Kapherazen: Através da fronteira escrita por kagomechan


Capítulo 1
Um reino sem montanhas


Notas iniciais do capítulo

hello!! bem vindos à minha fic de amigo secreto do nyah 2018. Não vou contar ainda quem foi que eu tirei. maaaaaaas.... enfim, espero que gostem mesmo assim.
essa fic foi escrita no contexto do mundinho que eu criei. não precisa conhecer o mundinho pra entender.



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Dentre as florestas, montanhas, pântanos, mares, rios e lagos que marcavam a geografia do mundo de Kapherazen, existia uma coleção de cidades e vilarejos de diversos tamanhos e diferentes povos. Humanos, elfos, bruxas, dragões e muitos outros seres chamavam aquele mundo mágico dividido em reinos e fragmentado por uma guerra de lar. Ao norte do grande continente de Nagy Continens, as terras dos elfos se estendiam de leste à oeste no reino chamado de Visdominnis. Suas cidades espalhadas por rios, florestas e montanhas. Na parte sudeste de Visdominnis, pequenos vilarejos élficos cresciam no pé das montanhas. Era também ali que dois pequenos pares de pés corriam pela relva alta.

Com passos apressados, os dois pequenos elfos riam e enquanto apostavam corrida. A diversão não fez com que nenhum dos dois notasse o quanto estavam se distanciando demais do pequeno vilarejo no qual tinham nascido e crescido. A corrida terminou quando um deles, um garoto de cabelos negros presos num minúsculo rabo de cavalo, praticamente esbarrou ao alcançar a enorme árvore que marcava o ponto de chegada.

— GANHEI! - exclamou o garoto ofegante levantando sua cabeça para admirar a luz do sol se esgueirando pelas folhas e galhos da árvore que o povo dele chamava de Awali por ser claramente a árvore mais alta das redondezas.

— Não vale! - reclamou o outro garoto, um elfo de cabelos loiros e curtos.

— Claro que vale. Eu não fiz nada de errado! - disse o ganhador da corrida.

— Você… você… você saiu um pouco antes de mim, Ryfon! - exclamou o segundo colocado.

— Não saí nada! Você está inventando isso, Elluin… - disse Ryfon, o ganhador.

Ryfon e Elluin, dois elfos praticamente inseparáveis desde que eram bebês. Afinal, suas mães eram amigas de longa data. Ambos de orelhas pontudas, marcantes nos elfos de toda Kapherazen, também tinham como semelhança a idade, meros 12 anos. O primeiro, de cabelos negros e olhos verdes como a mata da floresta que os rodeava, podia ser considerado um garoto teimoso, aventureiro e peralta, totalmente o oposto de Elluin que, de cabelos loiros e olhos castanhos, era mais um estudioso. Enquanto a atividade preferida de Elluin era brincar de duelo, seja com espadas de madeira, arcos de brinquedo, ou a magia que aprendiam lentamente na escola, a de Elluin era ler um bom livro. Mas, mesmo com essas diferenças, eram amigos praticamente inseparáveis.

Os dois amigos se sentaram ao pé da árvore e Ryfon tirou do bolso de sua calça as frutinhas vermelhas que havia recolhido de um arbusto antes de começarem a corrida. Juntos, eles comeram as frutinhas dividindo-as igualmente. Enquanto os olhos gulosos de Elluin se focaram apenas na pequena fruta, a curiosidade tomou conta de Ryfon enquanto ele olhava para a mata mais além, para os poucos metros de terra que separavam o reino élfico de Visdominnis do reino humano de Lopmks.

Lopmks tinha sido aliado dos elfos por muitos anos mas, com o conflito entre elfos e humanos se intensificando, o reino começou à ficar mais afastado e à botar sentinelas em suas fronteiras. A última ação também foi feita pelos elfos. Ninguém entrava, ninguém saia. A regra era clara. Mas ali, tão longe de qualquer cidade maior, tanto do lado humano, como do lado élfico, a vigilância não era tão grande assim. Talvez por isso um muro fora erguido em parte do caminho. Esquecido demais até para que tivesse algum tipo de mágica reforçando sua proteção.

— Ei, Elluin - disse Ryfon - Como será que é do outro lado da fronteira?

Elluin parou de mastigar as frutinhas que rapidamente deixavam sua boca vermelha com seu suco, e olhou para Ryfon com os olhos arregalados.

— Ah não! Eu conheço esse olhar! - disse Elluin.

— Que olhar? - perguntou Ryfon se levantando.

— Não! Não não! - exclamou Elluin se levantando e segurando o pulso do amigo - Não está pensando em ir para o outro lado, está? Vai morrer.

— Deixa disso! - disse Ryfon puxando o braço da mão do amigo - Você viu o que a Zentha estava falando hoje lá perto da escola, a fronteira aqui mal é vigiada. Não vai ter ninguém lá. Eu só quero dar uma olhada.

— É loucura! Você nem sabe se a Zentha está certa. - disse Elluin.

— Ela faz a ronda aqui às vezes né? Com certeza ela deve saber.

— O que faz com que você tenha chances de encontrar com ela! Ela vai esganar a gente!

— Besteira. - disse Ryfon correndo em direção a fronteira.

— Hey! - exclamou Elluin.

A mão de Elluin se ergueu na tentativa de alcançar o amigo, dois passos foram dados mas sua coragem não era tão grande como a de Ryfon. Não, ele não tinha coragem de dar sequer um passo à mais para buscar o amigo. Awali, a grande árvore, era como o último ponto seguro para o jovem elfo. E, assim, com a mão sobre o coração e o olhar preocupado, ele ficou esperando o amigo.

Não demorou muito para que Ryfon alcançasse o muro de altos arbustos que separavam o lar de seus iguais do lar de estranhas criaturas de orelhas redondas. O garoto olhou para o muro que tinha pouco mais que o dobro de sua altura e, com uma rápida olhada para os lados, ele constatou que Zentha, uma elfa que vivia no mesmo vilarejo que ele e que constantemente fazia rondas pelo muro, não estava ali. Assim como nenhum outro sentinela. Desprotegido, o muro estava completamente desprotegido. À ele não importavam os detalhes de que morava tão no interior do continente que dificilmente qualquer exército marcharia até ali, nem que Lopmks, embora estivesse nutrindo uma aversão aos seus vizinhos elfos, tão pouco tinha um exército grande o suficiente para se equiparar à qualquer guarnição élfica, especialmente considerando que Ryfon morava tão perto da grande cidade élfica de Mirkrywood, que com certeza teria forças à enviar para parar um ataque fraco.

Foi ridículo o quão fácil foi atravessar o muro. Tudo que Ryfon teve que fazer foi usar sua magia para controlar os galhos retorcidos do muro de forma que eles se moldaram em uma escada totalmente vertical. Sem se preocupar com quaisquer farpas, ele escalou a escada até o topo do muro e um suspiro escapou de seus lábios ao vislumbrar as terras humanas.

De certa forma, as terras humanas não eram tão diferentes da terra dos elfos, embora com certeza faltassem montanhas. Mas ali, do alto do muro, Ryfon pode ver as floresta que se extendia, pequenas casas que se erguiam entre as árvores e vários campos com plantações que faziam com que as casas fossem relativamente distantes entre si e distantes do muro.

Apesar da distância, os sentidos aguçados de Ryfon foram suficientes para notar uma garota que chorava sentada na grama nos fundos da casa mais próxima do muro. Naquele momento, Ryfon deixou de lado qualquer ideia ou promessa de apenas dar uma olhada no mundo humano e, assim, olhou para os lados checando se ninguém o observava antes de se pendurar no muro do lado humano. Porquê a garota chorava?

Claro, pode ver uma mulher estendendo a roupa no varal em frente à casa da menina e um sentinela andando para longe à esquerda, mas ninguém estava olhando para aquele lado do muro. O jovem Ryfon não tinha noção que, comparativamente, seus sentidos eram mais aguçados que o dos humanos. Assim, não foi tão difícil descer do muro e correr para atrás de uma árvore à tempo de se esconder do sentinela que olhou para trás.

Agachado, Ryfon engatinhou para baixo de um arbusto e, de lá, viu um humano adolescente preocupadamente passando levantando a voz e falando com a mulher que estendia a roupa. A proximidade fez Ryfon notar que o adolescente realmente tinha as orelhas redondas que tantos falavam que os humanos tinham. Uma ideia genial surgiu em sua cabeça naquele momento e, assim, ele soltou seus cabelos que, embora mal chegassem até seus ombros, eram longos o suficiente para esconder as orelhas pontudas. Quando o jovem passou, com passos rápidos, o pequeno elfo se aproximou da garota que chorava.

— Porquê você chora? Está tudo bem? - perguntou ele em tom doce e em meros sussurros ajoelhando-se na frente dela.

Abraçando os próprios joelhos, a garota de cabelos castanhos longos e ondulados chorava escondendo o rosto mas, ao ouvir a voz de Ryfon, ela levantou a cabeça lentamente. O jovem elfo notou que ela deveria ter a mesma idade que ele, também notou que o azul dos olhos dela era tão claro que quase parecia branco, e notou também que ela era linda como uma boneca.

— Quem é você? - perguntou a garota fungando o nariz e passando a mão em seus olhos para limpar as lágrimas.

— Ryfon. - disse o jovem elfo mudando de posição ao sentar-se na grama - E você?

— Minna - disse a jovem fungando o nariz.

— Porquê está chorando? Aconteceu alguma coisa? - perguntou Ryfon.

— Minha irmã brigou comigo. - disse Minna - Ela gritou comigo e bateu em mim.

— Bateu em você?! - disse Ryfon talvez elevando demais a voz, mas ninguém pareceu notar, especialmente depois de ele desesperadamente abaixar a voz novamente.

Ryfon mordeu o lábio pensando no que fazer. Não deveria nem estar ali para começo de conversa, mas a garota não parecia dar sinais de ter notado que ele era um elfo, o que já era uma boa notícia.

— É… - disse a menina toda cabisbaixa - Ela fala que eu sou inútil e que só sirvo pra dar mais trabalho e gasto.

— Isso não é coisa que se diz! - reclamou Ryfon.

— Mas ela está certa… - disse Minna - Não consigo ajudar na casa direito e dificilmente conseguirei fazer isso quando crescer, afinal, o que faria uma cega?

— O-Oh… você é cega? - perguntou Ryfon um tanto surpreso, nunca tinha visto ninguém cego.

— Sim… - disse a voz deprimida da garota em tom bem baixo.

— Mas isso não impede você de fazer nada! Não se você não deixar! - reclamou Ryfon - Tsc. Essa sua irmã… é a mulher que está na frente da sua casa estendendo a roupa?

— S-Sim…Ela disse que ia estender a roupa.

Minna não precisou falar mais nada, o pequeno elfo foi engatinhando até o pequeno arbusto floral que marcava a quina da casa dela e olhou fixamente para a mulher. A irmã de Minna terminava de estender a roupa no modesto varal com um suspiro de alívio e então se agachava para pegar o cesto de roupas no chão.

— O que está fazendo? - disse Minna num mero sussurro engatinhando atrás de Ryfon até tocar em seu tornozelo.

— Dando um pequeno sustinho nela. - disse Ryfon.

O garoto se concentrou e, com um breve movimento de sua mão direita, conseguiu fazer uma raiz de árvore brotar da terra logo abaixo da irmã de Minna. A mulher tropeçou mas, depois de dar três passos pra frente, conseguiu se manter de pé. Com uma expressão de curiosidade, ela olhou para o chão atrás de si e com os olhos arregalados, notou a raiz voltando para dentro do chão. Assustada, a mulher olhou ao redor enquanto Ryfon se escondia segurando a risada.

— O que você fez… - insistia Minna, mas Ryfon, antes de a responder, botou a mão em sua boca e a puxou para que a irmã da garota não notasse eles ali.

— Eu fiz ela tropeçar numa raiz. - disse Ryfon em vozes baixas soltando a boca da garota - vou pegar no pé dela um pouco.

— Como assim você fez ela tropeçar numa raiz?! - perguntou Minna.

— Ahm… bem… eu… - gaguejou o garoto enquanto a ficha caía na cabeça de Minna.

— Magia! Você usou magia! - exclamou ela.

— Bem… é… por favor! Não se assuste!

— V-Você… você… veio do outro lado do muro, né? - perguntou ela - Não deve ser um humano com magia, levaram todos anos atrás.

— Ok, me pegou. Você é esperta, mas, por favor, não conte pra ninguém!

— Você… você é um… um elfo? - perguntou ela, a voz extremamente baixa era a prova da surpresa dela e de como aquilo era proibido.

— T-Talvez… - disse ele.

— Vou considerar isso um sim - disse ela sem conseguir evitar soltar uma leve risada - P-Posso… p-posso tocar as…

— O quê?

— Orelhas. - disse ela corando terrivelmente.

— Ahm… tá? - disse ele estranhando um pouco o pedido.

A mão da menina ergueu-se timidamente no ar tentando ir de encontro às orelhas pontudas dele até que uma timidez semelhante fez com que o jovem elfo tocasse no pulso da garota. Ele guiou a mão da garota até sua orelha e pode ver a expressão de surpresa aparecer no rosto dela quando a ponta de seus dedos tocou na ponta de sua orelha direita. A mão dela tremia levemente, mas, além de morder o lábio inferior, ela não fez mais nada.

— É verdade então… elfos realmente tem orelha pontuda… - disse ela.

— Pensei parecido quando vi a orelha redonda de vocês - disse ele fazendo ela dar uma leve risada ao abaixar a mão.

— O que você veio fazer aqui? Não é perigoso?

— Bem.. é… mas eu queria olhar como era o reino humano, e aí vi você chorando.

— Que cavalheiro - disse a garota rindo fazendo Ryfon ficar sem graça - Bem, já que é assim… acho que temos que pegar um pouco mais no pé da minha irmã, não?

— Ah, com certeza! - disse Ryfon dando uma leve risada enquanto nenhum dos dois tinha a mínima ideia da amizade e da história que iria surgir dali.


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Notas finais do capítulo

e por enquanto é isso. espero conseguir terminar essa história até o natal kkk



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