I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 4
Curse


Notas iniciais do capítulo

Capítulo revisado e atualizado em 07/07/2021



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Curse - Capítulo IV

— Você fala enquanto dorme, fiquei preocupada e tentei te acordar esta manhã, mas não consegui te encostar. Parece que tem uma barreira ao redor de sua cama – Emma disse enquanto mordia um pedaço de sua maçã.

Era a segunda semana de aula após o feriado prolongado, e por isso o salão estava cheio. Tinham o horário antes da última aula do dia livre, e resolveram tirar esse tempo para fazer um lanche. 

Ilka misturava pacientemente uma colher de mel em sua caneca de chá de camomila enquanto ouvia a ruiva ao seu lado falar.

— É porque realmente tem uma barreira ao redor da minha cama. No dia em que conheci Walburga eu lancei alguns feitiços de proteção para que eu pudesse dormir seguramente. Ela me pareceu covarde o suficiente para tentar me atacar durante o sono – explicou, experimentando de sua bebida logo em seguida.

— Não tenho dúvidas de que ela tentaria, talvez até já tenha tentado e a gente não saiba – disse rindo – Enfim, acho melhor irmos, ou vamos acabar nos atrasando para a aula do Slughorn.

Naquele dia tudo parecia conspirar contra Ilka.

 Macmillan e Bagshot chegaram na sala praticamente na mesma hora que o professor de poções, enquanto todos os outros alunos já estavam sentados, e a única mesa sobrando era na lateral direita, no primeiro lugar. As mesas eram ocupadas por dois alunos cada e para a sorte de Ilka logo atrás estavam sentadas Lucretia Black e Druella Rosier, e ao lado esquerdo da mesa estavam Walburga Black e Tom Riddle.

Respirou fundo antes de se acomodar na mesa, com Emma Macmillan de dupla. Tirou de sua bolsa um exemplar do livro A Mulher Sem Varinha, de Constantine Nott e estendeu-o sobre a mesa. Pôs-se a ler o livro e não deu muita importância para o que o professor falava, pois tinha facilidade com a matéria.

Horácio Slughorn era o professor de poções e diretor da casa de Sonserina. Este, era da altura de Ilka, e possuía cabelos cor de palha bastante ralos na cabeça, sendo quase careca, dono de um físico notavelmente arredondado. 

Ele organizou seus materiais em sua mesa enquanto aguardava a turma ficar em silêncio. Assim que conseguiu fazer com que a sala se acalmasse, ele apontou a varinha para o quadro negro atrás de si, e ali se tornou legível o assunto do dia.

— Poção da paz – ele leu o quadro – Alguém pode me explicar o que é?

Tom e Ilka foram os únicos a levantarem as mãos. O professor pareceu animado com isso e os dois se encaram. Tom aparentou estar levemente frustrado por finalmente ter uma competição para as aulas e Ilka percebeu isso, fazendo com que um sorriso aparecesse em sua face.

— Damas primeiro – disse o professor, ansioso para ver a nova aluna interagindo com sua aula.

— A poção da paz serve para cessar a agitação e abaixar a ansiedade de quem a bebe. É uma poção comum e fácil de ser feita, além de bastante útil. Não tem nenhum odor e sua cor é prateada – explicou Ilka.

— Muito bom, senhorita Bagshot. Senhor Riddle, sabe me dizer o que acontece a um bruxo que toma uma quantia excessiva dessa poção?

— A pessoa entra em sono profundo, se a quantidade for realmente alta talvez nem acorde mais – respondeu o garoto.

— Muito bom! Cinco pontos para cada. As instruções dessa poção estão na página 64, quero ver vocês trabalhando agora, lembrando que os melhores da turma sempre têm uma recompensa no final.

A poção era extremamente fácil para Bagshot, que apenas seguiu as instruções e voltou a ler seu livro, dando uma mexida na poção com a varinha de tempos em tempos, enquanto esperava ela ferver. Observava disfarçadamente também a poção de Emma, que estava boa, mas a garota queria adicionar algumas vagens a mais, quando Ilka segurou o pulso dela, impedindo-a.

— Não coloca, sua poção está boa – afirmou a loira.

— Eu sei, mas se eu colocar as vagens ela vai ficar mais potente – explicou a Macmillan.

— Poção da paz não tem que ser mais potente, pode ser perigoso. Ela é útil exatamente por ser mais fraca – Ilka rebateu, dando uma olhada em sua própria poção.

Notou que ela já possuía um tom prateado e apagou o fogo de seu caldeirão, contente com o resultado. Sentou-se em sua cadeira, voltando a apreciar a leitura que estava tendo minutos antes.

— Ilka, algo não está certo – Emma lamentou, parecendo nervosa.

A falsa Bagshot abaixou o seu livro, frustrada por interromper sua leitura mais uma vez, e se levantou da cadeira, dando uma espiada no caldeirão da colega. A poção que parecia ótima alguns segundos atrás não estava com uma cor prateada, mas sim esverdeada. Ela fervia, formando bolhas e o líquido parecia mais denso que o comum.

— Estava boa há não muito tempo, o que fez? – questiono.

— Nada, eu juro!

— Então o que... – Ilka não teve tempo de finalizar sua fala, pois as bolhas estavam cada vez maiores, e uma havia acabado de estourar, sujando seu uniforme e parte de seu rosto.

Assustada, ela se afastou do caldeirão a tempo de vê-lo explodindo.

 Ele liberou uma fumaça densa e escura, que não demorou muito para tomar conta de toda a sala.

— O que estão esperando, vamos, saiam logo! – o professor gritou para os alunos, empurrando-os para fora da sala.

Ilka não esperou, pegou sua bolsa e puxou Emma pela mão para fora da sala também. 

Emma parecia nervosa pela situação, além de levemente constrangida enquanto Ilka se mantinha em silêncio, com sua mente trabalhando para entender a situação. 

Os alunos murmuravam ao redor das duas, culpando-as pelo desastre, mas a loira não deixou de notar uma figura sorridente no corredor. Walburga Black encarava as colegas com um sorriso vitorioso. É claro, ela é tão previsível, pensa Ilka.

— A bagunça inteira ocorreu na mesa das duas, as senhoritas têm alguma explicação para a situação? – Slughorn questionou, visivelmente nervoso.

— Emma, você checou o seu caldeirão antes de começar a poção? – Ilka perguntou para a amiga, ignorando o professor, deixando-o ainda mais nervoso.

— O que está insinuando, senhorita? Eu mesmo limpo todos os caldeirões antes de começar a aula! – exclamou ele, irritado.

— O que estou insinuando é que a poção de Macmillan estava ótima da última vez que chequei, e repentinamente começou a adquirir cor e textura estranha, sem nenhum motivo aparente. O único ingrediente que poderia causar toda essa situação em contato com a poção seria pó de fura-funco – a loira explicou, pacientemente  – Que, se não me engano, é um produto facilmente encontrado em Hogsmeade, qualquer um da sala pode ter comprado e sabotado a poção dela, jogando uma pequena quantia em seu caldeirão antes da aula começar  – finalizou, o canto esquerdo de sua boca subiu levemente, em uma clara demonstração de afronta e superioridade.

O professor parou por um minuto, como se quisesse absorver toda a informação para analisar a possibilidade. Emma ainda se demonstrava nervosa, observando os próprios pés. Ilka, já frustrada por toda aquela situação, apenas puxou a colega pelo braço e seguiu em direção a sala comunal da Sonserina.

— Calma, Ilka! Não entendo por que essa pressa – reclamou Emma, ainda sendo puxada pela loira.

— Eu quero o mais rápido possível sair de perto daquela víbora! – Ilka exclamou, parecendo alterada.

— Como assim? Isso tem a ver com aquela teoria que você contou ao professor Slughorn?

Ilka ignorou a pergunta da amiga e pronunciou a senha, cruzando a sala comunal e seguindo em direção ao dormitório. Emma suspirou frustrada por ter sido ignorada, mas seguiu a amiga de qualquer jeito. Ao chegar em seu quarto notou que a Bagshot se encontrava sentada em sua cama, trocando os sapatos de fivelas por botas sem salto.

— Não vai me responder? Acho que está ficando meio paranoica Ilka, não entendo por que alguém teria colocado pó de fura-funco em meu caldeirão. Não consigo pensar em ninguém que queira me prejudicar – Emma disse, enquanto se sentava em sua cama, ainda observando a colega amarrar os cadarços da bota.

— Não queriam te prejudicar Emma, quando chegamos só havia aquela mesa disponível. Sendo assim, havia uma chance de 50% de que eu me sentasse em seu lugar. Não me sentei ali por sorte, alguém tentou sabotar o meu caldeirão, não o seu. E eu não tenho dúvidas de quem seja essa pessoa – explicou rapidamente, ainda frustrada.

— E quem teria sido essa pessoa?

— Walburga Black, é claro – respondeu como se fosse óbvio, enquanto tirava seu suéter e limpava os respingos de poção que havia em seu rosto com ele, jogando-o no chão logo em seguida – Eu te falei, encontrei com ela no dia em que fui a Hogsmeade com Tom, e desde aquele dia ela vem tentando me prejudicar de alguma maneira.

— Pensei que ela já teria esquecido isso.

— Eu também, mas hoje ela chegou bem perto de atingir seu objetivo. E meu orgulho é grande demais para deixar as coisas assim – Ilka respondeu, enquanto dobrava as mangas de sua camisa social até os cotovelos.

— E o que vai fazer?

— Vou dar a ela uma lição, é claro. Como? Isso é segredo meu por enquanto.

Ilka se levantou e pegou uma fita preta ao lado de sua cama, amarrando seus curtos fios loiros em sequência. Também pegou um pequeno frasco de vidro, o qual encaixou no cós de sua saia, e sua varinha, que escondeu em sua meia esquerda. Assim, considerando-se pronta para uma batalha, a Bagshot caminhou para fora não somente do dormitório, ou do salão comunal, mas sim para fora do castelo, rumo à floresta proibida.

O céu apresentava aquela transição do dia para a noite, mas na floresta sempre parecia ser noite. Ilka catou sua varinha da meia, e utilizando de um simples feitiço de luz, entrou na floresta.

As árvores eram tão altas que quase tampavam sua visão do céu, e era isso que tornava a floresta mais escura. As moitas pareciam se mexer anormalmente e Ilka tinha a impressão de estar sempre a ser observada, mas não se deixou abalar por isso. 

Ergueu o queixo, e com a varinha iluminando seu caminho, seguiu para o meio de toda aquela mata, sem se importar com a possibilidade de se perder.

Deu voltas e mais voltas na floresta, em busca da criatura, e já estava frustrada por ainda não a ter encontrado. Escorou em uma árvore, cansada do caminhar contínuo e descansou os olhos quando ouviu um galho quebrar-se em sua frente. Apontou sua varinha em direção ao barulho imediatamente e não pode evitar um sorriso ao notar o que estava ali.

— O que faz em meu covil, humana? — perguntou uma voz grave e desconhecida.

Ilka não teve dúvidas de que aquele ser era uma acromântula. O melhor jeito de a descrever seria: uma aranha gigante.  

Suas pernas provavelmente mediam mais de três metros cada, e seu corpo era grande e peludo. Em sua face havia oito olhos e duas presas que apontavam para fora, batendo e fazendo um barulho irritante, na intenção de assustar sua vítima.

— Não sabia que aqui era seu covil, perdão. Mas eu estava na floresta procurando exatamente por você – Ilka explicou, tentando levar a aranha gigante na conversa.

— E por que uma criaturinha ridícula como você estava procurando por mim? — a acromântula perguntou, enquanto batia suas presas.

— Bem, eu estou fazendo uma poção, e um pouquinho de seu veneno seria bastante útil – disse a garota, e a criatura riu.

— Você quer um pouco do meu veneno, humana? Então eu vou te dar um pouco do meu veneno!

A acromântula pulou em direção a Ilka, com as presas apontando para fora. A garota só teve tempo de se jogar no chão, sujando sua camisa branca de terra.

 A aranha gigante então bateu contra a árvore que antes estava atrás de Ilka e ficou desnorteada por alguns segundos, e menina Grindelwald viu ali uma oportunidade. 

Se levantou rapidamente, apontando a varinha para a criatura que já estava começando a se recuperar.

— Avada Kedavra! – exclamou, e um jato de luz verde saiu de sua varinha em direção à acromântula, que não teve tempo para desviar.

A aranha caiu morta e Ilka suspirou de alívio, aproximando-se do cadáver já com seu pequeno frasco de vidro em mãos. Das presas da criatura o veneno pingava, e a garota apanhou um bocado, guardando o recipiente logo em seguida. 

Notou, em sequência, que havia um grande buraco atrás da árvore e deu uma espiada dentro. Dezenas de ovos se encontravam lá. A acromântula teria filhotes em pouco tempo, mas Ilka não se importava. Sua vida era mais importante.

— Foi para um bem maior – sussurrou para si mesma – Eu pedi com educação, ela não quis dar. Tive que pegar à força.

Com o frasco cheio preso no cós de sua saia e seu objetivo concluído com magnificência, a menina seguiu de volta para a sala comunal, sempre se escondendo em cantos escuros, desviando de monitores e do zelador. 

Assim que chegou ao seu destino, notou que o salão estaria vazio, se não fosse por Tom Riddle sentado em uma poltrona.

Usava roupas mais casuais e possuía um livro em mãos. 

Assim que Ilka passou pela entrada, ele notou sua presença, erguendo o seu olhar do livro para ela, era quase como se estivesse esperando por sua chegada.

— É tarde, sabia? Deveria te dar uma punição por estar chegando a essa hora – ele se pronunciou, fechando o livro e o colocando de lado enquanto se levantava – Posso saber onde a senhorita estava?

— Por aí – debochou a garota, enquanto ele se aproximava dela.

Tom olhou fundo em seus olhos, analisando-os, e Ilka o encarou de volta, tentando entender sua atitude. Riddle esticou sua mão em direção aos fios loiros da menina e pareceu tirar algo dali.

— Tem grama em seu cabelo – afirmou ele, enquanto retirava alguns tufos de grama presente ali, arrancando uma risada de Ilka – Estava na floresta proibida?

— Preciso mesmo responder? Você já sabe a resposta – ela disse, desviando o olhar.

Tom franziu o cenho, como se notasse algo. Suas mãos desviaram do cabelo da Grindelwald para o seu queixo, erguendo-o para que ele pudesse melhor analisar o seu rosto. 

Esse pequeno gesto incomodou Ilka, que corou e afastou a mão do garoto.

— Seus olhos estão dourados, creio que tenha usado magia negra para conseguir o que queria lá na floresta – pronunciou Tom, esperando por uma explicação da garota.

— Vai me criticar por isso? Eu te conheço Tom, sei que faria o mesmo, ou até pior – exclamou, dando um passo para trás, na intenção de se afastar de Riddle.

— Eu nunca te criticaria, você sabe que eu te admiro. Inclusive, estou curioso, agora que conseguiu o último ingrediente para a poção do desespero, provavelmente vai finalizá-la. Como pretende testá-la?

— Ainda tem dúvidas? – Ilka encarou Tom, e este se animou ao notar os olhos da garota, que já estavam dourados, brilhando e destacando ainda mais sua cor – Eu vou testar na minha queridíssima colega Walburga, e você vai me ajudar – disse, se aproximando de Tom.

— Por que eu te ajudaria com isso?

— Ela nunca suspeitaria de você. E convenhamos, você está tão ansioso quanto eu para ver os efeitos da poção.

— Ok, não vou dizer que está errada, mas vou reformular minha pergunta: o que eu ganho ao te ajudar? – questionou, arqueando sua sobrancelha.

— Não sei, você escolhe. O que quer em troca, Tom?

— Posso escolher qualquer coisa? Eu posso ser bem criativo quando eu quero, Ilka – ele disse enquanto se aproximava com um sorriso malicioso.

Ilka sorriu de volta, dando também mais um passo para a frente.

 Poucos centímetros os separam e Tom aproveitou para arrumar uma mecha do cabelo de Ilka atrás de sua orelha, quando a atenção de ambos foi desviada por um barulho alto no topo das escadas do dormitório feminino.

Druella Rosier encarava o casal assustada, e o barulho havia sido de um candelabro de metal que ela havia deixado cair. Ao perceber que os dois notaram sua presença, ela correu de volta para o quarto. 

Ilka suspirou, cansada e frustrada por toda a situação.

—  Acho que vou para o meu quarto também, amanhã será um longo dia e eu tenho uma poção para finalizar. Boa noite, Riddle.

— Boa noite, Grindelwald – Ele disse, sem desmanchar o seu sorriso, seguindo também em direção ao seu quarto.

 


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