade.

De dentro da casa, saiu a mesma moça bonita, com o mesmo avental e do mesmo jeitinho que a vira pela primeira vez. Exceto por um pequeno novo detalhe que me assustou no início até Antwon me explicar. 

- Você pode vê-la? - perguntou ele. 

- Ela está... 

Ele assentiu. 

- Teve um aneurisma enquanto cozinhava o almoço. Quando cheguei em casa, a encontrei morta. Mas ela sempre esteve comigo, desde o dia que a encontrei, ela quem consolou... da sua própria morte. 

Meredith caminhou até nós com um sorriso choroso no rosto. 

- Eu estou muito feliz. - disse ela abraçando nós dois ao mesmo tempo. - Eu soube que essas coisas de deslocamentos eram perigosas, mas você conseguiu filho. Trouxe-a até você. 

- Trouxe sim, mãe. - disse Antwon sorrindo e olhando para mim. 

Meredith virou seu olhar para mim também com ternura e segurou firme minha mão. 

- Cuide dele, minha querida. Você tem a sua segunda chance. Eu tenho a felicidade de ver que meu filho não mais está sozinho. 

Eu vi Meredith desaparecer aos poucos. 

- Mamãe! - disse Antwon assustado. Ela continuava a sorrir. 

- Eu tenho de ir, querido. Era tudo o que eu queria, vê-lo feliz. Agora posso... descansar em paz. 

Lágrimas escorriam pelo rosto de Antwon e Meredith o abraçou mais uma vez e então desapareceu em seu braços. 

- Ela se foi, Anne. Minha mãe... 

Eu acariciei seu rosto e logo depois o abracei. 

- Ela agora está em paz. Ela cuidou de você enquanto pôde. 

- Vai ser muito triste viver nessa casa sem ela. 

- Ela não iria gostar que ninguém mais, além de você vivesse aqui. 

- Será aqui, onde seremos felizes? - perguntou ele sorrindo e agora olhando para mim. 

- Nós seremos felizes em qualquer lugar. Mas aqui é o seu lar.

Ele sorriu e então sussurrou em meu ouvido.

- Eu amo você.

E me beijou. 

Ele já me beijou várias vezes, mas todas elas eram mágicas. Era... era... incrível. 

Ele segurou minha mão e me puxou para dentro da casa, mas terminei por ver de relance um rosto.  Eu soltei depressa a mão de Antwon e corri de volta para a varanda. Encarei a outra pessoa, que também não estava viva e que parecia estar indo embora. 

Eu fiquei apenas boquiaberta enquanto meu irmão Julian acenava pra mim sorrindo. 

Ele estava sumindo, mas antes que fosse de uma vez, pude lhe responder com um sorriso.

Meu irmão também estava em paz. 

Quando ele sumiu de uma vez virei-me para Antwon, que afagou meu rosto. 

- Somos só nós agora. - disse ele. 

- É. Somos só nós. 

Ele sorriu e nós entramos no nosso pequeno, lindo e aconchegante lar para vivermos nossas vidas. 

 

 

 

 

---------- FIM.

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada aos que acompanharam a história e comentaram os capítulos. Vocês me motivaram mesmo. Espero que tenham gostado do final e em breve estarei escrevendo uma nova FIC. Bem mais especial. Podem adivinhar sobre quem?

Kissão
P.



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