I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 24
Finals


Notas iniciais do capítulo

Capítulo revisado e atualizado em 12/07/2021



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/771340/chapter/24

Finals - Capítulo XXIV

— Pensei que não falasse mais com o Sprout depois que eu lhe deixei bem claro que não gostava dele – disse Tom, tomando lugar no sofá, ao lado de Ilka.

A semana dos NIEMs havia finalmente chegado, e alguns alunos chegavam ao ponto de terem de ir para a enfermaria com ataques de ansiedade.

— Não minta para si mesmo, Tom. Sabe muito bem que eu não cortei totalmente contato com Leonard só porque era de seu agrado, somente tento não interagir com ele perto de você, pois sei que se incomoda – revelou Ilka, sem se abalar, enquanto passava a página do livro em suas mãos, distraída.

— Peço perdão se fui inocente a ponto de pensar que abriria mão de uma amizade por mim – Riddle pronunciou, com desprezo.

Grindelwald então fechou o seu livro, para dar a devida atenção a seu noivo. Sua expressão estampava o seu claro desgosto com aquela conversa e as exigências de Tom. As provas vinham estressando-a, e Riddle com sua crise de ciúmes em momentos inoportunos somente enchia mais sua cabeça com pensamentos desnecessários.

— Tom, querido, eu não sou sua propriedade. Sou um ser humano e uma bruxa excelente, estou ciente disso, posso muito bem viver sem você e suas exigências. É meu noivo, não me dono, por isso não tem o direito de escolher com quem eu converso ou deixo de conversar, entende? Eu não gosto de muitas coisas que você faz, e deixo isso bem claro, e você vai lá e faz mesmo assim, então por que a recíproca não seria verdadeira? – Ilka retrucou, com um leve sorriso lateral aparecendo em seu rosto.

Há tempos Tom não a via usar aquele sorriso. O mesmo que usava quando a conheceu, que ela colocava como uma máscara quando queria se mostrar certa de algo e superior a alguém. 

Aquilo o incomodou de uma maneira inexplicável. Ilka podia usar aquele sorriso quantas vezes quisesse, mas não com ele. Afinal, ninguém era superior a ele, muito menos ela.

— Não fale comigo assim, Ilka. Não sabe com quem está mexendo.

— Eu não sei com quem estou mexendo, Tom? – perguntou, alterando o seu tom que anteriormente estava calmo, se tornando mais agressiva. Aquele era um dos poucos momentos em que seu sotaque ficava notoriamente mais forte – Se eu, que sou sua amiga, confidente e noiva, não sei quem é você, então quem sabe?

— Esse não é o momento para discussões – ele repreendeu, com um olhar ameaçador, notando que as pessoas ao seu redor, espalhadas pelo salão comunal de sonserina, começavam a notar a discussão.

— Mais uma vez você prioriza o que os outros pensam, parabéns Riddle, você é um otário – finalizou Ilka, recolhendo seus pertences e saindo rapidamente daquele ambiente, perdida pelos corredores de Hogwarts.

Brigas e desentendimentos voltavam a se tornar comuns em seu relacionamento com Tom. Gostava demais dele para admitir em voz alta, mas Ilka sabia muito bem os seus defeitos. Riddle era egoísta, orgulhoso, possessivo e muitos outros adjetivos não muito legais.

Essa crise de ciúmes não havia sido repentina, Grindelwald sabia muito bem que corriam boatos pela escola. Histórias maldosas, que diziam que ela estava se envolvendo amorosamente com Sprout pelas costas de Riddle, e como o moreno já não era o maior fã do lufano, provavelmente os boatos o irritavam ainda mais. 

Talvez não tivesse confrontado diretamente Ilka usando essas fofocas como argumento pois ainda se forçava a acreditar nela, afinal, essa não era a base de um relacionamento? A confiança?

Mas ainda assim tentou tirar algo dela, tentando fazê-la admitir que havia algo. E isso a ofendeu de inúmeras maneiras. 

Tom não confiava mais nela, isso era evidente. E aquilo machucava Ilka, que ainda gostava muito do Riddle e trabalhava para o relacionamento dar certo, deixando de lado todas as brigas e desentendimentos.

Começava a escurecer, e sentia que precisava de um lugar privado, onde ninguém fosse a encontrar tão cedo. Não ficaria na área externa, pois não queria pegar um resfriado, é claro. A biblioteca e o salão principal estavam também fora de cogitação.

A torre de astronomia seria um lugar diferente. Nunca foi para lá em um de seus momentos de reflexão, e o acesso ficava restrito no período da noite. Era um domingo, então não teria aula lá e provavelmente Ilka teria todo o ambiente para si.

Passou pela porta e notou que a sala estava vazia, como planejava, mas na área externa, que parecia uma grande varanda, e era aberto havia uma garota. Era ali que Ilka havia pensado em ficar, pois era aberto e ela poderia sentir o vento bater em seu rosto enquanto observava o céu, onde algumas estrelas começavam a aparecer.

A garota, que estava sentada no chão da área externa, virou-se ao ouvir a porta se abrindo para a passagem da Grindelwald. Parecia uma primeiranista. Magra e alta para a sua idade. 

Ao movimentar sua cabeça para encarar a origem do barulho, seus cabelos longos, espessos e escuros caíram sobre o seu ombro, em seu rabo de cavalo baixo.

— Perdão, eu não imaginei que teria alguém aqui – desculpou-se Ilka, preparando-se para ir embora.

— Pode ficar, eu já estava prestes a sair mesmo – disse a garota, levantando-se rapidamente.

Ilka estava prestes a se pronunciar, não fazendo questão que aquela menina cedesse o seu lugar para ela. Entretanto, ela já tinha se levantado e estava prestes a sair, quando as duas repararam que havia uma terceira figura surgindo pela passagem.

Outra garota, mas essa parecia um ou dois anos mais velha que a que já estava na sala, e era estranhamente familiar a Ilka. 

Apesar de aparentar mais velha, era da mesma altura da primeira, e possuía bochechas cheias e rosadas. De aparência desleixada e ao mesmo tempo carismática, com olhos castanhos e cabelos loiro-escuros cacheados. Notou que suas roupas estavam sujas de terra e os cachos em sua cabeça completamente bagunçados e enozados.

— Finalmente lhe encontrei! Procurei você por toda Hogwarts, Minerva – a garota de cabelos mais claros repreendeu a amiga, que parecia levemente envergonhada, enquanto Ilka somente se manteve de espectadora entre as duas.

— Perdão, precisava colocar meus pensamentos no lugar, mas já estava de saída – explicou a de fios negros, que agora a Grindelwald sabia que se chamava Minerva.

Ilka não sabia por que a garota de roupas sujas era tão familiar, e isso a incomodava. Reparou que não eram só os seus trajes que estavam sujos, também havia alguns galhos e folhas perdidos pelo emaranhado de cachos na cabeça da menina.

— Ei, garota, deixa eu lhe ajudar, você parece que estava rolando no mato – disse e se aproximou da garota, retirando os galhos de sua cabeça.

Era inevitável para Ilka, tinha um toque com organização de suas vestes e alinhamento de suas madeixas, então ver aquela garota tão desleixada e suja lhe perturbava de uma maneira inexplicável.

— Obrigada, mas não precisava – disse a garota, corando levemente, envergonhada pela atitude da Grindelwald.

— Eu te conheço de algum lugar? Você me parece estranhamente familiar – finalmente perguntou, deixando a sua curiosidade falar mais alto naquele momento.

— Não, nós não nos conhecemos, mas você deve conhecer meu irmão. Só conheço você por descrição, já que o passatempo favorito dele é falar de você.

— Quem é seu irmão? – questionou, surpresa com a afirmação da garota.

— Você é a Ilka mesmo, não é? – concordou com a cabeça, rapidamente – Então você sabe quem é meu irmão. Já vou indo, boa noite para você. Vamos Minerva?

A menina de cabelos escuros não respondeu, e somente sumiu pela escadaria que saía da torre de astronomia em silêncio.

Grindelwald realmente não conseguia pensar em ninguém que tivesse a capacidade de falar tanto dela para terceiros. Não se considerava tão querida assim. 

Afinal, nem sua própria mãe gostava dela. Tinha dúvidas sobre os sentimentos de seu noivo e seu pai provavelmente a odiava pela traição. Quem mais teria capacidade de gostar dela?

Sem pensar muito, Ilka se dirigiu até a sacada que ela antes almejava e estava ocupada pela tal Minerva. 

Sentou-se no chão, com os pés pendurados para o lado de fora do peitoril, onde a parte mais baixa era vazada. Apoiou também seus braços nas barras de ferro, finalmente descansando sua mente e observando as estrelas e constelações que agora enfeitavam o céu escuro.

Sentia-se mal. Discutir com Riddle lhe dava uma sensação ruim, como se drenasse suas energias. Todas as outras garotas com quem dividia o dormitório e eram noivas conseguiam manter um relacionamento estável, por que ela tinha de ser diferente? Talvez devesse aprender a ser mais amena e não responder rudemente a Tom.

Tentou não pensar tanto nisso. Aquela não era ela. Seu pai sempre lhe ensinou que era superior que outras pessoas de sua idade. 

Mais inteligente, mais talentosa, mais forte.

 Por que agora ficaria se rebaixando por um garoto qualquer?

Rangeu os dentes, raivosa por ter pensamentos tão submissos por um rapaz que nem valia tanto a pena. Riddle era ridículo

Ele ignorava os seus conselhos e opiniões, e uma clara prova disso era sua primeira horcrux, onde ele fizera a idiotice de matar uma garota nascida-trouxa dentro dos terrenos da escola. Apesar de forte e inteligente, Tom era raso, sem criatividade, e Ilka tinha certeza disso. Se não fosse por ela, ele nunca teria criado um símbolo, nunca teria achado a sua família e obtido sua vingança, saindo impune. Ele precisava dela.

— Ilka? Está tudo bem? Me disseram que eu a encontraria aqui.

A Grindelwald olhou em direção a porta entreaberta, saindo dos pensamentos que tanto a atormentava, enquanto observava as estrelas. Leonard estava ali, sem o seu uniforme, usando apenas uma camisa de quadribol de um time o qual a garota não conhecia, de cor preta e branca. Notou que ele carregava em sua mão algo, que não conseguiu identificar de primeira.

— Claro, tudo ótimo, como sempre – respondeu, com um sorriso no rosto, se recuperando após um longo suspiro – Quem lhe disse que eu estava aqui?

— Pomona, é claro. A encontrei entrando no salão comunal e ela me disse que você tentou limpar o cabelo dela. Aqui para você, para não perder o costume – disse Leo, sentando-se no chão, ao lado de Ilka, enquanto lhe entregava uma flor, como era o seu hábito.

Aquela era exótica, com um tom de azul. 

Suas pétalas eram finas e delicadas, e o seu interior era de um tom amarelado muito leve, com rajados escuros. Era diferente e única, nunca pensou receber uma flor daquela cor. 

Havia também uma aura mágica perceptível naquela planta.

— Confesso que não sabia conjurar essa, Pomona que a fez – revelou ele, observando a admiração da garota com a flor.

— Obrigada, mesmo. Qual o nome desta?

— Astromélia, significa amizade. Acho que é o que você precisa agora, não? Um ombro amigo – Leo se virou para frente, fitando as estrelas – Lugar bacana esse, vazio e bonito. Acho que vou passar a frequentar sempre que precisar de um tempo sozinho.

— Confesso que demorei um pouco até pensar em vir para cá. Mas não me arrependo, é bem calmo. Não imaginei que Pomona era sua irmã, ela deve ter me achado uma louca por tentar limpar ela – admitiu a Grindelwald, brincando com o seu novo presente com delicadeza.

— Ela disse que achou engraçado, não sei se entendeu muito bem que era uma mania sua. Enfim, por que veio para cá? Pensei que estaria aproveitando o seu tempo livre para aproveitar o seu namorado.

Noivo— corrigiu Ilka, não parecendo a mais empolgada para conversar sobre o assunto – Nosso relacionamento é complicado... E você está envolvido nos problemas de certa maneira.

— Eu? Mas eu nem fiz nada. Ainda – brincou ele, mas daquela vez a garota não riu.

— Eu sei, nós não fizemos nada, mas isso não impede de fofocas correrem pelos corredores. E a culpa sempre cai sobre mim – revelou, tristemente.

Por um momento Ilka desviou o seu olhar da flor para o solo metros abaixo deles, e acabou reconhecendo uma figura, parada, no meio do gramado, encarando-os. 

A pessoa os observava e Ilka sentiu como se todos os pontos soltos se ligassem em sua cabeça. As fofocas, mentiras e histórias que rodavam nos corredores tinham uma fonte, e ela estava ali naquele momento, os assistindo.

— Não... – sussurrou ela, revoltada com a possibilidade de aquela ser a pessoa que vinha sabotando o seu relacionamento nos últimos dias.

— O quê? – Leo perguntou, confuso, sem entender a mudança repentina de expressão de sua colega.

Ilka não respondeu, somente se levantou bruscamente e saiu pisando pesadamente da sala, deixando a astromélia que havia acabado de ganhar para trás, esquecida.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I M P E R I U S" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.