Pokémon Valerie, a Fada. escrita por Eterno Ronin


Capítulo 1
A fada e a garota sorridente.


Notas iniciais do capítulo

Podia ter ficado bem melhor, mas eu tinha que fazer a tempo do seu aniversario, né Zoro-kun. Nem sei se você vai ler (brincadeira você vai sim, eu te obrigo!)



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A líder de ginásio e sua desafiante se entreolharam. Nessa hora ambas tiveram a mesma certeza:

“Mas que pessoa estranha.”

Valerie trajava uma roupa semelhante a um quimono, de mangas tão longas que colocavam em dúvida como ela seguraria suas poké-bolas. Seus olhos pareciam feito de madrepérola, brilhantes como dois céus estrelados em miniatura. Como se já não fosse alta o bastante, seus sapatos a tornavam uma gigante. Apesar da estranheza de seu visual, Valerie era indiscutivelmente linda.

Serena possuía cabelos que de tão loiros eram quase planteados. Usava roupas simples, mas mantendo um toque de elegância, blusa e meias longas pretas e uma saia vermelha bem curta. Ela não passaria de uma garota normal, se não fosse é claro sua beleza acima da média e o sorriso que ela mantinha o tempo todo no rosto e que se tornava algo completamente paranoico e assustador conforme se olhava.

─ Como ousa incendiar nossa casa?! ─ Valeria exclamou irritada. Não era a primeira treinadora que vinha a desafiar, mas a presença e insanidade de Serena nas batalhas contra as garotas furiosede era uma ameaça ao seu ginásio.

─ Isso aqui é uma casa de boneca em cima de uma árvore, esperava o quê? Imaginei que se colocasse fogo em tudo poderia batalhar mais cedo contra você. Aliás, não sei se percebeu, mas seus dias como líder de ginásio estão contados. ─ Serena pronunciou cada palavra calmamente e com um enorme sorriso. Valerie ignorou o alerta, imaginando que fosse apenas uma provocação, se ela soubesse que Serena sempre falava a sério talvez tivesse dado mais atenção.

─ Você é uma humana bem estranha. Não permitirei que destrua o nosso lar!

Então Serena respondeu sorrindo:

─ Eu só quero a sua insígnia. Se olhar pela janela verá aqueles que estão realmente incomodados contigo.

Valerie olhou de relance para fora e se espantou ao ver dezenas de viaturas policiais. Ela não compreendia muito bem as regras da sociedades, tudo o que sabia era que os humanos são as únicas criaturas que se divertem com a infelicidade alheia.

─ Malditos idiotas. Por acaso não sabem que fadas não seguem as leis dos homens?

Antes de ser uma fada Valerie era apenas uma garotinha comum e indesejada. Por mais que sua inocente mente infantil procurasse por uma resposta ela não sabia o motivo de ser maltratada. O pai a batia sem qualquer razão e sua mãe apenas desviava o olhar em silencio. As outras crianças foram instruídas pelos pais a não brincarem junto dela. Mesmo se Valerie gritasse sua voz seria ignorada, assim como as marcas roxas em seu corpo e suas lagrimas.

“Pokémons são mais fáceis de se entender do que pessoas”, foi o que ela descobriu ao dar metade de seu sanduiche (que era seu café da manhã e almoço daquele dia) para um Flabébé faminto. Aquele pokémon se tornou instantaneamente seu amigo, o primeiro até então. Diferente das outras crianças ele não deixaria de brincar com Valerie mesmo se alguém o mandasse. Pokémons não julgavam as pessoas por sua aparência, maneiras ou seja lá o que fosse. Eles retribuíam dez vezes mais todo carinho que recebiam. Valerie então pensou: “Eu também devo ser um Pokémon”. Era a explicação para toda a rejeição que ela recebera durante toda a vida. Os pokémons foram os únicos a lhe demonstrarem amor, pela sua lógica na certa ela também era um deles.

Certa vez após chega atrasada em casa, o pai de Valerie começou a espanca-la como castigo. Repetindo vários xingamentos enquanto batia nela. A pobre garotinha estava acostumada com aquelas palavras cruéis e também com a dor das constantes surras. Seus pensamentos mantinham-se muito distantes:

“Será que existe algum lugar no mundo aonde eu pertença? Eu gostaria de encontrar esse lugar ou ao menos desaparecer desse mundo”.

─ Você não é minha filha! ─ As palavras daquele homem tinham o intuído de machuca-la, mas despertaram um estranho alivio dentro de seu coração.

─ Sim... Não sou sua filha, nem mesmo humana. Eu sou uma fada, um Pokémon do tipo fada. Meu lugar não é aqui. ─ Valerie sorriu com os olhos mareados.

─ Fedelha idiota! Ficou maluca?!

Antes que novas agressões começassem, aquele frágil Flabébé havia vindo defender sua amiga do cruel pai. Infelizmente ele ainda era muito fraco e seus ataques não surtiam efeito mesmo contra uma pessoa. O cruel homem o afastou com um chute e depois matou-o a cajadadas com um pedaço de madeira.

“Eu realmente odeio ...

...os humanos”, Valerie murmurou para si mesma. Seu coração se encheu de tristeza como a vários anos atrás. Primeiro ela daria um jeito na sua desafiante e depois resolveria as coisas com a polícia. Talvez o Prof. Sycamore pudesse ajuda-la. Ele era uma das exceções dentre os humanos, ainda que fosse adulto tinha o olhar curioso de uma criança e um bom coração. Foi ideia dele torna-la uma líder de ginásio, por mais que ela não desse a mínima para dinheiro, o salário seria útil as garotas furisode, aquelas quatro garotas eram o que existia de mais precioso no mundo para ela. Por essa razão quando um desafiante chegava ao ginásio de Laverre Valerie era obrigada a enfrentá-lo e derrotá-lo.

─ Vá, Mr. Mime! ─ Ela arremessou a pokébola de dentro das mangas de seu quimono.

─ Não imaginei que alguém feito você tivesse um pokémon tão... feio, digamos assim. ─ Serena achou divertido comparar o contaste do Pokémon que mais parecia um homem baixinho e fora de forma com a bela treinadora dele.

─ A verdadeira beleza é a interior.

─ Nesse caso eu devo ser bem feia ─ ironizou sorrindo.

Serena arremessou a pokébola e seu poderoso Lucario se colocou no campo de batalha, e com um soco desfez a barreira invisível do Pokémon mimico. A diferença de forças estava óbvia. Aquele Lucario havia sido treinado por Korrina, uma outra líder de ginásio de Kalos e havia sido seu mais forte Pokémon. As palavras de Korrina ao entregar Lucario como um presente foram gravadas no coração vazio de Serena, não como uma agradável lembrança estavam mais para uma música chata que não sai da cabeça.

“Um dia quero ver um sorriso sincero em seu rosto”, Korrina havia visto por trás de sua máscara e enxergou toda a dor que o sorriso de Serena carregava. Talvez o ela tivesse entregado seu amado Lucario por preocupação. Como ela não podia acompanha-la em sua jornada entregou a seus cuidados o mais forte e fiel Pokémon, um pedaço de si mesma, para que assim pudesse proteger Serena.

Após dois ataques o Mr. Mime já havia sido derrotado. O próximo Pokémon de Valerie foi um oponente mais digno de Lucario. Ela percebeu que precisaria levar a sério aquela batalha. Gadervoir e Lucario se enfrentaram num duro combate, no final do round Lucario decaiu. Serena não sentiu nada ao encarar seu Pokémon nocauteado no chão, ela apenas mantinha seu sorriso no rosto e seguia com seu objetivo sem pensar ou sentir mais nada. Numa dura batalha tanto a Gadervoir quanto o Venossauro de Serena foram nocauteados. Antes que o próximo round pudesse se iniciar os policias invadiram o campo de batalha que ficava no topo do ginásio.

─ Você está presa, Valerie! ─ Ecoava a voz do investigador Looker.

A líder de ginásio e sua desafiante mais uma vez tiveram o mesmo pensamento:

“Não nos incomodem, idiotas.”

Valerie teve que pegar o corpo desfigurado de seu amigo Flabébé do lixo para então dá-lo um enterro decente no topo de uma colina. Ela não queria mais voltar para casa. Nada que seu pai tenha feito lhe doeu mais que matar seu único amigo, ainda que ele fosse um Pokémon, afinal Valerie também era um Pokémon, ao menos era o que ela pensava.

─ Você parece triste. Tudo bem, garotinha? ─ perguntou uma jovem de longos cabelos tão dourados que pareciam foleados a ouro, olhos com as íris de azul com uma profundidade tão intensa quanto a do próprio céu e um sorriso acolhedor capaz de aquecer qualquer coração. Ao lado dela havia um Garchomp monstruoso, visivelmente feroz, sedento por um combate, por sangue.

─ Não me chame de garotinha. Eu sou um Pokémon ─ respondeu tímida e assustada.

A jovem loira achou graça daquilo e jogou uma pokébola na cabeça de Valerie, que embora não tenha a capturado fez um galo em sua cabeça.

─ Por que fez isso? ─ choramingou mais pela surpresa do que de dor.

─ Você não disse que era um Pokémon? Pensei que fosse um bem raro e tentei te capturar, infelizmente acho que precisarei de uma masterball para isso.

─ Eu sou um Pokémon do tipo fada, igual meu amigo Flabébé era, mas ele morreu...

─ Entendo... Se tudo o que você faz após a morte dele é chora, significa que nunca mereceu o ter como amigo ─ aquelas palavras machucaram Valerie mais do que qualquer insulto que ela tenha ouvido, o mais estranho era que elas haviam sido pronunciadas não com raiva ou desprezo, mas com carinho.

─ O que mais eu posso fazer além de chorar!? Nada vai o trazer de volta a vida!

─ Você poderia seguir em frente por ele. Chore um oceano se for preciso, mas continue em frente mesmo sozinha.

Valerie compreendeu então. Flabébé perdeu sua vida tentando a proteger, ela devia então possuir algum valor por mais efêmero que fosse. Sim, todos deviam ter uma razão para existir e ela precisava descobrir a dela.

 ─ Qual o seu nome? ─ Valerie perguntou a linda jovem.

─ Eu me chamo...

...

...Os policiar apontavam armas de fogos em sua direção e pediam para que ela se rendesse pacificamente.

─ Não quero atrapalhar o trabalho de vocês policias, mas para isso poderiam não atrapalhar o meu como treinadora? ─ Por mais impaciente que estivesse Serena continuava a sorrir e sua expressão mantinha-se calma.

─ A líder de ginásio está sendo presa por sequestro. Estaremos interditando o local até segunda ordem. Desculpe, sua batalha terá que esperar, a justiça vem primeiro. ─ disse o investigador Looker que colaborava com as investigações.

─ Justiça? Não me faça rir. Se essa é a justiça dos humanos eu estou além dela! ─ Valerie exclamou furiosa. ─ Acham mesmo esses brinquedinhos vão me assustar ─ ela disse se referindo as armas. ─ Cem, mil ou até cem mil de vocês não serão capazes de me manter longe das minhas preciosas crianças. As protegerei mesmo que custe a minha vida!

Valerie estava pronta para entrar num combate com os policias, quando de repente quatro meninas atravessaram o campo de batalha correndo com lagrimas nos olhos. Os policias não souberam o que fazer. Todas juntas abraçaram Valerie que logo desistiu da ideia de enfrentar as autoridades.

─ Por favor, deixem a Valerie em paz! Não nos separem! ─ gritou Kali em prantos, a furisode de vestido negro.

─ Uma refeição quente e saborosa, um toque de carinho após se machucar, um abraço ou simples palavras de elogio, nenhuma de nós conhecia nada disso. Valerie quem nos mostrou que no mundo existia algo além de dor. Agora querem puni-la por nos salvar?! ─ Linnea, a de cabelos castanhos e quimono azul disse com lagrimas e soluços.

Os polícias olharam se saber o que fazer. Sentiram que na realidades os vilões da história eram eles. Apenas Serena permaneceu inalterada sorrindo calmamente.

Todas as garotas furisode viviam uma vida de maus-tratos e sem amor.

Linnea havia sido vendida a um bordel por sua própria família, eles já tinham filhos demais e ficaram satisfeitos com uma boca a menos. Ela foi obrigada a satisfazer a luxuria dos clientes do bordel, homens inescrupulosos e sem coração.

Kali perdeu ainda bebê os seus pais e foi obrigada a viver com seu tio, o homem a fazia de empregada, a agredia, quase não a alimentava e a prendia dentro de casa.

Blossom cresceu num lar sem amor. Sua família era composta por pessoas frias que só pensavam nelas mesmas. Seus irmãos mais velhos lhe agrediam de diversas formas com torturas físicas e psicológicas. Ela era depressiva e já tentou suicídio.

Katherine era a filha bastarda de um poderoso nobre de kalos. Sua madrasta e meios-irmãos enciumados descontavam suas frustações nela. Mesmo possuindo sangue nobre ela era tratada como lixo e torturada a bel-prazer de sua madrasta.

Nenhuma delas teria sobrevivido muito tempo se não fosse uma pessoa, Valerie. Ela salvou cada uma de suas tristes e miseráveis vidas, lhes mostrou um mundo completamente diferente e cheio de amor, deu a essas quatro meninas sem esperanças um futuro, mas aos olhos da lei ela era uma sequestradora.

Não havia qualquer arrependimento em seu coração, se fosse necessário ela faria tudo novamente, não importa quantas vezes. Valerie conhecia o sofrimento de ser maltratada por aqueles que deveriam a amar.

─ Eu me entregarei contando que cumpram três condições ─ Valerie se pronunciou.

─ Prometo que farei o possível dentro do que pedi ─ respondeu Looker.

─ Primeiro: Não enviem Linnea, Blossom Katherine e Kali para suas respectivas famílias de origem, de preferência não as separem mandando cada uma para um orfanato diferente. Segundo: Os maus-tratos que elas sofreram devem ser investigados e os responsáveis precisam pagar por seus erros. Terceiro: Permitam que eu termina minha última batalha como líder do ginásio de Laverre.

...

A jovem treinadora do Garchomp despertou algo em Valerie que de alguma forma a deixou mais forte. Ela sentia que por dentro não estava mais vazia. Se houvesse nesse mundo algum lugar aonde qualquer um pudesse sonhar e alcançar a felicidade, ela encontraria ou criaria ela mesma esse lugar.

─ Sua piranha inútil! Faz ideia do quanto a procuramos! Você vai pagar caro dessa vez! ─ o pai de Valerie a encontrou e vinha acompanhado por sua mãe que nada fez ao ver a filha apanhando. ─ Estou cansado de você! Vou te matar dessa vez! ─ ele berrava enquanto enforcava a própria filha. Aos poucos a consciência de Valerie começava a se perde, a morte logo viria a seu encontro se ela não fizesse nada.

A pokébola que moça loira usou para tentar “captura-la” estava ao seu alcance. Não seria eficaz como arma, mas era sua única opção. Concentrando todas as suas forças Valerie pegou e arremessou a pokébola contra o corpo de seu pai e para sua surpresa um Pokémon saiu de dentro dela. Seria sorte ou destino? Talvez, desde o começo foi essa a intenção daquela treinadora.

─ Por favor, me ajude ─ seu fraco clamor foi ouvido pelo Pokémon.

Um pequeno Eevee, mas de imenso poder livrou Valerie das garras do pai com uma investida, quebrando várias de suas costelas. A Garota se levantou pegou sua pokébola e saiu correndo junto de seu novo companheiro.

─ Espere, Valerie! ─ a mulher que se dizia mãe e ficara quieta diante de todas as agressões agora chamava o nome da filha que se distanciava rumo ao horizonte.

─ Adeus ─ Valerie se despediu dos seus dias de sofrimento.

...

O Vaporeon e Sylveon duelavam ferozmente. Ambos eram muito fortes e bem treinados. Eles corriam pelo campo de batalha trocando ataques e evasivas. Estavam os dois de igual para igual.

─ Vaporeon, use Hidrobomba! ─ ordenou Serena.

─ É hora de terminamos em grande estilo, Sylveon! ─ Valerie sorriu quando passa o comando ao seu fiel companheiro. Ao lembrar de todas as batalhas e momentos que tiveram juntos seus olhos se encheram de lagrimas.

Sylveon saltou no ar e duas assas gigantes como de uma borboleta feitas de energia surgiram em suas costas. Vaporeon Atacou com Hidrobomba e Sylveon investiu contra ele coberto por toda aquela energia reluzente.

...

─ Aqui, a insígnia fada, você a mereceu. ─ Serena não demonstrou nada ao receber a insígnia, apenas continuou sorrindo serenamente.

As mangas do quimono de Valerie foram rasgada e suas mãos algemadas. As garotas furisode choravam inconsoláveis até serem repreendidas por sua mentora.

─ Chorem um oceano se for preciso, mas me prometam que seguiram em frente com suas vidas. Eu não sacrificaria minha liberdade a menos que valorizasse cada uma de vocês mais do que minha própria vida. Um dia nos veremos novamente.

As cinco prometeram se reencontrar, já não eram mais líder de ginásio e garotas furisode, eram mãe e filhas. Por trás de seu sorriso Serena sentiu certa inveja, pois nunca poderia reencontrar com sua amada mãe, Cynthia.

─ O mundo é realmente um lugar estupido ─ a garota sorridente disse ao dar-se as costas e ir embora de laverre.


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Notas finais do capítulo

Feliz aniversário.



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