Namorada de Natal escrita por Sami


Capítulo 12
Capítulo 12: Virada de ano e fim do acordo.


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo feliz ano novo para vocês meus queridos, muita força, amor e luta para o novo ano que está chegando.



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Eu poderia dizer que os dias seguintes ao beijo foram estranhos, talvez seria mais fácil inventar alguma mentira sobre como foi passar seis dias com Jéssica após termos nos beijado por livre e espontânea vontade. Mas como dito antes, eu seria um grande mentiroso. 

Os dias que se seguiram ao ocorrido foram estranhamente normais, parte da nossa farsa até tornou-se mais fácil de ser mantida diante de todos, de um fato curioso isso tirou qualquer barreira que poderia existir. Tornou as coisas mais fáceis e simples. 

Contudo com seis dias já mantendo minha mentira, isso também acabou se tornando desgastante para mim e aparentemente para Jéssica também. 

Os dias após a ceia mostraram-me algo do qual eu precisava ver e ter conhecimento, era estranhamente facíl manter uma mentira como aquela para toda a minha família, porém dentro de mim isso já me consumia fortemente. Enxergava isso como uma das piores consequências de ter feito o que fiz. 

Aquele era o último dia em que manteríamos nossa mentira, dia 31 de dezembro. Virada de mais um ano. 

Meu pai inventou de preparar sua torta doce para fazer no jantar da virada e pediu que eu o ajudasse com a cobertura, como éramos os únicos que já estavam prontos para a festa da virada aceitei; mesmo que já soubesse de sua real intenção. Ele queria uma oportunidade de conversar a sós comigo sem que outros nos atrapalhasse ou nos interrompesse e viu essa chance quando eu fui o primeiro a me arrumar. 

Nossa conversa rumou para algo mais casual, ele perguntou como eu estava indo com meus livros e a nova história que escrevia e lhe expliquei como ia o andamento de tudo. Até que o rumo principal do qual ele queria enfim chegou. 

— Então, o que planeja com Camila para o ano que vem? — Retorno à minha realidade quando a voz de meu pai soa em minha mente. Não havia notado que por rápidos segundos meus pensamentos rumaram para outra direção. 

Geralmente quando meu pai mencionava aquele tipo de pergunta para seus filhos só havia uma única razão óbvia e, eu não sabia se estava preparado para aquilo. O último a ouvir essa pergunta foi Davi quando nos apresentou seu namorado pela primeira vez. 

Foi estranho ouvir aquela questão, porque depois da festa da virada, Jéssica e eu voltaríamos a ser como dois estranhos em São Paulo. Ela receberia o dinheiro que prometi a ela e eu retornaria à minha vida de escritor como antes de conhecê-la na cafeteria. 

Cada um seguiria sua vida, mas nem ele e nem ninguém sabia disso. 

— O que eu planejo?... — Fingi desentendimento, distraindo-me novamente. 

Ele soltou um muxoxo curto. 

— Ora Diogo, Camila é uma moça incrível e eu percebi o jeito como tem olhado para ela durante esses dias... Principalmente quando fala algo sobre ela — Observou, engulo seco, pois não havia percebido que isso estaria tão óbvio assim e nem mesmo me dei conta de que estava agindo dessa maneira. 

Vejo-me ali encurralado pela verdade que eu tentei fugir durante os dias passados. E se meu pai havia percebido isso, obviamente os outros também já tinham notado. 

— Ela também não sabe disfarçar, são péssimos nisso — Ele riu sozinho, meu pai fazia sua famosa torta gelada e terminava de jogar a cobertura de chocolate enquanto eu ralava a barra de chocolate meio amargo para fazer o granulado. — Vocês parecem dois bobos quando ficam juntos sabe... Mas isso é bom sabia? Quer dizer que os dois gostam um do outro na mesma intensidade. 

Jéssica gostar de mim? Eu gostar de Jéssica? Faço as duas perguntas em minha mente e percebo que minha reação é igual a de um adolescente que descobre o amor pela primeira vez. 

Respirei fundo, abri a boca para falar algo e logo fui interrompido pela presença de Jéssica na cozinha, ela estava ajudando minha mãe com os últimos arranjos da mesa e quando a vi novamente senti que o ar poderia faltar-me. Ela usava um conjunto de roupas na cor branca, algo simples, mas que nela pareceu apenas lhe favorecer. 

O cabelo estava preso num tipo diferente de trança que eu nunca vi antes e a maquiagem... Ela nem precisava disso, já era bonita com seu jeito natural. Quando viemos para a ceia de natal, ela estava bem maquiada, nada que fosse exagerado, mas no dia em questão ela usava apenas um batom vermelho e nada mais. 

Tentei disfarçar, meu pai percebeu e soltou um riso baixo ao constatar que eu tentava esconder que havia olhado demais para ela. 

Jéssica não ficou muito tempo na cozinha, pegou apenas o porta talheres e nos deixou a sós novamente. 

— Eu deveria te filmar na próxima vez que você vê-la, aí vai entender — Meu pai riu outra vez, mais discretamente agora. — Mas estou falando sério Diogo, Camila é uma moça que não se pode deixar escapar.

Pensei em suas palavras por um longo tempo, retomando a minha mente tudo o que houve durante essa última semana do mês. Todas as fotos que tiramos para enganar minha família, todas as conversas que tivemos e claro, os momentos curtos em que fazíamos demonstrações de amor na frente de todos. Como todo casal. 

— Pai... — Eu não queria que isso viesse a acontecer, que a minha relação com Jéssica acabasse saindo do profissional e tomasse um rumo do qual eu não estava preparado. 

Gostaria de saber se isso também se aplicava a ela e seu pessoal, o que se passava em sua mente. Se, assim como eu, ela também perdeu o controle se toda a situação como eu perdi. 

Meu pai querer saber se eu tinha algo a mais em mente para meu futuro com Camila pegou-me desprevenido, porque eu vivia uma mentira com ela diante de todos.  Vendo que eu não conseguiria uma boa resposta ou nada que fosse coerente continuei com minha tarefa simples. 

— Agora falarei sério — Ele parou. — Você tem quase trinta anos e não tem mais idade para ficar brincando como um adolescente que não teve boa criação. — Houve um momento breve em que me fez uma pausa e me olhou, ao mesmo tempo que o olhei também. Conseguia ver o quão sério ele dizia cada palavra. — Quando pergunto se tem algo planejado para o futuro eu quero saber se você pensa em manter um relacionamento mais sério com ela. 

Ele esperava por uma resposta, uma da qual eu sabia que não tinha por razões óbvias. Isso, contudo não impediu que eu não pensasse no que iria dizer a ele, claro que eu teria de encontrar algo que fizesse sentido e que não deixasse muito na cara que Jéssica e eu não teríamos nada depois da virada do ano. 

— Okay rapazes, a festa já vai começar! — Minha mãe apareceu na cozinha, cortando o assunto antes que ele acabasse sendo direcionado para uma pauta em questão que estava pendente. 

Agradeci mentalmente pela interrupção, por um lado seria bom, eu teria mais tempo para pensar no que diria a ele. 

Meu pai gesticulou para que eu fosse com ela e assim o fiz, eu sabia que nossa conversa não havia de fato sido encerrada e que ele esperaria até outra oportunidade para conversarmos novamente. Dessa vez eu torcia para estar mais preparado. 

Segui até o salão onde a festa de fato acontecia e assim que pisei lá me senti como se estivesse em alguma balada onde os jovens adolescentes frequentavam. A música logo começou a ser tocada em seu volume máximo, algumas de minhas primas e seus namorados rapidamente se arrumaram e começaram a dançar juntos, alguns de meus tios já estavam bebendo cerveja dentre outras bebidas presentes e não demorou muito para que também estivessem tentando dançar também. 

Corri meus olhos até encontrar Jéssica mais afastada, ela estava junto com as crianças próximas a uma mesa pequena onde tinha alguns doces e vários copos e pelo menos três garrafas de dois litros e meio de refrigerante cada. Ela tinha uma em mãos e enchia os copos enquanto meu primo João os arrumava na mesa, curioso eu continuei observando o que eles faziam até que ela parou quando encheu todos. 

A irmã gêmea de João começou a contar com os dedos e então os outros três que estavam ao redor começaram a bater palmas de forma animada, Jéssica e João começaram a pegar um copo cada e bebiam todo o conteúdo o mais rápido que conseguia. Foi então que entendi o que eles estavam fazendo. 

Não pude deixar de sorrir com a cena, de vê-la se divertindo com os menores e de como eles pareciam animados e entusiasmados para continuar com aquela insana brincadeira. De uma forma bem estranha, parecia que tudo no decorrer daquele dia carregava consigo um ar levemente tristonho; por ser a última vez que todos a veriam. 

Algo desperta dentro de mim e quando percebo estou caminhando até ela, Jéssica e João já estavam quase terminando com a brincadeira e quem parecia estar ganhando era meu primo de dez anos. Tento não interromper o momento, os observo brincar até que ela enfim perde. 

— Eu ganhei da namorada do Diogo! — Ele comemorou alegre, levantando os dois braços para o alto enquanto meus outros primos o parabenizavam por isso. 

Jéssica riu e reconheceu sua derrota, quando me viu parado próximo a ela avisou que iria conversar comigo e saiu de perto deles. 

— O que foi? — Perguntou curiosa, olhando-me com leve desconfiança, como se já estivesse óbvio que eu queria conversar com ela. 

Respiro fundo, olho brevemente para minha família se divertindo e curtindo a festa antes do ano acabar e volto meus olhos para a morena diante de mim. 

— Eu quero contar a verdade para eles — Meu anuncio a surpreende. Jéssica abre a boca sem nada dizer ao mesmo tempo que seus olhos se arregalam em espanto. 

— Oi? — Ela gagueja confusa, tentando se organizar em seus próprios pensamentos. —  Você quer fazer o que? Por que? 

— Jéssica... Eu não consigo e nem posso mais fazer isso, não com você. — Solto as palavras de uma só vez, como eu já vi acontecer antes. — Eu achei que seria mais fácil depois do primeiro dia, mas isso está acabando comigo e eu sei que está te desgastando também. Não é justo. 

Ela hesita por um curto segundo antes de concordar, mesmo que ela tentasse esconder isso de mim eu já havia notado esse desgaste nela também. A consequência de minha mentira era essa. 

— Diogo... — Ela diz meu nome baixo, de um jeito bem diferente se comparado com as vezes anteriores em que ela dissera meu nome. — Eu vou ficar bem, combinados de levar isso até a virada e eu aguento, não precisava se preocupar.  

Tentou. Como já havíamos conversado antes ela iria me ajudar a continuar com a farsa apenas para não ter que saber que tornei-me piada por ter inventado um namoro falso. Mas naquele momento eu já nem ligava mais para isso, queria livra-la disso e de toda a confusão que eu mesmo armei a troco de nada. 

— Não é isso é que... — Respirei fundo novamente, pensando em cada palavra que iria sair de minha boca. — Levei uma semana para perceber que te segurar por causa de uma confusão que eu mesmo armei não é justo com você. Transformei um problema meu em seu e... Caramba eu fiz você perder as festas com a sua família! 

Jéssica torceu os lábios com a última frase, pois ambos sabiam que era verdade. 

— E você quer a minha permissão para fazer isso? — Questiona, mesmo que ela já parecesse saber da resposta que receberia de mim. 

— Eu seria um imbecil em te expor desse jeito sem que você soubesse. — Expliquei rapidamente, pela segunda vez a surpreendendo durante aquela conversa. 

Ela engole seco antes de me responder, corre os olhos por minha família se divertindo, conseguia ver em seus pensamentos o que lhe atormentava. 

— Não vai estragar a festa deles. — Digo, dando a resposta que ela precisava ouvir para tirar um pouco da tensão que estava sob seus ombros. Ao ouvir-me ela mostrou-se mais aliviada que segundos antes, como se realmente precisasse ouvir aquilo. 

— Tudo bem. Pode contar a eles. — Jéssica cede, seus olhos se fecham por um tempo e ela suspira. Se preparando para o que viria no segundo em que eu dissesse a toda a minha família a verdade sobre mim e ela. 

Avanço até o DVD onde tocava a música alta e com o controle abaixo o volume da música e logo de cara recebo inúmeras reclamações pela interrupção inesperada e os olhares de todos ali presentes. Há uma grande hesitação em mim, algo que me dizia para não dizer nada e  simplesmente inventar alguma coisa de última hora, contudo o peso da mentira e claro, todo o desgaste sentido não deixam que eu minta novamente. 

Olho muito rápido para o relógio, onze e vinte da noite. Eu tinha em torno de quarenta minutos para estragar a noite da minha família e torcer para que não fosse linchado por eles. 

— Acho justo revelar isso de uma vez antes que as coisas saiam do meu controle — Assim que comecei a falar os olhos de Jéssica se direcionaram a mim como se ela pudesse e conseguisse me fuzilar com eles. Provavelmente ela percebeu o que eu queria fazer. — Eu não estou namorando com Camila.

Em um único segundo todos os olhares estavam direcionados a mim, além do de Jéssica; que mais parecia decepcionada do que supresa com a minha fala. 

— Filho... Acho que fazer uma brincadeira dessa não é o momento — Minha mãe tentou desviar o assunto, mas já era tarde demais. A carta foi jogada na mesa e não tinha mais como voltar atrás e nem mesmo queria fazer isso. 

Engulo seco sentindo meu corpo se aliviar de um peso inexistente, meu pai estava falando sobre um futuro com Jéssica... Não iria demorar muito para que logo alguns já estivessem querendo mencionar casamento. Eu não poderia deixar aquilo continuar, não quando eu poderia acabar a forçando a fazer e continuar com algo que só iria prejudicá-la mais. 

— Eu menti sobre o namoro, menti sobre Camila... Não estamos juntos, nunca estivemos. — Soltei a verdade sem dar-me conta da sensação estranha que vinha em mim, não muito longe Jéssica abaixava o rosto olhando para o piso do salão. Alguns dos olhares também estavam direcionados a ela.

— Diogo o quê?... — Meu pai perguntou-me, as sobrancelhas unidas em dúvida. Sua expressão era bem semelhante à de Jéssica, aquele ar de decepção mostrando-se visível em cada traço que ele possuía. 

Jéssica suspirou e também se aproximou de onde eu estava, parando ao meu lado e conseguindo uma atenção da qual eu não queria que ela recebesse. 

— Meu nome não é Camila, é apenas Jéssica e sim, eu fingi estar namorando com o Diogo — Ela também condessou, tirando de toda a minha família um silêncio nunca visto antes. — Achei que seria uma boa ideia pregar uma peça em vocês então inventei o namoro com ele. 

Sou pego de surpresa quando ela assume toda a história da farsa de nosso namoro. Houve um momento longo onde tudo o que se escutava naquele salão era a música a tocar mais baixo, como sussurros a ecoar pelos quatro cantos de onde estávamos. 

— Manteríamos isso até a virada do ano, mas percebemos não conseguiríamos mais fazer isso com todo mundo. Não estava sendo justo. — Direcionei minha última frase para Jéssica, ela olhou-me e assentiu muito levemente. Apesar dela também ter contado parte da verdade sobre nosso relacionamento e ter assumido quase toda a culpa nisso, seu olhar deixava claro que existia certa tristeza presente nele. 

— Mas não deixem que isso estraguem a noite de vocês, como o combinado eu vou embora assim que amanhecer e vocês não terão que olhar mais para a cara da mentirosa aqui — Com humor, ela mudou a direção de seu olhar e apontou para o próprio rosto ao fazer graça sobre si mesma, estranhamente isso conseguiu tirar de alguns familiares uma risada curta. 

Foi curto o tempo em que todos pareciam digerir nossas palavras e a revelação feita, em poucos instantes minha família voltou a festa. Celebrando a virada de ano a sua maneira e tentado esquecer o que acabara de acontecer, mesmo que isso fosse algo difícil para se fazer. 

Jéssica se afastou dos demais e saiu, a segui também, porque sabia que não iria demorar para que eu começasse a receber os olhares julgadores da minha família. Sem que percebêssemos caminhamos até sairmos da casa, consegui acompanhar seus passos e logo estávamos caminhando ao lado do outro. 

Mantendo o silêncio entre nós. 

Seguimos até um pequeno moro, algumas pessoas já se preparavam para assistir a chuva de fogos que começaria em poucos minutos e decidimos nos afastar mais. 

— Por que fez aquilo? — A questionei me referindo ao fato dela ter assumido a culpa, apesar de não ter sido necessário. 

— Eu sabia que se você dissesse que a ideia foi sua não iria demorar pra que logo as piadas sobre isso fossem feitas — Ela deu com os ombros enquanto respondia. — Eles me odiarem é melhor do que você ser alvo de piadas por mais um ano. 

— Não precisava ter feito isso — Digo, não nos olhávamos enquanto tínhamos aquela conversa, nossos olhares estavam fixos no céu escuro. 

— Eu precisava sim. Vai ser mais fácil que eles me esqueçam me odiando por mentir —  Suas palavras me travam ali mesmo e percebo a mensagem subliminar em sua fala, descobrir isso faz com que eu perceba que ter em mente que ela querer sair da minha vida o mais fácil possível deixa-me tomado pela decepção também. 

Voltamos ao silêncio de antes e então toda e qualquer luz que tinha naquele lugar foram apagadas ao mesmo tempo, olho ao redor e noto que o número de pessoas que se ajuntaram no moro multiplicou em pouco tempo. 

Os primeiros rojões são soltos e logo ouço as pessoas desejando feliz ano novo uma para as outras, mais rojões estouram no céu escuro e sinto algo preso em minha garganta. O ano enfim foi encerrado, dezembro agora era um mês deixado para trás e a sensação estranha de que existia um grande caminho desconhecido para se seguir fez-se presente. 

Meu acordo com Jéssica terminou e esse pensamento pesou em minha mente. 

O céu logo voltou a sua escuridão de momentos atrás, um grande silêncio dominou todo o moro onde estávamos e logo os fogos coloridos chamados chuva de prata iluminaram e coloriram o céu. 

Olho para a moça ao meu lado, Jéssica tinha o rosto erguido e os olhos fixos assistiam com atenção extrema todo o show de fogos a acontecer. Perco-me em seu perfil, decorando cada detalhe existente em seu rosto para que eu conseguisse guarda-lo em minha mente. Mesmo que tudo o que tivemos durante o mês não tivesse passado de uma grande farsa, era inegável que houve um sentimento a mais de ambos os lados. 

Pelo menos eu queria acreditar nisso. 

Jéssica finalmente olha para mim, as luzes dos fogos ilumina seu rosto e sinto o coração disparar quando a vejo sorrir timidamente para então se aproximar de mim muito devagar. Ela me envolve com seus braços num abraço gentil e amigo, algo bem diferente do que imaginei que viria com sua aproximação inesperada. 

O corpo de Jéssica tão perto do meu faz com que haja um misto de reações e sensações, meu coração dispara fortemente contra meu peito, dando-me uma sensação de que a qualquer momento ele sairia de mim. A sinto suspirar e pergunto-me se ela queria dizer algo, mas há apenas o silêncio entre nós e claro, o som dos rojões e fogos a serem soltos no céu. 

Meus braços a envolvem de volta e torço para que demorássemos no abraço, não há vontade alguma de soltá-la. 

— Saiba que você é uma pessoa incrível, além de ser um ótimo escritor. — Ela diz ao afastar seu rosto para olhar-me. — Acho injusto que sua família tenha apenas o fogo de ficar te atormentando sobre estar ou não namorando quando eles tinham de te admirar por ter tornado-se um dos melhorss escritores brasileiros do gênero terror antes dos trinta anos. Só pense em namorar alguém quando uma mulher realmente for merecedora de um rapaz como você. 

Suas palavras me atingem com força, deixando-me sem resposta alguma. Depois de como foi a noite e depois da conversa que tive com meu pai, saber que em poucas horas Jéssica já não estaria mais presente em meu dia a dia deixou-me triste. Havia certa recusa em mim, algo que parecia gritar em meu interior para pedir que ela ficasse, mas eu sabia que não poderia fazer isso.

Ela pisca algumas vezes e engole seco, como se segurasse algo que tentou saiu de seus lábios. Minha única resposta foi assentir com a cabeça muito levemente, suas palavras continuavam a causar o algo estranho em meu interior e por conta disso nada se formava em meus lábios. 

— Feliz ano novo, Jéssica. — Consigo dizer enfim, mantendo meus olhos em seu rosto tristonho enquanto parecíamos nos despedir do outro. 

— Feliz ano novo, Diogo. 


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