Primrose ▸ Edward Cullen escrita por Woodsday


Capítulo 33
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Uma semana...

Um mês...

Um ano...

Cinco anos.

Para a família Cullen o tempo passava em um piscar de olhos, todas as coisas eram vãs, porque eram em sua maioria passageiras. As décadas eram como dias, um século, às vezes eram como meses. O tempo passou a correr lentamente para eles no exato momento em que tomaram Primrose em seus braços, o pequeno pacotinho de amor que os levou a fazer escolhas não mais baseadas em sua proteção, mas sim na proteção daquele pequeno e delicado humano. Era uma pena que tantos anos de escolhas tão bem calculadas houvessem sido jogadas fora diante de uma única escolha tão simples quanto ir jogar basebol em um dia de chuva.

A maioria dos humanos da pequena Forks seguiu sua vida plenamente em estado perfeito, souberam por meio dos burburinhos da cidade que Jéssica Stanley e Mike Newton finalmente tinham assumido um romance — provido surpreendentemente pelo amor — e haviam se casado. Da última vez que tiveram notícias, Angela Webber se formou em enfermagem e era uma das queridas enfermeiras do hospital de Forks — a preferida de Carlisle, se ele pudesse colocar algum ânimo em palavras. Lauren Mallory havia tentado a carreira de atriz e falhado miseravelmente, no entanto, ela parecia feliz sempre que acenava em direção a Edward. Particularmente contente que ele finalmente estivesse solteiro e se recuperando do longo período de luto.

Jacob Black, o finalmente então transformo havia tido o que eles consideravam um amor verdadeiro — surpreendentemente por uma adolescente divertida da Forks High. É verdade que Edward não teve nenhum interesse especial nos pensamentos do lobo, tampouco quando ele impôs sua presença à família Cullen. O melhor amigo de Primrose fazia questão de estar presente à todo momento, ainda que Edward considerasse sua presença completamente desnecessária. Até mesmo agora, com a mudança da família para outra cidade, o lobo insistia em estar ao redor dos Cullens, não muito diferente de Bella.

Isabella Swan foi uma surpresa para todos. Edward e os demais Cullen ficaram genuinamente preocupados com Bella quando ela se envolveu com Raghe — o vampiro que Edward não fazia nenhuma questão de gostar, — mas ficaram contentes por ela quando ambos finalmente se casaram e encontraram-se como verdadeiros companheiros. Bella — agora vampira — era uma amiga leal e estava sempre aproximando-se da família Cullen para visitas frequentes. O luto e a culpa pela morte de Primrose haviam a despedaçado e Edward não gostaria de vê-la passando por épocas tão escuras de novo. Felizmente, Bella agora estava bem. Feliz e apaixonada enquanto aproveitava sua vida vampira há muito almejada.

A vida de todos ao redor da família Cullen havia se transformado de alguma forma, mas como a maioria dos vampiros, eles não estavam especialmente ligados ao calendário. Exceto nos últimos cinco anos.

Desde aquele fatídico dia, naquela tarde onde todos eles sentiram a dor profunda da perda as coisas não estavam mudando. 

Quando Rosalie, especialmente, sentiu a dor do coração partido de uma mãe e jamais se recuperou novamente.

— Rose, minha querida. — A voz de Esme sussurrou com o rosto próximo a porta e Rosalie ignorou-a deliberadamente. O quarto com as estampas floridas lhe era tão familiar que sentia como se fosse seu. Ainda que não fosse vampira, provavelmente teria decorado todos os detalhes daquele quarto.

Passou os últimos cinco anos ali dentro. Saia somente para caçar quando a sede se tornava perigosa, mas estava sempre ali. Não havia mais uma esposa ou uma mulher em si mesma, havia apenas uma mãe.

De luto, mas ainda esperançosa.

— Você precisa deixá-la partir. Precisamos... — Esme parou, parecendo odiar a ideia tanto quanto colocá-la em palavras. — Precisamos dar a ela alguma paz.

Rosalie rejeitou a ideia imediatamente. Sabia o que eles queriam dizer por que já haviam tido essa conversa antes, na verdade, era a única conversa que eles vinham tendo nos últimos anos.

Sua garotinha em um local frio, escuro e sozinha, sete palmos embaixo da terra? De jeito nenhum. Não enquanto houvesse chance.

— Não há mais chances, Rosalie. — Emmett sussurrou como se pudesse ler sua mente, mas a verdade é que Rosalie já havia usado esse argumento antes. O rosto de Emmett caiu, tão abatido quanto o da vampira à sua frente. — Você sabe que eu jamais concordaria...

— Não. É claro que há uma chance! Olhe para ela! Não está morta! Você não vê?! Olhe Emm! É a minha menina. Não! Nunca!

— Mas ela não está viva! — Emm gritou, atordoado. — O que estamos fazendo, Rose? A nossa menina... — ele passou os dedos pelos cabelos e Rosalie lamentou profundamente, todo o seu coração gelado se despedaçava com a ideia de deixá-la, era como abandonar Primrose duas vezes e ainda assim, sabia que Emmett tinha razão. — ela não ia querer isso, Rose.

— E se ela acordar? — Rosalie sussurrou desesperada. — Emm, e se ela acordar? Como eu poderia abandoná-la? Há uma chance! Eu não poderia. Perdoe-me, não! Vá você, eu vou ficar. Ficarei toda a eternidade se preciso.

Os olhos de Emmett voltaram-se ao corpo estendido sobre a cama. Um jeans um número maior recém comprado vestia a jovem de vinte e um anos deitada ali. Primrose tinha dezesseis anos quando morrera, mesmo com o veneno de Rosalie em suas veias, nenhum deles jamais descobriu o que aconteceu. Naquele dia, desesperadamente mesmo contra o desejo de Primrose, Rosalie mordera a filha em todos os cantos possíveis, ela fez de tudo para que o veneno chegasse ao seu coração e fizesse a transformação, mas para a infelicidade da família, algo deu errado no caminho.

Primrose nunca acordou depois dos três dias. Todos eles temiam internamente que Prim fosse só um corpo morto conservado pelo veneno, mas estranhamente, sua pele continuava morna, os cabelos continuavam a crescer, o coração batia lentamente sem precisar de aparelhos, Primrose jamais teve qualquer deterioração em seu corpo — comum em pacientes imóveis durante o coma — e os seus pensamentos eram vivos, surpreendentemente.

— É como quando ela me bloqueava. — ele suspirou tristemente. — Uma parede em branco, mas definitivamente há alguma consciência ali. Eu simplesmente não sei... É como se ela estivesse em sono profundo.

— Não sabemos o que o veneno fez ao corpo dela. Ela tem conservado características humanas e vampiras ao mesmo tempo. Vejam, sintam o cheiro dela, é diferente de tudo que já vi em minha existência. Não é vampiro ou humano, mas uma mistura breve dos dois. — Carlisle explicou de modo formal a mesma coisa que Rosalie já havia decorado.

— É diferente, definitivamente.

— Ela não está morta. Vai acordar. Um dia ela vai acordar. — Rosalie sussurrou tocando a mão macia e morna da filha. Sempre que se lembrava daquela tarde, seu coração se apertava em tristeza. Naquele dia, quis ser mais forte e mais esperta. Quis ser como Jasper e saber lutar para poder tê-la protegido. — Eu sei que ela vai acordar. Olhe bem para ela, vê? Ela está respirando, ela está bem.

— Talvez ela tenha manipulado a transformação. — Edward sussurrou sentando-se ao lado de Rosalie. — Eliezer disse que o dom de Prim é a persuasão.

— Faz todo o sentido. — Comentou Carlisle com um sorriso breve. — Lembra-se de como ela sempre conseguia o que queria?

— Será possível? — Rosalie sussurrou com a esperança brotando em seu peito como uma flor regada. Será possível que sua garotinha estivesse bloqueando os efeitos do veneno? Isso seria tão especialmente maravilhoso! — Há uma chance... — Rosalie sussurrou aproximando o rosto da filha. Prim, congelada na expressão suave de uma garota mais madura. Rosalie lamentou tanto que a filha não pudesse ter aproveitado a festa de dezoito anos, ou o primeiro carro que gostaria de dar de presente, a viagem de formatura ou os namoros do ensino médio. Ela lamentou ter tirado de Primrose qualquer chance de viver, assim como foi tirado dela, mas ainda assim, nada importava de Primrose acordasse.

Ela daria um jeito. Recriaria tudo. Eles tinham a eternidade.

— Por favor, filha. — Sussurrou comovida. — Por favor, acorde. Eu sei que você não queria, eu sei, eu também não. Me perdoe ou me odeie o resto da eternidade, mas por favor, pare de lutar. 

Naquela tarde em especial, todos os Cullens decidiram mudar-se para uma cidade ao sul da Rússia, quase perto de onde encontraram Primrose. O ambiente gelado fazia com que a adolescente — agora quase adulta — estivesse sempre coberta de roupas quentes que a impediam de congelar, ainda que Carlisle jamais tivesse notado uma queda em sua temperatura.

— Você sabia que Jacob Black vai se casar? — Edward questionou certa noite. Ele estava com um livro em mãos, uma versão em russo recente de Entrevista com o Vampiro. — A garota, Teresa, se parece bastante com você. Teimosa como uma mula, foi engraçado, se quer saber. Você deveria acordar, Prim. — ele sussurrou tocando a mão dela suavemente. — Deveria presenciar o casamento do seu melhor amigo. Além disso, eu sinto a sua falta, sabe? É doloroso. Você pode me chamar de dramático, eu sei o que você diria "siga sua vida, Edward, eu não sou o seu farol". — Edward sorriu minimamente. — Mas sinto informar, Prim. Você é a minha vida.

— Você acha que ela pode nos ouvir? — questionou Alice adentrando o quarto com passos suaves. — Eu adoraria vê-la rindo mais uma vez. — disse com um semblante profundo. — Primrose ria como se nada no mundo pudesse abalá-la. Sinto tanta falta dela, Edward!

— Eu também, Alice.


— Você adoraria a cor do céu hoje. — Edward comentou mais uma vez, as pernas cruzadas enquanto relia um exemplar recente de uma autora jovem e famosa. — Parece com seus cabelos. Eu aposto que você diria "É porque eu sou como o sol, Edward". — ele fez uma imitação ruim da sua voz e sorriu. Era primavera, mesmo ali com o ar gelado, as flores começavam a escapar por entre a neve e buscar espaço. — Seja como elas, Primrose. Volte para nós e encontre espaço entre o frio, meu amor. — ele murmurou antes de deixar o livro sobre a mesinha e levantar-se da poltrona.

— O céu está mesmo lindo. — Esme comentou ao entrar no quarto e colocar novas flores no jarro ao lado da cama de Primrose e suspirou. — Ela ia adorar esse lugar.

— Ela vai adorar. — Rosalie comentou da sacada. — Não falem dela no passado, eu odeio quando fazem isso.

— Rose...

— Ela está bem. Só precisa de tempo. — Respondeu decididamente antes de deixar o quarto em passos rápidos.


O verão, como esperado, foi tão frio quanto a primavera, foi por isso que escolheram aquela cidade, afinal. Não havia indícios de sol, apesar das temperaturas serem mais confortáveis para os humanos.

— A escola é horrível. — ele comentou abaixando o livro das mãos. Havia criado um hábito de se sentar ao lado de Prim para ler em voz alta ou simplesmente conversar, é verdade que a conversa de via única era desconfortável e ainda mais dolorosa, mas Edward gostava de pensar que Prim podia ouvi-lo e sentir-se menos sozinha ao saber que ele estava ao lado dela o tempo todo. — Ainda pior que Forks, você sabe, com todas aquelas adolescentes cheias de hormônios. De qualquer forma, eu disse a elas claramente que já tenho uma namorada ruiva e russa especialmente brava.

Edward parou, lembrando-se com divertimento de Prim xingando-o em russo e riu.

— Estou com tantas saudades de vê-la brigando, querida. Amo você, ainda mais. Estou esperando-a. Volte para mim.

Ele voltou a erguer o livro nas mãos, este afinal, era um dos livros favoritos de Prim. Um romance tolo de amor impossível entre reinos antigos do Egito, Edward estava tentando achar graça na história, mas estava falhando miseravelmente.

— Se quer que eu te diga, acho esse personagem completamente maluco. Que lucidez há em abandonar a amada para o próprio bem? — ele balançou a cabeça. — Isso é tão descabido.

— É romântico, Edward! — Alice entrou no quarto saltitando, trocando as flores do jarro cor de rosa. — Ele pensa no bem da amada, antes do dele.

— Faria mais sentido protege-la de perto, não? — questionou franzindo as sobrancelhas. — Alice, o que tem haver Uma Linda Mulher com este livro?

— O que? Do que está falando, Edward? — ela cantarolou franzindo a sobrancelha, ainda ajeitando as flores.

— Você acabou de dizer que ele é como Edward Lewis.

— Eu não disse nada. — Alice se defendeu imediatamente e rolou os olhos. — Eu não pensei nada, Edward. Estava pensando na nova coleção de moda de verão em Milão, Janna Stewart criou um desenho incrível e vai...

— Pare, Alice. — Edward praticamente gritou, recebendo um olhar ofendido da irmã. — É a Prim! — Continuou levantando-se e aproximando-se de Primrose na cama. — Prim? É Primrose, ela está... Ela pensando, Alice!

— Oh meu Deus! — Alice esguichou, ficando estática no lugar. Não demorou para que toda a família estivesse ao redor da cama. — O que ela disse?

— Diga, Edward?! Ela está acordada?

— Ela está. — Edward sussurrou no exato momento em que Primrose abriu os olhos.

Vermelhos. Como os de uma vampira.

 


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