Together escrita por AkemiAmy


Capítulo 1
Forever


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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    Um grande empresário. Um dos maiores do país. Possuía várias empresas espalhadas ao redor do globo e obviamente com tamanhos bens, vinha também grande influência e poder. Mas ainda assim, mesmo com tamanho poder ainda era um ser findável, mortal que não tinha outro destino a não ser a morte, esse era o ciclo, o destino que nem com todo o dinheiro que havia adquirido não escaparia. 
    Mas claro não ia deixar tanto dinheiro e poder escapar assim pelos dedos. Precisava repassar tal herança, e para isso, precisava de um herdeiro. Um herdeiro forte para lidar com todas as pressões e responsabilidades que vinham com tal cargo.
E foi isso que procurou, entretanto havia um pequeno detalhe que o impedia. Sua esposa.

    Nunca fora o mais honesto dos homens muito menos o mais gentil. Sentimentos? Não eram necessários, tudo foi embora com suas ambições. Era isso que pensava. Mas parece que nem mesmo o mais frio dos homens resiste ao amor.
    Digno de um filme de romance, o grande e poderoso homem de negócios se apaixona pela simples e delicada camponesa que trabalhava na pequena floricultura de sua família.
A garota gentil e honesta encanta o homem que mesmo com seu jeito frio também a conquista e depois de não muito tempo os dois se encontram casados.
    Mas como em qualquer filme de romance, não pode faltar algum problema pro casal enfrentar. Nesse caso era a saúde de sua esposa.
Desde cedo a mulher apresentava seu sistema imunológico debilitado, de forma que qualquer vento mais forte poderia acabar a adoecendo. E obviamente tal condição dificultava que a mesma engravidasse.
    Mesmo assim os dois não desistiram e, depois de alguns meses, foram agraciados com a notícia de que a mulher estava grávida. E pela primeira vez desde muito tempo a expressão fria do homem de negócios se quebrou e só faltou soltar fogos.
    Mas a felicidade do homem não durou muito, mais especificamente 5 meses, até descobrirem que a criança era uma garota.
    A mulher continuava radiante, pois mesmo com todas as adversidades ainda conseguir gerar vida. 
    Mas e o homem?
    Ah, o homem?
    Preso em sua visão fechada de grande empresário influente só pôde lamentar. Afinal, toda a sua expectativa de ter enfim seu forte herdeiro foram jogadas no lixo. E ao se recuperar do choque ajeitou sua postura e, voltando a sua comum expressão fria e distante, fez uma das piores sugestões que um ser humano pode fazer.
    Aborto.
    Uma palavra que faz muitos se arrepiarem. E ele com a face límpida, ignorando todas as emoções do cônjuge, o disse, quebrando de uma vez todas as expectativas da futura mãe.
    Porém, a mulher poderia ter uma saúde frágil, mas e sua determinação? Sua força de vontade e ímpeto? Esses não eram. Podia ser considerada fraca por muitos, mas ela sabia a verdade. E por isso sem nem pensar negou, dessa e em todas as vezes que foram ‘sugeridas’ pelo marido. Não entregaria sua filha para morte antes mesmo dela nascer.
    E é nesse ponto, depois de tanta enrolação, que eu começo a história de verdade.
Porque eu poderia falar de todas as brigas do casal, de todos os problemas, de todas as visitas ao hospital, mas eu estaria ignorando a real protagonista dessa história.
    A criança, que graças a luta de sua mãe, pode nascer e ter a chance de viver, embora fácil tenha sido a última palavra que poderia se descrever sua vida, afinal, para quem que a vida da folga?
    Ninguém.
    E desde cedo a criança teve que conviver com essa realidade.
    A garota cresceu com poucos contato com o pai, que após seu nascimento se trancou no escritório e os poucos encontros que tinham eram recheados de olhares de desprezo por parte do progenitor, que faziam a criança se encolher e correr para sua mãe.
    Sua mãe.
    Seu porto seguro.
    Seu único apoio quando não tinha o de mais ninguém.
    Dizem que os pais são os pais são os super-heróis dos filhos. A criança teve que discordar.
    Quem tinha a paciência de ouvir suas lamúrias.
    Quem cuidava dela quando ficava doente.
    Quem tinha a energia para brincar com a mesma e a ajudar a aproveitar a magia da infância.
    Quem sempre esteve do seu lado.
    Fora sua mãe
    E com a companhia desta, mesmo com todo o ódio do pai, a criança pôde afirmar com certeza e sem pestanejar, teve uma infância feliz.
    Mas até onde vai a infância?
    Várias pessoas tem ideias diferentes sobre até que ponto uma pessoa deve ser chamada de criança.
    A criança também não sabia em que ano que a infância de alguém normal acaba. Mas ela sabia quando a sua acabou.
    Quando todos os seus sonhos de criança desabaram.
    Quando todas as brincadeiras perderam a cor.
    Quando perdeu a única pessoa que se importava com ela.
    Quando... sua mãe morreu.
    A criança não tinha contato com seu pai. Mas nos bastidores este ainda queria seu herdeiro e assim quando a criança tinha acabado de completar 6 anos sua mãe engravidou.
   E aos 7 anos a criança recebeu seu irmão e a data que deveria ser uma das mais felizes de sua vida se tornou escura quando descobriu que sua mãe não resistiu ao parto.
    A criança que não era mais criança queria odiar o irmão, queria se convencer de que fora ele quem matou sua mãe e odiá-lo. Mas não conseguia. Não importava o quanto tentasse, era só ver o sorriso do novo integrante da família que inconscientemente um sorriso se abria em sua face e ela tinha vontade de vela-lo para sempre.
    E então finalmente compreendeu.
    Não importa o quanto tentasse odiar a nova criança, jamais conseguiria, pois, sem que percebesse, ela abriu espaço em seu coração e a fez ama-la.
    Sim. Com certeza, amava seu irmão. E estava determinada a cuidar do mesmo, assim como sua mãe fez consigo.
   Mas nem sempre determinação é suficiente para salvar o dia e assim a infância da nova criança, assim como a da irmã, se findou cedo.
   Ele tinha 7 ela tinha 14 e seu pai decidiu que ia ser mais presente na vida dos filhos. Mas quem disse que ia ser no bom sentido?
   O pai havia conseguido um filho homem e saudável, mas ainda não era suficiente. Seu herdeiro tinha que ser uma pessoa inteligente e que meio melhor de desenvolver esta do que trancar o filho na biblioteca da mansão e mantê-lo estudando todos os dias com uma agenda extremamente fechada e apertada.
  Bom não importa, pois foi isso que ele fez.
    Durante todo o dia o garoto estudava sobre tudo desde as  matérias básicas da escola até música, e esportes e a noite quando tinha suas poucas horas de descanso passava na companhia da irmã, que pedia desculpas repetidas vezes por não conseguir fazer nada e quando se cansava de insistir nisso jogava conversa fora, contava história ou cantava enquanto acariciava os cabelos do irmão até este adormecer. Isso se repetiu por dias, meses, anos.
    Agora ela tinha 18 e ele tinha 11 embora com certeza mais maduros que pessoas das suas idades.
    Um dia pouco antes de adormecer o irmão notou uma lágrima solitária caindo dos olhos da irmã, mas não pensou nisso por muito tempo, logo adormeceu.

    Depois do acontecido ele começou a reparar mais na irmã e sempre que fazia isso queria se dar um soco por ser tão cego. 
    Um hematoma coberto por maquiagem, mas ainda visível. Quando fora a última vez que vira a irmã sem mangas longas? E os cachecóis em pleno verão? Estava tão cansado a ponto de não perceber essas coisas?
Tinha decidido conversar com a irmã sobre aquilo essa noite. Porém ela não veio. 
    Nunca se sentiu tão preso quanto naquela semana sem nenhuma notícia da irmã. Não tinha permissão para sair do quarto sem ser para estudar por isso era a irmã que sempre ia ao seu encontro. Nunca havia pensado que a irmã simplesmente pararia de vir der repente.
    Na oitava noite sem notícias já tinha seu plano de fuga montado. Se a irmã não ia até ele, ele ia até ela. Mas não foi preciso.
Pouco antes de pôr seu plano em pratica sua irmã entra no quarto pela passagem que sempre usava.
    Já ia começar o interrogatório quando percebeu o corpo tremulo da irmã. 
    Correu rapidamente ao seu encontro e a abraçou, sem falar nada, sabia que ela precisava disso agora. Uma das vantagens de passar tanto tempo com uma pessoa.
    Depois de um tempo apenas acariciando os cabelos da irmã como ela sempre fazia com ele ela finalmente se acalmou e se sentou na cama sendo seguida pelo irmão. O silêncio predominou por um tempo até que ela finalmente tomou coragem para abrir o jogo.
Começou aos 15 anos. 
    A empresa não ia bem. Uma crise mundial, os ganhos começam a cair, duas filiais vão a falência e todo o poder que lutou o homem havia lutado tanto para conseguir e manter ruía em questão de meses. 
E qual a melhor solução para isso? Porque não beber até cair? É bom, não é? Esquecer de tudo. Todos os problemas. Porque simplesmente não esquecer tudo? Quem se importa com um pouco de dor de cabeça de manhã?
    E foi isso que fez.
Toda a pose de homem de negócios indo ao chão em questão de segundos se tornando só mais um bebum. Só mais um de muitos que querem esquecer de todos os problemas.
Mas nem o álcool era suficiente para ele.
   Ainda estava estressado.
   Ainda lembrava.
   Nem o álcool funcionava mais, ele não mais o fazia esquecer apenas transformava suas amarguras em raiva, raiva que o fazia borbulhar e querer esquecer o pudor descontar seu estresse.
   Enquanto pensava nisso e andava tonto pela casa. Tromba em alguém.
Sua filha.
   O início de seus problemas.
   Quem virou sua esposa contra si.
   E quem garante que sem ela a esposa ainda estaria aqui?
   Quem garante que não foi ela que sumiu com os documentos que iniciaram de verdade a falência da empresa?
   As pessoas não raciocinam quando estão sobre o efeito do álcool.
Elas se tornam animais controlados pelos instintos perdendo completamente o raciocínio.
    E isso ocasionou naquela noite.
    Aquela terrível noite que fez a criança mal conseguir levantar no dia seguinte.
   Todos os seus músculos doíam.
   Os cortes ardiam.
   E os hematomas marcavam sua pele deixando bem claro que não esqueceria aquela noite tão cedo.
   Isso claro se desconsiderarmos o fato de o homem ter gostado da experiência e decidira continuar. Dia após dia tendo como único consolo as noites que passava com seu irmão. Sua única luz. O único que realmente ligava para si e que podia ser considerado seu único e verdadeiro amigo e companheiro. O único com quem podia contar.
     Isso é claro até receber a notícia de que não mais poderia vê-lo, dessa vez para valer. Haviam dois guardas na frente de seu quarto a impedindo de sair e com certeza o quarto de seu irmão se encontrava na mesma situação.
     Passara a semana pensando em um jeito de sair sem ser vista até que quando finalmente achou a solução, seu pai apareceu e como sempre tremeu e abaixou a cabeça já sabendo o que vinha a seguir.
    Ao final só queria sumir.
    E no final, por que não sumia?
    Levantou e pegou a lâmina que sempre guardava no criado mudo enquanto criava coragem para tomar a decisão final.
    E então, porque não havia feito isso antes?
    Não lembrava.
    E não se importava.
    Não mais.
    Aproximou a faca dos pulsos até que uma imagem veio a sua cabeça e a fez tremer.
    A lâmina agora parecia pesar quilos e logo caia no chão junto de seu corpo tremulo que se encolhia enquanto vários flashes das noites que passou com seu irmão vinha a sua mente.
   E então correu, dane-se o plano, usou a passagem de sempre que não mais estava interditada por algum motivo que não a interessava no momento.
    Só precisava dele. Não importava se ele a veria naquele estado deplorável. Ela precisava dele.

    O curto percurso parecia durar horas, suas pernas pareciam de chumbo e tinha um nó tão grande na garganta que mal conseguia respirar. Mas tentava ignorar aquilo. Se o fizesse travaria e não conseguiria chegar ao seu destino, desmaiaria ali mesmo.
   Quando finalmente chegou no local tão comum o nó afrouxou não deixando seu peito, mas a deixando considerando mais leve. E então ela avistou seu irmão se preparando para pular a janela e então deixou as lagrimas que nem sabia que segurava caírem. Se sentiu sendo abraçada e chorou ainda mais a ponto de soluçar deixando toda a dor se esvair naquele abraço extremamente atrapalhado, mas confortável considerando toda a situação.
   E aquela noite ela que foi confortada, ela que teve todas as suas dores ouvidas enquanto o irmão anos mais novo mais novo a consolava e dizia palavras de conforto para ela.
   E daquele jeito os dois adormeceram, com o rosto ainda molhado pelas lágrimas abraçados de um jeito não muito confortável, mas com sorrisos no rosto tendo todas as dores abafadas pelo calor um do outro.
   O garoto agora tem 17 anos e enquanto almoça observa a grande cicatriz de bala no ombro da irmã e lembra de quando está a adquiriu enquanto os dois fugiam da mansão onde viviam (carinhosamente apelidada de prisão pelos irmãos) quando ainda tinha 11 anos e tudo que os levou a fugir.
   Era impressionante em como fazia tanto tempo e ainda parecia que fora ontem o acontecido. Faziam anos, mas as memórias ainda estavam vivas em sua cabeça e marcadas em seus corpos.
   Mas isso não os abalava. Não mais. Prometeram deixar o passado de lado, curtir o presente e formar o futuro. Juntos. Pois enquanto tiverem um ao outro ficariam bem. Sabiam disso.


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