Alternative Realities escrita por Fujisaki D Nina


Capítulo 1
Só Uma Espiadinha Não Faz Mal




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— Acabamos de avistar Arus. Tempo de previsão de chegada: doze minutos. – Lance comunicou de trás dos controles do Leão vermelho. Um sorriso travesso surgindo em seus lábios antes de apertar o volante. – Talvez menos.

Com um puxão, o Leão Vermelho foi lançado quilômetros à frente em questão de um segundo. Lance não sofreu efeito nenhum, no entendo, um grito abafado e o som de algo batendo do outro lado da cabine indicavam que o mesmo não acontecera com seu passageiro. Ele não conseguiu evitar de sorrir, mas por sorte segurou a risada quando sentiu uma presença atrás de si.

— Precisava mesmo disso? – questionou Pidge, que embora também vestisse sua armadura de paladino, estava sem o capacete, o que ao menos a permitia esfregar o local da pancada em sua cabeça. Seu rabo de cavalo precisaria ser refeito.

— Se você estivesse se segurando bem, não teria caído. – Ele retrucou ainda rindo.

— Eu estava com as mãos ocupadas, você sabe! – Pidge bufou. – Esse controle precisava estar pronto antes de chegarmos em Nova Altea. Eu poderia ter feito isso na Terra e vindo sozinha na Green mais tarde, mas certas pessoas queriam porque queriam ter férias em família.

— Ah, vai dizer que não gostou da gente ter vindo junto? – Lance arqueou uma sobrancelha para ela, brincalhão. Continuou um pouco mais sério, porém: – Sair hoje mesmo era o único jeito do Peter vir também, já que ele tem só mais duas semanas de férias e você sabe como ele gosta de vir pra cá.

Pidge resolveu não responder, não querendo dar o braço a torcer e admitir que ele estava certo, então apenas olhou para outro lado enquanto ajeitava seu rabo-de-cavalo. Peter adorava Nova Altea, tanto por ser um planeta tão diferente da Terra quanto por seus tios e amigos que moravam lá e seria bom que ele tivesse um tempo com eles.

Além do mais, assim que ela, Allura e Coran resolvessem tudo o que precisavam sobre a máquina, talvez ainda sobrasse tempo para Pidge relaxar com sua família. Talvez os três pudessem fazer um pic-nic, ou então tentarem completar juntos todos os circuitos do novo Mario Kart. O pensamento a fez sorrir.

Pena que bastou uma olhada para trás para essa pequena alegria sumir.

— Peter!

— O que? Nada! – O menino de onze anos pulou no susto, rapidamente afastando-se do aparelho o máximo que podia. – Eu não fiz nada, não mexi em nada, eu juro!

Pidge respirou profundamente, tentando não se exaltar enquanto andava na direção do filho. Já de frente para o menino, ela ajeitou os grandes óculos redondos em seu rosto, fazendo-o olhar para ela.

— Peter – falou de novo, mais calmamente. – Eu já te disse, não disse? Para não-

— Para não mexer nas suas coisas, eu sei. – Os olhos castanhos podiam vir dela, mas o biquinho fofo era completamente Lance e Pidge era incapaz de resistir a qualquer um deles quando o faziam. – Eu só estava tentando te ajudar, mãe.

Aquelas palavras mais o biquinho acabaram por aquecer o coração de Pidge. Não era incomum que Peter ficasse ao lado dela e lhe desse uma mãozinha em alguns projetos para a Guarnição, justamente como Sam Holt a deixava fazer quando ela era pequena. Um momento pai e filha que se tornara um momento mãe e filho, e Pidge valorizava isso tanto quanto sabia que Peter o fazia.

Mas assim como seu pai lhe dizia, algumas experiências eram perigosas demais para uma criança ficar por perto e Pidge precisava apenas lembrar-se da máquina que os aguardava em Nova Altea para saber que este era um dos casos.

Ela acariciou com carinho os cabelos castanhos escuros, olhando mais uma vez naqueles olhos tão parecidos com os seus próprios. Se algo acontecesse com ele, ela jamais se perdoaria.

— Pe-Woh!

Um solavanco por parte do Leão Vermelho interrompeu-a, arremessando Peter para frente e deixando Pidge para segura-lo antes que os dois se desequilibrassem.

— Lance! – Ela reclamou, virando-se para o marido.

— Foi mal – disse apenas, enquanto ele ajeitava os controles. – Sempre me esqueço desses ajustes pra não dar solavanco na hora de entrar numa atmosfera.

— Já chegamos? – Foi o único ponto que interessou a Peter.

Com uma rápida corrida, ele estava debruçando-se sobre o painel de controle de Red. Um sorriso enorme abriu-se em seu rosto como ele viu o castelo de Nova Altea logo mais à frente, brilhando à luz do entardecer.

Haviam vários espaços nos extensos jardins do castelo em que o Leão seria capaz de pousar, mas um brilhante sinal vermelho, piscando no chão do grande terraço, indicava a Lance o local exato para o pouso.

Do terraço, sete figuras assistiam enquanto as patas do gigante felino encontravam o chão.

— Oi! – Peter acenou gritando, mal esperando a boca do leão se abrir completamente para correr ao encontro dos outros.

— Peter! – Uma garotinha foi a primeira a responder.

Ela segurou a mão do menino mais velho ao seu lado, com a mesma pele escura e orelhar pontiagudas que as dela, antes de correr na direção de seu amigo, os cabelos negros balançando com o vento.

As três crianças se encontraram à frente do Leão.

— Que bom que você veio – falou a garotinha, parecendo segurar-se para manter alguma compostura e não abraça-lo, embora o enorme sorriso não deixasse seu rosto. – Nós estávamos com saudade. Nós dois. Mesmo que o Alfy não admita.

— Não precisava ter me arrastado, Michelle – O garoto mais velho, Alfor, reclamou para a irmã, mas sorriu um pouco ao olhar para Peter. – Bom te ver.

Peter riu de leve. – É bom ver vocês também, galera.

Pidge e Lance logo saíram do Leão atrás de Peter.

— Pessoal! – E Hunk não esperou um segundo para ir correndo até eles e pegar um em cada braço, dando um forte abraço em grupo. – Eu senti tanto a falta de vocês!

— Também sentimos sua falta, grandão – Lance sorriu para o amigo apesar do desconforto de ter seus pulmões esmagados.

Não que eles estivessem a tanto tempo sem se ver. Depois de Shiro, que trabalhava junto à guarnição com o ATLAS, Hunk era o antigo companheiro mais próximo a eles, com o restaurante dele e de Shay ficando a alguns quilômetros de distância da cidade onde a família McClain morava. Ainda assim, ninguém podia culpar Hunk por sentir falta de seus melhores amigos e vice-versa.

— Hunk- Não consigo... Respirar... – O rosto de Pidge estava ficando azul quando Hunk finalmente os soltou.

Um leve toque em seu ombro a fez se virar.

— Eu prometo que não vou te esmagar – Disse Matt antes de abraçar a irmã, que correspondeu o gesto com carinho.

Eles sim eram cheios de motivos para saudades, uma vez que Matt agora trabalhava e morava em Nova Altea junto de Romelle, desde o casamento dos dois.

Assim que os irmãos se separaram, Allura, Keith e Coran se aproximaram. O reencontro foi bom, embora breve, pois logo mais Allura se virou para Pidge, o tom um tanto sério.

— Como foram as pesquisas? As peças enviadas foram suficientes?

— Claro que foram, majestade! Eu mesmo as seletei e separei apropriadamente – declarou Coran, ajeitando seu bigode.

— Deu tudo certo, Allura – Pidge relatou. – A maior parte já está pronta, mas ainda faltam alguns ajustes.

— E você conseguiu descobrir algo sobre-

— Não é bom falarmos disso aqui – Keith interrompeu a esposa, pousando uma mão em seu ombro enquanto olhava desconfiado para os lados.

Allura pousou uma mão sobre a de Keith, suspirando para conter sua agitação.

— Tem razão. – Ela mirou Pidge mais uma vez. – Venha, Coran, Matt e eu vamos mostrar a você onde ela está.

— Isso quer dizer que eu não estou convidado então? – Lance fechou a cara, um tanto decepcionado por ser deixado de fora.

— Não só você – Keith falou, olhando para o chão e com os braços cruzados; seu tom escondendo pouco que ele estava tão chateado quanto Lance pela exclusão.

Pelo visto, mais de vinte anos sendo rei não o haviam mudado tanto, embora seu cabelo agora estivesse mais comprido e amarrado em um rabo de cavalo baixo.

— Desculpe. – Allura olhava com sincero arrependimento para Keith. – Mas o projeto deve ser mantido em segredo. Seria muito suspeito se tanto o rei quanto a rainha desaparecessem de uma vez. – Ela virou para Lance. – E é bom que ao menos um dos Paladinos também fique à vista.

— Tá bem. – Lance aceitou, embora ainda de cara fechada. – Mas eu vou ficar fazendo o que aqui então?

— Sei que vai achar alguma coisa – Pidge garantiu. – Pode ficar brincando com o Peter, talvez?

— Falando nele, cadê as crianças? – Foi Matt quem reparou.

Realmente, Peter, Alfor e Michelle, que estavam lá com eles há um minuto, já haviam sumido de vista. Um barulho de motor vindo de dentro do castelo chamou a atenção e foi rápido de decifrar que os gritos animados que o acompanhavam eram das três crianças.

— Ah não, eu já disse para eles não andarem de motoboards lá dentro. – Allura suspirou cansada.

— Deixa que eu cuido deles. – Keith se ofereceu, recebendo um sorriso da esposa em agradecimento antes de entrar na porta que ia para o hangar dos Leões e, consequentemente, para dentro dos castelos.

— Olha aí, já arrumou algo para fazer. – Pidge bateu no ombro de Lance. – Guarda o Red e vai ajudar o Keith com as crianças.

— Eu prefiro ajudar as crianças – Lance murmurou para si mesmo. – Tá bom, vai. – Mas acabou concordando. De surpresa, ele abraçou Pidge com um braço pela cintura, puxando-a um pouco para si. Era possível ver o amor e carinho por ela enquanto a olhava. – E você se cuida.

— Pode relaxar, nós não vamos explodir nada – ela brincou antes de ficar na ponta dos pés para alcançar os lábios do marido.

Apenas um selinho antes de se separarem.

— Será que dá pra alguém me ajudar aqui? – Hunk pediu, interrompendo o momento dos amigos ao tentar arrastar para fora do Leão Vermelho o controle de quase duas toneladas que Pidge estava construindo.

A peça já devidamente coberta com um grande pano para impedir que fosse vista.

Matt foi rápido em ajuda-lo e assim que a carga deixou seu Leão, foi a vez de Lance guardar Red.

— Vamos – Allura chamou-os quando a porta do hangar se fechou. Nenhuma outra palavra foi dita por qualquer um enquanto andavam pelos corredores do castelo.

Do terraço, Pidge, Hunk, Allura, Coran e Matt tiveram um longo caminho até o último piso inferior da construção, a área do castelo com acesso negado a qualquer um que não tivesse um cartão especial de cientista ou engenheiro real. Até pouco antes, aquilo era apenas um depósito, mas após o achado de alguns meses atrás, quando Allura contatou Pidge e Hunk com urgência, o local estava guardado à sete chaves, tão protegido quanto os tesouros do reino.

— Aqui. – Allura entregou à Pidge um cartão verde com alguns códigos nele escritos, igual ao que Coran estava usando para abrir a pesada porta branca com um aviso de perigo. – Mantenha isso escondido com você o tempo todo.

Pidge apenas assentiu. Os cinco então se voltaram para a porta lentamente se abrindo, revelando o maquinário que havia lá dentro: um grande círculo de metal, com alguns pilares estrategicamente posicionados para formar o desenho de uma estrela de oito pontas.

A máquina que dera poder a Zarkon por tantos milênios, que Haggar usava para lhe dar poder, a máquina que controlava o antigo portal para o campo de quintecência em Daibazzal. Estava bem ali, em frente a eles.

— É pra encaixar do outro lado, Hunk – Pidge instruiu, vendo o amigo e o irmão posicionando a peça que Pidge trouxera no pilar principal da estrutura.

— Pronto. – Matt limpou a testa de suor, agradecendo internamente por finalmente soltar aquela coisa. – Agora só precisamos reconectar isso direito e vai estar pronta para usar. – Ele olhou ao redor, franzindo o cenho ao analisar os outros pilares. – Embora eu ache que precisaríamos de mais alquimistas para fazer essa coisa ligar.

— Ou então talvez... – Allura caminhou até o pilar; seu rosto era sério e ela parecia divagar. – Precisaríamos apenas de uma alquimista muito poderosa. – Ela estendeu uma mão, pronta para tocar o painel.

Allura não sentira algo bom quando encontraram aquela máquina, e quando trazida ao castelo, ela apenas confirmou que o sentimento vinha da máquina em si. Era toda uma energia negativa, que fazia os pelos de Allura se arrepiarem, mas uma vez que ela se acostumasse o mínimo com a sensação, a máquina parecia chama-la, atraí-la.

E Allura sentia apenas o desejo de liga-la e usa-la.

— Majestade! – Coran puxou-a para trás levemente, acordando-a de seu torpor.

Allura afastou-se uns passos da máquina.

— Tem certeza que você deveria estar aqui de novo? – Foi Hunk quem perguntou, preocupado. – Essa coisa te deixa estranha.

— Eu estou bem – ela garantiu. – Eu preciso ficar, foi minha a ideia de remontar essa coisa e agora com o que Pidge eu descobrimos...

— Falando nisso, vocês tem certeza de que isso é mesmo possível.

— Sim! – As duas mulheres afirmaram com convicção.

— Com os ajustes que eu fui enviando para a Allura e ela me passando informações sobre a alquimia alteana, meus cálculos indicam que há apenas uma margem de dois por cento de erros para não acontecer o proposto pelas atualizações da máquina. – Pidge explicou com seu costumeiro ar sabido, só não ajeitando seus antigos óculos porque esses agora eram usados por seu filho. Assim que completou, no entanto, sua face ficou séria. – A questão é: nós queremos mesmo que ela funcione?

A pergunta pode ter sido para todos na sala, mas os olhos castanhos estavam pousados em Allura.

Quando encontrara os destroços, a rainha não sabia o que fazer a princípio, então apenas trouxe aquela tecnologia tão perigosa, o último resquício do que fora aquela guerra, pelo que eles sabiam, para o lugar mais seguro que podia imaginar. Com o tempo, porém, e algumas investigações em conjunto dela e de Pidge, as duas garotas descobriram uma função para aquela máquina que talvez nem a própria Haggar poderia ter achado possível: abrir passagens para outras realidades

Mas ninguém sabia se funcionaria, se seria possível modificar a máquina adequadamente e o que aconteceria uma vez que fosse possível abrir um portal de uma realidade à outra. Por isso então que a operação foi dada como secreta, ninguém além dos Paladinos e Matt sabendo de nada.

Allura pareceu indecisa, ou ao menos pensativa, por alguns instantes, mas a determinação logo ressurgiu em seus olhos azuis.

— A tecnologia pode ser útil de alguma maneira, não podemos descartar algo assim. – Ela virou-se para Hunk e Matt. – Vamos reconectar o controle ao painel principal e amanhã bem cedo faremos um teste. Dependendo do que acontecer... – pausou, como se fosse difícil para ela pronunciar aquelas palavras. – Destruiremos a máquina.

Os outros se entreolharam, todos meio preocupados pela hesitação da princesa em destruir algo que ajudara o universo a sofrer por eras, mas no fim ninguém resolveu comentar nada.

— Muito bem então – Pidge suspirou. – Hunk, cadê suas ferramentas? Precisamos reconectar isso logo. – Ela praticamente mandava.

Enquanto Hunk e os irmãos Holt se concentravam no painel, Coran pousou uma mão sobre o ombro de Allura.

— Venha majestade, vou lhe preparar um chá – Falou gentilmente, levando-a para fora da sala.

— O-o que?! – A rainha surpreendeu-se. – Mas eu não deveria ficar para acompanhar o-

— Ora, não seja boba, o projeto está nas melhores mãos possíveis. – Com esse último argumento sorridente, Allura, ainda um pouco hesitante, deixou Coran guia-la para fora.

Tendo certeza de que a rainha não notaria, Coran olhou rapidamente para trás antes que a porta branca se fechasse; um arrepio desagradável lhe passando pela espinha.

—*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

Cinco horas se passaram desde então. A noite já havia caído, Pidge, Matt e Hunk já haviam acabado o trabalho por hoje e agora, todos no castelo se aprontavam para irem ao salão de jantar, onde uma bela refeição tinha sido posta à mesa para comemorar a reunião de todos os cinco paladinos (e secretamente a conclusão do projeto).

— Você acha que esse vestido está bom? – Michelle perguntou ao irmão enquanto andavam pelos corredores, a menina ajeitando a saia do longo vestido azul, muito parecido com o que Allura usava antigamente, mas num tamanho infantil.

— Não sei por que não estaria. – Alfor deu de ombros. Ele usava uma vestimenta em vermelho com detalhes dourados típica para um alteano real, mas nem de longe parecia tão interessado em aparência como sua irmã. – Aliás, não sei por que você está tão preocupada com isso. – Um sorriso sacana. – Tudo isso só porque o Peter está aqui?

— Não fala bobagem. – Michelle revirou os olhos, como se não fosse a primeira vez que o irmão lhe importunasse com uma brincadeira daquelas.

Mas quando Michelle olhou para outro lado, ela parando do nada, seus olhos no menino no outro corredor que fazia sinais para chamar sua atenção, chamando-a.

— Er... Alfy, eu lembrei de que... esqueci de uma coisa lá no meu quarto. – Ela não esperou resposta, já correndo de volta para o corredor onde Peter se escondera. – Avisa pra mamãe e pro papai que eu vou num minuto!

— ... Se precisava ir no banheiro, era só dizer. – Alfor murmurou para si mesmo, continuando seu caminho até o salão.

Assim que entrou no corredor, Michelle encontrou Peter mordendo o lábio inferior e quase não cabendo em si de empolgação. Ele vestia seu velho blusão vermelho sobre o que parecia ser uma camisa preta novinha em folha.

— O que foi? – Ela perguntou na lata.

— Olha o que eu achei. – Do bolso todo arregaçado do casaco, Peter retirou um cartão verde com alguns códigos escritos nele.

Michelle não entendeu.

— Eu aposto que isso aqui tem a ver com a coisa que nossos pais estão fazendo, estava no cofre da minha mãe!

— E por que você mexeu no cofre da sua mãe? – Michelle perguntou, verdadeiramente curiosa e já com pena do amigo para quando sua tia Pidge descobrisse.

— Eu achei que ela tinha guardado meu vídeo-game lá. – Peter deu de ombros. – Mas isso não é importante agora. O que importa é que nós podemos ver a tal da máquina! – Os olhos do menino pareciam duas estrelas próprias de tanto que brilhavam. – Você me disse que sabia onde que ela está, não é?

— É... Mais ou menos.

— Como assim mais ou menos.

— Eu notei que minha mãe está descendo muito pro depósito do castelo ultimamente, tenho quase certeza de que a coisa está lá, mas eu não sei cem por cento porque eu nunca fui atrás dela ou depois sozinha para tentar espiar, porque eu conheço a minha mãe e não quero morrer. – Aquela ultima frase foi uma grande indireta para Peter.

Que o menino fingiu que não entendeu.

— Bom, agora nós podemos ir até lá pra investigar. – Ele agitou o cartão na cara da amiga de novo. – Vamos, me diz que você não está nem um tantinho curiosa.

Michelle mordeu o lábio inferior, indecisa. Se por um lado ela estava sim curiosa, por outro ela sabia seus limites e com certeza algo que sua mãe decretara como segurança nacional estava além deles.

... Mas eles já tinham até o cartão de acesso.

— Tá bem, mas não vamos mexer em nada.

— Fechou então. – Peter deu o maior dos sorrisos.

Os dois desceram pela escada de emergência, o que os fez demorar uns minutos a mais do que planejado, mas era o único caminho do castelo sem qualquer câmera de segurança e isso (para Peter, que tinha uma mãe haquer) era um ponto necessário para seguir com uma travessura.

As duas crianças deixaram escapar um “wow” ao avistarem a pesada porta branca, mas apesar do deslumbre, nenhum deles se deixou intimidar pelo aviso de perigo, Peter usando rapidamente o castão no painel ai lado para abri-la. Outro coro de “wow” quando avistaram a máquina.

Peter correu para dentro, fascinado com aquela estrutura e tão ansioso para vê-la mais de perto que acabou nem reparando na hesitação de Michelle. A menina encolheu-se à porta, como se estivesse com frio. Que sensação estranha...

— Caramba, olha isso, Michelle. Essa tecnologia parece ser mais antiga que a civilização de Arus, e está em perfeitas condições! – Peter estava maravilhado, para dizer o mínimo. Olhando tudo em volta, ele pôs as mãos na cintura. – E esses pilares? Pra que será que serviam? Será que era algum tipo de máquina para extrair energia ou algo-

Ele se interrompeu, vendo Michelle andar lentamente, quase hipnotizada, até o pilar central.

— Ei, Mi, sem tocar, lembra? Foi a sua regra.

Ela não pareceu escutar. Já de frente para o painel, ela ergueu a mão esquerda.

— Mi? Michelle!

Peter tentou correr até ela, mas assim que a palma de Michelle encostou na peça, uma luz roxa brilhou com força, fios da mesma cor parecendo enviar energia para toda a estrutura. Alguns sons estralaram pela sala; a máquina estava ligando.

— Mi-!

Peter não conseguiu completar, de repente o chão ao redor do círculo acendendo-se numa luz branca e depois, tudo o que ele pode sentir, foi a sensação de ser sugado para dentro de um buraco.


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Notas finais do capítulo

Voltei!! Com uma fic nova! Outra de Voltron, yay!

Pois é... Eu não sei o que falar aqui. Obrigada se você leu até aqui, espero que tenha gostado, da história e dos meus bebês :)

E só lembrando se você não tiver lido as notas da história: eu não aceito críticas quanto aos ships. A história é minha, os ships são meus e eu não vou na sua fic reclamar dos seus ships então por favor não faça isso comigo :)

No mais, deixe um comentário aí pra eu saber o que você achou. Obrigada por terem lido e até (será??) o próximo capítulo!



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