Selvagem escrita por CalixtoSama
Notas iniciais do capítulo
Eu fiz com muito carinho, espero que gostem ♥️
Capítulo Único - O dia em que um lobo se apaixonou pela lua
Ela era a personificação da beleza... Cabelos tão dourados quanto o ouro, os olhos tão azuis quanto o oceano e intensos como o céu. Pele branca e macia, constelações espalhadas por todo seu corpo.
Ele a descrevia como pecado, a pura luxúria, é a verdadeira tentação para os fracos e o sonho dos adolescentes.
Abraça-la é chegar ao céu e beija-la flutuar por entre as estrelas.
Mas quem é ele?
Se lhe perguntassem, responderia que é apenas um jovem que vive um dia de cada vez, esperando apenas encontrar algo que faça tantos anos vividos valerem a pena.
Cabelos negros como a noite sem lua e olhos esmeraldinos selvagens.
Antes jurava não acreditar em solidão e menos ainda anseiar algo na vida, mas conhecê-la o fez revisar todas as suas filosofias.
Conheceu-a em uma simples padaria. Desajeitada, sentada em um banquinho no balcão, chá e pão de queijo era seu pedido diário.
Ele chegou discreto, nunca tinha visto-a por ali, se já tivesse visto, sem dúvidas se lembraria.
Se não a conhecesse intimamente, diria que aquele vestido branco refletia a pureza de sua alma.
E a partir de um simples "Olá" uma nova história se iniciou.
As tardes de conversa se multiplicaram cada vez mais, até que com um simples pedido uniu suas vidas para o que julgavam ser o tal "para sempre".
Mas o problema é que o pra sempre acaba.
Ela é alma livre, a disfarçada inocência era mera fantasia para esconder seu fogo selvagem.
Um fogo que jamais será contido.
Ela é como brisa de verão, leve, intensa, e passageira.
Ele não queria acreditar, mas de certa forma sempre soube, um pássaro que já foi livre jamais viverá em uma gaiola.
Passou a descrevê-la como um anjo, e em meio as suas fases, apelidou-a de Lua.
A mais bela de todas, única entre milhões, e assim como Afrodite, traiçoeira.
Ela não escolhe sua presa, elas que se aproximam de si.
Ele descobriu tarde demais, desejou por vezes nunca tê-la avistado naquele maldito café.
Depois de uma noite, de se mostrar inteiramente, iludiu-se achando que ambas almas caminhariam juntas sempre.
Mas ela se foi e maldito bilhete foi tudo que restou. A única garantia que ela é real e não um mero delírio.
Um pedaço de papel é a única prova de todas as noites juntos. A única prova de que chás e pães de queijo combinavam como jamais imaginou.
Tudo lembra ela.
Se fechar os olhos, ele é capaz de enxergar suas madeixas loiras espelhadas pelo lençol, caindo-lhe sobre o rosto e o sorriso radiante brilhando nos lábios rosados.
Deitado no gramado de um parque qualquer, o mais longe possível da cidade em uma tarde qualquer.
Eu não quero morrer, mas há dias em que eu desejo não ter nascido.— Sussurrou aos céus.
Observando a lua, as estrelas, e a escuridão ao fundo.
"MALDITA!"
Um grito rouco preencheu o lugar, em meio a lágrimas que marcaram-lhe os olhos.
Queria gritar para todos quem ela realmente é, xingá-la do nome de todos os demônios possíveis...
Mas ela realmente existiu?
Os grandes olhos azuis foram capazes de iludí-lo por meses.
Ela lhe deu "amor", lhe deu inspiração, sua musa lhe deu o que jamais acreditou merecer, mas também lhe partiu em pedaços.
Mas ela se foi.
Tudo foi uma mentira? Ela ao menos existiu?
Talvez estivesse delirando.
Observou novamente o céu, secando as lágrimas que borram sua visão com a manga da blusa moletom.
Os olhos esverdeados, agora vermelhos de tanto chorar.
Seu choro é um pedido de socorro.
Só quer que a dor passe.
Esqueceu-se por um minuto das estrelas e ignorou a lua.
Encarou a escuridão.
Sem a escuridão a lua não brilharia tanto.
Talvez ele realmente fosse a escuridão.
Ele esteve por todo esse tempo ali, ao fundo, lhe dando todo o espaço possível para que brilhasse cada vez mais.
A escuridão deve ser ignorada. Talvez seja isso que ela pensasse quando se foi...
Ignorou todos os sentimentos que ele lhe jurou.
Sem olhar para trás, catou suas roupas e seguiu...
Por mais que não seja merecedora de tal amor.
Ele sempre continuará amando-a.
Até tudo se esgotar.
Até o dia em que os sinos tocarão e tudo ficará escuro.
E assim, ele seguirá a luz.
Não qualquer luz.
A luz dela.
Lua.
Por que por mais que sofra, por mais que se sinta destruído e com o coração em milhares de pedaços.
Ela é sua luz.
E ele como escuridão, deve estar ali, para que ela possa brilhar.
Não para todos.
Mas dessa vez ela brilhará somente para si, então o lobo solitário seguirá sua luz.
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Adoro ouvir opiniões e críticas construtivas..além de responder os comentários com mt carinho ♥️
Mt obrigada por ler ♥️