+ 15 anos

Quando a placa de 'Bem vindo a Forks' apareceu para Prim, ela já tinha se acostumado com a ideia da mudança e estava na verdade, bastante ansiosa pra conhecer o lugar que sua mãe tanto elogiou. 

Tudo era verde, haviam muitas árvores, os raios de sol atravessaram as copas formando um arco de luzes amarelas e Prim ficou simplesmente encantada com tudo que viu. Sua nova casa também era linda, mas vovó Esme era muito talentosa nesse quesito e nenhum Cullen duvidou de que a casa seria espetacular.

Prim estava com os fones ouvidos, mas pôde perceber com frequência o olhar dos seus pais observando-a atentamente. Haviam vindo somente Rosalie, Emmett e ela no carro e Prim achou isso muito bom, amava sua família, mas viajar só com seus pais era sinônimo de sossego. 

— Estamos chegando! - Rose cantarolou e Prim sorriu com os olhos atentos na janela para decifrar o caminho que pegavam. Uma pequena distância saindo do asfalto e estavam de frente com a majestosa construção. 

— Ual, gente! — Prim pulou para fora do carro rapidamente subindo aos degraus que levavam a porta de entrada. Esme riu, abraçando-a de lado e colocando a chave na porta abrindo lentamente para aumentar a expectativa de Prim. — Meu quarto? — Prim olhou para a avó em dúvida. 

— Terceiro a direita do segundo andar. — respondeu Esme abrindo a porta e Prim disparou pelas escadas. 

— Devagar querida! Cuidado com as escadas! — Prim ouviu a sua mãe gritar do andar debaixo mas não deu atenção o suficiente. Estava tão ansiosa pra ver como seria o seu quarto!

Esme sempre acertava quando o assunto era  decoração e o gosto de Prim, amou de paixão quando pediu a vovó Esme um quarto do fundo do mar e prontamente Esme redecorou todo o ambiente com o tema da pequena sereia. 

Ah! Foi tão bom ser criança em sua família.

Prim abriu a porta do seu quarto e ficou surpresa em como ele parecia adulto. Não se sentia tão adulta assim para ter um quarto tão sóbrio. Onde estavam as florzinhas e os corações? As bonecas e sua adorável  mesa de chá cheia de ursos?

O quarto era muito bonito, na verdade. Havia uma gigantesca cama no centro — mas agora sem dossel. Havia uma porta que Prim julgou ser do banheiro e outra que seria o closet, talvez, também dois criados mudos a cada lado da sua cama - um deles com um abajur e outro com um porta-retrato - e uma penteadeira do lado oposta. As janelas estavam cobertas por cortinas cor-de-rosa bebê e uma poltrona confortável estrategicamente posicionada para ficar de frente para a floresta.

— É lindo, vovó! — Prim sorriu para a avó e estava sendo sincera, era tudo lindo. Mas estava tão acostumada ao seu quarto especialmente infantil que sentia como se uma partezinha dela houvesse ficado para trás junto da mudança.

— Achei que gostaria de algo mais adulto. — Esme disse franzindo o cenho. — Já é uma mocinha, afinal.

— Mas eu gostei, vovó. É só que... — Prim parou sem saber explicar para a avó em detalhes o que exatamente estava sentindo. — Não sei, é bobagem. Mas eu realmente amei, vovó, obrigada!

Esme a abraçou carinhosamente e sorriu. — A melhor parte é que coloquei isolamento acústico nas paredes.

— O que? É sério?! — Os olhos de Prim se arregalaram e um enorme sorriso surgiu em seu rosto. - Tá brincando?!

Esme riu balançando a cabeça. — Total privacidade! Já testamos. 

Prim riu abraçando Esme com vontade. — Isso é um máximo! Eu não aguentava mais ouvir o papai me zoar toda vez por roncar. — Prim ouviu a risada estrondosa de Emmett no andar debaixo e não demorou para seu pai estar escorado na porta.

— Mas agora nada de garotos no quarto.

Prim revirou os olhos. — Pai, que garoto ia querer vir pro meu quarto? Vocês assustam todos eles!

Emmett bufou com um risinho. — Se eles não podem lidar com um pai ciumento, não merecem você. - Ele deu um sorriso convencido e Prim quem bufou. Pobre dos garotos, se pelo menos fosse só seu pai. Edward e Jasper também faziam um ótimo trabalho em assustar os amigos de Prim, só esperava que isso diminuisse um dia.

Depois de ter todas as coisas guardadas e ter uma briga épica com sua tia Alice sobre 'não renovar o seu guarda-roupa porque ela não iria vestir-se como uma modelo', Prim e Esme decidiram ir ao mercado para abastecer a cozinha da casa e comprar guloseimas que fariam Rose ter um ataque nervoso com Prim. 

Prim estava há cinco minutos encarando a prateleira de chocolates quando o viu pela primeira vez. Os cabelos eram espetados para todos os lados — como os da tia Alice — a pele era morena e quando seus olhos grudaram sobre os de Prim, ele sorriu. O garoto tinha sua altura e era bem magricelo, usava uma fantasia esquisita na cor cinza e um moletom que tinha o dobro do seu tamanho por cima. Mesmo assim, sem nada realmente atrativo, Prim o olhou e não conseguiu desviar os olhos.

— Fantasia curiosa. — Prim comentou quando ele se aproximou o bastante dela. 

O garoto olhou para sua própria fantasia de tubarão e sorriu mostrando os dentes brancos que se destacavam na pele avermelhada, foi um sorriso tão bonito e sincero que ela não resistiu a sorrir de volta. — Obrigada! — Agradeceu animadamente. — Eu sou Jacob.

— Eu sou Primrose. Mas você pode me chamar de Prim.

Ele franziu as sobrancelhas grossas e negras. — Que nome curioso. —  Prim riu porque ambos entendiam o que curioso queria dizer. — Vou te chamar de Rose e você pode me chamar de Jake.

— Rose é a minha mãe. — Contou Prim finalmente desviando sua atenção dele e pegando na prateleira os chocolates que queria. — Mas você pode me chamar assim, se quiser. 

— Você mora onde, Rose? — Jacob questionou retirando uma caixinha de bombons da mesma prateleira de Prim.

Prim tentou se lembrar de alguma referência da sua nova casa, mas nada veio a sua mente, então simplesmente deu de ombros. — Eu sou nova na cidade, não conheço muita coisa realmente. Nem mesmo saberia voltar para a casa sozinha. 

Jacob sorriu. — Bem, eu moro na praia de La Push, na reserva. Você pode ir me visitar quando quiser. 

Os olhos de Prim brilharam com a informação e ela sorriu encantada. — Há praias por perto?

Jake assentiu solenemente. — Em La Push. — Respondeu finalmente como quem oferece doce a um bebê, Prim assentiu para si mesma. — E então, vai me visitar? Podemos brincar na praia.

— Eu já tenho quinze anos, Jacob. Eu não brinco mais... 

Jacob revirou os olhos. — E eu tenho quatorze, sou um homem. — Ele ergueu o queixo e Prim quis rir mas lembrou que a mãe sempre disse para nunca rir de alguém com intenções maldosas, então ficou em silêncio. 

— Você é um garoto magrelo. — Ela disse com um sorrisinho.

Jacob fez uma careta de desagrado. — E você um palito de fósforo ambulante com sardas. — Ele disse.

— Mas eu vou gostar de ir a praia. — Prim sorriu. Ele estendeu a mão para ela que prontamente aceitou. — Sábado?

— Sábado. Procure por meu pai, Billy Black. Vou te esperar.

Ela sorriu satisfeita e acenou enquanto o garoto lhe dava às costas e voltava pelo correr que havia vindo. — Estarei lá. Tchau Jake.

Ele olhou para trás, sorrindo abertamente. — Até mais, Rose.

E daquele encontro casual em diante, Prim e Jacob se tornaram grandes e melhores amigos, mesmo com todos os empecilhos que se mostraram em seu caminho. Não havia ninguém melhor para Prim chamar de melhor amigo, se não Jacob Black.