Freedom Planet: Faith & Shock escrita por Hunterx


Capítulo 57
Estórias do deserto - Parte 3: Eibadat allahab


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores. Como estão?

Finalmente o hiato terminou. Hoje vai ter capítulo novo! ✌️

Entretanto, como ficou grande demais, ele foi dividido em duas partes. Ou seja, a parte 3 terá dois capítulos.

Eu não sou de pedir comentários, mas foi muito custoso escrever esse capítulo, então peço por favor que, ao final da leitura, deixe seu feedback se quiser.

Boa leitura e divirtam-se!



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Music: My Universe

Composer: Coldplay (feat. BTS)

The relationship between new friends

 

♪You (you), you are (you are)

My universe

And I (I) just want (just want)

To put you first

And you (you), you are (you are)

My universe

And I♪

 

Os dias na cidade de Persania se passaram. O convívio social na Academia se tornou mais exigente e desafiante, tendo em vista que agora tinham como colega de classe uma garota. Transferida da Dance Academy, Tahn não só trouxe aversão a sua presença como ela incomodou profundamente o desenrolar do trato pessoal para todos os internos, desde os alunos e até professores. Mesmo Dukes, que tinham formação para liderarem missões, tinham um pouco de receio em levar o assunto a sério. “Há mesmo uma garota na Academia Persania... e ela é talentosa” era a opinião de todos do corpo docente.

Somado a essas questões, a relação de amizade entre a jovem raposa feneco com Mu só aumentava. Todos os dias eles estavam juntos, conversando e estudando da forma mais amistosa possível. O garoto que até então vivia sozinho e entregue a depressão deu lugar a seu eu do passado, cheio de confiança e alegria.

Os dois se tornaram inseparáveis.

 

♪À noite, eu deito e olho para você

Quando a manhã chega, eu vejo você se levantar

Há um paraíso que eles não conseguiram capturar

Aquele infinito brilhante em seus olhos♪

 

Mu e Tahn lutavam todos os dias contra o preconceito de suas condições: ele, um feneco que não continha as Flames of Persania, sendo assim referenciado sob a alcunha de Maleun (“amaldiçoado” em árabe), e ela por ser uma garota, o que quebrava definitivamente as tradições da Academia Persania, e por ter as chamas vermelhas da Kyubiko. Embora saberem das histórias acerca da divindade, os internos da academia sequer levaram isso em consideração em se tratando de que uma garota estava em seu território.

Mas mesmo sob os olhares nada amigáveis de seus colegas, os dois seguiram com sua vida acadêmica unidos, se apoiando um no outro para continuar em frente.

 

♪Toda noite eu voo até você

Esquecendo que é um sonho

Sorrindo, eu te encontro

Um para sempre sem fim, baby♪

 

O porto seguro dos dois era sempre a biblioteca. Lá naquele lugar de silêncio absoluto haviam salas acústicas onde o som era isolado, possibilitando que pudessem conversar sem incomodar ninguém. E como era um local isolado, ficavam livres do julgamento de seus colegas. Alí encontravam a paz que tanto queriam:

— Você melhorou sua luta, Mu. Dessa vez eu não consegui te acertar...

— E você também melhorou seu físico. Está ficando com músculos...

— Ei, eu não quero ficar marombada! Eu sou uma rainha peso pena, não se esqueça!

— Ah sim... Eu esqueci... Você é a “garota com olhos de estrela”...

— Isso mesmo, hunf! – Tahn chegou a bater no peito.

— ... mas que não sabe tirar uma simples foto de rena.

— É, eu não sei... – Ela demorou para entender – Como é?! Seu...

— HAHAHAHA! Te peguei, finalmente!

 

♪You (you), you are (you are)

My universe

And I (I) just want (just want)

To put you first

And you (you), you are (you are)

My universe

E você faz meu mundo se iluminar por dentro♪

 

Eles se tornavam mais amigos conforme os dias se passavam. Isso se tornou tão forte que o elo entre os dois lhes davam o alicerce ideal e a coluna necessária para seguirem em frente em se tornaram Persans.

A amizade de Mu e Tahn era uma força poderosa. Absolutamente o amor da amizade os contagiou de uma forma jamais vista. Isso foi motivo de orgulho dos pais de Mu, que viram seu filho ficar feliz e confiante novamente.

 

♪A escuridão era mais confortável para mim

Na sombra que crescia (em seus olhos)

E eles disseram que não podemos ficar juntos

Porque, porque somos de lados diferentes♪

 

Ayane se afastou de seu irmão por causa de sua proximidade com Tahn. A irmã de Mu não odiava seu irmão, mas podem ter certeza de que com Tahn ela não tinha paciência e nem vontade de diálogo.

Entretanto todo esse tempo que se passou desde que entrou em combate com ela em sua própria casa, Ayane procurou por uma direção mais espiritual, ingressando por conta própria na Wings of Salvation from the Flames of Persania, uma recém inaugurada instituição de adoração as Flames of Persania. Os membros a acolheram no mesmo momento, lhe ajudando a seguir com sua vida frente a frustração que teve semanas atrás. Ayane seguiu rigorosamente as diretrizes da instituição religiosa, abrindo um leque de crescimento espiritual e, como esperado, sua continuidade na Dance Academy.

A atitude dela seguiu em paralelo a vida de seu irmão e de sua rival.

 

♪My Universe... [3x]

(Você faz meu mundo)

Você faz meu mundo se iluminar por dentro

(Faz meu mundo se iluminar por dentro)♪

 

O tempo passou...

Em um dos dias a frente, Mu e Tahn repetiram a reunião na biblioteca, justamente após fazerem uma prova teórica.

— Você tirou 95, Mu! Parabéns!

— Ué... Você também, ora! Mas nem foi a maior nota que a classe tirou...

— E daí? É uma nota alta...

— E você sabe que não tiramos a nota máxima...

— Eu sei sim... E também sei que o professor tirou pontos porque “sim”...

— Exato... Fico feliz que você não se iludiu com isso.

— Iludir? Haha! A rainha peso pena com as chamas vermelhas da Kyubiko nunca será iludida!

— Que bom saber disso... O Maleun aqui não é tão Maleun em pensar que você iria ser tão iludida...

— Mas você não é Maleun!

— Claro que não...

— Então porque você está falando isso?

— Nada. Só pra eu ter um título e fazer piada com isso, haha!

— Olha só... O fenecito tá que tá, hein!

— Ei! Do que você me chamou?

— Fenecito! É assim que os estrangeiros chamam a gente! Fenecito! Fenecito!

— Para de me chamar disso!

— Hahaha! Fe-ne-ci-to!

— Para!

As risadas de Tahn pareciam tirar sarro de Mu por sua inocência, mas até mesmo o jovem caiu na brincadeira. Ele sabia que tudo era mais um motivo para que a jovem feneco o provocasse. Tahn tinha grande admiração por Mu, ainda mais depois de o conhecer melhor, de suas limitações impostas pelo Conselho de Nirvana de Great Desert, o impedindo de desenvolver seu poder de raios. O jovem foi permitido ingressar a academia, mas só usando de seu poder físico. Por sorte seu Nirvana lhe dava condições suficientes para suportar a carga de exercícios e lutas durante seu letivo.

 

♪O que me ilumina

É a estrela bordada com amor que é você

Em meu universo, você

Constrói um outro mundo♪

 

Semanas seguiram.

Mu e Tahn se empenhavam mais e mais nas aulas e, principalmente, nas lutas. Simulações foram feitas de tirar as formas, onde os dois sempre formavam a mesma dupla. Não era fácil, já que eles eram discriminados, como se os demais alunos os ignorassem, mas não todos: Cid e Gio constantemente os observavam durante as aulas e treinos com os Dukes, tentando até mesmo provocá-los mas, pela rigidez dos superiores, foram frustrados quanto a isso.

 

♪Porque você é minha estrela e meu universo

Porque mesmo esse sofrimento é temporário

Continue brilhando forte como agora para sempre

Nós vamos te seguir e bordar essa longa noite♪

 

Os meses se passaram.

Não somente Mu e Tahn cresciam. Cid e Gio continuavam seus treinamentos com bastante afinco, mantendo sua vigilância aos seus desafetos. A implicância era mais com Tahn, onde por várias vezes o garoto postulante a Commando provocava a feneco Kyubiko, mas Mu estava por perto. Os dois tinham medo do “Maleun”, ficando distante por causa disso. Mas na maioria das vezes que eles se preocupavam em treinar, Cid e Gio se destacavam. Eles eram mesmo formidáveis em combate e na teoria, onde tiraram as melhores notas de toda a Academia Persania e lideravam a turma A. Por mais que Mu e Tahn tivessem força, eles nada podiam fazer contra o poder de influência da dupla.

Mas não se enganem: os dois não se abateram e sua parceria só ganhava força.

 

♪Eu voo junto com você

Quando estou sem você, fico louco

Então, rápido, segure minha mão

Somos feitos um do outro, baby♪

 

— O que você vai fazer hoje, Mu?

— Ah... Estava pensando em estudar sobre as diretrizes de missões. Porque?

— Você não está exagerando nessa de ser o nerd esforçado não?

— Eu não sou nerd!

— Ah tá... Dia bonito, pleno sabadão, tanta coisa legal pra fazer e você vai logo pensar em estudar, ler livros, ficar enclausurado no quarto... Se isso não é ser nerd então eu sou uma dançarina.

— Mas você é uma dançarina, ué! – Ele demorou um pouco para entender, mas... – Ei, peraí...

— Hahahaha! Você caiu de novo, nerd assumido!

— Eu não sou nerd!

— Você disse que sim! Aceita! Aceita!

— Não sou!

 

♪You (you), you are (you are)

My universe

And I (I) just want (just want)

To put you first

And you (you), you are (you are)

My universe

E você faz meu mundo se iluminar por dentro♪

 

O semestre se passou.

A relação dos dois como amigos era como um presente das entidades que habitavam o clero dos moradores de Persania que acreditavam em suas histórias.

Não só eles viviam suas vidas: Ayane se engajou em sua nova filosofia de vida, regada a muita oração, devoção as Flames of Persania e a Dance Academy. Ela melhorou muito, onde suas performances, que já eram bastante elogiadas, se tornaram quase perfeitas.

Cid se aperfeiçoou em sua condição de postulante a Commando, chamando a atenção da ala Duke da Academia Persania. O jovem realmente tinha talento, roubando para si as atenções. Gio, que até então não sabia o que escolher, decidiu ser um Defender. Aplicado e inteligente, ele se tornou o melhor postulante Defender, onde conseguia criar fortes linhas de defesa usando suas chamas.

Enfim, todos os jovens estavam envolvidos com seus compromissos de vida. Objetivos e metas estavam no futuro, mas eles souberam muito bem aproveitar o presente.

 

♪My universe [3x]♪

 

No mesmo final de semana, domingo, Mu foi convidado por Tahn a visitá-la em sua casa. A jovem morava na zona norte de Persania, onde haviam habitações mais simples, num apartamento com o mesmo luxo que a cidade borbulhava. Entretanto o lugar tinha muitas coisas estrangeiras, vindo de todas as partes de Avalice. Mobílias, tapetes, iluminação... Era bastante diverso. Por lá estava sua mãe, que Tahn fez a apresentação:

— Essa é minha mãe, Mu. Ela se chama Haasun Al’Halawi Panthoora.

— Muito prazer em conhecê-la, madame.

— Oh... Um cavaleiro. Encantada!

A senhora Al’Halawi Panthoora tinha as mesmas feições de sua filha, com exceção de sua cauda. Mas seus cabelos esses sim tinham os mesmos tons coloridos.

— Nossa, seu quarto é muito legal também! – Sim, eles agora estavam no quarto de Tahn – Estou vendo que você gosta muito de dançar mesmo, hein!

— Hehe... Minha mãe era uma dançarina.

— Sério?

— Sim. Era tudo que ela sabia. Bem, quando você é uma garota bonita e mora no deserto, é isso que todas fazem... – Tahn disse em tom irônico.

— Tá... Você disse uma indireta pra minha mana...

— Hehehe... Também. Mas minha mãe também chutou essa ideia de ser o que as pessoas querem que ela seja. Meu pai também pensa assim.

— Falando ele, onde está?

— Pelo mundo... ou universo.

— Como é?!

— Hahaha... Calma. Meu pai trabalha com importação. Ele vive viajando por Avalice. Gran Rajad lhe deu permissão, bobo.

— Ei! Você me chamou de bobo!

— Sim... Porque? Vai chorar?

— Ninguém me chama de b...

Não deu tempo para terminar, já que a jovem voltou a beijar seu rosto. Ele, corado, disse:

— O que você fez?!

— Beijei seu rosto.

— Disso eu sei!

— Então porque o drama?

— Você me beijou, por isso!

— Sim, beijei...

— Porque?

— Porque eu quis, ué. Você fica fofo corado, por isso, hehe!

E o feneco ficou ainda mais envergonhado.

 

♪You (you), you are (you are)

My universe

And I

(My universe)♪

 

Embora a brincadeira descontraída trouxesse felicidade, a voz de Tahn tinha um tom melancólico, de como não visse seu pai a muito tempo. Mas ela em nenhum momento esboçou tristeza em seu lindo rosto. Pelo contrário, ela sorriu para Mu, onde ela o chamou para dançar. Ele, todo desengonçado, sofreu mais provocações da jovem, mas sempre de forma amistosa.

Aquela tarde agradável seguiu. O sol quente do deserto não era a única coisa aquecida naquele dia.

 

A amizade entre os dois era honesta e recíproca.

 

Mu e Tahn treinaram bastante.

 

E assim se fez o período letivo inteiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Um ano depois...

Cidade de Persania

مجلس نيرفانا الصحراوي العظيم

Conselho de Nirvana de Great Desert | Manhã

— Por si só venho até todos para pedir humildemente por uma salva de palmas para nosso mais novo benfeitor, o sacerdote Dimintro Al'ma!

O clamor de palmas fez a abertura de homenagens no nobre salão do conselho de Nirvana de Great Desert. Situado no centro da cidade de Persania, o lugar estava recebendo a visita do até então visitante Dimintro Al’ma, sacerdote da instituição religiosa Wings of Salvation from the Flames of Persania. Ele era um Felis (um tipo de gato do deserto) com pelugem parda escura e olhos com coloração com efeito de heterocromia, sendo um azul e o outro vermelho. Usava como vestimenta uma roupa toda branca com longas mangas que até escondiam suas mãos. Na sala era o único que não usava um turbante, mas não tinha cabelos.

Durante o ato solene, ele tomou a palavra:

— Caros irmãos de Persania... Great Desert é uma nação abençoada pelas Flares of Persania. Essas tão adoradas chamas são de fato a concretização da nossa grandeza como povo unido e que só haverá vitoriosos cujas mãos são aquecidas com essas dádivas divinas! Durante esse primeiro ano de bençãos e realizações por todo Great Desert, tenho a satisfação de fazer parte desse crescimento tão esplendoroso que nossa nação proporciona a todos nós! ABENÇOADAS SEJAM AS FLAMES OF PERSANIA!

Todo o conselho aplaudiu com mais vontade os votos acalorados do sacerdote. Tanto que o próprio ministro Aldiiz, ferrenho protetor das tradições de Persania, fez questão que ir até entre e o parabenizá-lo.

— Agradeço enormemente por seu carinho para com novas tão adoradas chamas. Fico muito feliz que existam pessoas comprometidas em manter nossas tradições intactas e ainda mais valorizadas.

— Certamente, nobre senhor.

— Devo cobrar mais divisas para sua denominação, sacerdote. Pode ter certeza que lhe daremos mais fundos para sua instituição.

— Eu agradeço imensamente. Aliás, todos nós da Wings of Salvation from the Flames of Persania temos muito a agradecer pelo suporte inimaginável da cidade de Persania. Esse primeiro ano de muita oração e adoração para com nossas abençoadas chamas foram de muitas bençãos. E creio que mais delas virão, PARA TODOS DESSA CIDADE ABENÇOADA!

O grito motivador por parte do sacerdote serviram como um potente combustível para a salva de palmas bastante infladas por parte de todo o conselho. Orgulhosos por terem visto as Flames of Persania representadas e exaltadas daquela forma tão especial, eles não mediram esforços para levar a instituição religiosa a um outro patamar.

A Wings of Salvation from the Flames of Persania foi homologada como uma instituição plena na cidade de Persania por sua devoção e dedicação em fazer das Flames of Persania um culto ao que mais havia de importante na cidade de Persania.

Por causa disso, a cada quarto de dia (6h, 12h, 18h e 0h) todos da cidade emanavam suas chamas e meditavam com os olhos fechados por um minuto, em ode as Flames of Persania.

Isso foi instituído como exigência da Wings of Salvation from the Flames of Persania e como lei da cidade. A expansão da instituição religiosa ocorreu naquele mesmo mês, já indo para os demais reinos de Great Desert.

O sacerdote Dimintro Al’ma fez o que todos do conselho amavam: valorizar as tradições e a colocar como a coluna de sustentação da cidade. Ele elevou esse nível, para contentamento de todos do conselho.

Entretanto, isso impactou alguns negativamente.

Residência da família Al’jazii | Noite

Era hora do jantar. Toda a família estava sentada a mesa enquanto comiam e conversavam. A primeira pessoa a tomar a palavra foi a Sra Matsuzawa.

— Soube que está engajada pelo sacerdote, Ayane. Boas notícias, não?

— A melhor possível! – Disse, sorridente – Há no templo também um palco para apresentações esse ano. Como crescemos rápido, foi questão de tempo até que pudesse ser ouvida e ter a vontade feita. As Flames of Persania serão muito abençoadas por lá...

— Que bom, minha filha!

No outro canto, lá estava Mu, indiferente e tranquilo após saber das notícias de sua irmã. Só que seu pai também que saber dele.

— E então, Musrie... Como está na academia?

— Melhor impossível! – Disse, bebendo limonada – Atingi o maior escore entre os da minha categoria.

— Que bom! Então será isso mesmo que você quer?

— Sim... Ser um Commando é difícil sem poder usar meus poderes. Então vou com tudo sendo um Melee!

— Sabe que para isso terá de fazer o triplo de esforço de um Commando. Lutar corpo a corpo sempre será um risco daqui pra frente.

— Só que se eu for o melhor tudo fica mais fácil pra mim.

Sua irmã ouviu isso e:

— E quem for melhor que você, como seria?

Foi uma provocação. Mas Mu estava num momento tão bom na academia que não recuou.

— Então esse alguém com certeza será um cara fora de série. Não acha?

— Hm... Confiante você, hein.

— Sempre! Ainda mais do jeito que eu treino.

— Você treina forte, eu sei. Só que você sabe de suas limitações.

Novamente Ayane o provocou, mas:

— Não tenho limites... e sim restrições.

— Não é a mesma coisa?

— Sim... Eu poderia ser ainda mais forte, mas infelizmente não tenho as suas Flames of Persania.

— Hm... Sensato. Ganhou pontos comigo, mano.

— Obrigado. Mas não preciso de chamas quando tenho os meus punhos – Disse, executando um soco no ar.

Foi uma provocação leve do feneco, que Ayane reagiu:

— Oro por você todos os dias para enfim ter suas chamas. Mas infelizmente a natureza não lhe agraciou com elas. Então não tente esconder que estaria melhor tendo nossas magníficas chamas.

— E se eu te dissesse que sou melhor sem elas?

Ayane levantou da mesa com uma velocidade tão grande que fez seu prato quase sair da mesa. Ela, demonstrando irritação, disse:

— NÃO DIGA HERESIAS, MU!

O grito de sua irmã assustou seus pais, onde o Sr Al’jazii logo tomou a frente da situação:

— AYANE, SENTE-SE AGORA!

— Ah... Pai...

— E não grite dentro dessa casa... Entendeu?

— Tudo bem... Desculpa. Mas o senhor ouviu o que ele disse, não?

— Eu ouvi sim, mas não é motivo pra você perder o controle. Musrie só se defendeu do que você falou.

— Pai, o Mu falou uma coisa feia sobre nossas chamas sagradas...

E a Sra Matsuzawa também entrou na conversa:

— Tenho quase certeza que você deve estar pensando que o estamos defendendo. Mas você sabe muito bem que seu irmão luta contra tudo e todos na Academia Persania. Todos os dias... E olha só como ele está: mais forte do que nunca!

— O que quer dizer com isso, mãe? A senhora acha mesmo que ele está melhor sem nossas tão idolatradas chamas?

— Isso é algo que só seu irmão pode responder. Aliás, ele lhe disse. Se Mu se sente bem mais forte sem depender das nossas chamas, então ele quem decide esse “limite” que você acha que existe.

— Então me deixa entender: estão no lado dele?

— Lado? Seu irmão está melhor a cada dia, tem encontrado motivação pra continuar e você simplesmente diz que ele é limitado por não ter nossas chamas! Isso tudo aconteceu a um ano atrás e ele superou todas as adversidades... e ainda enfrenta! Você não se importa com ele?

— Claro que eu me importo com o Mu. Só que ele não deveria ter dito dessa forma. Como assim poderia pensar que não estaria melhor se tivesse as nossas chamas sagradas? Ele deveria ter cuidado com o que diz.

Embora a conversa tivesse tomado essa direção, Mu ainda se mostrava tranquilo. Ele terminou sua refeição em seguida, quando se virou pra sua irmã e disse:

— Quase todos os dias, Ayane. Quase todos os dias você tem que me provocar de alguma forma... Antes era só pra brincar comigo, me tirar da zona de conforto, só que de um ano pra cá eu tenho percebido que você está mesmo falando pra tentar me atingir... Você tem algum problema comigo, não é?

— Eu não tenho nada contra você, mano. Sabe que eu gosto de você...

— Gosta mesmo? Bastou eu dizer algo que a desagrada pra você gritar comigo.

— Claro... – Disse, se levantando – Ouvir heresias a nossas tão idolatradas chamas é uma afronta ao bom senso e, obviamente, contra nossas tradições e nossa cidade!

— Você já está falando igual esses fanáticos dessa seita que você faz parte...

Isso que Mu disse trouxe novamente irritação a Ayane. Mas já avisada de que não deveria gritar e nem mostrar exaltações, disse:

— Pelo seu bem, peço que nunca mais diga isso da Wings of Salvation from the Flames of Persania. Nunca mais, está bem?

— Você está obcecada pelas chamas por causa desse culto!

— Nós valorizamos nossas tradições! Como não lutar pelo o que simboliza nossa nação?

— Não tenho nada contra as tradições. Eu gosto delas inclusive! O problema é o exagero... Pra você tudo é Flames of Persania! Mana, isso não pode ser tudo da sua vida e nem de ninguém!

— As Flames of Persania é o porquê de sermos fortes!

— E eu sou forte sem elas.

Novamente o feneco a provocou, deixando sua irmã irritada, mais do que antes. Mas antes que seus pais intervissem, a jovem feneco tomou a iniciativa:

— Tá, ok. Muito bem, Mu. Pensa no que quiser. Vou respeitar sua opinião – Disse, saindo da sala.

— Nossa, me surpreendeu. Parabéns por isso, sem brincadeira.

— Hunf... Melhor ficar mais forte. Vai precisar...

Embora Ayane tenha se segurado, ela deixou o recado. Mu sabia que não acabaria alí a discussão, mas seguiu com a refeição junto a seus pais. A conversa não havia terminado.

— Musrie, eu gostei que você tenha ficado mais forte, porém não quero que fique provocando sua irmã por causa disso... – Disse seu pai.

— Pode ficar tranquilo, pai. O senhor não vai me ver fazendo isso do nada. Eu só me defendi das provocações dela.

— Eu sei e eu vi. Entretanto não exagere. Ayane tem boas intenções e nossas chamas são mesmo sagradas.

— Eu sei disso, pai. E eu também tenho adoração por nossas tradições, mas...

— O que tem?

— Desde que engajei na Academia Persania eu sempre via que nossas chamas eram tudo que qualquer um de Persania precisava para ser um Persan. Só que com tudo isso que aconteceu na minha vida, vi que elas só são uma coisa que se somam e não a única chave para o sucesso. Por isso eu treino todo dia bem forte para ter um físico que não dependa delas...

O Sr Al’jazii e sua esposa se olharam naquele instante, como se tivessem algum tipo de temor ou preocupação. Sem dar brechas para mais palavras de Mu, seu pai disse:

— Trate de guardar bem escondido suas opiniões, Musrie.

— Hã? Porque?

— Logo se nota que você não tem se informado pelo o que vem acontecendo em nossa cidade nesse ano que passou... Musrie, o que você acabou de dizer é muito perigoso...

— Perigoso?! Onde eu ser independente de chamas é perigoso?

E desta vez sua mãe tomou a palavra:

— Querido, você ficou tão entretido em seu treinamento e estudos e não acompanhou os acontecimentos de nossa cidade. Ayane está alinhada com tudo, mas você... Não me surpreendi ao te ver respondê-la daquela forma.

— Do que estão falando?

— Você conhece o culto que Ayane faz parte, não?

— A Wings of Salvation from the Flames of Persania? Todos da academia vivem conversando sobre isso.

— E você por acaso sabe da projeção deles?

— Ah... Eles oram para as chamas, a colocam como o maior símbolo de nosso reino... O que tem?

— Mu, querido... Qualquer tipo de manifestação que faça entender que diminuíram de alguma forma a importância das Flames of Persania é considerado crime contra a nação.

— Como é que é?!

— Seu pai não lhe deu uma bronca quando disse para você guardar suas opiniões e sim pra te preservar. Todos nós sabemos que você é forte por ter treinado, mas não se refira as nossas chamas como algo que você não vê necessidade. Você entendeu o que eu quis dizer?

Era isso. Mu havia entendido perfeitamente. Como ele passou tanto tempo se preocupando em fortalecer seu físico para contornar sua impossibilidade de usar seus poderes elétricos e o desenvolvê-lo, o feneco não sabia a proporção até onde o culto às chamas de Persania havia conseguido. As leis da cidade quanto a seu maior símbolo dizia que “é crime contra a pátria de Persania qualquer um denegrir ou diminuir a importância das nossas abençoadas chamas”. Mu sabia desde criança de que as Flames of Persania eram importantes e mesmo na sua condição ele mantinha esse culto, mas a dependência a elas, coisa que não tinha mais o mesmo significado para ele, não era sentida fazia um ano. O jovem seguiu com seus treinamentos nesse período de ode as chamas em seu reino.

As prioridades de Mu eram o que o motivava. As Flames of Persania tinham sua importância, mas não a vida do feneco.

O tempo passou. A noite transcorreu normalmente.

No dia seguinte...

Wings of Salvation from the Flames of Persania Official Cathedral | Manhã

A construção luxuosa e moderna que ficava ao lado do prédio do Conselho de Nirvana de Great Desert foi um grande marco entre os adoradores das chamas. Com uma arquitetura moderna, seu interior era lindíssimo e muito exótico, unindo a tradicional moda a antiga (como Dubai de nosso mundo), onde as poltronas do grande salão de orações tinham tecidos finos bem caros da cor amarela, com um altar ao fundo e onde também havia um vitral que Ilustrava as chamas de Persania.

Entretanto, o prédio tinha mais três andares além do térreo, onde eram oferecidos espaços para outros eventos entre os visitantes e cativos do lugar. A catedral era muito movimentada.

Mas no último andar, era onde ficava o:

Recanto do Sacerdote Dimintro Al’ma | Manhã

A sala onde o alto Sacerdote se recolhia era um lugar simples, estando uma poltrona de madeira e uma grande mesa a sua frente, com mais uma poltrona para seus visitantes. E justamente essa era o que ocorria: o ministro Aldiiz estava conversando em particular com o líder do culto.

— A um ano atrás tivemos um evento inesperado, Sr alto Sacerdote.

— A que se refere, nobre ministro?

— Todo ano novos postulantes realizam o aflorar das chamas em nossa tão valorizada e fundamental Academia Persania. Pois bem, o evento transcorria normalmente...

— O que houve então?

— O “normal” sumiu em questões de segundos, pois um dos postulantes não manifestou nossas tão idolatradas chamas.

— O que? – Disse o sacerdote, surpreso – O que este postulante manisfestou em seu lugar?

— Poderes elétricos, Sr alto Sacerdote. Uma ofensa a nossa tradição.

— Isso é inconcebível... Deveras.

— Certamente. Mas contornamos... digo, o nosso tão amado emir Gran Rajad contornou a situação impedindo que o postulante prosseguisse com seu desenvolvimento de habilidades especiais.

— Hm... – O sacerdote pegou um livro em seguida – Um jovem com poderes elétricos no lugar de nossas chamas... Embora respeite as escolhas de Gran Rajad, isso ainda é uma coisa desagradável e que fere nossas raízes.

— Fico feliz em saber que não sou o único sensato por aqui. Mas o Maleun está terminantemente proibido de usar seus poderes elétricos, abomináveis devo dizer, e manifestar seu Nirvana a esse elemento. Sei que o senhor, caro Sacerdote, tem plenas condições de administrar esse inconveniente episódio.

— Lisonjeado, nobre ministro. E agora sei porque tem nos ajudado tanto com fundos. Conseguimos com isso levar nossas tão adoradas chamas a um patamar nunca jamais visto! Sua potencialidade em cada cidadão de Persania fez com que todos ficassem mais fortes. É esplendoroso saber que estão usando de suas chamas todos os dias... TODOS OS DIAS SEU PODER AQUECE OS CORAÇÕES DE TODOS EM PERSANIA! – Gritou Al’ma, entusiasmado – Glórias a Flames of Persania!

— Glória a nossas chamas!

Os dois adoradores das chamas de Persania eram muito emotivos quanto a culto ao símbolo máximo da cidade. O sacerdote Dimintro Al’ma sempre estava com seu cetro em mãos, e ele era muito respeitado por onde passava. O ministro Aldiiz era um de seus assíduos seguidores, levando consigo o compromisso de proteger o legado do tradicionalismo em Persania.

Terminada a reunião, Al’ma foi logo sucinto:

— Nobre ministro... Quanto ao assunto que estávamos falando mais cedo...

— Sim, Sacerdote... O jovem Maleun se chama Musrie Al’jazii Matsuzawa.

— Hm... Eu conheço alguém dessa família. Por enquanto mantemos a discrição. Entretanto, eu irei pessoalmente agilizar as estratégias. Uma contenção a possíveis ameaças a soberania de nossas tradições precisam mesmo serem feitas pelo bem de nosso reino. Um Maleun deve ser devidamente conduzido a seu lugar de "direito".

— Gran Rajad admitiu sua estada na Academia Persania. Não poderemos passar por sobre o que nosso emir decretou.

— Eu entendo perfeitamente. Todavia, nobre ministro... Teremos de trazer provações para que o indivíduo, ainda que jovem, não nos traga vergonhas e, o pior, desgraças. Nossas chamas são soberanas, é um fato.

— Certamente, caro Sacerdote.

— A princípio, deixe comigo a primeira intrusão. Uma das membras mais prestativas e talentosas salvará a todos e a ele mesmo, o Maleun, de causar desestabilidade em nossa fortíssima nação.

— Esplêndido! Enfim boas notícias...

Boas notícias? Isso não parece algo positivo e o começo de mais problemas.

Enquanto isso...

Academia Persania | Naquela mesma manhã

Sala de aula da turma A | Setor A

— O exame Qabul Birasan - قبول برسان (Admissão Persan em árabe) será daqui duas semanas. Melhores alunos serão selecionados para mostrarem suas habilidades especiais e golpes. Individualmente vocês serão aferidos quanto ao seu poder de luta e potencialidades. Somente os mais aptos serão aprovados... então treinem muito.

O professor informou de forma bastante séria o compromisso que todos os postulantes teriam pela frente nesse primeiro semestre de ensinamentos na academia. Nem é preciso dizer quem era o mais entusiasmado.

— Finalmente! Agora assim eu vou poder mostrar tudo que posso fazer sem ter ninguém que possa impedir!

Esse era o mais do que motivado Mu. O feneco estava sorridente enquanto comentava com Tahn. A jovem disse:

— Gostei de ver você se superar. Eu mal consegui de acompanhar... mas minhas chamas te deram um calor, admita!

— Tá... Você me venceu no score total por muito pouco, mas sabe que no corpo a corpo eu te venci, nem vem!

— Olha só o convencido bombado de academia... Tá que tá, hein. Já perdeu pra mim várias vezes que uma pequena vitória já é motivo pra levantar troféu, ganhar medalha...

— Nem vem com essa! Está 20 a 19 pra você! Estou quase te passando!

— Quase... Quase quase. Quaaaase...

— Só não estou além desse “quase” porque peguei leve...

— Mas que cavaleiro... Pegando leve porque sou uma pequena dama. Que gracinha... Na próxima vai com tudo porque eu sou uma rainha peso pena, tá?

— E eu sou Mu. Muito prazer.

— Mu ito bem... Haha.

— Para!

Enquanto a conversa descontraída dos dois ocorria, não se podia dizer o mesmo quanto a a dupla Cid e Gio. Os dois estavam la na frente da classe, sentados.

— Gio, esses dois ficaram o ano passado inteiro nessa alegria aí...

— Sim, Cid. E por onde a Tahn fosse, o Maleun estava lá...

— Hunf... – Bufou o jovem, irritado – A quem quero enganar... Esses dois conseguem tirar boas notas e irem bem até no exame físico.

— Mas nós temos as melhores notas. Os professores e Dukes já até adiantaram que nós dois que possuímos as melhores aptidões e controle dos nossos poderes.

— Mesmo assim, esses dois são uma ameaça a todos aqui. O Maleun é o pior, mas essa garota não está muito atrás.

— Não podemos fazer nada, Cid. Você sabe melhor do que eu que é terminantemente proibido começarmos uma luta contra qualquer postulante. E nem pense em fazer algum tipo de sabotagem.

— Cara, você está louco? Para de falar besteiras... Eu não suporto esses dois, mas nunca que faria algo assim. Não sujaria minhas mãos nem minha moralidade por causa desses dois...

— Então... O que faremos?

— Nada... Ainda que eles façam o exame Qabul Birasan, a pressão será imensa para o Maleun e para a garota.

— E como pode ter tanta certeza?

— Esses dois... Eles não andaram treinando como nós. Na maior parte do tempo eles ficam enclausurados naquela biblioteca porque sabem que não podemos causar discussão por lá. Bando de covardes... O ginásio nunca recebeu a visita deles fora das aulas regulares. Ou seja, eles estão seguindo conforme as regras só para que não sejam perseguidos.

— Sim... Eu percebi isso. Então mesmo que eles tenham ido bem até agora não quer dizer que o desempenho deles será assim no exame Qabul Birasan. Meu pai disse que esse exame é muito exaustivo...

— Sim... Eu como Commando estou muito confiante nas minhas capacidades.

— Digo o mesmo como um Defender, Cid. Meus escudos de fogo estão mais fortes desde o ano passado...

— Ótimo. Daqui duas semanas estaremos na turma S. Como Persans, Gio... Como Persans!

— Exatamente! E esses dois... Terão sorte se o diretor permitir que tentem no ano que vem outra vez.

A sensação de descrença por parte de Cid e Gio era real. E eles estavam certos: Mu e Tahn não eram visto treinando fora das aulas regulares e mantinham contato para conversar mais na biblioteca. Esse hábito era de conhecimento de todos; para alguns era um alívio, já que os dois não eram bem vindos no ambiente fora das salas de aula, e para outros a completa indiferença.

A verdade é que o tempo passou, o senso de descrença de todos pelos dois só aumentou e isso, inevitavelmente, trouxe ordem a academia. Os confrontos de egos esperado não aconteceu como esperavam, com Mu e Tahn se isolando do resto da turma.

Claro, nem tudo era paz.

Centro da cidade de Persania | Início da noite

Em um dos raros momentos que Tahn estava sozinha, a jovem foi até um mercado para comprar mantimentos para sua casa a pedido de sua mãe. Era próximo onde morava inclusive. Mas no interior do mercado, enquanto ela escolhia algumas frutas, eis que lá também apareceu Cid, que disse:

— Fazendo coisas de meninas, é?

— Hm? – Ela se surpreendeu – Não. Estou fazendo coisa de adulto responsável pela própria vida.

— O que quer dizer com isso?

— Que você é um garoto imaturo. Está bom ou preciso escrever?

— Garota, eu estou cansado de ver você, sabia?

— Sério? Tenho uma dica: fecha os olhos, desvia o olhar. Fácil.

— Você sabe que não é disso que estou falando. Todos da academia aguentaram o suficiente com sua presença por lá. Não me importa se você tem as chamas da Kyubiko ou se é talentosa. Você estando lá fere nossas tradições.

— Hm... Sabe, pelo menos de uma coisa eu fico aliviada.

— Do que está falando?

— Não há um sistema por detrás de tudo. Só implicância imatura e chata. Isso dá pra suportar de boa...

— Pensa que é um tipo de brincadeira, não é? Vou te dar um aviso, garota: trate de começar a treinar. Porque o exame Qabul Birasan virá e você e o Maleun serão expulsos da Academia Persania. Nesse exame não tem essa de “dupla dinâmica”. Todos fazem sozinhos.

— AHHH entendi... Você veio até mim porque está preocupado comigo? Que fofo...

— SUA IDIOTA! – Cid ficou muito irritado – Estou te dizendo isso porque não poderei ir a forra com vocês lá na academia quando forem escorraçados!

— Hm... Entendi. Ok, então... Você deu o recado. Tem algo mais? Se não... Beijão, tchau.

Tahn simplesmente se resumiu a se despedir de Cid, lhe dando as costas. O jovem, irritado, ficou com a última palavra:

— Vocês nunca serão Persans!

Após isso, ele se retirou, saindo do mercado em seguida. Ainda que a feneco soubesse escolher bem as palavras e se manter no seu pensamento firme, por um breve momento foi possível ver em seu semblante um resquício de... temor.

Horas depois...

Casa da família Al’jazii | Noite

Como todos os dias, a família de Mu estava sentada a mesa durante o jantar. A conversa sobre como foi o dia de casa um se desenvolveu normalmente. Seus pais destacavam a descontração de seus dois filhos, até que Ayane tomou a palavra:

— Hoje no templo de adoração das Flames of Persania recebi a visita mais do que extraordinária de nosso líder maior, o Sacerdote Dimintro Al’ma.

— É mesmo, filha? – Perguntou sua mãe.

— Sim... Ele é um cidadão tão íntegro e respeitoso que as danças do meu grupo fluíram melhores após sua visita... E ele queria conversar comigo.

— O que ele quis tratar com você? – Perguntou seu pai.

— Como sempre, fui categorizada a levar as chamas por toda a catedral durante os encerramentos. Isso foi uma enorme honra.

— Fico muito feliz por você, Ayane.

— Obrigado, papai...

Eram boas notícias, mas não parou por aí a conversa. No outro lado da mesa, Mu terminava seu jantar, mas não sem antes suas irmã lhe dizer:

— Mu, semana que vem você irá participar do exame Qabul Birasan, não?

— Hm... Como você sabe disso?

— As garotas da Dance Academy comentaram...

— Ah sim... É, eu irei participar. Porque está perguntando isso?

— Peço que não participe.

O silêncio a mesa foi o estopim. Seus pais não acreditaram no que ouviram. E, como esperado, Mu perguntou:

— E porque? Você sabe muito bem o que esse exame significa pra mim...

— O exame Qabul Birasan é uma extensão do Aflorar de Nirvana. Esse ritual se tornou sagrado por nós da Wings of Salvation from the Flames of Persania. Somente possuidores das nossas abençoadas chamas deveriam ter essa honra.

— Ayane, só pare... Pode ser? Não quero mais ouvir você falar e nem de conversar sobre isso...

— Me prometa que não irá participar. Eu quero o seu bem, meu irmão...

— Meu bem? Sério isso? Você está preocupada comigo e, pra isso, que eu não siga com meus objetivos de vida? Fala sério...

— Você já é forte, como me disse e eu sei. Mas em um evento abençoado como esse, você não estaria de acordo com as normas...

— Ah é? Ok... Vou te dizer quais são as MINHAS normas: meu punho acertar cada alvo em menos de um minuto e eu demostrar resistência pelo corredor de chamas. O que vai ser “normal”: eu resistir a tudo isso e sair vencedor. E após isso, estarei na turma S. Ou seja, serei um Persan pra proteger a nossa cidade. Entendeu as minhas normas ou preciso ilustrar?

Mu deu sua opinião olhando nos olhos de Ayane sem medo algum. E diante seus pais, surpresos com a conversa nada amigável, ouviu sua filha dizer:

— Um Persan sem chamas não é capaz de oferecer a proteção necessária a Persania!

A resposta inimaginável de sua própria irmã veio como um pedregulho, o que o fez replicar:

— Se é por isso, hora de parar de dançar e começar a lutar que nem a Tahn!

Ayane começou a mostrar irritação em seu rosto após o que seu irmão disse, indo em sua direção as pressas. Seu pai, temendo pelo pior, se levantou, a impedindo de prosseguir até Mu.

— Ayane, o que pensa em fazer?

— Mostrar a ele minhas chamas!

— Você sabe que é terminantemente proibido manifestar chamas dentro de casa!

— Uma emissária da Wings of Salvation from the Flames of Persania tem permissão de defender a sua honra e a de nossas chamas!

— O que?!

Dito e feito, Ayane manifestou suas chamas, olhando para Mu.

— Olhe bem para o que você não foi abençoado, Mu! OLHE BEM!

— Você está maluca... – Disse, se levantando também – Está totalmente fora de si...

— Eu fiquei mais forte, Mu... Muito mais forte desde o ano passado. O dia que aquela desgraçada ousou pisar em minha casa foi o começo da minha mudança...

Ayane cometeu um erro, que foi acender suas chamas contra a vontade de seu pai e:

— AYANE AL’JAZII MATSUZAWA, CESSE SUAS CHAMAS IMEDIATAMENTE! – Disse Sr Al’jazii , com muita irritação.

A irmã de Mu sentiu na alma o tom autoritário da voz de seu pai como nunca antes, cessando seus poderes no mesmo instante. E ele não ganha terminado:

— FAÇA O QUE QUISER DE SUA VIDA E VÁ ATÉ ONDE CONSEGUIR IR, MAS AS LEIS DE MINHA CASA ESTÃO MUITO ACIMA DE QUALQUER CULTO QUE EXISTE! VOCÊ OUVIU, AYANE?

— Ah... Si-sim, pai... – Disse, assustada.

— Ótimo... Agora vá para seu quarto! JÁ!

Ainda sentida pelo grito de seu pai, ela deixou a sala de jantar, mas não sem antes dizer a Mu:

— Eu tentei te ajudar... Arque com as consequências.

“O que ela quis dizer com isso?”, foi o que Mu pensou logo após ouvir a frase de sua irmã.

E isso perdurou naquela noite. Essa dúvida do que ela estava se referindo ficou em sua mente por horas.

Entretanto, ignorando o episódio do jantar, a noite seguiu tranquila. Mas Mu e Ayane não se falaram desde então...

Dias depois...

Academia Persania

Sala da diretoria | Início da tarde

Desta vez tínhamos como cenário a diretoria da academia. O salão era bem luxuoso, com vários troféus e fotografias adornando paredes e plataformas, com uma imensa mesa no final do espaço. E lá, sentados a poltronas, estavam o ministro Aldiiz conversando com o diretor da agência.

— A que devo a visita, ministro?

— Eu agradeço pela atenção a minha pessoa, diretor Jismael. E não irei tomar muito de seu tempo. Serei breve...

— Muito bem... Diga.

— Ano passado admitiram um postulante que não possui as Flames of Persania.

— Ah sim. Musrie Al’jazii Matsuzawa.

— Sim... O Maleun.

— Senhor, peço que não use esse termo. É muito depreciativo.

Nem preciso dizer que Aldiiz não gostou desse comportamento do diretor.

— Não precisa esconder, por favor...

— Esconder o que, ministro?

— Esse postulante... Esse amaldiçoado está denegrindo esta amável e importante instituição. Eu sei que o senhor, se pudesse, o teria colocado para fora ou sequer o admitido aqui...

— Hm... Eu pensei que vocês do conselho passavam pano para essa atrocidade.

— Ah sim... Bom saber que pensamos do mesmo jeito.

— Bem, isso são só opiniões. Gran Rajad quem rege nosso país... Embora o postulante sem as Flames of Persania me incomode, ele é um valoroso guerreiro.

— Não diga isso... Nunca mais.

— O que? Mas são fatos...

— Que seja! Para o abismo com isso! Nossas chamas são muito mais importantes do que qualquer jovem postulante esforçado. Nossa tradição está em jogo no momento, diretor Jismael. Gerações podem ser influenciadas por esse acontecimento. Nosso benfeitor espiritual, o Sacerdote Dimintro Al’ma , está muito engajado em preservar esse marco onipresente em nosso reino desde os tempos mais primórdios.

— Os Ancestrais... Nosso reino já foi regido por eles. Todos tinham chamas... sem exceções.

— Perfeitamente, diretor Jismael.

— Muito bem... – Disse, se levantando – Como posso ajudar?

— Bom ouvir isso, diretor... – Aldiiz também se levantou...

Os dois, enfim, se entenderam, mas para fazerem algo nefasto...

Horas depois...

Sala de aula | Setor A – Turma A

O final da tarde havia chegado. Com isso as aulas já estavam no seu período de término, com os estudantes fazendo anotações colocados no quadro. O professor não estava em classe inclusive. Como de praxe, Mu e Tahn estavam juntos no fundo da sala, quando o professor retornou, trazendo notícias:

— Postulantes... Atenção pelo aviso de última hora.

Os alunos lhe deram toda a atenção, com ele continuando.

— O exame Qabul Birasan acabou de sofrer algumas alterações. Ele foi transferido para o final do mês. Entretanto, haverá um evento antes: teremos uma avaliação técnica do postulante Musrie.

Nem preciso dizer que ele se posicionou, não?

— Como é?! O que significa isso, professor?

— Se passou um ano desde que ingressou a Academia Persania. Embora suas habilidades sejam respeitadas, a diretoria decidiu o reavaliar para sabermos que está apto a lutar sem as Flames of Persania.

— Isso é sério mesmo? Como assim eu não estou pronto? Eu luto contra a Tahn todo dia que tem atividades no ginásio! Vocês todos viram!

— Um combate simulado é diferente de um real. A roupa especial junto com o elmo o protege. Queremos ver seus limites... Se eles se adequam ao que esperamos de um Persan.

Desta vez Tahn foi em defesa de Mu.

— Isso não faz sentido algum. Porque só o Mu? Só por ele não ter chamas?

— Exatamente, senhorita.

— Isso é errado! Ele é tão forte quanto qualquer uma aqui!

Mas houve um alguém que não perdeu tempo em provocar:

— Então não haverá problema algum, não é?

— Hã? – Disse Tahn, olhando para Cid – O que você disse?

— Hora de o “não possuidor de chamas” mostrar a que veio...

— Você não desiste, né? Precisava você dizer isso?

E cortando o assunto, mas aproveitando o momento, o professor disse:

— Musrie Al’jazii Matsuzawa, você terá de lutar contra o postulante Commando Cidal Al’Omozi Galgira. O duelo será realizado na Magnanimous Arena semana que vem.

Até Cid se surpreendeu. E esse anúncio também despertou Mu de vez:

— MAS QUE LOUCURA É ESSA?!

— Musrie, não grite na sala da aula!

— Professor, porque mudaram as regras a uma semana do exame? Isso que está dizendo...

— São ordens diretas da diretoria...

Mu nem esperou a aula terminar e seguiu para fora da sala, indo em direção a:

Diretoria da Academia Persania | Início da noite

— O QUE ESTÃO FAZENDO COMIGO?!

Mu estava muito irritado, se dirigindo ao diretor com raiva. Mas o senhor disse:

— Postulante, trate de mostrar respeito!

— Como posso respeitar uma decisão dessa? Eu passei o ano todo mostrando que posso sim lidar com essa pressão e do nada mudaram as regras?

— É para o bem da instituição... Precisamos saber se está apto a aguentar com os treinamentos. Uma luta real é requisito que qualquer diretoria de Persania pode e deve tomar.

— Sei... Isso aí está com cheiro de treta...

— Está insinuando que a diretoria está envolvida com um complô para sabotá-lo?

— Eu não disse nada disso... Mas como o senhor acabou de dizer...

Só que era um início de noite atípico e logo podíamos ouvir uma voz conhecida:

— Vocês não param de maquinar contra meu filho...

Era a senhora Matsuzawa, mãe de Mu. E ela não parou:

— Eu já estou sabendo de tudo...

— Senhora, o que...

— Meu filho ficou um ano nessa academia e não fugiu de nada... Foi ignorado, humilhado e tudo mais... Mas ele ficou até o fim! ATÉ O FIM! E agora... Agora isso...

Em seguida, Tahn também entrou na sala:

— Ele sempre lutou contra mim. Eu nunca peguei leve com ele com minhas chamas... E ele lutou com tudo. Eu mesma não consigo aguentar seus golpes. Preciso fazer toda uma estratégia de luta pra manter ele longe de mim pra enfim ter alguma chance... Como é que vocês não viram isso durante os treinos no ginásio? Acho que eu sei...

As palavras de Tahn deixaram Mu mais a vontade e acolhido. Todavia, o diretor estava disposto a seguir com o proposto:

— Isso não importa. Um combate real é necessário. Quem decide isso é a bancada da diretoria e estamos entendidos quanto a isso, senhorita.

Sabendo de que não haveria muito o que fazer, Tahn tomou uma decisão drástica:

— Ok... Então eu luto contra o Mu no lugar do Cid.

— Senhorita, não é assim que as coisas funcionam. Musrie e Cidal são os dois postulantes cujas características são parecidas. Por isso a escolha.

— E se eu dizer que tudo isso é um esquema?

— Senhorita, tenha muito cuidado com o que está dizendo...

— E porque ela deveria ter cuidado? – Perguntou Sra Matsuzawa.

A mãe de Mu teve sua resposta, mas do jeito mais desagradável possível e por uma pessoa que ela não gostava.

— Porque existem pessoas que se importam de verdade com nossas tradições.

Era o ministro Aldiiz, infame como Sra Matsuzawa o tinha.

— Não poderia esperar menos do senhor...

— Mulher, você sequer deveria estar aqui, para início de conversa.

— Como é?

— Mulheres na Academia Persania... Ora, já vi muitas arbitrariedades por cá, mas essa é a mais absurda.

Acreditem: Tahn não ficou calada.

— Eu estou aqui a um ano e firme e forte. Qual o problema?

— Você? – Disse Aldiiz, olhando para a jovem – Uma senhorita como você não deveria estar aqui também... Senhor diretor Jismael, o que me diz disso?

— Caro ministro, a postulante Tahniiswara Al’Halawi Panthoora foi devidamente inscrita a academia pelo nosso excelentíssimo emir Gran Rajad.

— Hm... É mesmo? Curioso... Nosso emir definitivamente é um monarca aberto a discussões e diversidades... Entretanto para tudo existem requisitos. Não é mesmo, senhor diretor Jismael?

— Precisamente, caro ministro.

A Sra Matsuzawa, indo também em defesa de Tahn, não perdeu tempo:

— O que querem dizer com isso?

— Simples, mulher... – Aldiiz estava indócil – Competência vem com averiguação e zelo. Decidimos colocar o postulante Musrie em avaliação de aptidões. Mas como temos também uma garota por cá, então...

— ... o melhor será incluir a senhorita postulante Tahniiswara Al’Halawi Panthoora ao exame Qabul Birasan também.

Aquilo caiu como uma bomba para todos. Mas o diretor continuou:

— Musrie e Tahniiswara serão enfrentados pelos dois melhores e mais bem avaliados postulantes da Academia Persania: Cidal e Giomeh. Será um duelo aberto, sem proteções. Precisamos testá-los em um combate real. Estejam preparados.

A comoção foi imediata. Ninguém estava concordando com aquilo. Seja Mu ou Tahn, os dois estavam bastante contrariados e irritados com essa decisão nada sensata. A Sra Matsuzawa subiu o nível dessa revolta, dizendo:

— Não conseguiram impedir meu filho a um ano atrás porque ele não tinha chamas. Pois bem, ele está aqui. Agora querem tirar a prova... O que ele tem que provar?

— Aptidão. Somente os mais habilidosos e tênues postulantes que carregam consigo as Flames of Persania tem essa honra... – Disse Aldiiz, com um tom debochado em sua fala – Mas vejam só... Seu filho não tem, não é? Então, senhora... Ele terá de provar ser apto. Ou será que preciso detalhar mais?

Mu, embora não concorde com a decisão, ele pegou outro assunto:

— Mas a Tahn tem as Flames of Persania! Ela não tem nada a ver com isso!

— Mu, não! Eu quero fazer parte dessa discussão! – Disse a jovem.

— Não, Tahn... Essa decisão é ridícula. E é mais ridículo ainda eles te envolverem nisso!

— Jovenzinho... – Disse Aldiiz, um pouco irritado – Trate de ter muito cuidado com o que diz...

— Porque? Estou falando alguma mentira em dizer que vocês são só um bando de preconceituosos?

— Retire o que disse... Agora!

Como se a mãe de Mu disse ficar calada frente a isso:

— Ele está certo... e eu vou proteger meu filho e sua amiga! Tahn, eu agradeço pelo apoio, mas acho que é hora de você ir embora. Seus pais precisam saber o que essa gente maluca está prestes a fazer conosco!

O clima entre Aldiiz e a Sra Matsuzawa era o pior possível. E o ministro desta vez disse:

— Fico me perguntando por onde andas o Sr Al’jazii. Não é possível que sua mulher tome essas atitudes...

— Em primeiro lugar, cuide de sua própria vida. E em segundo, meu amado marido tem plena confiança em mim e se importa comigo e como penso. E terceiro... MEU NOME É SENHORA MATSUZAWA PARA VOCÊ, SEU SAMIK! (Grosso em árabe).

Cansada de ficar dialogando e vendo que era inútil continuar com a conversa nada produtiva, Mu foi levado por sua mãe para fora da academia. Irritada, ela deixou transparecer toda sua revolta para todos os que estavam em seu caminho junto com seu filho.

A notícia se espalhou por toda a Academia Persania. Cid e Gio ficaram sabendo no mesmo dia que iriam duelar com Mu e Tahn, onde os dois viraram praticamente celebridades entre os postulantes. Isso era porque todos da academia tinham de fato antipatia total pelo Maleun e a garota possuidora das chamas vermelhas da Kyubiko.

 

“O Maleun e a Kyubiko cairão”

 

“Vocês farão justiça. As Flames of Persania queimarão o amaldiçoado”

 

“Uma garota nunca deveria ter colocado os pés em nossa renomada academia”

 

“Cid e Gio, os postulantes salvadores da nossa tradição”

 

As frases eram muitas, ditas conforme os dias se passavam. O clamor pelos alunos a dupla de postulantes era repetido em cada canto da Academia Persania. E a Mu e Tahn... restou somente a biblioteca como porto seguro, de praxe.

Durante as aulas, o show de provocações e indiretas corria solta. Os dois constantemente eram alvo de referências a sua “maldição” e “quebra de tradição”.

O pior: até o corpo docente da academia adotou essa postura nada inclusiva. Até Dukes apoiavam a dupla Cid e Gio, deixando de lado Mu e Tahn.

Era o pior cenário possível.

Continua.


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Notas finais do capítulo

Fortes emoções os aguardam no próximo capítulo!



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