I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 8
Jinx


Notas iniciais do capítulo

Capítulo revisado e atualizado em 08/07/2021



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Jinx - Capítulo VIII

— É sério isso, meu Lord? – questionou Ilka, dando um destaque ao codinome.

Todos haviam deixado a sala de reunião, e agora a loira se encontrava sozinha com Tom novamente. A reunião havia sido no mínimo interessante. O menino Riddle possuía muitas opiniões em comum com ela, e isso a agradava. Poderiam ser muito bons aliados.

— Qual o problema? Não me incomoda nem um pouco ser chamado de Lord.

— É claro que não incomoda, você gosta de títulos que condizem com poder. Eu só não estava esperando por isso. Não sabia como reagir quando ouvi Walburga e Abraxas dirigindo-se a você como Lord Voldemort. Há quanto tempo é conhecido assim?

— Não muito. Quando descobri que Tom Riddle era o nome de meu pai trouxa não suportei a ideia de ser chamado da mesma maneira. Eu quero ser grande algum dia, entende? Ser conhecido e temido, não conseguiria construir a reputação que desejo com o mesmo nome de um trouxa insignificante – Tom, que agora preferia ser chamado de Voldemort, explicou.

— Faz sentido – admitiu – Mas não me impede de continuar achando formal demais.

— Se preferir, eu posso fazer com que meu seguidores se dirijam a você como Milady no próximo encontro – disse, dessa vez com um sorriso malicioso.

— É oficial, você está andando demais comigo Riddle – riu Ilka.

— Talvez, por quê? Te desagrada?

— Nem um pouco! – ela respondeu, com um sorriso igualmente malicioso – Bem, está tarde. Não vou enrolar demais pois amanhã temos aula de transfiguração. Boa noite, Riddle – Ilka se despediu, enfatizando o sobrenome trouxa do garoto.

— Boa noite, Milady – provocou ele em retorno.

Ao voltar para o dormitório, notou que Walburga não estava ali. Provavelmente teria voltado para enfermaria, pelo que conhecia, a garota era extremamente orgulhosa, e suspeitava do envolvimento de Ilka com seu ataque em Hogsmeade, então não queria se passar por fraca. Por isso estava evitando as aulas.

Era óbvio, o efeito da poção deveria durar no máximo um dia inteiro e pela quantidade que a Black havia tomado, o certo seria apenas algumas horas. Ela estava se passando pela garota indefesa que havia sido envenenada. 

Ilka não suportava esse teatrinho barato de Walburga, afinal, de atriz ali já bastava ela.

O dia amanheceu depois de algumas horas e a menina não havia tido sua melhor noite de sono, pois parte dela fora sacrificada ao comparecer na reunião de Tom. Ignorou o seu cansaço e levantou-se para se arrumar para o dia.

Depois de ter o seu uniforme devidamente vestido, subiu para o salão principal, onde tomou café da manhã rapidamente, junto de Emma. 

Naquela manhã, optou por tomar café no lugar de chá, pois sentia necessidade de uma energia extra, cogitou inclusive a possibilidade de voltar para o quarto e tomar uma poção revigorante.

Emma tagarelava sobre os novos prometidos de Hogwarts, alunos que iriam se casar assim que se formassem, e Ilka fingia escutar. Foi assim durante um bom tempo, até deixarem a mesa de café da manhã e alcançarem a sala de transfiguração.

A sala era alta e bem iluminada, ficava em um corredor parcialmente aberto, que também dava acesso às estufas, onde havia as aulas de herbologia. As mesas acomodavam dois alunos cada e Ilka acabou sentando-se com Emma em uma das primeiras carteiras da fileira, onde teriam uma visão melhor do quadro e da mesa do professor.

Alvo Dumbledore era quem ensinava a matéria. 

O professor era alto, seus cabelos eram castanhos com alguns sinais do grisalho já aparecendo, e alcançavam-lhe os ombros, a barba de mesma cor já lhe cobria o pescoço. Usava sempre ternos elegantes e diversos anéis em seus dedos. Não possuía o visual mais refinado, mas Ilka não podia negar que o homem tinha estilo.

— Bom dia, classe! – cumprimentou o professor ao passar pela porta.

Ao invés de optar por um clássico terno, naquele dia o professor parecia mais despojado, exibindo um colete cinza, que combinava com as calças sociais de mesma cor. As mangas de sua camisa social branca estavam dobradas até os cotovelos, mas em seus dedos ainda havia muitos anéis, alguns inclusive com pedras coloridas.

Ainda existiam muitas cadeiras vazias no cômodo, mas isso não impediu o professor de começar sua aula. Dumbledore era um homem muito inteligente e habilidoso, e Ilka achava um desperdício que ele fosse somente professor de transfiguração, merecia ao menos uma matéria digna, ela pensava.

— Hoje, aprenderão um feitiço utilizável em duelos: Incarcerous – anunciou o professor, correndo o seu olhar pela turma – Alguém é familiarizado com o feitiço e pode explicar sua função?

Ilka instantaneamente levanta sua mão, assim como alguns outros três alunos na sala que ela não fez questão de ver quem eram. Dumbledore não demorou muito para pousar o seu olhar sobre a garota. 

Ele observou-a e a loira se sentiu invadida por um momento, sabia que ele não tentava entrar em sua mente, mas ainda assim sentiu em seu olhar que ele parecia conhecer sua história e seus feitos.

— Senhorita Bagshot? – ele lhe passou a palavra.

— É uma magia de conjuração, o feitiço evoca cordas que prendem o alvo – explicou resumidamente.

— Isso mesmo, a senhorita consegue demonstrar o feitiço para a classe? – perguntou Dumbledore, escorando-se na mesa do professor.

— Consigo – afirmou com convicção.

— Ótimo! Por favor, venha à frente, o senhor Collins não se importará de ser o seu alvo, tenho certeza.

Ilka se levantou, com a varinha já em mãos, e se colocou na frente da turma, no largo espaço entre as mesas dos alunos e a mesa do professor.

 O tal Collins se levantou. Ele era um Grifinório, e parecia envergonhado pois muito provavelmente conversava durante a explicação do feitiço. Era um garoto alto e de pele escura, com cabelos cacheados bem rentes à cabeça. Parecia forte e a loira tinha certeza que ele jogava quadribol.

Collins encarou a menina de cima a baixo, e julgou pela sua aparência que não havia muito a temer, afinal, Ilka com seus míseros um e sessenta de altura, e cabelos loiros cacheados delicadamente não passava medo em ninguém.

Collins esperava para que o professor desse a deixa e a loira em sua frente pudesse demonstrar o feitiço, porém Ilka não esperou muito. Pensou por um momento em realizar a magia não verbalmente, mas lembrou-se que a melhor opção seria não chamar muita atenção.

— Incarcerous!

Longas cordas grossas saíram da ponta de sua varinha, envolvendo o corpo do garoto. 

Em menos de um minuto ele estava todo amarrado e amordaçado, o que fez com que ele caísse no chão de maneira desajeitada, conseguindo algumas risadas de seus colegas. Dumbledore sorriu para a garota e bateu palmas.

— Muito bom! Dez pontos para a Sonserina – ele anunciou, levantando-se e com um breve gesto de sua varinha fez com que as cordas que prendiam o grifinório desaparecessem – Anotem o que aprenderam sobre o feitiço e tentem treiná-lo depois. Caso não vejam utilidade, vou ressaltar aqui: é uma magia de nível avançado, e é cobrada nos NIEMs.

O professor Dumbledore explicou mais algumas coisas sobre o feitiço e chamou alguns alunos para tentarem. A aula se estendeu durante mais alguns longos minutos, mas não demorou muito para que o professor liberasse a classe.

— Senhorita Bagshot? Gostaria que ficasse mais um pouco – pediu o professor, e Ilka que já tinha todos os seus materiais guardados esperou.

A loira lançou a Emma um olhar para que ela esperasse do lado de fora da sala. Os outros alunos deixaram o cômodo e Ilka se aproximou de Dumbledore.

— Em que posso ajudar, professor?

— Em nada, eu só gostaria de conversar um pouco com a senhorita. Já conheço o suficiente dos outros alunos, mas sinto que eu não tive a chance de criar laços contigo ainda – explicou, com uma expressão amigável em seu rosto.

Alvo Dumbledore encarou a menina por alguns segundos e Ilka não deixou de notar alguns de seus traços. 

O professor possuía olhos azuis cintilantes, que pareciam enxergar todos os seus segredos, e o seu nariz era levemente torto, como se houvesse quebrado no passado.

— Mais cedo quando demonstrou o feitiço em Harvey Collins tive a impressão que poderia ter feito melhor.

— Pensei que minha execução tivesse sido perfeita – respondeu a loira, com a sobrancelha levantada.

— E foi, mas sua expressão denunciava que poderia ter feito melhor. Era quase como se estivesse frustrada por não poder demonstrar sua habilidade por completo – explicou o homem.

— Senti que conseguiria facilmente realizar o feitiço de forma não verbal – admitiu Ilka – Imaginei que seria melhor demonstrar para a classe da maneira convencional.

— Compreendo – ele disse, ainda analisando o visual da aluna em sua frente – Tenho a impressão de que a senhorita me é familiar.

— Familiar? Impossível. Não me lembro de ter lhe conhecido antes professor – falou, com um tom diferente. Aquele pequeno deslize deixou Alvo em alerta.

— Provavelmente nunca a vi antes mesmo, mas isso não a torna menos familiar. Conheci sua tia no passado, sabia? Também conheci outros membros de sua família... – sua última frase soou como um pensamento que havia deixado escapar em voz alta.

Por um momento o rosto de Dumbledore pareceu tomado por tristeza, mas ele logo se recompôs.  O professor pareceu pensar por alguns minutos, como se uma ideia passasse rapidamente por sua cabeça e nesse momento, Ilka foi quem entrou em estado de alerta. 

Antes de ir para Hogwarts seu pai havia lhe avisado para que tomasse cuidado com Alvo Dumbledore.

— Creio que seja filha do irmão caçula de Batilda, certo? Quem são seus pais Ilka? – ele perguntou, usando o primeiro nome da menina.

— Orsolya Kocsis e Zander Bagshot – a menina respondeu, rapidamente – Todos dizem que eu pareço mais com minha mãe.

— Zander? Não conheço nenhum Zander Bagshot.

— Ele é filho de Bill Bagshot - explicou Ilka – Não sou realmente sobrinha de Batilda, na verdade ela é minha tia-avó.

— Oh, faz mais sentido. Não sabia que Bill havia se casado – Dumbledore pensou – Pode ir se quiser Ilka, não vou ficar lhe prendendo aqui por muito mais tempo.

— Acho melhor eu ir mesmo, tenho aula de Defesa Contra as Artes das Trevas agora – ela disse, arrumando sua bolsa de materiais sobre o ombro esquerdo – Professor, o senhor pode me ajudar com algo antes?

— Claro! O que seria?

— Estou tentando criar um feitiço, alguma dica de como começar?

— Que tipo de feitiço você deseja?

— Nada muito complicado... Somente uma marca, queria de alguma forma passar o desenho de um papel para o ar, criar um feitiço para toda vez que eu quisesse esse desenho nos céus, entende? – Ilka explicou, tentando ocultar o máximo de informação possível.

— Bem, nesse caso o mais fácil seria você mentalizar o que quer. Muitos feitiços não precisam de uma pronúncia, apenas o sentimento de querer, como em um não-verbal. Faça da mesma maneira, mentalize e sinta, se estiver fazendo da maneira certa a palavra pode surgir em sua cabeça – explicou o homem.

— Ok, obrigada professor. Até mais! – se despediu Ilka, saindo pela porta da sala de transfigurações com um plano já em mente, ansiosa para executar o que havia acabado de aprender.

Ilka assistiu o restante das aulas da manhã frustrada, pois queria acabar tudo aquilo rápido e ir treinar o feitiço. Almoçou com Emma, e assim que se viu livre no período da tarde, passou horas na sala precisa, seguindo os conselhos do professor Dumbledore para a criação do novo feitiço, consultando de tempos em tempos os desenhos e anotações de Tom.

Quando finalmente conseguiu que um dos desenhos se materializasse em sua frente com uma luz verde, Ilka quis gritar de alegria. E Alvo Dumbledore estava certo, uma palavra realmente viera em sua mente.

Sem conter sua felicidade, Ilka desceu correndo desde o sétimo andar até as masmorras, pois sabia que encontraria Tom Riddle na sala comunal da Sonserina. 

Não estava errada, assim que passou pela porta avistou o garoto conversando com Orion e Walburga Black. Ansiosa para demonstrar o que havia conseguido, Ilka apenas se aproximou de uma vez, ignorando o casal com quem Riiddle conversava.

— Preciso te mostrar uma coisa, vem comigo – ela disse e o puxou pelo pulso para fora da sala comunal.

Tom não teve a chance de se despedir de sua companhia e Ilka nem se deu o trabalho de olhar para suas expressões. Estava farta dos Black. A loira continuou puxando o monitor da Sonserina até alcançarem os limites do castelo, onde ela conseguiu uma boa visão do céu, que a essa hora era tomado pelo crepúsculo vespertino.

— Não precisava me puxar dessa maneira, sabia? – Riddle comentou com um tom divertido – Se quisesse um momento a sós comigo para observar o anoitecer era só dizer.

Ilka o encarou com uma expressão séria e Riddle refletiu, ele nunca a tinha visto daquela maneira. 

A menina era sempre sorridente e cheia de comentários maliciosos ou maldosos, era estranho vê-la séria daquele jeito. O olhar de Ilka desceu por um momento e ela pareceu se envergonhar por alguns segundos, foi quando ele notou que ainda segurava sua mão.

A Grindelwald soltou a mão dele de uma só vez, com um movimento brusco e tirou a varinha do bolso interno de sua capa. Tom observou seus movimentos, confuso.

— Morsmordre! – pronunciou ela, apontando a varinha para o céu.

Um raio verde partiu dela, e foi em direção ao céu. A paisagem que antes variava em tons de azul escuro e vermelho, devido ao sol se pondo, agora tinha uma clara imagem verde desenhada, que Tom reconheceu como sendo um de seus desenhos. 

Era um enorme crânio em cor esmeralda, que se abria lentamente e de sua boca saía uma cobra, como uma língua, e a imagem parecia estar rodeada por uma leve fumaça esverdeada.

Ilka sorriu para Tom, orgulhosa de seu próprio trabalho e o garoto parecia hipnotizado pela obra de arte feita no céu. 

Ele encarou sua parceira, com um sorriso verdadeiro em seu rosto, e naquele momento Ilka não deixou de pensar o quanto os seus olhos ficavam bonitos com o reflexo da luz refletida neles.

 


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