Alguém me salve destas bestas!! escrita por Lili Rosen


Capítulo 2
Calamidades e Travessuras


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Estou muito grata por ter tido vários comentários logo no primeiro capítulo.
Fico feliz de saber que esta história está ter uma boa aceitação.
Sem mais delongas, deixo-vos um novo capítulo.
Espero que se divirtam com as travessuras do nosso "pequeno" Draco.



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Capítulo 2: Calamidades e Travessuras

 

No Salão Principal, Albus Dumbledore iniciou um inesperado discurso.

 

― Como vários de vós já devereis saber… ocorreu um “pequeno” acidente na aula de poções que teve uma consequência inesperada. O jovem Malfoy regrediu à idade de cinco anos e não possui qualquer memória dos eventos posteriores a essa altura, pelo que peço que guardem silêncio sobre tudo o que possa interferir com o bem-estar mental da criança. Por último, mas não menos importante, ainda devemos decidir quem cuidará do pequeno…

 

― Penso que o Draco deveria ficar a cargo dos Slytherins, visto que são da mesma Casa e já se conhecem há vários anos ― disse Severus com obviedade. Dessa forma ser-lhe-ia possível ficar de olho no menino e evitar futuros desastres até terminar a elaboração do antídoto. Recordava perfeitamente quão instável era a magia do seu afilhado naquela idade e o quanto desfrutava de pregar partidas a quem se atrevesse a meter no seu caminho ou tentasse acabar com a sua diversão.

 

― Vejo-me obrigado a concordar com o Professor Snape. Senhorita Parkinson, tenho entendido que são amigos de infância, pelo que deixo o jovem Malfoy aos seus cuidados. Boa sorte! Qualquer coisa que necessite é só avisar e ser-lhe-á providenciada ― concluiu o velho com ar exausto. ― “Enquanto isso tenho que informar o casal Malfoy”, lamentou-se o diretor no seu âmago, imaginando a reprimenda que estes dirigiriam ao Corpo Docente em geral, mas especialmente a ele.

 

oOo

 

Draco espreguiçou-se de uma maneira demasiado felina para o standard de um Malfoy e até mesmo de um Slytherin. Hermione sorriu levemente ao ver o pequeno virar-se de barriga para baixo, esticar os braços para frente e arrebitar o rasbiosque, tal qual faria um gatinho ao despertar.

 

― Hmm… ― O menino esfregou o olho direito com o punho e viu Hermione sentada numa cadeira ao seu lado.

 

Draco foi repentinamente atingido pelas recordações do dia anterior, quando a porta da enfermaria foi aberta abruptamente e Pansy entrou a correr. A serpente jogou-se na cama e abraçou a criança quase a sufocando com a tamanha intensidade do seu aperto.

 

― Podes ir, Granger ― desdenhou a Slytherin. ― O diretor nomeou-me responsável pelo bem-estar do meu Draquinho.

 

O menor sentiu um arrepio trepar-lhe pela espinha, fazendo uso de umas gélidas e afiadíssimas garras. Temendo pelo seu trágico futuro às mãos da sua amiga de longa data, o loiro lançou um olhar de cachorrinho abandonado na direção da Gryffindor, que já marchava rumo ao corredor, pelo que não viu o grito de socorro silencioso que os olhos de Draco lhe dirigiam.

 

oOo

 

O Trio de Ouro caminhava tranquilamente pelo corredor que levava à Sala de Poções, quando se viu atropelado por uma avalanche de estudantes femininas da Casa Slytherin.

 

― Draco? Draco, onde é que estás? ― gritava Pansy ― Não te escondas, bebé, só te queremos tirar algumas fotografias. Se realmente não queres usar o vestido de folhos que Astoria comprou, podemos sempre escolher outro modelito, minha coisinha linda.

 

A morena parou e começou a abrir as portas uma por uma. Atrás dela era possível ver uma multidão de serpentes, que clamavam o nome do menino, segurando roupinhas fofas, nada malfoyescas. Após uma busca infrutífera, as meninas abandonaram o recinto desanimadas.

 

Hermione entrou na Sala de Aula e viu um vulto ao fundo do salão, próximo à secretária do Professor Snape.

 

― Draco? Está tudo bem? ― O menino encarou-a com a face coberta de lágrimas. ― Shh!! Calma, vai ficar tudo bem! ― disse a leoa, pegando o infante ao colo, que logo se aconchegou felizmente contra os seus seios, movendo a face de um lado para o outro deleitosamente.

 

“Se esta é a recompensa pelo meu tormento… até que valeu a pena!”, pensou o adolescente preso dentro do infantil corpito de cinco anos.

 

oOo

 

Harry e Ron observaram como a amiga se aproximava a eles com Malfoy ao colo.

 

― O que é que essa coisa está a fazer aqui? ― cuspiu o ruivo, apontando para o pequenino que o fitava com os seus inocentes olhos aguados devido aos resquícios do pranto passado.

 

“Coisa!? Espera até esta coisa voltar ao normal e vais voar daqui até à lua com o tremendo murro que vou dar nessa merda que tens por cara”, gritou interiormente Draco, engolindo a indignação e colocando a sua expressão mais angelical, voltando a abraçar-se ao peito de Hermione, que logo começou a afagar os seus loiros cabelos com carinho.

 

― Ron! Estou muito desiludida contigo. Como é que podes tratar uma criança dessa forma? Logo tu que cresceste numa família grande e sabes quão sensíveis as crianças podem ser.

 

― Mas, Mione…

 

― Nem mas nem meio mas! Se te crês assim tão superior, começa a agir como tal ― ralhou a morena, dando meia volta para se retirar.

 

― Onde é que vais? ― gritaram os rapazes, apressando o passo para se unirem a ela no que parecia ser uma corrida contra o tempo.

 

― Falar com o Diretor ― expressou Hermione, apressando ainda mais o passo ao ver um grupo de Slytherins caminharem na direção contrária, desejando passar despercebida. ― Draco não está seguro com as serpentes. Uma criança precisa de um ambiente estável e saudável que vise estimular o seu crescimento intelectual e emocional.

 

― E o que é que isso tem haver connosco? ― retorquiu Ron.

 

― Contigo? Nada, uma vez que já deixaste bem explícito quão imaturo és.

 

― Como é que é?

 

Harry abanou a cabeça, prevendo uma discussão colossal que poderia muito bem vir a despoletar o início de uma nova guerra no Mundo Mágico.

 

― Foi tal e qual como escutaste. Vou falar com o Diretor para pedir que me permita tomar conta dele até o assunto ser resolvido. Como tal espero que tenhas a decência de não dizer nada estúpido à frente dele ou simplesmente de desaparecer da nossa frente durante as próximas semanas. Capiche?

 

Ron soltou um suspiro de resignação e assentiu.

 

― Ok! Sempre me prezei por ser melhor pessoa que ele. Mas se ele me provocar eu juro que vai haver retribuição.

 

― Sinceramente, Ron… Como é que um bebezinho fofo como o Draco te iria provocar? ― exclamou Hermione, não conseguindo evitar transparecer quão louca pensava que aquela sentença havia soado.

 

“Boa, Granger! Continua a pensar assim e garanto que não vos irei desapontar.” Draco escondeu um sorriso de satisfação contra o peito da leoa. Tal ação parecia estar a ponto de virar um hábito. “Ora, vejamos… Qual seria a melhor partida para dar início às minhas pequenas travessuras? Afinal de contas, se não começar a pregar algumas em breve e a ter uns quantos acidentes mágicos, o meu padrinho irá desconfiar de mim e isso é algo que não pode acontecer. Não é mesmo?”

 

oOo

 

Na manhã seguinte, Ron despertou apenas para desejar regressar ao Mundo dos Sonhos.

 

― Por favor, diz-me que estou a sonhar ― implorou o Gryffindor aos amigos.

 

― Lamento, Ron, mas… definitivamente não estás a sonhar ― disse Neville com uma expressão conciliadora.

 

― Yep, companheiro! Não há margem para dúvidas… o teu cabelo agora é de um bonito e brilhante tom rosadinho ― sentenciou Seamus, passando o braço por cima do ombro do ex-ruivo amigo e deslizando a mão oposta ao longo das madeixas coloridas, brincando sorridentemente com os fios de cabelo, quase parecendo sentir prazer com o sofrimento alheio. ― Até que nem te fica muito mal. Devias pensar em manter esse estilo…

 

Harry recuou um passo ao tomar consciência de que Seamus possuía uma veia sadista, agradecendo interiormente por nunca ter tido a desgraça de virar uma das suas pobres e desgraçadas vítimas.

 

― Mas… Como? Porquê?

 

― Não sei… Deixa-me pensar… Aconteceu algo inusual ontem? ― perguntou Harry, arrependendo-se quase de imediato ao recordar que havia de facto sido um dia que poderia ser considerado de tudo menos banal.

 

― Eu sabia que aquela peste era má notícia! ― gritou furibundo o leão de juba rosada.

 

― Vá lá, Ron! De certeza que foi mera coincidência. Ele nem sequer dormiu no dormitório masculino.

 

― E acaso pensas que isso é impedimento para ele que é a mesmíssima descendência do demónio?

 

― De quem é que estão a falar? ― interrogou Neville com inocência, sendo ignorado.

 

Ron ao ver que as horas estavam a passar e sentindo-se incapaz de saltar ainda que seja uma única refeição, correu rumo ao quarto de banho, desejando recuperar os seus cabelos ruivos após uma boa e possivelmente longa lavagem.

 

Os restantes presentes, pressentindo que obter tal resultado seria extremamente demorado e não querendo ficar à fome durante muito mais tempo, optaram por ir em frente e tomar o pequeno almoço primeiro, dizendo a Ron que lhe guardariam um lugar e se tivesse sorte, evitariam que a comida evaporasse antes que ele lá chegasse.

 

oOo

 

Pansy estava que se roía de inveja ao ver o seu Draquinho sentado confortavelmente no colo da estúpida sangue-ruim. O menino de olhos prateados aceitava de bom grado que Hermione o alimentasse, quando a ela lhe negara o prazer dessa ação.

 

Isso não era justo! Ela conhecia-o há mais tempo… Eram amigos de infância… Tinham sido praticamente criados juntos…

 

Essa manhã tinha sido saudada com uma nada grata surpresa ao descobrir que a leoa havia falado com o Diretor e este tinha aceite o argumento dela, pelo que daí em diante esta seria a pessoa responsável por cuidar do pequeno loiro.

 

Pansy espetou o garfo numa pobre salsicha que nada havia feito para merecer ser vítima de tal tortura…

 

― Pan… A minha mão, P-Pan… ― choramingou Blaise, arrancando o garfo da sua inocente mãozinha, salvando-a de quase virar pequeno-almoço.

 

O incidente envolvendo a mão de Blaise e o garfo de Pansy logo foi esquecido com a chegada de um novo estudante.

 

― Aquele é o Weasley pobretão!? ― perguntou Pansy, apontando para a figura que se deslizava, de forma que esta pensava ser, discreta ou até mesmo sorrateira até à mesa dos leões.

 

― O que é que te aconteceu, Weasley? ― perguntou um estudante mais velho da Casa Gryffindor com genuína preocupação ao vê-lo sentar-se à mesa, puxando o gorro até às orelhas, sendo que se encontravam submetidos a temperaturas comuns de pleno Verão, mesmo que ainda só estivessem a começar a sair da Primavera.

 

― Nada ― murmurou Ron, perguntando-se no seu âmago se ainda ia a tempo de se esconder num buraco.

 

Draco insatisfeito pela sua obra prima não estar a ser admirada pelo mundo, virou-se para Hermione, afirmando que era um menino grande pelo que podia comer sozinho. Pouco depois, o menino de orbes prata deixou escapar “acidentalmente” a colher com papas de aveia e mel que caiu em cheio no gorro do maior.

 

Furioso da vida e acreditando ferventemente que o fedelho tinha tido mão na orquestração da sua desgraça, Ron saltou do assento e pegou no garotinho, começando a abaná-lo e gritar sem restrição alguma, arrancando rios de lágrimas dos belos olhos prateados do menor.

 

― Ron! ― gritou Hermione horrorizada, dando-lhe uma valente chapada e resgatando Draco das garras do monstro ― Sh!! Está tudo bem, Draco! ― murmurou a morena, abraçando o menino e acariciando-lhe as costas em movimentos circulares para o acalmar.

 

― Desculpa, não foi por mal ― disse o menino, fungando ligeiramente e esfregando os olhos com as mãos, arrancando suspiros às mulheres presentes e até mesmo a alguns homens. ― Eu só queria mostrar que sou um menino grande e que consigo comer sozinho.

 

― Sh, Shh! Não tens nada pelo que te desculpar, Draco. Foi um mero acidente.

 

― Acidente o tanas! ― gritou Ron cego de raiva, levando a mão direita à cabeça para retirar o gorro ― Acaso vais-me dizer que ele não teve nada haver com isto?

 

Estudantes e professores aguentaram a respiração por alguns instantes, antes de rebentar numa onda de gargalhadas sem fim aparente.

 

― Confessa, sua maldita cria de demónio! ― ordenou o leão de olhos azuis-céu.

 

― Pinky? ― Draco conteve o riso ao ver a expressão chocada do ex-ruivo, preparando-se para voltar ao ataque. ― Pinky! ― gritou o loiro, forcejando contra os braços de Hermione, conseguindo soltar-se para terminar agarrado às vestes de Ron, portando um sorriso de alegria pura ― Como é que conseguiste tomar forma humana, Pinky? Foi o papá que te lançou um feitiço de trans… transf… transf… Isso que te faz mudar de forma. Como quando a mamã transformou um dos pavões albinos do papá num jarro bonito porque acreditava que ele amava os passarocos mais do que a ela. A mamã até ameaçou partir o jarro se o papá não a levasse a um jantar romântico! Recordas, Pinky?

 

Sem poder conter-se por muito mais tempo, Severus soltou uma risada afogada que quase levou vários dos presentes a perderem o conhecimento.

 

― Deveria sentir-se honrado, Senhor Weasley. Pinky sempre foi o elfo doméstico favorito de Draco desde que nasceu ― explicou Severus, deliciando-se com a expressão ultrajada que as suas palavras haviam causado numa das suas piores dores de cabeça. ―  Basicamente criou-o. Ainda que… Pinky seja uma fêmea, mas isso são detalhes. Talvez se deva a que Draco ainda é uma criança pequena, pelo que ainda não é capaz de ver as diferenças entre os géneros dos elfos.

 

“Toma lá, doninha!”, pensou Draco, intensificando o abraço que mantinha em torno das pernas do outro e erguendo a cabecita adoravelmente.

 

― Pinky, quero bolo de chocolate ― pediu Draco sem deixar de encarar a cabeça careca e brilhante de Ron salvo por umas quantas madeixas cor de rosa.

 

“Yep! Assim fica igualzinho à minha Pinky”, ponderou o loiro, analisando os rasgos do maior. “Agora tem madeixas rosas como ela para além de possuir olhos azuis. Devias sentir-te grato, Weasley. Se te prestares a agir como a minha Pinky durante as próximas semanas, prometo que não te vou torturar… tanto.”

 

― Vá lá, Pinky, estás à espera do quê? ― perguntou Pansy, levantando-se da mesa das serpentes e dirigindo-se à mesa dos leões ― O meu Draquinho disse que quer bolo de chocolate! ― exclamou a rapariga, finalizando a sentença com uma gargalhada malvada, acompanhada por um gesto de mão extremamente teatral. Sem dúvida era uma imagem digna de uma vilã dos contos de fadas que Draco obrigaria o ex-ruivo a ler-lhe todas as noites daí em diante.

 

“Quem disser que poções e herbologia são cadeiras desnecessárias, está redondamente enganado… Quando se trata de partidas, são definitivamente a melhor fonte de informação… Alterar o champô foi um movimento de mestre”, pensou o loirinho, escondendo o sorriso traquina contra o tecido das calças de Ron, apertando o abraço sobre as pernas do mesmo e colocando a sua expressão de maior inocência, antes de levantar ligeiramente a cabeça e exibir uma mirada repleta de expectativa que apenas uma criança sonhadora poderia portar.

 

― Pinky, vais fazer o meu bolo favorito, certo? Quero leite de morango para acompanhar. Pode ser, pode, pode? ― perguntou o pequeno com um adorável entusiasmo que fez derreter o coração de todas as mulheres presentes. Nem a Professora McGonagall pôde evitar esboçar um sorriso singelo ao ver quão fofo o menino podia chegar a ser.


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