Miríade escrita por Melry Oliver


Capítulo 4
4. Percepções


Notas iniciais do capítulo

Desculpe quaisquer erro, eu não tenho beta.



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Para ir à escola eu trancei o cabelo numa trança do mesmo jeito do dia em que nós fizemos o passeio, mas ao invés de deixar a parte de trás solta eu o prendi, vestir meu uniforme, e abri minha maleta de make, fiz aquela típica maquiagem olhos marcados sem exagero, vasculhei o meu porta-joias em busca de um acessório, lembrei do belo colar dois em um, contendo um delicado pingente de estrela. – Abri os compartimentos da caixinha, entretanto não encontrei o item desejado, vasculhei as gavetas da escrivaninha, no entanto não obtive êxito, desisti e escolhi outra joia aproveitei para trocar  os brincos, calcei  os sapatos exigidos  pela  escola e  sair.

Silenciosamente me sentei na banqueta perto da Sarah que falava ao telefone, ela havia comprado pães caseiros para o café da manhã, eu devorava um, vendo-a concentrada na ligação, mamãe estava maquiada, os cabelos presos, também vestia um dos seus terninhos que era a sua marca registrada normalmente combinado com calças, entretanto hoje deu lugar a uma bonita saia social.

Pelo que captei da conversa um cliente exigente estava dando trabalho para a equipe em que minha mãe era a chefe, ela olhava para fora da janela, a mente trabalhava, enquanto escutava o que a pessoa do outro lado da linha lhe dizia.

— Talvez a mansão em St Kilda o agrade.

Quem em si consciência recusaria uma mansão? Talvez o excesso de dinheiro deixasse algumas pessoas excêntricas.

 Dei mais uma mordida.

— Sim. Irei providenciar tudo. – Uma pausa. — Prepare toda a documentação. – Outra pausa. — Certo.

Ela mantinha um sorriso no rosto ao depositar o celular sobre a bancada, ela virou em minha direção. — Você está incrível, alguém para impressionar? O humor era uma veia forte tanto em Sarah quanto em Stephen ambos eram parecidos em muitos aspectos, é claro que ter similaridades não era suficiente para manter uma relação amorosa.

— Algum príncipe perdido por aí. – Falei com humor.

— Você não merece menos que isso. – Palavras lisonjeiras de uma mãe carinhosa, e ainda sim vi sinceridade no olhar de Sarah.

Os príncipes não são para garotas como eu, pés no chão não me deixam sonhar com príncipes nem com contos de fadas.

— A maquiagem tem esse efeito. – Descontrair ao me mover em cima do banquinho, Sarah me fitou observadora, sorriu fraco e afagou o meu cabelo.

— Um dia você entenderá o que estou dizendo.

Assenti sem qualquer objeção.

O dia em minha casa ocorreu de maneira lenta em contra partida na escola antes de ter me dado conta eu ocupava uma das inúmeras cadeiras que rodeavam as mesas do refeitório, enquanto eu conversava com Aprille. – Minha bandeja de alimento estava intacta, ela me informava que Ian se atrasaria, ele estava terminando um trabalho de espanhol.

— Destinee Haas. – Ouvir o meu nome ser dito, involuntariamente virei o rosto e vi Lewis a menos de dois passos de distância com  a sua bandeja, em um gesto inesperado  se inclinou e beijou-me no rosto. – Apertei os lábios, ele por sua vez puxou uma cadeira vazia e se juntou a nós.

O que havia com ele? De uma hora para outra se tornou mais "solto".

Talvez ele sempre seja assim e somente agora eu tinha percebido esse seu lado. Levei a mão ao pulso, e remexi nas pulseiras.

— Olá, Aprille como vai? Cumprimentou-a descontraído.

A bandeja dele  já estava sobre a  mesa, April se mantinha calada, mas seus olhos eram atentos.

— Ótima! Garantiu-o alegre ao mover as mãos.

Ele posicionou os antebraços sobre a superfície plana e sorriu amigável.

— Nova companhia? Perguntou-me.

— Na verdade eu já a conhecia.

O garoto que gostava de chuva se achegou até nós, suas atitudes eram práticas ao mover a cadeira e se sentar de maneira invertida numa postura displicente com os braços em cima do encosto.

— Ei cara. – Ambos levantaram os braços na mesma direção até os seus antebraços se tocassem em um cumprimento.

Lembrei de já o ter o visto em uma das minhas aulas, no entanto seu nome fugia da mente.  – Lewis olhou em minha direção, o que chamou a atenção do recém-chegado que pela primeira vez deu sinal que havia me notado.

— Ah, oi Destinee. – Falou solicitude.

Sorri fraco.

— Oi...

Semicerrei os olhos como se dessa forma eu pudesse lembrar o seu nome.

— Kayden Sins. – Completou sorrindo, ele não pareceu ofendido ao perceber que eu havia esquecido o seu nome, encostou o queixo sobre as mãos repousadas no encosto da cadeira ele começou a conversa com Lewis sobre os planos de irem à pista de boliche naquele dia, Kayden se mostrava animado.

— O que me dizem garotas? Querem ir? Inquiriu Lewis.

Não achei uma boa ideia, sair assim como se eu os conhecesse há meses e não há alguns dias.

— Claro! Concordou Aprille.

— Aonde a minha garota vai? Intrometeu-se Ian cuja chegada não fora detectada, ele se inclinou para frente e abraçou Aprille com humor contido.

— Sair com uma turma de estilo. –  Verbalizou Kayden sorrindo.

— Estou nessa. –  Se convidou Ian sentando-se ao lado da sua namorada.

Eu observava o diálogo que se desenrolou pelos participantes da mesa em dado momento recebi a atenção de todos que pediam através dos olhos por uma resposta, em um murmúrio pensante eu concordei, assuntos diferentes ganharam destaque às vezes envolvia a todos, outras vezes o grupo era subdividido.

Na hora da educação física jogamos tênis de mesa, devo admitir que neste esporte eu era uma zero à esquerda, dentre as cinco  oportunidades  que eu tive errei três.

As 13h00 minha mãe chegou a casa sua fisionomia era branda ao conduzir um biscoito a boca, eu já tinha preparado a comida e até limpado o meu quarto.

 — Tudo certo por aqui? Analisou o local.

— Completamente certo. – Emendei. — Como foi o seu dia?

— Foi corrido, entretanto com boas vendas. – Ela se apoiou no balcão e capturou mais um biscoito.

— Acredita que uma conhecida do ensino médio, se tornou a minha colega de trabalho?

Aproximei-me curiosa.

— Ela está morando em solo australiano também?

— Sim. Há cinco anos.

— Isso sim é coincidência. – Comentei.

Ela parou de comer os biscoitos.

— E como foi na escola? Notei um tom preocupado.

— Melhor do que eu esperava.

Sarah levou as mãos para  abaixo do queixo e indagou-me.

— Isso é bom, não é?

— É.

Minha mãe achou um bom momento para revelar suas preocupações, seu temor era que eu não estivesse me adaptando a nova rotina em outra cidade.

Depois de garantir que estava tudo bem, me lembrei de mais cedo.

 — Mãe alguns colegas da escola combinaram de ir ao boliche e me chamaram para ir com eles, então posso ir? Pedi.

— É uma ótima ideia para se enturmar com pessoas de sua idade, apenas tome cuidado.

Ao subir para o meu quarto, recebi uma chamada de vídeo do meu irmão do coração, posicionei o laptop em cima das pernas em formato indiano, coloquei a franja para trás da orelha ao ver Gavin Kaltman na tela eu sorri. Não nos falávamos desde a viagem para a Austrália, ele estava ocupado com a universidade, eu estava ocupada com a mudança de país, era impressionante como algumas semanas havia feito tanta diferença na fisionomia dele, Gavin estava radiante como o sol, inclinou-se levemente para frente.

— Olá Des. Ele me cumprimentou com o antigo apelido, ao acenar para mim.

— Oi Gavin. Devolvi empolgada, ele sorriu mais ainda.

Fisicamente Gavin possuía traços fortes, porém nada que o deixasse com a expressão pesada, os cabelos visivelmente bem menores do que a última vez que eu o vi, Gavin não era ruivo, mas sobre a pele do rosto tinha pequenas sardas marrons que lhe davam um ar jovial.

— Então como é a sua vizinhança? Já conheceu alguém por aí?

— Não, eu ainda não conheci ninguém.

Ele fez um muxoxo com a boca.

— Quero deixar registrado que eu não estou impressionado.

Fiz uma careta cômica para ele e disse.

— Surpreenda-me. Desafiei.

— Já que você pediu, okay. Eu estou apaixonado.

O olhar febril e sorriso aberto não poderia o deixar menos bobo diante desse fato.

Ali estava visualmente um olhar de um homem apaixonado.

Tive que perguntar.

— Eu a conheço?

— Na verdade, não, o nome dela é Dakota a conheci depois que você se mudou.

Pelo jeito dele ao falar da namorada não tinha espaço para dúvidas, então fiz o que achei certo.

— Eu lhe desejo muitas felicidades Gavin. – Falei de coração eu o amava como se ama um irmão.

Depois da conversa sentimental ele me contou detalhes sobre a universidade de arquitetura, ele também se mostrava apaixonado pela área que estava estudando.

Contei-lhe sobre as pessoas que eu conheci na escola, falei dos passeios que eu fiz com a família. Foi realmente uma tarde em que colocamos o papo em dia, Gavin foi chamar o Jace que entrou correndo como o Usain Bolt, ele aparentava ter crescido um pouquinho, Jace me encarava sorrindo, eu nunca gostei de fazer comparações entre os meus irmãozinhos, mas a ternura de Jace me derretia.

Meu pai possui antecedência russa, enquanto Ethan saiu uma cópia alemã da minha mãe, Jace puxou os cabelos quase alaranjados do meu pai, no entanto hoje em dia os cabelos dele são escuros.

— Como você está Jay? Perguntei alegre.

— Estou bem, passei a tarde brincando de bicicleta com o meu primo Carter, depois tive que ficar com o Gavin porque a mamãe saiu com o papai e a Isolda não pôde ficar comigo.

— Acredita que chegou um Mercedes na loja do papai? Daqui a pouco eu estou com os bolsos cheios de grana. Ele riu. Jace quando se empolgava no falatório tinha muito assunto pra discorrer, era engraçado observá-lo de perto.

Pela segunda vez virei Stalker em busca do rastros do Campion, eu não queria me aprofundar na história dele,  na realidade eu nem sabia o que eu estava procurando. Provavelmente era a falta de algo interessante para fazer, então eu me encontrava de bruços sobre a cama com os pés descalços, tornozelos cruzados de uma garota entediada, eu já tinha gastado um bom tempo na frente do laptop quando tardiamente me caiu à ficha que saber ou não, não era importante eu já estava me achando uma idiota por ter começado a pesquisa, e estava prestes a encerrar a sessão quando Ethan entrou no meu quarto sem bater.

— O que você está fazendo? Achegou-se com os olhos na tela.

Encerrei a sessão.

Aquele era um assunto que eu não queria falar com Ethan, além de idiota seria uma pagação de mico gratuito eu não daria motivos para ele rir as minhas custas. — Nada de importante – fechei o laptop encarando-o de sobrancelha arqueada.

Ethan estava com os cabelos molhados e penteado para trás, com os lábios franzinos ele pareceu pensativo, a camisa de manga curta estava larga em seu corpo magro os moletons lhe davam um aspecto de menino largado, o conforto de uma bela combinação para ficar em casa, de cabeça baixa Ethan pressionou o punho ao redor de uma revista que ele trazia enrolada na mão.

— Pega. –  Jogou em cima de mim.

Olhei para a revista e depois para o garoto loiro.

Meu rosto revelava a confusão que os meus pensamentos estavam e ainda assim Ethan esperou por uma pergunta.

— Qual é a da revista?

Ethan revirou os olhos e abriu a revista.

— Aqui estão algumas informações sobre algumas celebridades, aqui também fala sobre aquele cantor que você viu ontem na TV.

Ele havia percebido...

— Okay. Não precisa me agradecer. – Entregou-me a revista e se dirigiu a saída com passos lentos, entretanto ele parou no meio do caminho e virou novamente. — Sabe Destinee você ainda está me devendo os meus biscoitos. Rapidamente voltou a se mover para fora do meu quarto sem encostar a porta.

Meu irmão era mais atento do que demonstrava, e tenho certeza que foi por esse motivo que ele veio até aqui, por um segundo eu pensei em folheá-la, mas pra falar a verdade meu interesse tinha me dado uma folga, enquanto ele não voltasse deixaria a revista de lado, entretanto  não pude deixar de olhar a capa, a postura de astro da música predominava nos cabelos curtos, o rosto bonito de olhos expressivos e sorriso sexy, levantei com a revista em mãos e a guardei dentro da gaveta.

Eu teria que me ocupar logo no preparo dos biscoitos seria melhor fazê-los de uma vez, assim eu não seria cobrada novamente, aliás, eu os faria agora.

Os ingredientes para o preparo dos biscoitos já estavam posicionados sobre a ilha central, despejei o amido de milho em uma tigela, abri um buraco no meio, coloquei o restante dos ingredientes, misturei até a massa dar ponto de enrolar. – Essa ação me fazia recordar do tempo em que eu brincava com massa de modelar, por fim untei as mãos para usar o cortador, em seguida os levei ao forno.


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