E se eu tivesse olhado? escrita por malevolasx
Após sair do banho, visto uma roupa confortável, observando o quanto minha mesa estava bagunçada. Não lembro de tê-la arrumado antes de sair pro colégio. Como nunca consigo estudar com bagunça, começo arrumá-la com pressa.
O relógio marcava 17:58.
Acesso minha playlist com classic tocando aleatoriamente, com volume baixo. Antes de abrir meu caderno ouço a porta abrir, revelando minha mãe vestida casualmente.
━ Já tomou banho, querida?
━ Hm, já sim. Vai sair? ━ observo mais um vez sua roupa. Ficava tão linda de vermelho.
━ Eu e o seu pai. Voltamos logo, tudo bem? ━ sabia que era mentira.
━ Okay. ━ me volto para meu caderno.
━ Até mais tarde.
━ Até.
Todas as sextas-feiras meus pais saem. Estou acostumada. Qualquer um pode ficar sozinho em casa, à noite, nas sextas-feiras. Certo? Depois que minha mãe saiu, coloquei meus fones e comecei realmente a estudar; primeiramente História, depois Filosofia… Passam-se as horas, e ainda sentada na cadeira vejo as estrelas pairar no céu. Observo no meu celular o horário. 23:52. Iria levantando com o intuito de guardar minhas coisas, quando ouço um grito da minha mãe.
━ Meu Deus! Que porra é essa, Carolina? ━ o que será que tinha acontecido?
Vou correndo até a sala, mas paro quando vejo minha mãe brava no corredor, sua cara não estava nada feliz, meu pai igualmente.
━ Isso foi você? ━ apontou para o chão. O tapete estava repleto de sangue; com pegadas, para ser específica.
━ Não mesmo, passei a noite estudando, mãe… ━ estava assustada demais para raciocinar.
Observei seu rosto ficar amedrontado, olhando em direção a cozinha, o chão lá também estava sujo com pegadas, e grandes. Elas começaram na porta dos fundos da casa, que sempre deixávamos trancada, porém não iam até o final. Que estranho... Era como se desaparecessem no meio do caminho.
De repente, ouvimos um barulho forte ecoar pela casa. Uma porta se abre, e logo depois se fecha. Minha mãe se assusta, e mesmo se tremendo, pega o celular em sua bolsa e liga para alguém. Para polícia, aparentemente. Pede ajuda desesperadamente; enquanto e meu pai ficamos ainda intactos.
Após arrumar um pouco do sangue, escutamos depois de alguns minutos um barulho da sirene. Entra em nossa casa dois policiais e uma mulher. Um deles começa a nos fazer perguntas, enquanto os outros pedem licença para olhar a casa.
━ Você estava sozinha mesmo garota? ━ pergunta se referindo a mim.
━ Claro que sim.
━ Você sempre fica sozinha nesses horários?
━ Sim, mas antes de sairmos, trancamos portas e janelas, por segurança. ━ minha mãe responde por mim, ainda assustada.
━ Brigaram com alguém recentemente, senhores? ━ o policial estava questionando meus pais dessa vez.
━ Não mesmo, temos pouco contato com a vizinhança. ━ meu pai estava abraçado com minha mãe; não me surpreendo, já que nunca foi afetivo comigo.
Antes do policial falar algo a mais, uma policial - provavelmente investigativa - aparece com uma lanterna e um papel na mão.
━ De quem é o quarto no final do corredor?
━ É meu. ━ levanto um pouco a mão, trêmula.
Ela indica com a cabeça para segui-la. Caminhando na direção do meu quarto, juntos aos outros policiais, vimos as tais pegadas. Elas não estavam lá antes. Paramos na porta, entreaberta. A mulher abre totalmente a porta, nos dando a visão de uma parede totalmente rabiscada de tinta vermelha. Ou sangue, talvez.
18:30. Esqueceram de trancar a porta dos fundos.
19:00. Estou vendo você.
19:45. Estou vendo você.
20:38. Olhe para mim querida.
21:00: Olhe para mim.
22:48. Olhe para mim.
23:26. Olhe para mim.
23:50. OLHE PARA MIM.
E se eu tivesse olhado?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
fiz esse oneshot baseada em uma lenda no site scaryforkids