I M P E R I U S escrita por T in Neverland


Capítulo 13
Target


Notas iniciais do capítulo

Nem eu estou acreditando que estou postando dois capítulos seguidos. Mas eu estava ansiosa demais, queria compartilhar logo com vocês o Leo, que é meu chuchuzin. Espero que gostem, boa leitura!
Capítulo revisado e atualizado em 09/07/2021



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Target - Capítulo XIII

— Ilka! Você ficou sabendo? – Emma exclamou, sentando-se ao lado da loira.

Toda a população de estudantes de Hogwarts estava tensa naquela manhã, era perceptível que algo estava errado, alguma coisa havia acontecido durante a noite. 

Ilka estava sentada no longo banco da mesa de Sonserina, comendo calmamente um bolinho de abóbora de café da manhã. Desviou o olhar de seu bolinho por um minuto para encarar Emma, que estava devidamente uniformizada e carregava alguns livros no braço.

— Bom dia para a madame também – comentou a menina para a amiga, que parecia ansiosa ao seu lado – Não estou sabendo de nada, mas parece que as pessoas hoje estão esquisitas, o que aconteceu?

— Parece que alguém trouxe uma criatura da floresta proibida para dentro do castelo ontem. Cerca de seis alunos se machucaram e estão na enfermaria – revelou a ruiva.

— Seis? Por Merlin... Espero que se recuperem. Alguém que nós conhecemos se feriu? Devo me preocupar?

— Por incrível que pareça nenhum aluno da Sonserina se feriu.

Ilka não pôde deixar de fazer a ligação de toda aquela situação a Tom e a cena na câmara secreta no dia anterior. 

Ela sabia que Tom voltaria lá e provavelmente tentaria controlar o basilisco mais uma vez, mas não imaginava que seria ainda no mesmo dia, também nunca pensaria na possibilidade de o garoto soltar uma criatura como aquela na escola.

— Você viu Tom por acaso Emma? Os professores confiam bastante nele, certo? Então ele deve estar envolvido de alguma maneira com esses alunos que foram feridos – questionou discretamente.

— Quando estava saindo do dormitório, eu o vi conversando com o professor Slughorn perto da sala de poções. Quer que eu vá com você? Se quiser eu posso tomar o café da manhã bem rapidinho e já te acompanho.

— Não precisa, pode terminar o seu café da manhã tranquilamente. Eu vou oferecer meu apoio e ajuda a ele. Caso você chegue primeiro que eu na aula de defesa contra as artes das trevas guarde um lugar para mim, por gentileza – despediu-se Ilka, terminando o seu bolinho rapidamente e levantando-se logo em seguida.

Ilka apressou o seu passo até as masmorras, para que desse tempo de conversar com Riddle antes das aulas terem o seu início naquele dia. Por sua sorte, logo que chegou por lá, a garota avistou Tom saindo da sala de poções. 

Correu um pouco mais, com a ansiedade batendo forte em seu peito, e o puxou pela manga de sua camisa para um lugar mais privado, ali mesmo no corredor, atrás de uma estátua.

— O que você estava pensando? – exclamou ela, nervosa com as atitudes impensadas do garoto.

— Não entendi o que quer dizer – ele desconversou, esticando-se e olhando para o corredor, de olho se teria alguém vindo que pudesse escutar a conversa.

— Eu tenho certeza que entendeu. Seis feridos Tom! Seis! Não pensou nem por um momento que poderiam desconfiar de você? Ver algo? Que aquela coisa poderia perder o controle e fazer de você um dos feridos também? Mas que droga!

— Seis feridos? Foi o que encontraram? – perguntou ele, finalmente olhando para a garota.

 Ilka finalmente notou que havia algo de diferente nele. Sua aparência permanecia a mesma, mas ao redor dele pairava uma energia diferente. Tom parecia mais frio do que da última vez, e levemente mais pálido. Também aparentava estar mais centrado.

— Tem mais? – pronunciou, assustada com a possibilidade.

— Eu... – Riddle começou, tentando formular uma explicação, mas parou por alguns segundos e respirou profundamente antes de recomeçar – Os alunos não foram feridos intencionalmente, eles nunca foram meu objetivo, justamente por isso eu estava ajudando o professor Slughorn com poções. Poções que vão servir para ajudá-los a se recuperar.

— O que era o seu objetivo então? – questionou, apreensiva.

— Eu consegui Ilka, olhe só, eu consegui – ele disse, apressadamente, retirando um pequeno caderno de um dos bolsos de sua capa.

A menina Bagshot esticou a mão lentamente, e aceitou o caderno que Tom lhe oferecia. 

Era um simples caderno de anotações, com uma capa bastante escura de um material que parecia um couro artificial. Um sentimento esquisito lhe dominou ao pegar o item. Um misto de frustração e medo. Aquele caderno era claramente amaldiçoado. 

Ilka não sabia o que havia ali, o que Riddle havia feito com ele, mas era sombrio sem sombra de dúvidas.

— O que fez com esse caderno? Por que ele parece ser tão maldito? – questionou, devolvendo-lhe quase que imediatamente. O item parecia estranhamente atrativo para se ter, e isso a assustava ainda mais. Era sedutor e perigoso.

— Quando eu estava voltando com o basilisco para o banheiro havia uma menina lá... Não pude impedir que algo pior acontecesse e ela acabou morrendo. Acabou que ali eu vi uma oportunidade de testar aquele feitiço que comentei ter lido sobre na casa de sua tia... – explicou-se Tom.

— Você criou uma horcrux? – Ilka sussurrou quase que para si mesma – Eu pensei que você ainda tinha dúvidas sobre como faria isso. Não ia conversar com o professor Slughorn antes?

— Eu não tinha dúvidas sobre como faria, eu tinha dúvidas sobre quantas eu poderia fazer. Ainda tenho, para ser bem honesto, pretendo conversar com ele ainda.

— Céus, Tom... Como pensa em esconder esse negócio? Ele parece ter uma energia maligna ao seu redor, vai ser impossível de disfarçar – repreendeu, referindo-se ao caderno – Quer saber? Eu lhe disse o que pensava sobre todo esse seu plano mirabolante, mas agora já está feito. Não vou me envolver mais com isso, vou para a minha aula e converso com você mais tarde.

Ilka então deixou Tom naquele lugar, sem esperar por uma resposta e sem lhe dar uma chance de se defender. 

Riddle era talentosíssimo, porém era impulsivo em alguns momentos e ela não aceitava algo assim, poderia lhe atrapalhar. Afinal, ela almejava poder, mas a imortalidade não. 

Por que ela iria querer abrir mão da única certeza que se tem na vida? A morte para Ilka era isso, uma certeza, e deveria ser inevitável.

A garota passou o dia ignorando todos ao seu redor, incluindo Emma. Dispersa nas aulas, Ilka resolveu faltar a última do dia, por não estar conseguindo se concentrar o suficiente. Não queria cruzar com ninguém conhecido, por isso riscou os seus dois ambientes favoritos da lista: a biblioteca e o salão comunal.

Pela primeira vez, a menina Grindelwald resolveu ficar nas áreas externas de Hogwarts. O dia ainda estava claro, por ser o fim da tarde, e ela sentou-se na grama, de frente ao lago negro. Uma grande árvore projetava sombra o suficiente para que Ilka não ficasse completamente exposta ao sol e o restante do gramado estava vazio, provavelmente porque todos os outros alunos estavam em aula.

Ilka fixou o seu olhar no lago, imersa em pensamentos, distraída com as leves movimentações da água.

— Posso me sentar com a senhorita? – perguntou uma voz masculina desconhecida.

A garota se assustou com a voz repentina, estava tão distraída que não ouviu a pessoa chegar. 

Logo após o susto, Ilka levantou o olhar para ver quem estava lhe dirigindo a palavra. Não tinha dúvidas de que nunca havia visto aquele garoto antes. 

Era um rapaz que não aparentava ser muito alto em comparação com os outros da escola, mas com certeza era mais alto que ela, e usava o uniforme sem a capa, onde as cores na gola de seu suéter e em sua gravata denunciavam que ele era de Lufa-lufa.

Parecia sério, mas possuía feições simpáticas, com as maçãs do rosto em destaque e as bochechas avermelhadas devido à brisa fria ao redor do lago. Os seus cabelos eram cacheados e loiros escuros - quase castanhos -, que lhe cobriam quase a testa inteira e aparentavam precisar de um corte. Possuía também algumas pintas em seu rosto e seus olhos eram de um belo verde escuro. 

Não parecia ser mais velho ou mais novo que a garota, provavelmente eram da mesma idade.

— Claro... Perdão, acho que não lhe conheço – respondeu, endireitando sua saia e chegando para o lado, de maneira que desse espaço para que garoto também sentasse sob a sombra da árvore.

— Temos uma aula em comum, mas nunca nos sentamos perto ou conversamos, portanto não te julgo. Meu nome é Leonard – apresentou-se, esticando a mão para um cumprimento.

 Ilka achou engraçado o fato dele apresentar-se só pelo primeiro nome e soltou uma risada contida e anasalada.

— Só Leonard? – questionou, aceitando o cumprimento.

— Bem, meus amigos me chamam de Leo. Não me incomodaria que uma moça bonita me chamasse assim também – brincou ele, descontraído, e ganhou uma risada em resposta.

— Nasceu de uma chocadeira? Não tem pais? Não consigo ver a possibilidade de alguém possuir somente o primeiro nome.

— Então o sobrenome é importante a esse nível para a senhorita? – perguntou Leonard, com uma de suas sobrancelhas arqueada.

— Não deveria ser? Alguns hábitos não se vão e o sobrenome sempre foi algo importante para o mundo bruxo.

— Assim você me ofende, mocinha. É Sprout, meu nome é Leonard Sprout, mas como eu já disse, sinta-se à vontade para chamar-me de Leo, ou de querido, amor, quem sabe.

— Abusado você, não acha? Sinto que esse nome me é familiar, mas não me recordo muito bem. Talvez já tenha ouvido algum professor o chamando ou algo assim – ponderou Ilka, refletindo sobre onde já teria ouvido aquele nome. Leonard não parecia ser do tipo que aprontava, portanto não imaginava ter ouvido de algum professor na intenção de repreender.

— Eu tenho uma irmã caçula, ela entrou esse ano para Hogwarts, talvez tenha ouvido o nome Pomona Sprout na cerimônia de seleção.

— Faz sentido, talvez eu me lembre por causa disso mesmo. Algum motivo específico para ter vindo falar comigo, Leonard? – perguntou, usando o primeiro nome do rapaz para a surpresa dele.

— Nenhum, eu estava na aula de Trato de Criaturas Mágicas, na floresta aqui perto. Assim que acabou eu notei você aqui e parecia triste, minha mãe me ensinou que quando vemos alguém triste não devemos deixar essa pessoa sozinha – explicou o garoto enquanto afastava um de seus cachos dos olhos, que estava o incomodando – Não pude evitar vir conversar com você.

— Obrigada, eu realmente não estou tendo um bom dia.

—Tem alguma relação com os acontecimentos da noite? Ouvi falar que algumas pessoas foram feridas e encontraram agora à tarde uma garota de Corvinal no banheiro... Não consigo imaginar a dor de seus amigos, você conhecia alguma das vítimas? – perguntou ele, com delicadeza. Apesar de ser direto, não soa de maneira evasiva.

— Não conhecia, mas noite passada eu andei pelo castelo e ouvi barulhos estranhos - mentiu Ilka, não podia dizer ao novo colega o real motivo de toda a sua preocupação, por isso diria o menos possível, mas de maneira que ainda tornasse compreensível o seu lado - Me arrependo agora de não ter parado para ver o que era, quem sabe teria ajudado em algo.

— Então você se sente culpada por toda a situação? Não deveria... Algo pior poderia ter acontecido se você fosse atrás dos barulhos – Leo disse e se virou, parecendo procurar algo em sua bolsa – Aqui, tome isso para você. Encontrei por acaso na floresta hoje e resolvi colher, penso agora ter sido uma boa ideia já que te encontrei.

O garoto Sprout esticou para Ilka uma flor. 

O longo caule verde denunciava que ela havia sido colhida a não muito tempo, suas pétalas eram de um vermelho vivo, e a flor parecia um buquê, sendo um pequeno aglomerado de flores menores. A garota não reconheceu sua espécie, mas a considerou muito bonita.

— É um gerânio. Minha mãe gostava muito de plantas, sabe... Ela tinha afinidade com elas e poderia falar por horas e horas sobre todas as espécies de flores que conhecia, passava muito tempo também na biblioteca de casa lendo sobre seus significados, e depois, durante o jantar, contava sobre todas as suas novas descobertas para mim e minha irmã – contou, com um longo suspiro ao final – Pomona puxou o dedo verde de minha mãe, eu não consigo manter as plantas tão bem quanto ela, mas aprendi sobre o significado de algumas flores. Lembro-me que gerânios tinham algo relacionado a sentimentos – continuou e pareceu envergonhado, enquanto a loira apenas o ouvia atentamente – Perdão, acho que estou falando demais. Por favor, me interrompa da próxima vez, Bagshot.

— Ilka, por favor. Me chame de Ilka – respondeu a garota, esticando a mão, para segurar na de Sprout, na intenção de confortá-lo. Percebeu que ele sentia falta de sua mãe e de tudo que ela lhe ensinava, e não podia negar que era o mesmo sentimento que ela tinha em relação ao pai – Muito obrigada Leo, pela flor e por sua explicação, não precisava se sentir constrangido, eu estava gostando. Sua mãe era uma bruxa também?

— Era... E ela era a bruxa mais gentil que eu já conheci em toda a minha vida. Depois que meu pai sumiu ela criou a mim e minha irmã sozinha, sem nunca transparecer algum sentimento que não fosse amor. Foi assustador para mim quando ela adoeceu e acabamos os dois sendo criados por minha tia. Pomona não teve tanto contato com ela como eu, mas vejo muito de minha mãe nela – explicou, agora parecendo mais tranquilo e confortável que alguns minutos atrás.

— Também perdi minha mãe precocemente, então não tenho muitas memórias dela, por isso sou muito mais apegada a meu pai. Foi horrível quando chegou a notícia de que ele precisaria ir para outro país e eu teria de morar com minha tia Batilda, sinto bastante falta dele – admitiu a menina.

— Então você também sabe como é ser abandonada pelos pais e criada pela tia. Que vida de merda a nossa, não é mesmo? – brincou ele e Ilka riu em resposta.

Tom Riddle era uma amizade interessante. Era inteligente e almejava tanto poder e status quanto a Grindelwald. Enquanto Emma Macmillan era dedicada, fiel e uma companhia para sempre que ela precisasse. Ambos eram ótimos contatos que Ilka havia feito em sua estadia em Hogwarts, mas nenhum parecia se comparar a Leonard Sprout.

Com ele, as coisas simplesmente fluíam. Ele era fácil. Fácil de se conversar, de se relacionar, de se conviver. 

A conexão entre os dois havia sido tão repentina e inesperada quanto sincera. Ilka não esperava que fosse ter uma amizade tão descomplicada com alguém tão diferente, de nome desconhecido e que não havia observado nenhum grande feito, afinal, todas as suas amizades eram feitas na base do interesse. E ali estava Leo, tão distante dos outros e ao mesmo tempo tão interessante.

— Ilka? – uma voz masculina a chamou, parecendo levemente distante.

A garota levantou a cabeça para ver quem a chama e a abaixou logo em seguida, querendo esconder sua expressão de descontentamento ao ver Tom Riddle saindo de dentro do castelo e a chamando. Leo pareceu perceber a insatisfação da garota e se aproximou, para que somente ela pudesse ouvir o que ele lhe diria.

— Se não quiser conversar com ele eu estou aqui por você, podemos dar um jeito nisso – sussurrou, oferecendo-lhe apoio.

— Não, está tudo bem. Eu sabia que ele viria atrás de mim de qualquer jeito – ela respondeu e se levantou.

Como o habitual, Ilka desamassou e limpou a sua saia. Ela sabia que não estava suja, mas o movimento era um toque da garota, e ela não conseguia evitar. Leonard se levantou logo em seguida, para impor sua presença logo atrás da garota.

— Eu te procurei por toda Hogwarts, não imaginei que estaria aqui – começou Tom, logo ao alcançá-la – Me disse que conversaríamos logo que acabasse a aula.

— Não, Tom, você me entendeu errado. Eu disse que iria para a aula e iriamos conversar mais tarde – repreendeu.

— E não pode ser agora? – questionou e logo o moreno subiu o seu olhar, desviando de Ilka para Leonard – Imagino que queira uma companhia melhor.

— Para ser bem honesta, eu estava apreciando minha companhia. Mas tudo bem, iremos conversar agora – defendeu. Apesar de terem se conhecido há pouco tempo, a loira sentia que brevemente desenvolveria um laço mais forte de amizade com o Sprout.

Com essa declaração, Ilka abaixou-se para recolher do gramado sua bolsa de livros e a flor que Leo havia lhe presenteado. Ela observou o garoto, que parecia não apreciar nem um pouco a companhia de Riddle e se esticou, beijando-lhe a bochecha.

— Muito obrigada por ter conversado comigo hoje, eu estava precisando – agradeceu e observou o garoto corar com seu ato – Vamos, Tom – e puxou o moreno pela mão em direção ao castelo.

 


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Notas finais do capítulo

Por favooor não esqueçam de dar retorno, vocês nem imagina o quanto me motiva. Se colocar a história nos seus acompanhamentos ou favoritar eu já fico feliz, juro. Só quero uma prova de que não estou postando somente para mim e tem sim alguém lendo haha.



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