1977 escrita por June Carter
Notas iniciais do capítulo
Hello ♥
Depois de um primeiro dia extremamente exaustivo, nós quatro estávamos estirados nas habituais poltronas próximas à maior lareira da Sala Comunal.
— E meus planos de tranquilidade para esse ano foram por água abaixo!— reclamou Prongs, levantando a mão para depois descê-la outra vez, a fim de demonstrar o trajeto percorrido por suas expectativas. — Não posso acredito que Defesa Contra as Artes das Trevas foi aquela meleca!
— Sou obrigado a concordar com você, Prongs. — afirmou Remus, abaixando o livro de Azarações e Contra-Azarações/nível avançado. — Esperava mais ação na aula de hoje, porque, com toda a certeza do mundo, os Comensais da Morte não vão hesitar em nos atacar e nós não vamos poder ficar apenas no diálogo.
Wormtail estava calado, olhando para as brasas da lareira queimarem. Eu, porém, não via as coisas por esse ângulo. O quadro era bem maior do que isso.
— Pra mim, vocês estão esquentando a cabeça à toa. — falei, me sentindo terrivelmente cansado. Prongs estava certo, as aulas para os N.I.E.M's são infinitamente mais puxadas. — A velha Marchbanks dá conta do recado, ou vocês acham que o Dumbledore, genial do jeito que é e totalmente consciente do surgimento de uma guerra, não vai querer que todos nós saibamos lutar; ou ao menos, nos defender?
Todos fizeram silêncio, distantes em suas próprias reflexões.
— Padfoot... que orgulho, viu. — James esboçou uma careta de admiração, ao mesmo tempo em que fingia limpar lágrimas inexistentes. — Caralho! Você pegou exatamente o espírito da coisa! Agora, já vou subir, porque não tô aguentando mais de tanto sono. Até amanhã, galeris.
Moony e Wormtail não tardaram em seguir seus passos, deixando-me à fitar, sem muita atenção, alguns segundanistas risonhos.
Hoje, após a interminável aula de Herbologia, quando nós voltávamos para o castelo, eu vi Regulus de conversa com o Ranhoso e com o Mulciber. Mulciber! E isso simplesmente não saía da minha cabeça. Não é possível que o Orgulho da mamãe seja tão obtuso ou tão imundo a ponto de não saber o que aqueles dois representam!
Todo mundo em Hogwarts, sem exceção, tem conhecimento da ligação de parte dos sonserinos com os Comensais da Morte. E Snape e o asqueroso do Mulciber estão bem no centro dessa parte.
Então tudo ficou claro para mim. Eles o queriam.
Porra.
Mas antes que eu me levantasse para realizar qualquer merda impensada, o quadro da mulher-gorda girou e alguém capotou para dentro da Torre.
Santo Deus.
— Porra McKinnon, nem pra me chamar pra tomar umas também. — Fui até lá. Marlene estava enroscada com a capa de invisibilidade no pescoço e segurava firmemente a varinha e o mapa na mão esquerda.
— Ah não, Black, dá um tempo. — Retirei a capa de seu pescoço e segurei a sua mão livre, para que ela pudesse levantar. Seus longos cabelos haviam finalmente escurecido; ao passo que os olhos e nariz se tornaram vermelhos e úmidos.
— Eu... ãhn... me perdoa, não quis...
— É apenas um problema de família, nada demais. — Ela, então, tirou a minha mão e se abaixou para agarrar a capa de James. Marlene McKinnon era forte para caramba. Sempre parecendo inabalável perante circunstâncias aterrorizantes e conseguindo, na maior parte do tempo, manter-se firme em suas convicções. Logo, o que quer que estivesse ocorrendo em sua vida era, no mínimo, perturbador.
— Aham McKinnon, e eu nasci ontem. — Fechei os dedos ao redor de seu pulso mais uma vez e a levei até o tapete felpudo perto da maior lareira da torre. — Eu sei que você não vai conseguir dormir, Marlene, então por que não fica?
Nós dois estávamos de pé, de costas para a lareira. Ela me olhava de maneira extremamente desconfiada, analisando cada uma das minhas palavras durante um longo minuto. Depois deu um pesado suspiro, de olhos cerrados, e sentou no tapete, com as costas escorados no sofá escuro.
— Eu fui até o corujal enviar uma carta para o meu irmão, porque é algo como... como um ritual para nós. Desde o 1º ano, eu escrevo contando sobre o meu primeiro dia de aula e ele me relata como está sendo a rotina de trabalho.
— Aham, e o quê mais?
— Meu Deus, Black! Você é muito chato! — explodiu ela. — Não passou pela sua cabeça que eu posso não querer conversar sobre isso?
Inspirei profundamente. Expirei.
— Você só fala se quiser, Marlene. — desci o olhar para o tapete, brincando com seus longos fios dourados enquanto pensava no que iria dizer. Ela estava assim por causa de seus pais, sem a menor sombra de dúvida. — Mas eu aposto, tudo que me é mais caro, que eu posso te ajudar. Já que, assim como você, eu sei exatamente o que é estar todo fodido por dentro.
Levantei o olhar e notei que sua expressão estava um pouquinho menos aflita.
— Eu te conheço, Sirius... você não fica de conversinha com ninguém, então por que isso agora?
— Porque eu me importo com você, e eu... ãhn... posso cuidar dos seus sentimentos.
Boom! Soltei a bomba.
Então nós ficamos em silêncio; ela me encarando com aquela habitual expressão dura e intensa no rosto, e eu fazendo força para sustentar seu olhar.
— Não estou te pedindo para ir para cama comigo, embora se você pedir eu serei obrigado a aceitar. — Ela rolou os olhos e maneou a cabeça negativamente. — Eu só acho que se ficarmos perto um do outro será mais fácil passar por toda essa merda.
Então eu sorri. Ela encarou a covinha e eu soube que tinha ganhado. A maldita covinha sempre ganhava.
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Nos dias seguintes, nenhum ataque a trouxas ou qualquer manifestação pública das Artes das Trevas alcançaram tanta notoriedade quanto o fato de que Marlene McKinnon tinha finalmente caído nas graças de Sirius Black.
— Que palhaçada é essa aí? — James apontava irritado para nós, enquanto sentávamos de frente à ele e Peter para o café-da-manhã. — Seu bastardo de merda! O que você acha que tá fazendo?
Pronto. Ele havia conseguido o que queria. Todos no Salão Principal, incluindo Hagrid e McGonagall, prestavam atenção em nós.
— Dá pra calar essa boca ou vai prolongar o showzinho? — perguntou Lene, com a cara amarrada, encarando James por trás de uma jarra de suco de abóbora. Na mesma hora, tratei de encher a boca com mingau.
— Você, seu cafajeste de uma figa! Vou decepar seu pau enquanto estiver dormindo. — Virei para Remus, sentado à minha esquerda, e tentei fazer uma pergunta muda sobre aquilo. Contudo, ele estava sério e apenas sinalizou para que eu continuasse calado. — Traiu a confiança! A única coisa que eu já te pedi você desonrou, seu bosta!
Deus do céu.
— Ai, já chega James! — Marlene estava claramente desconfortável. Ela não era do tipo que gostava de estar sob os holofotes. Completamente diferente de James e de mim. — Ele é meu amigo e pronto. Você não tem que achar nada.
James parecia pasmo, com a boca entreaberta. Depois, deu as costas para mim e Marlene, e começou uma conversa com Peter em voz alta.
Marlene revirou os olhos e voltou a atenção para mim.
— Escolha interessante. — falou Lene, apontando para o mingau de nozes em meu prato e jogando conversa fora. — Bem homossexual, não?
Dei risada e fiquei analisando o ar risonho em seu rosto. Embora estivesse acabado de sofrer um aborrecimento, ela transparecia estar tranquila, o que era extremamente raro em qualquer garota.
— Acho que ainda não existe aquele que permanece macho perto desse mingau. — disse, fechando os olhos e dando uma boa garfada. — Mas você curte mais uma torta de abóbora, não é?
Ela assentiu.
— Por falar nisso, você gosta delas? Porque, caso contrário, serei obrigada a desfazer essa amizade. Aqui e agora.
Sorri, olhando para ela distraído. Era durante essas conversas irrelevantes e leves, que eu percebia o quanto era reconfortante ficar perto de sua paz. De um jeito tão bom e único, que ouro nenhum seria capaz de pagar.
— Na realidade, eu gosto de você. Pra caralho. Então vou passar a curtir elas, nem que seja na marra.
Lene balançou a cabeça, com uma expressão dividida entre nervosa e divertida, e iniciou uma calorosa enunciação dos cinco principais motivos de James Charlus Potter ser o capitão da Grifinória mais insuportável do último século.
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P.S: O meu Sirius não tem papas na língua, o que significa que ele vai falar tudo que passar por aquela linda cabecinha!
Comentem, nem que seja para me xingar.
♥♥♥
P.S: ficou meloso, né??