Nii-san? escrita por Andromeda Black


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771946/chapter/1

{1}

Regulos Arcturus Black não sabia bem onde ele estava ou o que estava acontecendo, na verdade, ele não sabia de nada.

Tudo tinha ido bem – ou tão bem como poderia ter ido, sendo que ele teve que tomar aquele liquido viscoso e depois morreu com os inferius o puxando para dentro do rio – Ele tinha conseguido trocar o medalhão original por um falso e dado a Monstro com ordens para destruí-lo.

Isso era definitivamente o que ele se lembrava antes de morrer. E essa era a única coisa que estava certa agora: ele devia estar morto.

Mas aqui estava ele, vivo e respirando, olhando para um teto desconhecido de um quarto que não era o dele, em um corpo pequeno demais para um homem – quase homem – de dezoito anos, não sentindo um pingo de sua magia correndo ao seu redor, tudo o que ele sentia era um zumbido desconhecido em seu corpo.

Lentamente, muito lentamente, Regulos se levantou da cama em que estava deitado, seus olhos corriam pelo local desconhecido com uma calma que não devia estar lá, mas ele era um puro-sangue, da antiga e nobre casa dos Black, ele foi ensinado repetidamente a manter a compostura, em todo os momentos e não importava o que.

Ele memorizou cada parte do quarto, seus olhos pousaram em tudo, na cama, no cômodo um pouco ao lado da cômoda e uma estante cheia de livros. Nada emitia sinal de magia, o que só o levou a uma conclusão: ele estava em meio a trouxas.

Regulos internamente zombou. De todos os lugares possíveis, ele acabou com os humanos que ele uma vez desprezou tanto.

Voltando sua atenção para o quarto, ele olhou para os brinquedos espalhados no chão, alguns ursos e outros brinquedos em um formado estranho de estrela. No canto mais distante do quarto tinha um espelho de corpo inteiro. Regulos se aproximou o mais devagar que pôde, seus pés mal fazendo som algum contra o chão de madeira. Quando estava quase ao lado ele fechou os olhos, Regulus por um segundo temeu o que poderia ver naquele espelho.

Abrindo os olhos sempre tão lentamente, Regulus desejou que os tivesse mantido fechado, ou melhor, ele desejou que estivesse morto.

Por que, olhando de volta para ele, não eram os seus olhos, não era o seu cabelo, não era o seu rosto e muito menos o seu corpo. Refletindo no espelho era um menino de no máximo seis anos, com grandes olhos pretos com cabelos de ébano que enfeitava perfeitamente um rosto gordinho.

Regulos não sabia o que fazer, tudo estava ficando distorcido e parecia que ele estava fora do seu corpo, quase como uma névoa ao redor de cérebro. Não podia ser.

O que estava acontecendo? Por que ele estava assim? Era um truque? Estavam brincando com a mente dele? O lorde das trevas o havia pego antes de sua morte?

Perguntas e mais perguntas rondavam sua mente, uma sensação crescente de pânico se instalava no seu peito, suas mãos inconscientemente começaram a tremer, tudo que ele conseguia sentir era o zumbido correndo pelo seu corpo, cada vez mais enlouquecedor e alto, tão alto, como se tivesse vazando dele.

Tudo o que restava para ele era gritar, um grito de medo e de horror. Era tudo tão alto e tumultuoso, até que subitamente tudo ficou quieto.

Ele se sentia pesado, cansado, toda energia do seu corpo foi sugado para fora dele e ele caiu em uma escuridão bem vinda.

{2}

No andar de baixo, Uchiha Mikoto, Uchiha Fugaku e Uchiha Itachi estavam sentados á mesa, prontos para comer seu café da manhã, mas estava em um clima tenso.

Os olhos de Uchiha Mikoto continuamente iriam para as escadas onde levava para o quarto de seu filho mais novo.

Uma carranca estava estabilizada no rosto de Uchiha Fugaku.

Itachi não estava entendendo nada. Isso, por si só, já era um motivo de alarme, dificilmente ele não entendia alguma coisa. Mas já estava passando das nove da manhã e Sasuke ainda não tinha decido gritando seu nome ou “nii-san” repetidamente como ele fazia toda vez que Itachi estava em casa.

Isso não seria um problema se Sasuke estivesse dormindo. Mas ai que estava. Sasuke já estava acordado há uns trinta minutos. Pelo rosto de sua mãe e de seu pai, eles estavam tão confusos quanto ele – não que ele iria mostrar sua confusão –.

Será que tinha acontecido alguma coisa? Não, ele saberia. Depois de se tornar chunnin há uns meses atrás, Sasuke o tinha colocado em um pedestal mais alto do que o normal. O seu irmãozinho não perdia nenhuma oportunidade de estar correndo ao seu redor, os olhos brilhando animadamente com o pensamento de ser um ninja. Itachi queria tão mal apenas barra-lo de fazer isso, de ver como o mundo era feio e cruel, ele não queria que seu pequeno otouto visse o que ele viu, passar por coisas semelhantes ao que ele passou, mas Itachi sabia que era inevitável.

Seus pensamentos foram interrompidos pela oscilação de chakra de Sasuke, mostrando que ele estava se mexendo. Tinha alguma coisa diferente em seu chakra, Itachi não poderia colocar o dedo no que era, mas ele ia descobrir. Era definitivamente diferente, seu chakra antes tão agitado, alegre e quente – refletindo sua personalidade – estava calmo e sereno. Pelo rosto de seus pais, eles também perceberam.

Seu otouto novamente parou, ficando por alguns minutos assim, seu chakra oscilava em alguns momentos, como se estivesse concentrado em algo. E então mais uma coisa diferente, os passos. Seus passos estavam leves - leves demais para um menino que um dia atrás fazia barulho por onde pisava até quando estava parado - e lentos, chegando a uma parada abrupta.

De repente seu chakra começou a oscilar e tremer, ele foi aumentando e aumentando como se Sasuke estivesse usando muito chakra. Mas não era isso, pela forma em que ele estava instável isso só explicaria uma coisa: Medo.

Os olhos de Itachi se estreitaram minuciosamente quando o seu chakra só aumentou. Se isso continuasse- não. Itachi pulou aos seus pés, seus instintos assumindo naturalmente, vagamente ele percebeu que o seus pais saltaram também, indo direto para o quarto de Sasuke. Quando estavam na porta eles pararam.

“Itachi?” Mikoto perguntou suavemente quando ele abriu a porta lentamente.

Antes que ele pudesse responder, um grito soou dentro do quarto e toda a calma que lhe restava evaporou. Itachi correu para o quarto direto para seu pequeno irmão caindo em encontro com o chão, Sasuke caiu diretamente em seus braços, seus olhos já rolando p fundo de sua cabeça e ele totalmente mole. Ele o ajeitou em seus braços os olhos correndo para o rosto preocupado de sua mãe.

Mikoto correu para seu filho mais velho, os olhos voando rapidamente para seu filho mais novo. “O que aconteceu?” Ela perguntou preocupada. Vendo o olhar atônico, e devido à falta de ação de Itachi, Fugaku pegou Sasuke, o tirando dos braços de Itachi e o levando.

Pela primeira vez em muito tempo, Fugaku viu o prodígio, o seu filho, normalmente tão estoico e sereno olhando tão humano, preocupado, atônico, ele estava agindo como uma criança de sua idade, Fugaku se forçou a lembrar que Itachi só tinha dez anos, e que era absolutamente normal ele não saber o que fazer nessa situação. Ainda mais com o seu amado irmão.

“Vamos” Ele ordenou.

{3}

Mesmo subconscientemente, Regulos desejava que aquilo tivesse sido um sonho. Ou talvez, ele tinha ido para o inferno e estavam brincando com sua mente.

Mas, aparentemente, esse não foi o caso, pois ele acordou.

Novamente em um quarto estranho, um cheiro limpo entrando em seu nariz. Ele estava provavelmente em um hospital.

Respirando fundo e fechando os olhos, Regulos forçou a si mesmo a se acalmar e pensar no que estava acontecendo. Ele era uma criança, um menino trouxa que ele não conhecia. A ultima coisa que ele se lembrava era sua morte.

Se levantando em uma posição sentada, Regulos só teve o tempo de tentar colocar um pé no chão antes de uma enfermeira qualquer entrou no quarto. “Não Sasuke-kun, deite-se!” Ela o repreendeu empurrando de volta na cama.

Sasuke-kun? Então esse era o nome da criança em que ele estava. Regulus deitou obedientemente, mesmo que ele podia ouvir a voz da sua mãe gritando por ele estar obedecendo a uma trouxa. Mas era melhor ele ficar calado, ele não estava mais em seu corpo. Isso era muito estranho de falar. Ele tinha que focar no que interessa.

“Senhora,” A enfermeira parou, olhando para ele surpresa. “Por que me chamou de Sasuke?”

Ela soltou um riso, como se pensasse que era apenas uma piada, mas depois de ver seu rosto completamente em branco, o riso morreu para baixo. “Você realmente não sabe?” Ela perguntou hesitante, “É seu nome, Sasuke-kun”. Com uma olhar para a prancheta que ela estava segurando, ela pediu licença para ele e saiu rapidamente do quarto.

Sasuke era um nome estranho, diferente de tudo que ele já havia ouvido. Talvez ele estivesse em outro país?

Regulos se perdeu em pensamentos por apenas alguns segundos e do nada havia um homem na sala também. Era um velho, uma pequena barbicha em seu queixo, rugas e cabelos brancos, um cachimbo em sua boca. Tudo nesse homem era antigo, mas sua postura, a forma como o poder rolava para fora dele, Regulos sabia que era um homem a não ser enfrentado.

Ele lembrava Regulos de Albus Dumbledore, uma figura de avô, porém perigoso.

“Sasuke?” Até a forma que ele falava tudo nele gritava respeito e instintivamente Regulos ajeitou sua postura para ficar a altura do encontro com esse homem. Desde criança seus pais o ensinaram a respeitar os mais antigos e os mais poderosos, os encontros da família Black eram formais e respeitosos.

“Senhor?” Regulos o olhou nos olhos, suas costas retas.

“Você se lembra de alguma coisa que não seja hoje?” O homem perguntou, Regulos soube imediatamente que se ele mentisse, ele saberia.

“Não.” Regulos admitiu honestamente, ele não sabia nada sobre a vida de Sasuke e ele realmente não queria fingir que sim.

Sarutobi Hiruzen olhou para o jovem diante dele com muita atenção. “Você se lembra do que poderia ter acontecido essa manhã, algo que causaria isso?”

Era hora de ser um sonserina: a melhor mentira são meias verdades. Regulos começou hesitante, “Eu acordei me sentindo estranho, senhor, estava tudo fora de lugar, como se não pertencesse a esse corpo, e depois, como se acordasse de uma dormência, eu olhei onde eu estava sem realmente reconhecer nada” Regulos olhou para baixo, lembrando quando se sentiu totalmente esgotado. “Eu tive um ataque de pânico, senhor?”

Hiruzen olhou para o jovem na sua frente, sua mente processando o jeito que ele falava, formal e limpo, não como uma criança de seis anos falaria. Ele já havia conhecido o mais jovem Uchiha antes, era uma criança em todos os sentidos, na frente dele parecia outra pessoa, uma pessoa confusa e com medo. “Sim, Sasuke-kun, você teve um pequeno ataque de pânico e com esse medo seu chakra ficou descontrolado e fez você desmaiar, foi uma pequena exaustão.” Com um pequeno gesto discreto, ele pediu a enfermeira para chamar os pais. “Vamos descobrir o que aconteceu com você.” E com um pequeno sorriso para o pequeno Uchiha, o terceiro hokage se levantou, passando por Fugaku com um olhar aguçado para se verem depois.

Fugaku veio primeiro, alto e forte, mas havia preocupação genuína em seus olhos quando olhava para o seu filho mais novo que tinha virado o rosto para a parede, Mikoto veio depois, nervosa, preocupação gravada em todo seu rosto, Itachi seguiu logo depois, olhando para seu irmão ansiosamente.

Itachi queria saber o que estava acontecendo e ele queria saber logo.

“Rukia-san” Fugaku começou, seus olhos indo do rosto de Sasuke para a enfermeira, “O que aconteceu?”,

“Uchiha-sama, Mikoto-sama, Itachi-san” Ela assentiu educadamente para todos.

Itachi ainda estava olhando para seu irmão, e como se sentindo o olhar dele, Sasuke virou-se para ele lentamente. Itachi esperava muitas coisas, ele esperava alegria normal de seu irmão em seus olhos, ele esperava seu irmão correr para ele em um abraço como fazia normalmente, ele esperava tudo, menos o olhar que seu irmão estava lhe dando.

Era um olhar pensativo, plano, sem muita emoção, era como se ele estivesse vendo Itachi pela primeira vez, seus olhos mostravam nenhum reconhecimento sobre quem ele era, e Itachi viu como os olhos de Sasuke foi para Fugaku e Mikoto com o mesmo tipo de olhar plano, nunca mostrando qualquer sinal de afeto ou reconhecimento. Só curiosidade genuína.

Pelo o que Itachi conhecia seu irmão, pelo simples fato de ele e Fugaku estarem lá, ele estaria mais feliz do que qualquer outra coisa. Isso só comprovou o que ele pensava nessa manhã, havia algo muito estranho.

“Infelizmente, Sasuke-kun está com amnésia, por algum motivo que não está aparente ainda, mas deve ser temporário.”

Mikoto engasgou duro, “Amnesia?” Ela perguntou fracamente.

“Tenho medo que sim. Ele não se lembra de nada passando essa manhã.”

E agora tudo se encaixava, o por que do seu otouto estava agindo tão estranho, por que não havia reconhecimento ou afeto vindo dele. Ele não se lembrava, ele não se lembrava de sua mãe, não de seu pai, e não se lembrava dele, de seu irmão mais velho. Era como se dessem uma facada no coração de Itachi quando os olhos de Sasuke se voltaram para ele sem nenhum indicio de conhecê-lo, sem nenhuma adoração infantil, ele sentiu como se tivesse perdido seu amado otouto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me contem o que acharam!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nii-san?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.