Lembranças de verão escrita por UmaEscritoraAí


Capítulo 1
Capítulo 1 - Oneshot


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem? ♥ espero que sim. Fiz essa oneshot pequena às pressas, um pouquinho corrida com o tempo, mas fiz com todo o carinho do mundo, e espero que esteja à altura das coisas que normalmente escrevo.
Boa leitura ♥



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O cheiro de terra molhada, para Mel, era o ideal para relaxar. Um tempo ao ar livre para espairecer e esquecer-se por um tempo de todas as preocupações do colégio parecia uma ótima ideia, principalmente quando decidiu inscrever-se em um acampamento de verão.

Pela manhã, acordou cedo para finalizar o preparo de sua mochila, saindo de casa com seus pais assim que terminou o café da manhã reforçado que sua mãe havia preparado com muito empenho, preocupada com o fato de sua filha passar alguns dias fora de casa.

— Você vai ficar bem, querida? Me ligue se precisar de alguma coisa, tudo bem? – Ela tagarelava, enquanto averiguava a bagagem.

— Tá tudo certo, mãe. Eu vou ficar ótima. – Mel retrucou sem graça, com um sorriso de canto. – É bom sair de casa uma vez ou outra, e a titia é uma das organizadoras do acampamento, então vou sempre ter algum responsável por perto. – Completou, afastando-se do carro.

Após uma longa despedida cheia de afagos, era finalmente a hora de juntar-se ao seu grupo para seguir com a trilha. Outros participantes viriam ao fim da tarde, portanto não fora uma viagem demorada, já que não precisaram esperar até que todos chegassem. À medida que Mel afastava-se da civilização sentia-se mais leve, talvez até mesmo livre. O som dos gravetos e folhas secas se quebrando a cada passo era agradável, juntamente ao barulho de água corrente que vinha do riacho, e do clima que estava ameno, com brisas frescas e um sol parcialmente coberto pelas nuvens. As árvores também auxiliavam a manter a temperatura, deixando o local arejado.

— É aqui que vamos montar as barracas, crianças. – A instrutora alertou, colocando sua caderneta em uma das pedras. – Vamos lá, vou ajudar quem não souber montar.

Mel aproveitou a deixa para colocar sua bagagem próxima a uma árvore, aproximando-se dos outros membros para montar sua barraca também. Demorou um bom tempo para finalizar, visto que não estava acostumada a acampar, porém ao fim de todas as preparações, conseguiu finalmente descansar. Deixou os pertences no local em que dormiria e saiu sozinha em direção ao riacho, sentando-se em uma pedra com seu livreto e uma caneta, buscando por inspiração. Os ventos sopraram um aroma adocicado e familiar em sua direção, deixando-a nostálgica.

Recordou-se de quando chegara no colégio, e de como havia se apaixonado à primeira vista por alguém que provavelmente jamais corresponderia. Foi inevitável soltar um longo suspiro, apoiando o queixo em seu punho para apreciar o reflexo da paisagem que formava-se na água corrente. Aquele acampamento seria o marco inicial para que pudesse esquecer sobre aquela pessoa, logo não seria prudente continuar com tais pensamentos. Levantou-se para espreguiçar-se demoradamente, permitindo-se respirar fundo antes de buscar por algumas pedras no chão e jogá-las no riacho, visando fazê-las saltar sobre a água.

— Não se cansa de ser tão infantil às vezes? – Uma voz familiar ecoou no local, surpreendendo-a o suficiente para que derrubasse todas as pedras que havia pego.

— O que faz aqui? – Indagou enquanto desviava o olhar. – Pensei que odiasse esse tipo de ambiente.

— E odeio. – Retrucou. – Mas não tanto quanto eu estou odiando aquele clima horrível lá de casa ultimamente.

Aquela expressão entristecida partia o coração de Mel. Parte daquele sentimento era sua culpa, porém deixar seu amigo naquelas condições estava fora de cogitação.

— Eu não podia deixar o Nath daquele jeito. Ele é seu irmão, não vê que ele estava sofrendo ali?

— Eu sei! – Ambre vociferou em resposta. – Eu já sei disso, então... Não precisa ficar me lembrando.

O ambiente ficou em silêncio por alguns segundos. Mel havia perdido o poder de fala, e estava de mãos atadas naquela situação. Ambre era, para ela, totalmente imprevisível. Em um momento mostrava-se como uma garota mimada e arrogante, e em outro como aquela mulher tão inocente e frágil, que parecia estar destruída em seu interior. Antes que pudesse encontrar a resposta, Ambre já não estava mais ali. Provavelmente teria voltado para o acampamento, e Mel sentiu que também deveria, devido ao grunhido de seu estômago.

Reuniu seus poucos pertences e caminhou em direção às barracas, no momento certo para o jantar. Seus olhos buscavam desesperadamente por aqueles cabelos dourados enquanto sentava-se ao redor da fogueira para ouvir alguns contos de terror e apreciar sua refeição, porém sem sucesso. Sentiu-se uma tola por tê-la feito relembrar de todas as coisas dolorosas que passara com sua família, principalmente naquele breve e raro momento amistoso entre elas.

— Mel, querida, está gostando das atividades ao ar livre?

— Tia? Sim, estou sim, obrigada.

— Seus pais ligaram não tem nem uma hora. Eles deviam te deixar viver um pouquinho menos sufocada. – Zombou, com um sorriso travesso.

Mel apenas riu e despediu-se de sua tia antes de levantar-se em direção à sua barraca. Seu celular nem ao menos possuía sinal para que pudesse atualizar suas redes sociais, e embora quisesse afastar-se de tudo por alguns dias, sentiu-se tão confusa ao encontrar-se com Ambre que agora arrependia-se por ter escolhido um local tão isolado para passar o verão. Quando fechou os olhos, aquela imagem de seu semblante entristecido dominou completamente seus pensamentos, até o momento em que finalmente adormeceu.

Pela manhã, acordou com o canto dos pássaros e o zumbido de alguns mosquitos que, por alguma obra do destino, conseguiram adentrar a sua barraca durante a noite. Esfregou os olhos e espreguiçou-se lentamente antes de levantar-se para escovar os dentes no riacho. Levou consigo um copo d’água para este propósito, e aproveitou o fato de ser a única acordada para vestir as suas roupas de banho e mergulhar.

— Ahhhh, é tão bom ter alguns momentos de paz. – Comemorou, enquanto apreciava seu banho de rio, encostando-se na margem.

— Eu concordaria com você uns dois minutos atrás.

— Ambre? Pensei que ninguém estivesse acordado ainda.

— Não consegui dormir, odeio insetos. – Reclamou, com uma expressão enjoada.

Mel sorriu de canto, já esperando por aquele tipo de resposta. Aproximou-se de Ambre por um momento e encarou-a com doçura.

— Me desculpe por ontem, não queria te fazer lembrar daquilo.

— Você é uma idiota, não tem jeito. – Provocou. – Isso vai sair caro.

— Nem pensar, eu já me ferrei uma vez quando me obrigou a comprar um celular pra você. Não vou cair na mesma besteira duas vezes.

— Ninguém mandou ser tão curiosa. – Ambre aproximou-se ainda mais. – Mas não era desse tipo de pagamento que eu estava falando. – Sussurrou, selando seus lábios nos de Mel, deslizando a mão pelo braço da moça até que conseguisse entrelaçar suas mãos em um gesto suave.

Mel fechou os olhos, retribuindo o beijo de modo apaixonado. Havia ansiado tanto por esse momento, e agora não pretendia deixá-lo acabar tão cedo. Continuaram trocando carícias até serem interrompidas por alguns garotos do acampamento. Afastaram-se com as bochechas ruborescidas e quentes, ambas sedentas por mais toques enquanto ofegavam e desviavam o rosto.

Aquele encontro de olhares cheio de desejo deixara as coisas claras. O sentimento era recíproco, e sobretudo, intenso, como se os tivessem reprimido por muito tempo. Entre inúmeras intrigas no ambiente escolar, perceberam que na realidade, ansiavam apenas pela atenção uma da outra.

Saíram do riacho e partiram em direções opostas, para participarem das atividades que haviam requisitado em suas inscrições, embora não conseguissem deixar de pensar no ocorrido. Mel até mesmo machucou os joelhos ao cometer um deslize em sua escalada, ainda que felizmente não fosse um ferimento grave.

Ao cair da noite todos voltaram ao acampamento para a reunião na fogueira. Mel saiu em direção a sua barraca para substituir suas roupas sujas de terra por outras limpas, dirigindo-se à fogueira logo em seguida. Deparou-se com Ambre sentada em um tronco mais afastado, iluminada à meia luz. Para ela, uma visão mais do que encantadora.

— Está sozinha, senhorita? – Brincou, imitando uma voz masculina e galanteadora.

— Agora não mais. – Ambre riu, batendo levemente no espaço ao seu lado.

Um olhar cúmplice entregou todas as coisas que gostariam de dizer. Era como se, naquele momento, conseguissem compreender uma à outra sem que trocassem uma única palavra. Mel tomou as rédeas e colocou sua mão acima da de sua parceira, segurando-a suavemente enquanto permitia-se encostar a cabeça no ombro de Ambre, que não parecia ser contra a ideia.

O barulho da fuligem se formando e a luz das estrelas no céu tornaram aquele momento inesperadamente romântico, que provavelmente acabaria mais tarde em alguma das barracas. Aquele verão com certeza teria se tornado inesquecível, e a vida em Sweet Amoris muito mais interessante.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, sei que provavelmente ficou aquele gostinho de querer uma continuação no final, me desculpem dhasjbd, não quis partir para um orange. Quem sabe algum dia, né não? ♥
Obrigada por ler, beijinhos~ ♥



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