I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 18
Doom


Notas iniciais do capítulo

Capítulo revisado e atualizado em 09/07/2021



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Doom - Capítulo XVIII

O ano de 1944 estava passando mais rápido do que o esperado. Após o jantar temático de Halloween, todos os outros estudantes da escola tiveram conhecimento sobre o novo casal: Ilka e Tom. 

Durante a primeira semana após a descoberta ambos foram bastante abordados pelos amigos, mas a comoção geral logo passou e aparentemente todos se acostumaram bem rapidamente com os dois mais juntos que o comum, andando sempre com a companhia do outro pelos corredores de Hogwarts, fazendo as refeições lado a lado e até mesmo trocando algumas carícias em público vez ou outra.

O recesso de natal e ano novo se aproximava e Ilka não queria voltar para casa. Não se sentia mais tão confortável reprimindo sua tia Batilda e forçando sua estadia na casa dela. Em contrapartida não sabia se desejava passar o feriado em Hogwarts com Tom. Ela gostava sim do garoto, apreciava muito sua companhia, mas eles já passavam todos os dias juntos, e a garota sentia falta de um tempo a sós.

Pensou na possibilidade de tentar contato com seu pai, mas ele provavelmente estava bastante ocupado com todo o movimento que estava criando, com os bruxos que estava mobilizando, e seus próximos planos a serem colocados em prática. 

Tinha medo de incomodá-lo, pois era assim que se sentia sempre que tentava se aproximar de seu pai enquanto ele trabalhava, um estorvo.

— Um galeão pelos seus pensamentos – disse uma voz masculina, se aproximando da garota.

Ilka estava sentada, em um banco do longo corredor do térreo, sozinha. Possuía em mãos um livro, o qual não havia se dado o trabalho de sequer ler o título, pois na verdade estava distraída com os próprios pensamentos. 

O livro era somente para que não ficasse tão estranho ela ali, sentada sozinha, olhando para o nada.

A garota levantou a sua cabeça, para identificar quem quer que estivesse falando com ela. 

Leonard Sprout estava ali, de pé bem em frente a ela. Usava um uniforme do time de quadribol da Lufa-lufa, e parecia cansado, provavelmente acabara de sair do treino. A camisa estava úmida ao redor do pescoço, e seus cabelos estavam grudados na testa, provavelmente devido ao suor.

— Vai desperdiçar o seu dinheiro, não estou pensando em nada – respondeu, enquanto fechava o livro em suas mãos.

— Mentirosa, ninguém consegue ficar tanto tempo parada pensando em nada – retrucou o garoto – Posso? – perguntou, fazendo menção a se sentar no espaço vago do banco ao lado de Ilka. 

Ela concordou com a cabeça e ele logo se sentou.

— Eu não estava parada, não vê? – contra-atacou a garota, mostrando a capa do livro que carregava.

A conspiração dos trouxas, de Sinistra Lowe. Não se recordava de quando havia pego o livro, mas sabia que já o lera anteriormente. Era uma obra extremamente preconceituosa, onde a autora deixava claro a superioridade por parte de bruxos considerados de sangue puro, e como os mestiços e nascidos-trouxa eram a escória da sociedade.

— Você não estava lendo, Ilka, admita. Eu vim de lá – ele disse e apontou para a ponta oposta a que estavam no corredor, mostrando que era um longo percurso para se caminhar – E desde lá eu te vi, você nem sequer passou a página, está aí feito uma estátua olhando para o nada. Tem algo acontecendo?

— Não que eu saiba, por quê? Você viu algo? Devo me preocupar?

— O que eu teria visto, Ilka? – questionou, cruzando os braços contra o peito e escorando as costas na parede – Pensei que teria algo a dizer, afinal, você parece estar tendo uma rotina bem agitada nesses últimos dias, não? Até começou um relacionamento... Você e Riddle, quem diria. Poderia ter me avisado antes, assim eu evitava decepções.

— Decepções? Até parece Sprout, você está todo soltinho. Inclusive eu vi você no fim de semana – Ilka riu e não deixou de alfinetar o colega.

Havia ido a Hogsmeade alguns dias atrás, junto de Emma, Walburga e Lucretia, fazer algumas compras na TrapoBelo. Enquanto as garotas experimentavam algumas roupas, Ilka havia visto através do vidro da vitrine uma figura conhecida aos beijos com uma garota que ela não reconheceu, logo atrás da Zonko’s.

Era Leo, com uma menina, provavelmente mais nova, já que ela não se lembrava de já tê-la visto em Hogwarts. A garota tinha a pele escura e Ilka não conseguiu ver o seu rosto direito, mas possuía um belo cabelo, bastante cacheado e armado, além de escuro como a noite.

— Sim, tive que ir atrás de alguém que pudesse juntar os fragmentos do meu coração, já que você o pisoteou – dramatizou Leo, rindo junto da garota.

— Quem era? Não reconheci a menina.

— Seu nome é Mariah, ela é de Corvinal, também é um ano mais nova que a gente, provavelmente não a conhece pela falta de convívio com o pessoal mais novo, ou por ela ser de outra casa.

— Mesmo? Então por que o senhor a conhece? – alfinetou Ilka.

— Me machuquei no último treino de quadribol e fui parar na enfermaria, Mariah estava ajudando, ela é filha da madame Shacklebolt.

— Então você me trocou pela filha da enfermeira? – perguntou, brincando com o garoto.

— Tive de preencher o vazio após ser trocado por Riddle, não concorda? E Mariah tem uns cachinhos bem legais.

Os dois continuaram conversando e se alfinetando por longos minutos, a ponto de Ilka se distrair um pouco dos pensamentos que antes a perturbavam. A conversa não teve tempo de se prolongar tanto quanto queriam, pois da porta que antes estava fechada ao lado do banco em que estavam sentados sai uma figura conhecida.

Dumbledore parecia cansado. Fundas olheiras apareciam embaixo de seus olhos, e sua barba estava ficando cada dia mais longa e mais grisalha. Usava roupas monocromáticas, mas seus diversos e típicos anéis davam uma cor e um charme ao visual do professor.

— Boa tarde senhor Sprout – cumprimentou os dois com um aceno de cabeça, com um sorriso simpático no rosto – Ilka, está livre por agora? Gostaria de ter uma conversa com a senhorita.

— Claro, professor. Com licença, Leo, a gente pode continuar mais tarde? – perguntou ela com educação, levantando-se e recolhendo seus itens do banco.

— É só marcar, com licença professor – Sprout então se despediu, pedindo licença e partiu pelo longo corredor, já pensando no banho que tomaria, já que havia saído de seu treino há não muito tempo.

Alvo Dumbledore abriu a porta de sua sala, para que Ilka passasse primeiro, e assim ela faz, atravessando a sala e sentando-se próxima a mesa da frente. O professor logo a seguiu, sentando-se em sua mesa, em silêncio.

— Posso ajudar em algo, professor? – perguntou ela, enquanto se acomodava na cadeira, cruzando suas pernas.

— Eu estive participando de algumas reuniões do ministério da magia esses últimos dias, não sei se soube – começou Alvo, e Ilka permaneceu em silêncio. Ela havia percebido sim a ausência do professor durante a última semana, mas não queria interromper sua linha de raciocínio – O ministro Fawley foi forçado a se retirar de sua posição, pois não estava agindo como o esperado contra o movimento de Gellert, que está ganhando força aqui na Europa. Spencer-moon agora ocupa seu cargo, e está agindo discretamente, mas está. E temo pelo que ele pode fazer com seu pai, pois ele não parece ser dos mais empáticos.

— Eu imaginei que algo assim poderia acontecer... Existe algo que a gente possa fazer? – perguntou, claramente preocupada.

— Evitei esse momento por anos, mas acho que agora não há escapatória – o professor disse, enquanto se levantava da cadeira – Gellert está muito poderoso agora, não sei se qualquer bruxo do ministério consegue o parar, e temo que ainda mais pessoas acabem se machucando. Eu devo o enfrentar, acho que somente eu conseguiria o parar a essa altura.

— Dumbledore... Você vai matá-lo? – perguntou Ilka, com receio.

— Eu não teria coragem, ainda não sei o que farei. A única certeza que tenho é que eu devo ser quem vai enfrentá-lo, até mesmo porque sinto que grande parte da culpa disso tudo é minha. E eu preciso de sua ajuda para isso, Ilka.

— Se é o melhor para ele e para nós, pode contar comigo. Em que posso ajudar?

— Tente entrar em contato com ele, use o natal como desculpa, diga que quer passar o feriado com ele. Assim que descobrir onde ele está, me diga que eu vou encontrá-lo e dar um jeito de pará-lo, sem ministério ou aurores, somente eu.

— Eu vou tentar, professor. Mas devo admitir que meu pai não anda mais se comunicando comigo com tanta frequência.

— Tenho certeza de que se tentar entrar em contato com ele, ele irá responder – assegurou Dumbledore.

— Vou tentar. Mais algo que eu possa fazer?

— Não, isso é só. Se quiser pode ir atrás de seu amigo Sprout. Aliás, eu o considero uma companhia muito melhor que o Riddle, tome cuidado Ilka – advertiu Alvo, o que chamou a atenção da garota.

— Como assim, professor? O que há de errado com Tom? – perguntou ela, curiosa com as desconfianças de Dumbledore ao redor de seu namorado.

— Não tenho nada confirmado sobre Riddle, mas minha intuição me diz que ele trama algo, talvez algo tão grande quanto o seu pai, e eu sei que ele é capaz, portanto, cuidado. Minha intuição não costuma falhar.

— Tudo bem, obrigada pelo aviso – agradeceu e se despediu, saindo da sala de transfiguração logo em seguida.

Ilka não perdeu tempo, se dirigindo logo em direção ao corujal da escola. Ignorando as pessoas em seu caminho, sem se importar com o que falariam depois. O natal chegaria em alguns dias, e para que o plano de Dumbledore desse certo, ela teria de usar o feriado como desculpa, portanto não podia demorar tanto. 

Assim que chegou ao lugar que nunca havia usado antes, ela entrou e se sentou nas escadas, apoiando um pedaço de pergaminho que tinha dentro da bolsa em sua perna para escrever.

O corujal era bastante bagunçado, o que já era esperado de um local como aquele. Diversas corujas voavam de um lado para o outro, e o chão era coberto de penas e fezes dos pássaros que ali ficavam. Ao centro do lugar havia um pequeno armário, que provavelmente guardava petiscos para os animais. E Ilka não sabia diferenciar quais corujas pertenciam a alunos e quais eram da escola, que qualquer um podia usar.

Querido pai,

Ando me sentindo bastante sozinha nesses últimos dias. Hogwarts está sendo uma experiência incrível, mas isso não me impede de me sentir menos deixada de lado por você.

Entendo que vem estado bastante ocupado com o trabalho, mas como sua filha eu sinto falta de sua presença, e devido a isso tinha esperanças de que pudéssemos passar alguns dias juntos.

Não terei aula nas semanas do natal e ano novo e imaginei que talvez pudéssemos passar juntos. Me certifiquei de que a coruja não está sendo rastreada e espero um retorno, não precisa ser através de uma carta como esta que estou lhe enviando, caso esteja em casa somente mande um sinal e eu saberei para onde posso ir.

Espero vê-lo em breve, com amor, Ilka.

 

Após finalizar, enrolou o pergaminho e o amarrou com uma pequena fita preta, a qual carregava em sua bolsa com o intuito de amarrar os cabelos quando desejasse.

Ela se aproximou do armário do centro, onde uma coruja logo pousou em sua frente. Provavelmente era uma das que pertenciam à escola, e já estava preparada para uma nova viagem. Ilka amarrou o recado em sua perna, como procedimento padrão e sussurrou o remetente e o lugar onde imaginava que ele estaria para a coruja, que logo parte, voando pelo corujal afora.

Após ter enviado a carta, Ilka recebeu a resposta em forma de presente ,no dia seguinte durante o café da manhã, quando uma coruja sobrevoou a mesa e deixou uma caixa pequena cair bem em sua frente. Dentro da caixa havia um Kurtosh Kalach, seu doce húngaro favorito desde a infância, que muito parecia com um pão doce, coberto de manteiga, açúcar e canela. 

Naquele momento, a garota teve certeza de onde ela deveria ir para encontrar o seu pai.

 


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