Acertando as Contas com o Passado escrita por Carol McGarrett


Capítulo 6
Capítulo 06 – Reencontrando a Equipe


Notas iniciais do capítulo

E aqui temos, finalmente, o reencontro! Não é lá muito caloroso, mas é só o começo.
E sim, temos um pequeno embate verbal Shepard-Gibbs porque eu não resisti.
Aproveitem!!



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Não tinha outro jeito, ou eu entrava pela porta da frente já mostrando que nunca estive morta ou deixava a agência permanecer no caos que parecia estar.

Durante todo o tempo em que me vi afastada, sempre pensei que poderia retornar aos poucos, mais ou menos tentando contar o que tinha acontecido e o motivo de tudo aquilo. Mas as circunstâncias mudaram, o NCIS estava sem o seu Diretor, uma situação um tanto quanto delicada envolvendo o Mossad tinha acontecido e, pelo que Melvin pode me passar, dentro do prédio tinham vários outros agentes sêniores.

Eu não sei sobre o que a tal conferência comentada de passagem por Leon era, só sei que, se a equipe não resolvesse isso logo, tudo se complicaria ainda mais.

E foi pensando nisso tudo e contando com as informações que tinha coletado na Ucrânia que resolvi entrar de cabeça, como se nada nunca tivesse acontecido.

Como suspeitei, o olhar de Ziva me dizia duas coisas, entendo o que vez, mas por que raios você não pediu a nossa ajuda? Se tivesse feito isso, não estávamos tão enrolados.

McGee também não se assustou, parecia que só estava confirmando as suas suspeitas de que, apesar de tudo, eu realmente sobrevivera.

DiNozzo estava com uma feição entre o espanto e o ódio, confesso que, se as coisas estivessem realmente bem entre nós há três anos atrás, eu teria gargalhado da sua cara e do fato de que ele quase caiu da cadeira ao me ver. Mas algo em seu olhar me dizia que eu devia ter uma explicação muito boa para tudo aquilo e que não seria muito fácil de convencê-lo do contrário.

Gibbs tinha o seu indecifrável olhar. Mas eu sabia ler o que se passava por trás da sua postura. Eu era bem vinda para ajuda-lo, mas depois que toda essa tempestade passasse, eu veria as consequências de tudo. Confesso que, por um segundo eu repensei a minha vida ao ver a forma como ele me olhou. Por um segundo eu quis ter morrido de verdade dentro daquele restaurante.

Porém, eu sabia pouco, ou melhor quase nada a respeito do que se passava dentro da agência naquela hora. E precisava ser atualizada. Mas antes que pedisse para alguém me informar, tinha que fazer outra coisa.

Eu conhecia algum dos agentes sêniores que estavam para lá e para cá dentro da sala dos agentes. Eu vi McGee se desesperar por não conseguir fazê-los ficar em um único lugar. Foi aí que resolvi ajuda-lo.

— Senhoras e senhores, por gentileza, será poderiam seguir as ordens do Agente Especial McGee e se dirigirem para a sala de reuniões no segundo andar. A menos que vocês possam ajudar à MCRT a resolver o caso que eles têm em mãos, sugiro que não atrapalhem o andamento das investigações.

Foi estranho ver as reações. Todos eles acreditavam piamente que eu estava morta, e ao se virarem para ver quem era a dona da voz foi como se todos vissem uma aparição. Ao mesmo tempo, vi de relance McGee me agradecer com um aceno de cabeça e Ziva sorrir de canto.

 Mas bastou isso para todos subirem com cara de espanto para o segundo andar. Ficando para trás somente um agente. McAllister. Não sei por que, mas a forma como ele olhou para mim sugeria que ele queria que eu realmente estivesse morta. E isso fez com que os pelos da minha nuca se arrepiassem.

— Ora, ora, então a Rainha retorna ao seu castelo? Gostaria que eu fizesse alguma mesura, Ma-da-me?

Se ele tivesse me batido ou dado um tiro em mim, doeria menos. Suas palavras foram irônicas, beirando o sarcasmo puro, e bateram como um chicote em mim. Mas eu não deixaria por menos.

— Sim, a Rainha voltou e gostaria de saber o que raios aconteceu nesta Agência nos últimos três anos? Porque está parecendo que a terceira guerra mundial acabou de eclodir.

Eu o ouvi grunhir por baixo de sua respiração. O caos poderia estar instaurado, eu poderia estar muito encrencada para explicar o que raios havia acontecido, mas eu não o deixaria vencer na guerra verbal que tínhamos a tanto tempo. Velhos hábitos são difíceis de abandonar.

Ziva foi quem começou a me atualizar com tudo o que aconteceu. Mas ela não sabia do que se tratava a conferencia. Só sabia que tinha algo a ver com Amsterdã em 1991.

Assim que Ziva, Tim e até mesmo Tony acabaram de me atualizar, Gibbs ficou parado atrás de mim, respirando ruidosamente como um touro furioso, fomos surpreendidos pela aparição de McAllister.

— Não faço ideia do motivo de vocês estarem tão preocupados com tudo isso. Eli David já foi encontrado, Vance vai se recuperar no hospital. Por mim, dava como terminada a investigação.

— “Nossa investigação só irá terminar quando pusermos o responsável pelo atentado à vida dos dois diretores atrás das grades”. Ziva falou azeda, seu sotaque israelense mais forte do que nunca.

— Se é assim, saiba que tem coisas que estão muito acima da posição de todos vocês. – E dizendo isso, partiu rumo ao elevador.

— Aonde vai, McAllister? Você tem que ficar no prédio até segunda ordem!

— Segunda ordem de quem, Gibbs? O NCIS não tem um Diretor interino, e tenho certeza de que ela não manda mais aqui, portanto, posso sair quando bem quero, a menos que queira me prender por desobedecê-lo! Ou será que prefere me dar um tapa atrás da cabeça? – Ironia e sarcasmo escorriam de suas palavras ditas mediante um sorriso de escarnio ao entrar no elevador.

Eu queria estrangulá-lo, nunca em minha vida quis tanto matar alguém por algo tão pequeno, mas meus sentidos me dizem que ele é uma peça chave para resolver tudo isso. Precisava mudar o rumo das conversas e voltar ao ponto principal, portanto decidi ignorar o que McAllister disse.

— Alguém já conversou com Eli David sobre a operação de Amsterdã? – Perguntei a ninguém em especial.

— Estava para fazer isso quando a Madame chegou. – Novamente Madame. Não sei quanto tempo vou aguentar isso!

— Se importaria se eu assistisse? – E foi aí que ele foi pego de guarda baixa. Creio que ele imaginou que eu forçaria a minha presença na sala de interrogatório ou, no mínimo dissesse que iria interrogar o Diretor do Mossad por mim mesma.

Não obtive resposta enquanto ele se virava e rumava escada acima. Não pensei duas vezes e o segui, alguns passos atrás, não queria conversa ou me intrometer no interrogatório que ele faria, só queria ver que tipo de respostas Eli David tinha.

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Não tinha como não escutar o irritante clicar de saltos altos atrás de mim. Mas de uma maneira anormal, ela não tentou alcançar os meus passos. Ficou alguns metros atrás, calada. Isso não era do feitio da agente que conheci.

Reduzi o passo esperando para ver qual seria a sua reação. Ela instintivamente reduziu também. Ao chegar na porta da sala de gravação, parei e esperei pela sua reação.

Por um milésimo de segundo ela hesitou, mas por fim tomou a frente e me encarou, cruzando os braços, a mesma expressão orgulhosa e determinada que sempre carregou.  E era eu quem não estava preparado para fitar aqueles olhos verdes.

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Eu o deixei ir na frente. Não queria confronta-lo ou conversar agora. A crise na Agência era maior do que eu poderia imaginar. A situação era crítica em um nível que nunca pensei que pudesse acontecer, e só o que importava agora era resolver tudo isso. Qualquer outro assunto não tinha relevância.

Notei que ele reduziu suas passadas. Institivamente reduzi também. Ele começava a me testar, e eu sabia o porque, saltos altos. Jethro nunca foi um grande fã de agentes calçando saltos, sempre reclamou, se não fosse pelo barulho ao andar, era, segundo ele, por ser totalmente impraticável seguir qualquer suspeito calçando algo que não dava a mínima estabilidade. Ele tinha o seu charme, mas claramente nunca entendeu o poder que um salto dá a uma mulher, deve ser esse um dos motivos de seus casamentos terem acabado tão rápido.

Andamos por mais alguns minutos até a sala de gravação, quando virei a última curva do caminho dei de cara com ele parado na porta, bloqueando a entrada. E aí estava. Hesitei, mas não podia perder a postura. Tínhamos prioridades. Parei perto dele, o mais perto que consegui e o encarei de braços cruzados.

Quando fiz menção de pedir licença para entrar ele me deu passagem. Cavalheirismo ou algo mais? Não sabia dizer.

Nós dois paramos diante do espelho. Eli Davi parecia bastante calmo diante do que tinha acontecido. Mas todos fomos treinados para não demonstrar medo ou qualquer outro sentimento, e ele não seria diferente. Mas algo parecia incomodá-lo.

— O que o está perturbando, tanto?  - Questionei mais para mim do que para Gibbs.

— É o que eu quero saber.

— Além dele e de Leon, há mais alguém que sabe sobre Amsterdã? Digo não a recrutadora do Vance, ela não saberia os detalhes da operação...

— Acho que McAllister, por quê?

— Você também achou estranha a postura dele lá embaixo?

— Você quer dizer quanto a você retornar da morte ou quanto a finalizar a investigação? – pude ouvir um leve deboche nas suas palavras.

— A segunda opção. O que ele pensa de mim, pouco me importa.

— Ele não costumava agir assim, mas, mesmo após tantos anos, não posso dizer que o conheço totalmente, todos tem segredos.

E lá vamos nós, round um.

— Não sei o que foi, mas as palavras dele me deram arrepios. Por acaso a famosa intuição de Leroy Jethro Gibbs não disparou?

— Talvez sim, talvez não. – ele disse me encarando, ou melhor, me lendo. E ele sabia fazer isso muito bem.

— Achou algo que te interessasse?

— Você pode me dizer. Ainda tem algo que me interesse aí dentro?  - Ele me olhava com os olhos frios e penetrantes, tentando ler minha alma.

— Tem, mas não é a hora, e você sabe disso. – respondi seca – Vá lá e tire o que puder de Eli David, mas, por favor, não o mate, sei que é isso que você quer. Não sei o que ele fez à Ziva, mas sei que você o quer em suas mãos.

— O Diretor David mandou a própria filha para a morte, Jenny. Ele a largou na Somália para morrer, tudo por causa do NCIS e da lealdade dela para com essa equipe.

Era a primeira vez que ele se dirigia a mim de forma direta, usando o meu nome, e me surpreendi, mas levando-se em conta o que ele acabara de dizer, o seu rancor por mim ainda era menor do que o que ele sentia por David, Jethro jamais perdoaria um pai que abandonasse sua filha, que a deixasse para morrer, e ele sempre foi protetor com suas meninas, ele sempre teve Abby e Ziva como suas filhas.

— Prioridades Jethro. Primeiro vamos desvendar esse mistério de quase 20 anos, depois você o ensina a ser um pai de verdade.

Ele somente meneou a cabeça, concordando. Girou os calcanhares e saiu. Em poucos segundos abria a porta da sala de interrogatório.


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Notas finais do capítulo

E sim! Ela chegou mandando? E seria diferente? Creio que não!
Calma que o Gibbs não vai aceitar assim tão fácil a volta da Jenny, não! Afinal ela tem muito o que explicar. E ele sendo ele, não vai se contentar com pouco! Isso aqui foi só uma amostra do que virá.
E quanto à frieza inicial dele e o uso do Madame, foi tirado diretamente do episódio 1 da 3ª temporada, inclusive o tom sarcástico!
E como sempre, capítulo revisado, qualquer coisa é só falar!
Muito obrigada por ler!!



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