POV Garfield

Eu não estou acreditando! Alguém (que já imagino quem seja) espalhou para a escola toda que eu e a Rachel namoramos e moramos juntos! Ferrou! Eu pego quem fez isso!

Agora estamos sendo mal-vistos!

— Kory, tem certeza que você não deixou escapar? - Dick perguntou pela vigésima vez, mais ou menos.

Eu adoro a Kory, mas ela tem problemas para guardar segredos. Mas sei que não é por mal.

— Mas não fui eu! Eu juro! - Dizia ela, quase chorando.

— Eu confio nela. - Falei.

— Eu também. - Rachel disse, afirmando com a cabeça.

Quem fez isso não tem caráter e é muito maldosa. Dá até um arrepio ao dizer o nome: Tara Markov.

— Quem diria que vocês são tão íntimos assim, Gar? Vocês fizeram aquilo? - A Tara brotou do inferno para nos azucrinar.

O rosto da Rachel ficou vermelho, mas ela, assim como eu, estava morrendo de raiva.

— Isso é coisa sua, não é, vagabunda?! - Eu dizia, possesso pela raiva.

Cara, juro que se ela fosse homem, já teria quebrado a cara dela!

Ela abriu um sorrisinho sarcástico, que já pude sacar a resposta.

— Mas do que você está falando? - Ela jogava o cabelo para trás, de um jeito irritante.

— Não se faça de santa que eu sei que você não é!! - Me exaltei e percebi que quase todos olhavam para mim.

Eu tô P. da vida.

— Não precisa gritar comigo, não, Gar. - Ela disse, com aquela voz enjoada dela. - E além do mais, falei alguma mentira? Vocês não namoram e moram juntos?

Senti meu rosto esquentar de leve. Aposto que a Rachel estava como eu.

— Mas precisava abrir o bico para a escola toda? Agora o que vão achar da gente?!

Ela riu.

— Quem sabe...?

Cara, que ódio!!

— Vamos nos acalmar, Garfield. Não vale a pena ficar batendo boca com... "essa daí". - Rachel falou no meu ouvido e eu abri um sorriso. Rachel também não suporta ela.

— Tem razão. Vamos para a aula. E tentar ignorar os comentários.

Nós dois fomos andando para nossas salas e cada um que nos olhava, ou dava um sorrisinho,, ou comentava algo para outro colega. Tô me sentindo muito mal com isso e aposto que ela também. Ah, cara, a Rachel não merece isso.

— O maior pegador da escola pegou a gótica! Quem diria...

— Eles dormem juntos?!

— Caramba, que casal interessante!

Abaixamos a cabeça até chegarmos na sala de aula. Hoje era sexta-feira (ainda bem). Pena que no fim de semana preciso estudar para as provas. Após as provas, quero começar a autoescola.

A aula inteira, algum colega comentava sobre nós e isso me irritou bastante. Eu tô com vontade de falar umas poucas e boas para eles, mas acima de tudo, acabar com a vida da Tara. Tô louco para descobrir algum podre dela. A não ser... que eu crie um! Isso! Aqui, todo mundo acredita em tudo!

Vou pedir para a Rachel me ajudar.

POV Rachel

Caramba, não aguento mais ser assunto aqui! Eu sempre fui na minha, ficava no meu canto (e é claro que comentavam também), mas agora estão dizendo coisas como "a vampira saiu do túmulo para se encontrar com o Hulk!", "góticos também amam" e até aquele irritante "hmmmmmm". Tô com tanta raiva da Tara, aquela vaca!

Semana que vem é semana de provas e preciso me focar totalmente nisso nesse fim de semana. Uma pena, queria ler meus livros de ficção favoritos, mas primeiro preciso sair da escola se quiser ser alguém.

Falando nisso, pretendo ser escritora algum dia. Claro, como uma "segunda profissão". Por primeiro, eu acho que serei psicóloga, ou alguém que lida com a mente dos outros. Já tenho uma certa intimidade com isso, se é que me entendem.

Na hora do intervalo, o diretor chamou eu e Garfield para a sala dele, perguntando que história toda era aquela de morarmos juntos.

— É tudo mentira da Tara. Ela sempre coloca anúncios falsos na escola. - Falei, de braços cruzados.

— Mas a srta.Markov tem uma prova. - Ele nos mostrou no celular, uma foto minha e de Garfield entrando no nosso apartamento.

Mas como ela...? ARGH!

— Podíamos estar só nos visitando! - Argumentou Garfield.

— Tem mais. - Disse o diretor, de cara fechada, mostrando outras fotos.

Tinha até fotos nossas dormindo! Claro, cada qual em sua cama.

É, essa ela nos pegou.

— Certo. O senhor nos pegou. Moramos juntos. Mas nunca fizemos nada de errado! - Logo disse.

— Mas tem uma boa razão para isso... - Continuou Garfield, parecendo encabulado.

Começamos a explicar toda a história novamente. O diretor parecia impressionado, não sei se pela síndica ter feito isso ou por nós dois termos sidos burros por dividir um apartamento.

— E o que seus pais disseram? Por que não voltaram para casa?

— Eles aceitaram. - Eu disse. - Não voltamos pois quisemos mostrar a eles que podemos ser adultos responsáveis.

— Você sim, Roth. Mas o Logan não me parece tão responsável.

Isso surpreendeu eu e Garfield.

— No começo, ele era um desmiolado. Mas agora, até que está fazendo as coisas direito.

— Aí, como assim "até"?? - Reclamou ele.

O diretor chegou a rir disso.

— Tudo bem, tudo bem. Eu só queria ter certeza. O de vocês tem motivo. Tara sempre coloca coisas pela escola.

— Por que não expulsa ela? - Garfield perguntou, com cara de esperançoso.

— Não poderia expulsar minha própria filha assim. Quero tomar conta dela e acima de tudo, ajudá-la a crescer. Ela é meio desviada dos bons costumes. - Disse o diretor, com um rosto triste.

Quê? Eu ia morrer e não ia saber que o diretor Hugh M. Taylor era pai da Tara. Então o "M" do nome é Markov?

— O senhor é pai dela? - Eu nem consegui esconder a surpresa. Garfield não estava surpreso. Ele já sabia, eu acho.

— Sou. - Ele sorriu. - Mas muitos dizem que não me pareço com ela. Acham que ela ganha tudo o que quer porque é filha do diretor, é rica e tudo mais...

— O senhor é bem mais legal que ela. - Garfield murmurou.

— Obrigado, garoto. - O senhor Hugh sorriu para Garfield e ele pareceu amigável, não assustador.

Ele tinha os olhos azuis exatamente como os de Tara e também tinha cabelos loiros, com uma barba de mesma cor.

— Sinto muito pelo que minha filha causou no passado. Não sei como ela foi ficar desse jeito. Onde foi que eu errei? - O diretor dizia para Garfield, que parecia comovido.

— Tudo bem... Às vezes, isso pode acontecer... - Garfield coçou a nuca, olhando para baixo.

POV Garfield

Cara, estou com pena do pai da Markov! Isso é possível? Bom, quando eu o conheci, ele já era um bom pai, apesar de parecer assustador, mas acho que é só senso protetor.

Pelo jeito, não poderemos espalhar nada sobre a Tara na escola. Às vezes, eu esquecia que o pai dela era o diretor.

— Cuidem dela e se possível, façam ela mudar... Eu e a mãe dela já fizemos de tudo...

— Vamos tentar, mas sua filha não é fácil... - Falou Rachel.

— É, não é mesmo. - Disse.

— Eu sei, mas eu sei que vocês conseguirão, afinal, são da mesma idade que ela. Ela não quer ouvir os mais velhos.

— Ela nem se dá conta que tem um pai tão legal! - Falei.

O senhor Markov sorriu.

— Obrigado, garoto. Você sempre foi quase um filho para mim. Adorava suas visitas lá em casa. Eu queria que minha filha namorasse a sério com você. Eu sei que você não é o pegador que dizem, ficou assim por causa dela, certo?

C-como ele soube? 

— É-é, mais ou menos isso.

Percebi que a Rachel me encarava nessa hora.

— Virou mesmo um mulherengo por causa dela? - Ela parece zangada.

— Eu só não quis mais me apegar. Lembra que eu te disse isso? - Justifiquei.

Ela ainda estava de cara fechada. Que marrenta!

POV Rachel

Que incrível! Ele quis dar a volta por cima, pegando todas! Por causa daquela filha de... bom, não quero xingar a mãe dela.

O senhor Markov é gente boa e parece gostar do Garfield. Mas a ideia dele namorar com a Tara não me agrada muito. Primeiro, porquê ela é uma piranha, segundo, ele não merece sofrer e terceiro... Terceiro que eu acho que gosto um pouco dele. APENAS TALVEZ!

E eu querendo espalhar boatos falsos sobre a Tara na escola... Vou ter que abandonar essa ideia.

— Bom, estão dispensados. - Disse o diretor. - Desculpem tomar seu tempo. O sinal já tocou.

— Imagina, até logo, senhor. Obrigada por não nos punir. - Disse, me levantando.

— Eu sei como é isso de golpes então, tudo está tudo bem. - Ele deu um sorriso bondoso.

— Tchau, ex-sogrão! - Garfield brincou e bateu na mão do diretor, de forma totalmente informal.

Mas ele disse que nunca namorou com a Tara! Por que ele chamou o pai dela de "sogrão", mesmo sendo "ex"? Ahh, que irritante!

— Tchau! Juízo, hein? - Piscou o diretor.

Fechamos a porta, falando sobre meu plano que foi por água abaixo e por incrível que pareça, ele tinha tido a mesma ideia!

xxx

— Ah, a juventude... - Suspirou o diretor, olhando para o céu, pela janela.